Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Áudios
Deus Requer Santificação aos Cristãos 24
Data: 11/12/2021
Créditos:
Texto: Silvio Dutra
Voz: Silvio Dutra

 

 

 

 

 

 

 

“Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno.” [Salmos 139: 23,24]

 

Por tudo o que temos visto e aprendido até este ponto, só podemos concluir que, apesar de muito se exigir de nós em diligente vigilância e ação para uma plena obediência a Deus, no entanto decididamente é o próprio Jesus que tudo faz em nós em relação ao progresso da nossa santificação pela operação do Espírito Santo, de modo que não há somente pensamentos e caminhos maus dos quais não estejamos ainda conscientes, e dos quais devemos nos despojar pela iluminação recebida de Deus, como era o caso do salmista, mas também há muita operação santificante sendo realizada em nós, a qual não percebemos por ser um trabalho silencioso do Espírito, e não propriamente nosso.

 

Embora a santidade seja trabalhada dentro de nós, e apenas lá, ainda pode haver épocas em que os crentes sinceros e humildes sejam obrigados a acreditar, que há um aumento e crescimento da santidade neles, quando não o percebem de maneira a ter consciência dele, porque:

(1) Por ser o assunto de tantas promessas do evangelho, é um objeto adequado de nossa fé, ou algo em que devemos acreditar. As promessas são explicações da graça da aliança de Deus, tanto quanto sua natureza e a maneira de seu funcionamento.

Essas promessas não abundam em nada mais do que isso; que aqueles que participam da graça prosperarão e crescerão por ela. Será declarado depois, quais são as limitações dessas promessas, e quais são exigidas de nossa parte para que possamos tê-las cumpridas para conosco.

Mas, a realização delas depende da fidelidade de Deus, e não do nosso senso, portanto onde não colocamos abertamente uma obstrução contra elas, como no caso que acabamos de mencionar na parte anterior, podemos e devemos acreditar que elas são cumpridas para nós, mesmo que não estejamos continuamente cientes disso. 

 

(2) É nosso dever crescer e prosperar em santidade; devemos acreditar que Deus vai nos ajudar no que exige de nós. Ele o faz, seja qual for o nosso senso e apreensão.

Com base nesses fundamentos, em meu julgamento, aquele que pode acreditar no crescimento da santidade para si mesmo, mesmo que não tenha experiência sensata, pode estar numa condição melhor e talvez mais segura do que aquele que, através do trabalho vigoroso de emoções espirituais, está mais ciente disto.

É certo que tal pessoa, não por qualquer negligência deliberada ou indulgência de qualquer pecado obstrui o crescimento da santidade, porque aquele que o obstrui não pode acreditar que a santidade floresce nele, ou que é exercida quaisquer que sejam suas presunções, portanto a vida de fé da qual esta santidade é uma parte, é uma vida segura em todos os sentidos.

Além disso, essa pessoa não está em perigo de uma alegria vã de espírito e descuido por conta disso, como outros talvez estejam, pois quando vivemos pela fé, e não pelos sentidos [2 Co 5: 7], estaremos humildes e sempre em temor.

Não encontrando em si mesmo a evidência do que mais deseja, um crente será continuamente cuidadoso para não se afastar.

 

As razões para esta dificuldade são:

[1] O trabalho em si, como amplamente declarado antes, é secreto e misterioso.

Logo, há em alguns (espero em muitos) a realidade e essência de santidade, que ainda não podem nada encontrar dela em si mesmos, nem talvez em ninguém mais, mas apenas em Jesus Cristo - aqueles que têm uma compreensão viva do temor do Senhor.

Assim a santidade pode, da mesma maneira secreta, prosperar em graus naqueles que ainda não a percebem. Não há nada em que devemos estar mais atentos, do que numa observação diligente do progresso e decadência da graça, pois assim como o conhecimento dela tem a mesma importância para nós, como nossos deveres e confortos, por isso são difíceis de discernir; nem serão tão verdadeiramente para nosso bem e vantagem, sem nossa extrema diligência e sabedoria espiritual em observá-los.

Então, como observamos antes, é frequentemente comparado na Escritura, como crescimento de plantas e árvores. [Os 14: 5, 6] [Is 44: 3,4]

Agora, sabemos que naqueles que são mais prósperos e florescentes, embora possamos perceber que estão crescidos, não podemos discernir seu crescimento - assim o apóstolo nos diz que:

"Por isso não desanimamos; mesmo que o nosso homem exterior se corrompa, contudo, o nosso homem interior se renova  de dia em dia". [2 Co 4: 16]

 

O homem exterior perece por essas mesmas decadências naturais, porque continuamente tende para a morte e dissolução, e muitos de nós sabemos como essas decadências insensíveis dificilmente são discernidas, a menos que alguma doença grande e violenta se abata sobre nós.

Sabemos que estamos enfraquecidos por idade e enfermidades, ao invés de perceber quando, ou como isso acontece - isto também é como o homem interior é renovado na graça.

É por meios secretos, e significa que seu crescimento e decadência dificilmente são apreendidos. E, ainda alguém que é negligente nesta investigação, que anda de forma incerta com Deus, não sabe onde está ao longo do caminho; se ele está mais perto ou mais longe do final de sua jornada, do que antes.

Considere aquele homem como um infrutífero e um cristão perdido, que não se responsabiliza por seus aumentos e decaimentos na graça.

Davi sabia que este trabalho era de tamanha importância, que ele não confiaria em si mesmo e nas assistências comuns para realizá-lo, mas ele pede fervorosamente a Deus que faça isso por ele, e o familiarize com isso.  [Sl 139: 23, 24]

O apóstolo Paulo, em uma de suas epístolas afirma:

“entristecidos, mas sempre alegres”... [2 Co 6: 10]

 

Esta condição do crente é referida por Pedro, com as seguintes palavras:

“Nisso exultais, embora, no presente, por breve tempo, se necessário, sejais contristados por várias provações.”  [1 Pe 1: 6]

Então, há no crente fiel esta mistura de tristezas com alegrias, existindo nele como duas correntes em um oceano; uma de tristeza, e outra mais profunda de alegria.

E como ambas coexistem?

Apesar de em alguns momentos, uma poder sobrepujar a outra a nível dos sentimentos do crente quando sob a provação, no entanto sempre haverá um poder maior atuante na de alegria, que é produzida pelas visitações e operações sobrenaturais do Espírito Santo no crente, levantando-o em seus abatimentos.

Um pessoa com câncer pode ficar muito abatida pela enfermidade, mas pode ser injetada com ânimo sobrenatural do Espírito Santo, que a conduzirá não somente a se alegrar, como até mesmo ser capacitada a louvar e ser grata a Deus, ainda que em meio à sua enfermidade.

 

Ninguém mais do que o apóstolo Paulo teve motivos para ficar abatido, pelas muitas tribulações e perseguições que sofreu na realização do ministério que recebeu do Senhor para cumprir. Nós vemos uma defesa do seu ministério, em face dos muitos sofrimentos que teve que suportar com bom ânimo e fé em Jesus Cristo, especialmente na segunda epístola aos Coríntios.

Deus nos chama para levantarmos de nossos abatimentos, e lançarmos nossos fardos de angústia sobre Ele, para que glorifiquemos Seu nome pela bondade, amor, perdão e misericórdia que Ele nos demonstrará, quando o fizermos.

Evidentemente, esta bênção da renovação é para aqueles que lamentam por seus pecados, pois vemos Jesus afirmando claramente no Sermão do Monte, que são bem-aventurados os que choram, ou seja, aqueles a quem Deus demonstrou Sua misericórdia trazendo-lhes contrição de espírito, pela qual são conduzidos ao arrependimento que é para vida.

 

Assim, chorar por causa do pecado é uma evidência de ser alguém bem-aventurado, pois foi contemplado por Deus para que fosse gerado nele, o sentimento de humilhação, tristeza, e abatimento pelo pecado.

Veja o contraste entre o que é prometido por Deus aos que choram, e o estado dos que são ímpios:

“18 Tenho visto os seus caminhos e o sararei; também o guiarei e lhe tornarei a dar consolação, a saber, aos que dele choram.

19 Como fruto dos seus lábios criei a paz, paz para os que estão longe e para os que estão perto, diz o SENHOR, e eu o sararei.

20 Mas os perversos são como o mar agitado, que não se pode aquietar, cujas águas lançam de si lama e lodo.

21 Para os perversos, diz o meu Deus, não há paz.”     [Is 57: 18-21]

 

Fujamos então, deste espírito permanentemente festeiro, que nunca considera a importância da tristeza pelo pecado, porque até mesmo é impossível ter tal sentimento, quando se está dominado por tal espírito, o que impede que sejamos bem-aventurados segundo Deus, sendo abençoados por Ele por nossa contrição, humilhação, confissão, arrependimento e conversão.

Enviado por Silvio Dutra Alves em 01/11/2021
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