“Eis aí vêm dias, diz o SENHOR, em que firmarei nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá".
"Não conforme a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; porquanto eles anularam a minha aliança, não obstante eu os haver desposado, diz o SENHOR".
"Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o SENHOR: Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo".
"Não ensinará jamais cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece ao SENHOR, porque todos me conhecerão, desde o menor até ao maior deles, diz o SENHOR. Pois perdoarei as suas iniquidades e dos seus pecados jamais me lembrarei.” [Jr 31: 31-34]
Os mandamentos do evangelho não requerem santidade e deveres de justiça, para o mesmo fim que os mandamentos da lei, a saber, para que possamos ser justificados aos olhos de Deus por eles, pois era este o postulado da Lei, a saber, que aquele que cumprisse perfeitamente os Seus mandamentos seria justificado, mas sabemos que isto é impossível para o homem em sua natureza, que se encontra debaixo do pecado.
Mas, como dissemos, não somos justificados pelos mandamentos do evangelho, por guardá-los perfeitamente, mas por meio da fé, pela qual temos acesso à graça salvadora de Jesus.
É a isto que se refere a promessa relativa à Nova Aliança feita por Deus, em Jeremias 31: 31-34, especialmente no verso 34:
"Pois perdoarei as suas iniquidades e dos seus pecados jamais me lembrarei.”
E a causa para este perdão gracioso é declarada em Efésios 2: 4,5 - o grande amor de Deus por nós.
"4 Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou,
5 e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, – pela graça sois salvos,".
"8 Porque ele dizia: Certamente, eles são meu povo, filhos que não mentirão; e se lhes tornou o seu Salvador.
9 Em toda a angústia deles, foi ele angustiado, e o Anjo da sua presença os salvou; pelo seu amor e pela sua compaixão, ele os remiu, os tomou e os conduziu todos os
dias da antiguidade." [Is 63: 8, 9]
O estado de miséria e angústia em que Seu povo se encontra sob o pecado angustia o coração de Deus, assim como um pai que se angustia com os sofrimentos de seu filho; por isso Deus sofreu em Si mesmo as dores terríveis do sofrimento que seria necessário para nos livrar do pecado e suas consequências, na pessoa de Seu Filho Amado, e assim, sendo remidos e salvos por meio dEle, podemos ter paz, alegria e um estado e futuro venturoso juntamente com Ele, que nos leva a superar todos os sofrimentos com exultação, gratidão e alegria. E então já não há mais um motivo de sofrimento por conta da miséria do pecado, mas por conta do amor, e este tipo de sofrimento é abençoado e santificado.
Assim, sendo justificados pela graça, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo, segundo a Sua própria justiça, que não é segundo a Lei, mas segundo a graça.
"3 Porquanto, desconhecendo a justiça de Deus e procurando estabelecer a sua própria, não se sujeitaram à que vem de Deus.
4 Porque o fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê.
5 Ora, Moisés escreveu que o homem que praticar a justiça decorrente da lei viverá por ela.
6 Mas a justiça decorrente da fé assim diz: Não perguntes em teu coração: Quem subirá ao céu?, isto é, para trazer do alto a Cristo;
7 ou: Quem descerá ao abismo?, isto é, para levantar Cristo dentre os mortos.
8 Porém que se diz? A palavra está perto de ti, na tua boca e no teu coração; isto é, a palavra da fé que pregamos.
9 Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo." [Rm 10: 3-9]
"Sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus, também temos crido em Cristo Jesus, para que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois, por obras da lei, ninguém será justificado." [Gl 2: 16]
Vemos portanto, que por quaisquer obras, seja da Lei, ou de obediência aos mandamentos do Evangelho, jamais poderíamos ser salvos, senão pela graça e mediante a fé, com fundamento no amor de Deus pelos eleitos.
Foi por esse amor que Ele formou a nação de Israel, para que através deste povo nos revelasse a Sua pessoa e vontade, e a nossa condição miserável sob o pecado, então pela Bíblia somos ensinados sobre a justificação, regeneração, e santificação que foram providos para nós em Jesus, e na obra que Ele realizou em nosso favor, pois sem isto não podemos participar do amor de Deus e sermos agradáveis ao Seu coração, dando-lhe causa para alegria e contentamento.
A justificação, pela qual somos perdoados e reconciliados para sempre com Deus.
A regeneração, que consiste em nossa transformação em novas criaturas, e;
A santificação, pela qual este trabalho de transformação é aperfeiçoado.
Tudo isso, porque Deus não poderia aceitar de nós, uma santidade que estivesse aquém do que a Lei exigia, porque se Ele o fizesse refletiria desonra sobre Sua própria justiça e a santidade do evangelho, porque:
(1.) Se Deus pudesse aceitar uma justiça, para justificação que é inferior, ou aquém do que Ele exigia pela Lei para nossa justificação, então por que não o fez antes, em vez de obrigar a humanidade à perfeição absoluta de acordo com a Lei?
Pois, ao não conseguir isso, todos eles pereceram.
Ou, vamos dizer que Deus teria mudado de ideia sobre o assunto, e não está assim muito interessado sobre a obediência rígida e perfeita para nossa justificação agora, como Ele fez anteriormente?
Onde então está a glória de Sua imutabilidade, da essência de Sua santidade, e da retidão absoluta de Sua natureza e vontade?
Além disso;
(2.) O que acontecerá com a honra e santidade do evangelho nesta suposição?
Não seria visto como uma doutrina, que é menos sagrada do que a Lei?
A Lei exigia santidade absoluta, perfeita e sem pecado para nossa justificação, mas nesta suposição o evangelho permite que o mesmo fim seja alcançado, pelo que é imperfeito em todos os sentidos, e consistente com uma multidão de pecados e falhas.
O que pode ser dito, que seria mais depreciativo para Ele?
Isso não seria de fato, fazer de "Cristo o ministro do pecado", que nosso apóstolo rejeita com tanta detestação em Gl 2: 17?
Dizer que, o que Ele merecia era ter nossa obediência imperfeita aceita para nossa justificação, acompanhada de muitos e grandes pecados ("pois não há homem que viva e não peque") - em vez da perfeita obediência sem pecado exigida pela lei, o tornaria claramente ministro do pecado, ou alguém que adquiriu alguma liberdade para pecar, além de qualquer lei permitida.
Em Cristo e pelo evangelho, Deus pretendia inquestionavelmente declarar a santidade e a justiça de Sua própria natureza, muito mais gloriosamente do que Ele jamais havia feito de qualquer outra forma.
Então, a perfeição em santidade que jamais poderia ser alcançada nos termos da Lei na Antiga Aliança, pode e deve ser alcançada por meio da fé em Cristo, na Nova Aliança, e assim o fato de não sermos justificados pela Lei, nem mesmo pelos mandamentos de Cristo - nós o somos pela graça, mediante a fé, para aquela santidade de vida que há de ser produzida em nós pelo Espírito Santo, na aplicação da Palavra de Deus, que Ele implantou em nossa mente e em nosso coração desde o nosso novo nascimento.
Deve-se, portanto admitir que a finalidade dos mandamentos do evangelho, que exigem a obediência da santidade em nós, não significa que devamos ser justificados por eles, ou sobre eles, pois Deus providenciou outra justiça para esse fim, que de forma plena e perfeita responde absolutamente a tudo o que a lei exige - e em algumas considerações é muito mais glorioso, do que a lei fez ou poderia exigir.
Os mandamentos do Evangelho apontam a regra, o modo pelo qual devemos viver para sermos agradáveis a Deus, mas somente por si mesmos não têm o poder de produzir tal modo de viver em nós, senão a graça que opera mediante a fé.
É pela graça e pela fé que confirmamos a Lei. (Romanos 3: 31)
É somente vivendo no amor de Cristo, mediante um andar no Espírito Santo, que cumprimos aquilo que é exigido pela Lei.
[1.] Deus não tem nenhum projeto para Sua própria glória em nós, ou por nós neste mundo, ou para a eternidade - não há comunhão especial que possamos ter com Ele sem Jesus Cristo, nem qualquer capacidade de desfrutá-la - este tipo de santidade sem Cristo não é buscada por Ele.
Lembremos sempre, que o grande alvo da nossa salvação pela graça mediante a fé é o de que possamos ser vinculados em amor ao Senhor, em uma verdadeira e real unidade espiritual.
[2.] Esses objetivos presentes de santidade sob o evangelho são tais, que Deus não requer indispensavelmente menos santidade de nós agora, do que quando nossa justificação foi proposta como seu fim, pois sem a santificação é impossível se participar do amor de Deus em intimidade com Ele.
E nunca esqueçamos, que a verdadeira santidade é o resultado do somatório destas três coisas:
1 - Fé em Cristo vivendo e andando no Espírito Santo.
2 - Meditação e prática da Palavra de Cristo.
3 - Mente renovada (mudada) continuamente pela Palavra e pelo Espírito, em temor, amor e obediência a Deus.