“Ora, o nosso mesmo Deus e Pai, e Jesus, nosso Senhor, dirijam-nos o caminho até vós, e o Senhor vos faça crescer e aumentar no amor uns para com os outros e para com todos, como também nós para convosco, a fim de que seja o vosso coração confirmado em santidade, isento de culpa, na presença de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus, com todos os seus santos.” [I Ts 3: 11-13]
A confirmação do crente na santidade é evidenciada, pelo seu crescimento e aumento no amor mútuo com aqueles que estão sendo também santificados.
Esta confirmação do coração em santidade, nada mais é do que a aquisição do hábito de santidade por repetidos e constantes exercícios na prática da piedade, sobretudo pela oração e meditação em pensamentos espirituais, celestiais e divinos, pois é somente assim que se pode destruir a formação dos antigos hábitos carnais e mundanos, pela repetição destes hábitos santos que lhes são contrários.
A expressão deste amor mútuo, tanto nos atos de adoração e oração conjuntos na congregação dos santos, que tem sua causa na manifestação do Espírito Santo neles, é essencial para que sejam santificados.
Daí, a ordenança bíblica para que os crentes nunca deixem de se congregar, principalmente porque a santificação deles depende disso.
Não existe maior meio para facilitar a obra de santificação operada pelo Espírito Santo, do que a comunhão dos santos na oração e adoração ao Senhor.
A santidade da Igreja Primitiva se fundamentava nisto, conforme o testemunho de Atos 2: 46;
“Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração.”
Mas, desse ajuntamento também é dito no verso 42, que era feito conforme a perseverança deles “na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações.”
Não era para assuntos triviais e comuns que se reuniam, mas para praticarem a sã doutrina do evangelho.
É a falta disto que responde por ajuntamentos de crentes, que nunca ultrapassam a barreira da carne para o atingimento das coisas do alto, que são espirituais.
Por isso nos é ordenado em Efésios 5: 18-21:
“18 E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito,
19 falando entre vós com salmos, entoando e louvando de coração ao Senhor com hinos e cânticos espirituais,
20 dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo,
21 sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo.”
Muitos legalistas, na obra de santificação, sendo ignorantes das formas de funcionamento do Espírito de graça e a eficácia do sangue de Cristo, procuram estabelecer suas próprias imaginações, e não se submetem a obedecer à graça de Deus.
Assim, em primeiro lugar, eles teriam (pelo menos a maioria deles) o todo da impureza de nossa natureza, para ser lavado pelo batismo nas águas, inclusive de bebês.
A sujeira do pecado original é lavada assim, segundo o entendimento deles; no entanto, não foi isso que aconteceu com Simão Mago - apesar de ser batizado por Filipe, o evangelista, e isso devido à sua profissão visível e confissão, ele continuou "em fel de amargura e laços de iniquidade." [At 8: 23]
Ele, certamente não foi purificado de seus pecados, mas há uma limpeza real na santificação.
A primeira acompanha o batismo, quando é administrado corretamente. Em relação a isto, se diz que os homens foram "purificados de seus antigos pecados", isto é, eles fizeram uma profissão, e tiveram uma representação justa dela, ao se tornarem participantes de seu sinal externo.
"Pois aquele a quem estas coisas não estão presentes é cego, vendo só o que está perto, esquecido da purificação dos seus pecados de outrora". [2 Pe 1: 9]
E, também é dito que escaparam da "poluição do mundo" e "concupiscências da carne", [2 Pe 2: 18], porém tudo isso pode acontecer, mas o pecado não é realmente purificado, pois o que é necessário não é apenas a "lavagem externa da regeneração" na promessa, mas a "lavagem interna e renovação do Espírito Santo,"
"Não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo. [Tt 3: 5]
A regeneração pelo Espírito Santo é o nosso novo nascimento que ocorre apenas uma vez para sempre, em nossa conversão inicial a Cristo; e a renovação em que o Espírito Santo é chamado por efetuar um lavar renovador, além do regenerador em [Tt 3: 5] consiste na renovação contínua do nosso ser, sobretudo de nossa mente, em todo entendimento espiritual, o qual ocorre no progressivo trabalho da santificação.
A mente está sujeita no crente, a dois tipos de inclinação; uma do velho homem, e outra do novo.
A primeira dá para a carne e a segunda para o Espírito. Então, a mente precisa ser abastecida continuamente por pensamentos espirituais, celestiais e divinos, extraídos de meditações na Palavra de Deus, conforme somos ordenados na própria Palavra a fazer dia e noite, de modo que a mente seja renovada e inclinada para aquilo que é santo, e não para o que é carnal e mundano.
Assim, é nisto que consiste o que se chama de renovo do Espírito Santo, que é expressado por um trabalho e exercício contínuo de nossa parte em exercitarmos a nós mesmos na piedade, por concentrarmos nossos pensamentos, sobretudo no que é celestial e não no que é terreno.
Não é uma referência a uma experiência ocasional de ser renovado pelo Espírito, mas em sermos tornados espirituais por um permanente andar no Espírito, renovando nossas mentes e corações pela inculcação da Palavra, como nos é ordenado por Deus.
São os pensamentos espirituais, segundo a Palavra que devem ter a primazia e prevalência em todos os nossos atos e meditações.
Mas, alguns estão tão cheios de pensamentos sobre o mundo e as ocasiões da vida, que lhes é impossível pensar em Deus como deveriam, pois assim como o amor de Deus e o amor do mundo, em graus predominantes são inconsistentes (pois se um homem ama este mundo; como o amor de Deus habitará nele?), assim os pensamentos de Deus e do mundo, em igual grau, são inconsistentes.
Este é o estado de muitos que ainda seriam estimados espiritualmente; eles estão continuamente familiarizados em suas mentes com as coisas terrenas. Algo se impõe a eles sob a noção de dever; eles pertencem a seus chamados, portanto “devem ser atendidos”.
Alguns são sugeridos em suas mentes, a partir de ocasiões e ocorrências diárias. As conversas comuns no mundo não envolvem os homens em outros pensamentos, além dos mundanos.
O amor e o desejo pelas coisas terrenas, para seu gozo e crescimento esgotam o vigor de seus espíritos durante todo o dia.
Alguns pecados odiosos se revelam predominantes neles: um é bêbado, outro imundo, um terceiro é opressor; sempre houve tais homens entre os professantes do evangelho, mesmo nos melhores tempos.
Um entre os apóstolos era um traidor, “um demônio”. Entre os primeiros professantes do cristianismo, havia aqueles “cujo deus era o ventre, cujo fim era a destruição, que se importavam somente com as coisas terrenas”, [Fp 3: 18, 19]
Para prevenir e combater este mal, somos ordenados a ser praticantes da Palavra; e para isso necessitamos conhecer Suas promessas, cumprir Seus mandamentos e temer Suas ameaças, estando sempre sendo renovados pelo Espírito Santo, pois é dito que o homem interior é renovado dia a dia.
"Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra;" [Cl 2: 3]
"Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento." [Fp 4: 8]
"e vos renoveis no espírito do vosso entendimento," [Ef 4: 23]
"E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus." [Rm 12: 2]