“Sabeis estas coisas, meus amados irmãos. Todo homem, pois, seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar".
"Porque a ira do homem não produz a justiça de Deus".
"Portanto, despojando-vos de toda impureza e acúmulo de maldade, acolhei, com mansidão, a palavra em vós implantada, a qual é poderosa para salvar a vossa alma".
"Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos.” (Tiago 1: 19-22)
A que palavra o apóstolo Tiago se refere neste texto, que deve ser acolhida com mansidão e foi implantada nos crentes, que é a mesma a que se refere o apóstolo em II Pedro 3: 1,2, que ele expôs em suas epístolas e da qual os crentes deveriam estar sempre lembrados?
Esta Palavra é a do evangelho, a lei da graça escrita por Deus na mente e no coração do crente, conforme em Sua promessa em Jeremias 31: 31-34, e agora referida por Tiago como cumprida, por ter sido implantada nos crentes.
Provavelmente, lembrando-se da Parábola do Semeador em que Jesus diz, que a semente ali referida é a Palavra do Reino de Deus, onde Pedro diz o seguinte:
"Tendo purificado a vossa alma, pela vossa obediência à verdade, tendo em vista o amor fraternal não fingido, amai-vos, de coração, uns aos outros ardentemente,
pois fostes regenerados não de semente corruptível, mas de incorruptível, mediante a palavra de Deus, a qual vive e é permanente.
Pois toda carne é como a erva, e toda a sua glória, como a flor da erva; seca-se a erva, e cai a sua flor;
a palavra do Senhor, porém, permanece eternamente. Ora, esta é a palavra que vos foi evangelizada." (I Pedro 1: 22-25)
A Palavra do evangelho pregada, ensinada, e cumprida em Jesus é a única regra de fé e prática que deve governar a conduta do crente. Além da Palavra Jesus, nos tem dado o Espírito Santo para nos guiar a esta verdade da Palavra, e aplicá-la à nossa vida.
Necessitamos por isso de oração, meditação da Palavra continuamente, pois só assim teremos a mente espiritual que é a única que pode vencer o pecado.
Ser espiritual é vida e paz.
Ser carnal é morte espiritual.
A mente espiritual só pode existir se for continuamente renovada pela meditação em pensamentos espirituais, celestiais e divinos, fundamentados na palavra do evangelho, pois o Espírito Santo nos foi dado para aplicar o evangelho em nossas vidas.
E para isto é necessário perseverar com diligência diariamente, no exercício da meditação da Palavra, da oração, da autonegação, da mortificação do pecado, exercitando-se em paciência, amor, perdão, etc. Não há outra forma de mantermos uma postura vigilante, alegre, e em paz, em toda e qualquer circunstância ou provação.
O evangelho é o próprio Cristo, pois é o Verbo da vida (I João 1: 1), o Logos, o verbo, a Palavra viva e eterna, a verdade que se fez carne. (João 1: 1)
Ele é a vida eterna, que é comunicada a todos os que a Ele se unem em um só espírito.
À vista disso, pode ser dito que a Palavra de Deus e o Espírito Santo não têm poder no crente que vive preso a pecados e vícios?
De modo nenhum, pois há suficiência total em ambos para nos conduzir em vitória, desde que nos apliquemos ao exercício da disciplina e piedade. Para isto não é exigido capacidade, mas apenas fidelidade.
A graça nos capacitará se formos obedientes ao que Deus nos ordena.
Pessoas de baixa capacidade intelectual e com pouco conhecimento da letra da Bíblia podem ser espirituais, enquanto outros de grande poder intelectual e conhecimento da letra da Bíblia, podem ser carnais.
Qual é a causa disso?
A primeira (a de baixa capacidade) pode estar sendo guiada pelo Espírito Santo e praticando o que a Palavra exige; havendo humildade de espírito, busca de Deus, oração, perdão, temor do Senhor, mortificação do pecado, meditação nas promessas e ameaças de Deus, exercício da fé, do amor, da paciência, do louvor, adoração, comunhão com Deus e os santos, etc., para o que não se exige um grande intelecto.
A segunda, pode conhecer a letra, mas não fazer uso dela, porque não tem o poder do Espírito Santo para aplicá-lo à sua vida.
E, lembremos sempre que esta dispensação da graça não é da letra, como era a da Lei no Antigo Testamento, mas do Espírito Santo e da vida eterna, portanto implica poder e não dogma, ou mero conhecimento intelectual. Daí o apóstolo dizer, que o conhecimento incha de orgulho carnal, o que é ruim, mas o amor em exercício nos edifica.
A palavra de Deus no Novo Testamento, nas citações feitas à Palavra ali, é sobretudo uma referência ao evangelho, à Nova Aliança, à lei da graça, a revelação feita em Jesus Cristo em sua vida, ensino, obras e morte, como se vê claramente nas seguintes passagens dentre outras:
Mateus 4: 4; 7: 24, 26-28; 10.14; 13.19, 22,23; 19.1; 24.35.
Lucas 5: 1, 8: 11-15, 9: 26, 11: 28
João 3.34. 5.24, 38,40;; 663,68; 8.31, 47, 51; 14.23,24. 15.31; 17.6, 4,17
Atos 2.41; 5.20; 6.4; 8.4, 14, 25; 10.36; 11.1,19; 13.26, 44, 48,49; 14.3; 15.35 etc
A Bíblia é o registro dos eventos e palavras que Deus ordenou, que fossem escritos por aqueles que foram inspirados pelo Espírito Santo. A razão de sua produção está relacionada à promessa e ao cumprimento da manifestação do Salvador, e tudo o que se refere ao modo e consequência de nossa salvação por Ele.
Assim, nós temos a Lei e os Profetas, ou Velho Testamento como a preparação para Sua vinda e tudo o que está relacionado a Ele, inclusive até o fim do mundo - os escritos do Novo Testamento, com o registro do cumprimento da promessa e a revelação das palavras do Salvador quanto ao modo de se obter a salvação por meio da fé nEle, e em tudo o que nos ensinou, quer no Seu ministério terreno, quer posteriormente, por meio dos Seus apóstolos.
Com relação a todas as estruturas, desígnios e propósitos reais do coração, todos os atos internos de nossa mente, todas as volições da vontade, todos os movimentos de nossas afeições, devem ser regulados por essa Palavra que exige que amemos o Senhor nosso Deus, com toda a nossa mente, toda a nossa alma e toda a nossa força.
Toda a santidade que está nos crentes, consiste em sua conformidade com a vontade revelada de Deus; com relação a todas as nossas ações e deveres externos, tanto privados quanto públicos, da piedade e da justiça, para conosco ou para com os outros. (Tito 2: 12)
Esta é a regra de nossa santidade. Somento isto pode nos santificar para o inteiro agrado de Deus. Se o negligenciamos e consentimos em um viver segundo a carne, amando o mundo, etc., o resultado sempre será o de morte espiritual, ou seja, de enfraquecimento de nossas graças, e falta de poder vital espiritual para receber um coração segundo o de Deus, que é cheio de paz, bondade, amor, alegria, perdão, etc.
Somos santos apenas na medida em que, o que somos e o que fazemos corresponde à Palavra de Deus.
No entanto, quaisquer atos de devoção ou deveres de moralidade pode ser realizado sem respeito a esta regra, e não pertencem à nossa santificação - como é comum mesmo entre crentes, que seja confundido mera virtude moral com santidade, pois a primeira pode existir sem uma submissão a Deus e obediência à Sua vontade, e se permitir ser dirigido pelo poder e amor do Espírito Santo.
Já a santidade, só é possível com tal submissão e obediência, em real dependência espiritual diária do Senhor.
No estado da justiça original, a regra da aceitação do homem por Deus em sua obediência era a lei e o pacto das obras. E, isso exigia que a obediência deveria ser absolutamente perfeita em suas partes e graus, sem a mínima mistura do pecado com o bem, nem interposição, no mínimo de qualquer coisa que fosse inconsistente com aquela aliança. Mas agora, embora estejamos renovados novamente pela graça, à imagem de Deus real e verdadeiramente (ainda não absolutamente nem perfeitamente, mas apenas em parte), ainda temos remanescente em nós um princípio contrário da ignorância e do pecado, com o qual devemos sempre entrar em conflito. (Gl 5: 16,17)
É por isso que Deus, na aliança da graça tem o prazer de aceitar aquela santa obediência, que é universal em todas as suas partes, em todas as instâncias conhecidas de dever, e sincera quanto à forma como é prestada; de modo que podemos permanecer no estado de santificados, ainda que falhando eventualmente, pois o exercício de fé em Jesus, na Sua bondade, perdão e misericórdia, sempre nos conduzirá ao arrependimento e confissão, para o retorno à comunhão que havia sido interrompida temporariamente em razão do nosso pecado.
Assim, aprendemos que a santificação depende somente da nossa confiança total em Cristo, pois é sempre Ele que realiza tudo em nós e por nós, por Sua graça, mediante a fé.
Agora, a razão para essa aceitação não é que no evangelho há um tipo inferior e mais imperfeito de justiça, santidade e obediência que atenderá a todos os fins de Deus e Sua glória agora, sob a nova aliança, do que eles teriam se achado sob a antiga.
Nada pode ser imaginado que esteja mais distante da verdade, nem mais desonroso para o evangelho, ou que pareça mais próximo de tornar Cristo o ministro de pecado, pois o que mais Ele seria, se tivesse obtido a aceitação de Deus de uma obediência fraca e imperfeita, acompanhada de muitas falhas, fraquezas e pecados, em nada sendo completa - no lugar do que Ele primeiro exigiu de nós, que era completa, perfeita e absolutamente sem pecado?
Na verdade, Deus se determinou exaltar e glorificar as propriedades sagradas de Sua natureza, de uma maneira mais eminente e gloriosa sob a nova aliança, do que sob a antiga; é por esta razão e apenas por isso, que ela é tão exaltada e preferida acima daquela.
Jesus em nós, tornou-se a perfeição exigida pela justiça de Deus, para a nossa reconciliação com Ele, e nossa plena aceitação.
Para o quê e como Vivemos?
Tão somente porque há morte
não há qualquer sentido na vida?
Para que serviria
nosso tempo de existência terrena
se a aniquilação a seguiria?
E se há vida depois desta vida,
como continuação da que aqui havia,
então cumpre sabermos
o que deve ser feito para obtê-la,
pensar e agir com princípios,
e também propósitos
que estejam alinhados
muito mais com esta que há de vir,
do que com esta que agora temos.
Aquilo que o Criador planejou
somente se cumpre
quando deixamos este corpo.
Pois seremos como são os anjos.
É um grande e fatal erro
alguém viver
para ganhar o mundo inteiro,
e por fim perder a sua alma.