Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos
José Coloca à Prova Seus Irmãos Parte 3 Gênesis 44




 
“1 Depois José deu ordem ao despenseiro de sua casa, dizendo: Enche de mantimento os sacos dos homens, quanto puderem levar, e põe o dinheiro de cada um na boca do seu saco.
2 E a minha taça de prata porás na boca do saco do mais novo, com o dinheiro do seu trigo. Assim fez ele conforme a palavra que José havia dito.
3 Logo que veio a luz da manhã, foram despedidos os homens, eles com os seus jumentos.
4 Havendo eles saído da cidade, mas não se tendo distanciado muito, disse José ao seu despenseiro: Levanta-te e segue os homens; e, alcançando-os, dize-lhes: Por que tornastes o mal pelo bem?
5 Não é esta a taça por que bebe meu senhor, e de que se serve para adivinhar? Fizestes mal no que fizestes.
6 Então ele, tendo-os alcançado, lhes falou essas mesmas palavras.
7 Responderam-lhe eles: Por que falou meu senhor tais palavras? Longe estejam teus servos de fazerem semelhante coisa.
8 Eis que o dinheiro, que achamos nas bocas dos nossos sacos, to tornamos a trazer desde a terra de Canaã; como, pois, furtaríamos da casa do teu senhor prata ou ouro?
9 Aquele dos teus servos com quem a taça for encontrada, morra; e ainda nós seremos escravos do meu senhor.
10 Ao que disse ele: Seja conforme as vossas palavras; aquele com quem a taça for encontrada será meu escravo; mas vós sereis inocentes.
11 Então eles se apressaram cada um a pôr em terra o seu saco, e cada um a abri-lo.
12 E o despenseiro buscou, começando pelo maior, e acabando pelo mais novo; e achou-se a taça no saco de Benjamim.
13 Então rasgaram os seus vestidos e, tendo cada um carregado o seu jumento, voltaram à cidade.
14 E veio Judá com seus irmãos à casa de José, pois ele ainda estava ali; e prostraram-se em terra diante dele.
15 Logo lhes perguntou José: Que ação é esta que praticastes? não sabeis vós que um homem como eu pode, muito bem, adivinhar?
16 Respondeu Judá: Que diremos a meu senhor? que falaremos? e como nos justificaremos? Descobriu Deus a iniqüidade de teus servos; eis que somos escravos de meu senhor, tanto nós como aquele em cuja mão foi achada a taça.
17 Disse José: Longe esteja eu de fazer isto; o homem em cuja mão a taça foi achada, aquele será meu servo; porém, quanto a vós, subi em paz para vosso pai.
18 Então Judá se chegou a ele, e disse: Ai! senhor meu, deixa, peço-te, o teu servo dizer uma palavra aos ouvidos de meu senhor; e não se acenda a tua ira contra o teu servo; porque tu és como Faraó.
19 Meu senhor perguntou a seus servos, dizendo: Tendes vós pai, ou irmão?
20 E respondemos a meu senhor: Temos pai, já velho, e há um filho da sua velhice, um menino pequeno; o irmão deste é morto, e ele ficou o único de sua mãe; e seu pai o ama.
21 Então tu disseste a teus servos: Trazei-mo, para que eu ponha os olhos sobre ele.
22 E quando respondemos a meu senhor: O menino não pode deixar o seu pai; pois se ele deixasse o seu pai, este morreria;
23 replicaste a teus servos: A menos que desça convosco vosso irmão mais novo, nunca mais vereis a minha face.
24 Então subimos a teu servo, meu pai, e lhe contamos as palavras de meu senhor.
25 Depois disse nosso pai: Tornai, comprai-nos um pouco de mantimento;
26 e lhe respondemos: Não podemos descer; mas, se nosso irmão menor for conosco, desceremos; pois não podemos ver a face do homem, se nosso irmão menor não estiver conosco.
27 Então nos disse teu servo, meu pai: Vós sabeis que minha mulher me deu dois filhos;
28 um saiu de minha casa e eu disse: certamente foi despedaçado, e não o tenho visto mais;
29 se também me tirardes a este, e lhe acontecer algum desastre, fareis descer as minhas cãs com tristeza ao Seol.
30 Agora, pois, se eu for ter com o teu servo, meu pai, e o menino não estiver conosco, como a sua alma está ligada com a alma dele,
31 acontecerá que, vendo ele que o menino ali não está, morrerá; e teus servos farão descer as cãs de teu servo, nosso pai com tristeza ao Seol.
32 Porque teu servo se deu como fiador pelo menino para com meu pai, dizendo: Se eu to não trouxer de volta, serei culpado, para com meu pai para sempre.
33 Agora, pois, fique teu servo em lugar do menino como escravo de meu senhor, e que suba o menino com seus irmãos.
34 Porque, como subirei eu a meu pai, se o menino não for comigo? para que não veja eu o mal que sobrevirá a meu pai.”
 
Este capítulo relata o estratagema de José, quando ordenou que se colocasse o dinheiro nos sacos de trigo de seus irmãos e o seu copo de prata no de Benjamin, e na sequência, nós vemos o arrependimento de seus irmãos nas palavras proferidas por Judá, às quais já nos referimos anteriormente.
Aqui, cabe ainda destacar  a submissão humilde deles em reconhecer que tudo aquilo só poderia estar ocorrendo como um castigo de Deus, não pelo que tivessem feito de errado agora, mas pelos seus muitos erros do passado.
No entanto, a par da aflição que estavam sofrendo, e o juízo que estavam vivendo em suas próprias consciências culpadas, não havia nenhum outro castigo que lhes estava sendo imposto senão a visitação da graça e da misericórdia divina conduzindo-os ao arrependimento.
Afinal não seriam escravizados como fora o seu próprio irmão por iniciativa deles.
A graça não paga o mal com o mal, mas paga o mal com o bem.
A graça não se deixa vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem.
É exatamente isto o que estava ocorrendo com eles. Estavam debaixo da graça e por isso não foram destruídos ou condenados.
É exatamente isto que Deus faz com todos os cristãos por não estarem debaixo da lei, e sim, da graça, por meio da fé em Cristo.
Em vez de condená-los, ele os educa por meio da graça a produzirem obras dignas de arrependimento.
Se a atitude de Judá intercedendo em favor de Benjamim, e se oferecendo para ficar como escravo no seu lugar agradou e comoveu a José, muito mais agradou ao Pai, a intercessão de Jesus junto a Ele em favor dos pecadores, e o ter se oferecido voluntariamente para ser castigado no lugar deles, e por meio disto, Ele obteve sucesso total na sua obra de salvação dos pecadores. 
 
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 05/11/2012
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