Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos
Aprendendo Sabedoria com Isaque 
 

Nós vimos no capítulo anterior (Gênesis 25) que Isaque residia no Neguebe, em Canaã, e agora, logo no início deste 26º capítulo é dito que houve uma grande fome na terra de Canaã, tal como nos dias de Abraão, e certamente, isto devia ser resultante dos juízos de Deus, não dando chuvas e fartura aos cananeus, em razão da sua crescente iniquidade.
Por isso Isaque se deslocou para a terra dos filisteus, em Gerar, onde seu pai havia habitado no passado, e onde havia feito uma aliança com Abimeleque.
E, movido pelo mesmo temor que havia estado em Abraão, ele pediu a Rebeca que dissesse que era sua irmã, e não sua esposa.
Só que, para sua surpresa, ele viu o temor que havia entre os filisteus em não tocar nas mulheres casadas da linhagem de Abraão, certamente pelo conhecimento de como Deus havia agido no passado em relação a eles, quando Abimeleque havia tomado Sara para si, e foi impedido por Deus de tocar nela, e como havia fechado a madre de todas as mulheres de Gerar, ficando a volta da fertilidade delas dependente da intercessão de Abraão.
Este temor do Senhor havia permanecido entre eles desde os dias de Abraão, conforme se pode verificar neste capítulo.
Mas antes da narrativa deste fato, nós lemos o testemunho que Deus havia dado acerca de Abraão, dizendo que  confirmaria o juramento que lhe havia feito, de multiplicar a sua descendência como as estrelas do céu, e lhe dar todas aquelas terras; e que por meio da sua descendência seriam benditas todas as nações da terra; porquanto Abraão havia obedecido à sua voz, e guardado o seu mandado, os seus preceitos, os seus estatutos e as suas leis.
Observe que a promessa seria cumprida não somente porque Deus estava compromissado com a fidelidade à Sua Palavra, mas porque Abraão havia correspondido à sua vocação fazendo a Sua vontade.
A confirmação da bênção do Senhor na vida dos seus filhos é dependente desta obediência. O cumprimento das promessas de Deus é visto naqueles que andam em conformidade com a Sua vontade, tal como fizera Abraão, e agora também o faria o próprio Isaque.
O cristão está debaixo da graça e das boas promessas do Senhor, mas deve cooperar com o trabalho da graça na sua vida, se quiser ver dias felizes e amar a vida.     
Assim, Deus estava recomendando a Isaque o bom exemplo de obediência do seu pai Abraão.
A aliança seria confirmada e a promessa cumprida, mas dependeria da obediência de Isaque e dos seus filhos, depois dele.
Tendo Isaque se determinado em seguir os passos da obediência de seu pai, ele foi grandemente abençoado por Deus.
Ele foi agricultor em Gerar, e se diz que ele colhia a cem por um.
Isto é indicativo de que havia uma bênção especial de Deus sobre tudo o que ele fazia.
O Senhor o enriqueceu e o fortaleceu com o aumento do número dos seus servos, tal como havia feito com Abraão.
Havia necessidade no caso específico deles, que viriam a formar uma nação no meio de outras nações, que fossem assim fortalecidos e enriquecidos com bens e servos por parte de Deus, para que pudessem sobreviver em meio às condições difíceis em que tinham que viver, sendo estrangeiros no meio de uma gente estranha.
Como Isaque havia prosperado imensamente na terra dos filisteus, eles o invejaram, e temendo que viesse a se tornar mais poderoso do que eles, expulsaram-no do seu meio, e ele foi habitar no vale de Gerar onde reabriu os poços que haviam sido cavados nos dias de Abraão, e que os filisteus haviam entulhado.
Tendo achado água, houve contenda entre os pastores filisteus com os seus pastores, pois aqueles protestaram que o direito àquela água lhes pertencia.  
O que fez Isaque, que era um homem pacífico?
Ele partiu dali e foi cavar poços em outro lugar, onde também encontrou água.
Veio posteriormente a residir em Berseba, e a bênção do Senhor permanecia sobre ele.
Vendo os filisteus que o ato da expulsão não o havia enfraquecido, antes Deus o tinha fortalecido, vieram a ter com ele em Berseba, e propuseram ali fazer uma aliança de paz. 
O testemunho que partiu da própria boca dos filisteus foi o seguinte:
“Temos visto claramente que o Senhor é contigo.”
Isaque sabia que o Senhor era com ele, e portanto não viveria a contender com o homem, e não desanimaria diante das aparentes derrotas que pudesse sofrer da parte das investidas de seus inimigos.
Ele poderia ter lutado pela posse do poço que havia aberto, mas não, ele o deixou para os filisteus e foi buscar a bênção do Senhor noutro lugar. Isto não é covardia, mas sabedoria. É não aceitar a provocação do diabo. É guardar o coração em paz e incontaminado do mal. É vencer o mal com o bem.
Se Deus é por nós quem será contra nós?
Quem poderá impedir de recebermos a bênção do Senhor?
Se o inimigo fechar uma porta, o Senhor abrirá outra maior e melhor para nós.
Isto é uma grande certeza para todos quantos têm caminhado com Deus e provado a Sua fidelidade.    
As mesmas pessoas que haviam expulsado Isaque viriam a honrá-lo posteriormente, reconhecendo que a bênção de Deus estava sobre a vida daquele homem.
Somos honrados por causa do testemunho do Senhor sobre as nossas vidas, e não por causa de nossos méritos pessoais.  
Isaque teve a sabedoria de usar os poços de seus ancestrais, e isto, é uma poderosa figura para que não rejeitemos e desprezemos o acúmulo de sabedoria acerca das coisas de Deus que nos legaram os seus servos fiéis do passado.
Mas Isaque também abriu novos poços, e isto nos aponta para a necessidade de não nos acomodarmos à luz recebida de épocas anteriores, mas continuar construindo sobre esse bom e firme fundamento, de maneira que este conhecimento possa ser aumentado.    
A oposição que Isaque encontrou ao cavar os poços para achar água, que é essencial à manutenção da vida, tipifica também toda a perseguição e resistência que teremos que enfrentar quando nos dispomos a cavar fundo para abrir as fontes da verdade. Os dois primeiros poços que eles cavaram foram nomeados Esek, que significa contenção; e Sitnah, que significa ódio. A oposição da carne e do mundo à verdade se fará notória, mas como Isaque, devemos continuar cavando os nossos poços para que a água da vida flua deles, e dessedentem a muitos, que têm sede da verdade e da justiça.  
Assim, aqueles que se empenham pela paz, cedo ou tarde, acharão a paz, tal como Isaque, que depois de muitas lutas veio a descansar em Berseba, onde  Deus lhe apareceu e renovou com ele a aliança que tinha feito com Abraão.
Isaque edificou um altar e invocou o nome do Senhor.  
Isaque continuou mantendo comunhão com Deus, mesmo quando havia sido expulso e pressionado pelos filisteus.
É especialmente nestas ocasiões que devemos intensificar nossa comunhão com o Senhor, em vez de interrompê-la, aguardando por dias melhores.
Deus deve ser adorado e servido em toda e qualquer circunstância, e não devemos alterar o nosso procedimento e testemunho em razão das coisas que nos sobrevenham, quer sejam agradáveis ou difíceis.  
A narrativa deste capítulo é encerrada com o casamento de Esaú com duas mulheres do povo heteu, das quais se diz que foram uma amargura de espírito para Isaque e Rebeca, certamente muito mais pelos falsos deuses que adoravam, e seus valores contrários aos valores revelados de Deus, do que propriamente em razão de seus temperamentos.    
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 31/10/2012
Comentários
Site do Escritor criado por Recanto das Letras