“Por esta razão, também nós, desde o dia em que o ouvimos, não cessamos de orar por vós e de pedir que transbordeis de pleno conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e entendimento espiritual; a fim de viverdes de modo digno do Senhor, para o seu inteiro agrado, frutificando em toda boa obra e crescendo no pleno conhecimento de Deus; sendo fortalecidos com todo o poder, segundo a força da sua glória, em toda a perseverança e longanimidade; com alegria, dando graças ao Pai, que vos fez idôneos à parte que vos cabe da herança dos santos na luz. Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor, no qual temos a redenção, a remissão dos pecados. Este é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele. Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste.” [Cl 1: 9-17]
Tudo foi criado por meio de Jesus e para Ele, de modo que é nEle que tudo o que há na criação subsiste, mas não podemos esquecer que Este que possui um nome que é sobre todo nome, que é Deus, além de ter-se feito homem, humilhou-se até a morte de cruz, e se dispôs a perdoar imediatamente todo aquele por mais que O tenha ofendido ao longo de toda a sua vida, desde que venha a Ele e se arrependa.
Então, é para se estranhar que há muitos, mesmo entre os crentes, que não se dispõem a serem humildes e a perdoarem seus irmãos, assim como Deus os perdoou em Cristo.
Eles dizem que perdoaram seus ofensores, mas precisam de bastante tempo para poderem se reconciliar com eles, ainda que tenham observado que o pedido de perdão foi sincero, e que estavam de fato, dispostos a se reconciliarem em obediência à ordenança do Senhor.
Já pensou se Jesus não nos perdoasse, e se reconciliasse automaticamente conosco? Que Ele nos dissesse, que necessitaria de muito tempo para poder nos receber, para a restauração de nosso relacionamento mútuo?
Então devemos perguntar a nós mesmos, se temos amado a Jesus em plena percepção da manifestação da Sua vida em nós, ou se estamos mortos espiritualmente, desligados da única fonte de vida eterna, a qual permanecerá assim por toda a eternidade, concedendo vida abundante a todo aquele que nEle confia.
O apóstolo orava para que os crentes transbordassem de pleno conhecimento da vontade de Deus, não por mera noção intelectual ou, por simplesmente decorar os textos bíblicos, mas em toda a sabedoria e entendimento espiritual, sendo instruídos e dirigidos pelo Espírito Santo, em sua experiência diária com a aplicação da Palavra, para um objetivo definido, a saber, para poderem viver de modo digno do Senhor, para Seu inteiro agrado, frutificando em toda boa obra, crescendo no pleno conhecimento de Deus, vivendo constantemente no primeiro amor, e sendo fortalecidos com todo o poder segundo a força da glória de Jesus, para que pudessem agir com toda a perseverança e longanimidade.
Ele orava em favor dos crentes, porque essa obra somente pode ser realizada em nós, por Ele.
Paulo se deparou com sérias dificuldades com relação a crentes carnais, sobretudo na igreja de Corinto, mas logrou vencer toda a resistência das portas do inferno contra o evangelho de Cristo, perseverando em sua esperança de que Deus firmaria aqueles que eram Seus.
A confirmação na fé de um crente por Deus é muito trabalhosa, e há diversas etapas no crescimento em santificação, que não raro são acompanhadas de muita resistência da carne ao Espírito Santo, levando o crente a negligenciar seu dever de ser espiritual através da santificação.
Existem três motivos pelos quais os homens podem negligenciar este dever da santificação, pelo qual sua obediência e todos os seus confortos dependem:
(1) Uma presunção ou persuasão infundada, de que eles já são perfeitos.
Alguns fingem com uma presunção orgulhosa, tola, destrutiva de toda natureza e dever de santidade, ou obediência evangélica.
De nossa parte, isto consiste em nosso cumprimento voluntário com a obra da graça, gradualmente realizada, à medida que nos for designada.
Se já foi alcançado, há um fim para toda a obediência evangélica, e os homens voltam para a lei, para sua ruína. Veja Fp 3: 12-14.
É uma excelente descrição da natureza da nossa obediência, a que o apóstolo nos dá nessa passagem.
Toda perfeição absoluta nesta vida é rejeitada, como inatingível. O fim proposto é bem-aventurança e glória, com o desfrute eterno de Deus.
A maneira pela qual pressionamos nessa direção, que compreende toda a nossa obediência, é pelo seguimento contínuo e ininterrupto nesta direção, e alcançar um progresso constante por nossa máxima diligência, e isto com toda humildade e simplicidade, fugindo de toda forma de orgulho.
(2) Uma suposição tola de que, porque temos interesse em um estado de graça, e que não precisamos mais estar tão preocupados com a santidade e obediência exata em todas as coisas, como éramos antes.
Mas, na medida em que alguém tem essa apreensão, ou persuasão prevalecendo ou o influenciando, ele tem motivos para questionar profundamente, se ainda tem algo de graça ou santidade nele, pois esta persuasão não é dAquele que nos chamou.
Não há motor mais eficaz nas mãos de Satanás, do que isso, ou para nos manter longe da santidade, ou sufocá-la quando for alcançada.
Nem podem surgir no coração dos homens quaisquer pensamentos que sejam mais opostos à natureza da graça; por esta razão, o apóstolo o rejeita com repugnância.
"Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que seja a graça mais abundante?
De modo nenhum! Como viveremos ainda no pecado, nós os que para ele morremos"? [Rm 6: 1, 2]
(3) Cansaço e desânimo que surgem da oposição.
Alguns acham grande dificuldade e oposição à obra da santidade e seu progresso, causados pelo poder das corrupções, das tentações e circunstâncias da vida neste mundo, de modo que estão prontos para desmaiar e desistir desta diligência em seus deveres, e contender contra o pecado. Mas, a Escritura abunda com incentivos para este tipo de pessoa, para que levante desse abatimento pelo exercício da fé.
São muito sérias e verdadeiras as advertências e ameaças da Palavra, quanto àqueles que andam de modo desordenado na presença de Deus.
“Assim, pois, irmãos, permanecei firmes e guardai as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa.” [II Ts 2: 15]
“Caso alguém não preste obediência à nossa palavra dada por esta epístola, notai-o; nem vos associeis com ele, para que fique envergonhado.
Todavia, não o considereis por inimigo, mas adverti-o como irmão.” [II Ts 3: 14,15]
“Rogo-vos, irmãos, que noteis bem aqueles que provocam divisões e escândalos, em desacordo com a doutrina que aprendestes; afastai-vos deles.” [Rm 16: 17]
“Mas, agora, vos escrevo que não vos associeis com alguém que, dizendo-se irmão, for impuro, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com esse tal, nem ainda comais.” [I Co 5: 11]
“Se alguém vem ter convosco e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem lhe deis as boas-vindas. Porquanto aquele que lhe dá boas-vindas faz-se cúmplice das suas obras más.” [II Jo 1: 10, 11]
“Se alguém não ama o Senhor, seja anátema. Maranata!” [I Co 16: 22]
Que, em face de tais advertências e ameaças, que nos disponhamos de uma vez por todas, a nos humilharmos diante de Deus para que possamos ser curados do nosso estado natural de lepra que todos possuímos, do qual temos um exemplo grandioso do processo de cura divino para esta doença espiritual, causada pelo orgulho, arrogância e prepotência, em Naamã, o general sírio a quem Deus tornou leproso fisicamente para ser curado da lepra espiritual do orgulho, dobrando-se a Ele, reconhecendo que nada somos e que somente Ele é a majestade que tudo governa por toda a eternidade.
Sequer foi permitido receber as honras de seu status, de conquistador de nações para a Síria, quando veio a Israel para encontrar-se com o profeta Eliseu.
O próprio profeta não saiu de sua tenda para ir até ele, mas enviou-lhe o seu moço, Geazi, com a mensagem de Deus para ele, que deveria mergulhar por sete vezes seguidas nas águas do rio Jordão.
Que o Senhor nos abata e humilhe como fez com ele, para que possa nos exaltar. Que venhamos a reconhecer para sempre, a Sua grandiosa majestade e santidade, e o quanto somos miseráveis em nós mesmos, totalmente necessitados da Sua graça.