Legado Puritano

Quando a Piedade Tinha o Poder

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Mente Natural e Mente Espiritual – Parte 8
Data: 04/03/2025
Créditos:
Texto: Silvio Dutra
Voz: Silvio Dutra

Mente Natural e Mente Espiritual – Parte 8

SOMENTE A GRAÇA de Jesus é o poder superior ao do pecado, e que pode vencê-lo. Por conseguinte não é difícil entender que somente mantendo comunhão com o Senhor, no Espírito, é possível se obter a vitória sobre o pecado, e não somente isto, mas a obtenção de uma mente espiritual renovada que sobrepuja e vence a mente carnal. Mais do que a simples lei natural que foi inscrita por Deus no coração de toda pessoa, necessitamos da lei do Espírito e de vida, que passa a ser a lei na nossa mente, à qual Paulo se refere em Rom 7.23, e contra a qual guerreia a lei do pecado.

25 Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. De maneira que eu, de mim mesmo, com a mente, sou escravo da lei de Deus, mas, segundo a carne, da lei do pecado. Rom 7.25.

A carne sempre é sujeita à lei do pecado, e por isso o crente deve se despojar de um viver carnal, pelo Espírito Santo, para que não seja escravizado pelo pecado, quando anda segundo a carne. Mas, ainda que seja vencido em algumas batalhas em que o Espírito luta contra a carne, e esta contra o Espírito, se somos servos de Deus de fato, e se temos uma mente renovada que se inclina para a Sua santa vontade, podemos alcançar a vitória sobre a disposição carnal e o pecado, por meio da fé em Cristo, confessando e abandonando o pecado e a nossa fraqueza, trocando-os pela santificação e poder do Espírito. Louvado seja Deus por sua infinita misericórdia e graça que nos concedeu em Jesus Cristo.

16 Digo, porém: andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne.

17 Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer.

18 Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais sob a lei.

19 Ora, as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia,

20 idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções,

21 invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam.

22 Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade,

23 mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei.

24 E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e concupiscências.

25 Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito. (Gálatas 5.16-25).

Ao lermos este texto de Gál 5.16-25 ficamos com a sensação de que sempre haverá algo a mais para se comentar a respeito dele, pois onde lemos da luta mútua entre a carne e o Espírito, poderíamos ler luta entre a mente carnal e a mente espiritual, pois a mente carnal é operada pelo homem natural, e a mente espiritual pelo Espírito Santo. E esta é a grande pedra de toque pela qual devemos medir a paz de Cristo sendo dada a nós em todas as circunstâncias, pois a partir do momento em que recebemos a mente espiritual na conversão, abre-se uma frente de batalhas que durarão até o dia da nossa morte, quando deixaremos este mundo, pois até então, não havia em nós algo que pudesse levantar a oposição tanto da nossa própria carne, quanto do diabo e do mundo, de maneira que todos passaram a agir como nossos inimigos ferrenhos, pois a carne, o diabo e o mundo sempre se oporão e perseguirão todo aquele que for espiritual. Foi por este motivo que Jesus alertou seus discípulos que por causa dele eles seriam odiados de todas as nações, e assim como o mundo o havia odiado, também os odiaria. Então, qual seria o proveito prático de estarmos aprendendo todas estas coisas? Somente o conhecimento destas verdades é suficiente para garantir que tenhamos a paz de Cristo em todas as circunstâncias? A resposta é não. Necessitamos conhecer nossos inimigos para que possamos nos sujeitar a Deus, orando e clamando a ele para que nos livre do mal, e que nos faça caminhar segundo a Sua vontade, com um coração sossegado, não turbado, perdoador, manso e tranquilo, em meio às maiores provocações e injúrias que possamos sofrer da parte de todos os inimigos que se levantam contra nós. Conhecer o inimigo é importante para que não fiquemos perdidos sem saber a quem devemos realmente combater com paciência, fé em Cristo e oração; ou então desanimados dando a batalha como já perdida; pois nossa luta não é contra o homem natural, mas contra principados e potestades do mal, que podem ser vencidos somente pelo poder do Senhor.

Os caminhos e os pensamentos de Deus são mais elevados e profundos do que os caminhos e pensamentos da mente natural humana. Por isso devemos apenas confiar inteiramente nele e nas boas promessas e palavras que nos revelou nas Escrituras, que se baseiam na aliança que fez em nosso favor com seu Filho Unigênito, para que posamos ser tornados seus filhos e ter o poder de andarmos dignamente em Sua presença, pois tudo quanto ele exige de nós ele mesmo nos capacita a realizar pelo poder, instrução e direção do Espírito Santo.

27 E aquele que sonda os corações sabe qual é a mente do Espírito, porque segundo a vontade de Deus é que ele intercede pelos santos.  Rom 8.27.

33 Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos!

34 Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro? Rom 11.33,34.

Tudo o que temos aprendido até aqui sobre este assunto da mente natural e mente espiritual nos remete ao ensino de Jesus relativo à resposta à seguinte pergunta: Por que Jesus disse que quem não odiar a própria vida morrerá eternamente?

“Quem ama a sua vida perde-a; mas aquele que odeia a sua vida neste mundo preservá-la-á para a vida eterna.” (João 12.25)

O significado destas palavras de Jesus é o seguinte: Há uma contraposição entre a vida natural neste mundo e a vida eterna sobrenatural e espiritual que somente pode ser achada em Cristo.

O amor por nossa vida que se encontra decaída no pecado (pois é esta a condição da natureza terrena humana) é o impedimento que nos leva a rejeitar a mortificação desta natureza decaída, para que possamos receber e manter a nova natureza que é concedida pelo Espírito Santo aos que negam a si mesmos, carregam a sua cruz e que seguem a Jesus buscando a santificação dessa nova vida, pelo despojamento da antiga, que é chamada na Palavra por o velho homem.

O que está em foco não é o ódio à nossa própria pessoa, porque o mandamento de Deus é que nos amemos assim como o nosso próximo. Então o ódio a que Jesus se refere é a repulsa que devemos ter ao pecado que habita na velha natureza, e do qual devemos nos despojar pela sua mortificação, para que possamos viver e andar na santidade do Espírito Santo. É o modo de se viver pela energia da alma não regenerada e não santificada que devemos não apenas odiar, mas também nos despojarmos da mesma para acharmos e vivermos na vida sobrenatural, espiritual, santa e celestial que existe na nova natureza que rebemos por meio da fé em Jesus.

“24 Então, disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me.

25 Porquanto, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por minha causa achá-la-á.

26 Pois que aproveitará o homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou que dará o homem em troca da sua alma?” (Mateus 16.24-26)

“Porque, se viverdes segundo a carne, caminhais para a morte; mas, se, pelo Espírito, mortificardes os feitos do corpo, certamente, vivereis.” (Rom 8.13).

Além destas passagens há outras citações bíblicas que apontam para esta necessidade de a tudo renunciar para podermos ser de fato discípulos de Jesus, como por exemplo a de Lucas 14.26,27 em que ele estende a atitude de aborrecer até mesmo as pessoas que nos são mais queridas e próximas em nossa família nuclear, quando em vez de atendermos à vontade delas que seja contrária à de Deus, escolhamos fazer a vontade do Senhor, ainda que sob a contrariedade das mesmas. Isto não significa deixar de amá-las, assim como o odiarmos a nossa própria vida não significa deixar de amarmos a nós mesmos, mas a contrariarmos a inclinação natural da nossa carne, em agradar seja a nós ou a outros, quando isto representa desagradar a Deus, cuja vontade deve ser amada e obedecida acima de tudo e de todos. Em todo o caso, na extensão deste assunto na passagem de Lucas 14.26,27, temos mais um exemplo da mortificação do velho homem, pois ter que aborrecer a entes amados, é também uma forma de se mortificar a nossa velha natureza.

“26 Se alguém vem a mim e não aborrece a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs e ainda a sua própria vida, não pode ser meu discípulo.

27 E qualquer que não tomar a sua cruz e vier após mim não pode ser meu discípulo.” (Lucas 14.26,27)

 

Enviado por Silvio Dutra Alves em 01/03/2025



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