Repovoamento da Terra Depois do Dilúvio – Parte 2 - Gênesis 11
“1 Ora, toda a terra tinha uma só língua e um só idioma.
2 E deslocando-se os homens para o oriente, acharam um vale na terra de Sinar; e ali habitaram.
3 Disseram uns aos outros: Eia pois, façamos tijolos, e queimemo-los bem. Os tijolos lhes serviram de pedras e o betume de argamassa.
4 Disseram mais: Eia, edifiquemos para nós uma cidade e uma torre cujo cume toque no céu, e façamo-nos um nome, para que não sejamos espalhados sobre a face de toda a terra.
5 Então desceu o Senhor para ver a cidade e a torre que os filhos dos homens edificavam;
6 e disse: Eis que o povo é um e todos têm uma só língua; e isto é o que começam a fazer; agora não haverá restrição para tudo o que eles intentarem fazer.
7 Eia, desçamos, e confundamos ali a sua linguagem, para que não entenda um a língua do outro.
8 Assim o Senhor os espalhou dali sobre a face de toda a terra; e cessaram de edificar a cidade.
9 Por isso se chamou o seu nome Babel, porquanto ali confundiu o Senhor a linguagem de toda a terra, e dali o Senhor os espalhou sobre a face de toda a terra.
10 Estas são as gerações de Sem. Tinha ele cem anos, quando gerou a Arfaxade, dois anos depois do dilúvio.
11 E viveu Sem, depois que gerou a Arfaxade, quinhentos anos; e gerou filhos e filhas.
12 Arfaxade viveu trinta e cinco anos, e gerou a Selá.
13 Viveu Arfaxade, depois que gerou a Selá, quatrocentos e três anos; e gerou filhos e filhas.
14 Selá viveu trinta anos, e gerou a Eber.
15 Viveu Selá, depois que gerou a Eber, quatrocentos e três anos; e gerou filhos e filhas.
16 Eber viveu trinta e quatro anos, e gerou a Pelegue.
17 Viveu Eber, depois que gerou a Pelegue, quatrocentos e trinta anos; e gerou filhos e filhas.
18 Pelegue viveu trinta anos, e gerou a Reú.
19 Viveu Pelegue, depois que gerou a Reú, duzentos e nove anos; e gerou filhos e filhas.
20 Reú viveu trinta e dois anos, e gerou a Serugue.
21 Viveu Reú, depois que gerou a Serugue, duzentos e sete anos; e gerou filhos e filhas.
22 Serugue viveu trinta anos, e gerou a Naor.
23 Viveu Serugue, depois que gerou a Naor, duzentos anos; e gerou filhos e filhas.
24 Naor viveu vinte e nove anos, e gerou a Tera.
25 Viveu Naor, depois que gerou a Tera, cento e dezenove anos; e gerou filhos e filhas.
26 Tera viveu setenta anos, e gerou a Abrão, a Naor e a Harã.
27 Estas são as gerações de Tera: Tera gerou a Abrão, a Naor e a Harã; e Harã gerou a Ló.
28 Harã morreu antes de seu pai Tera, na terra do seu nascimento, em Ur dos Caldeus.
29 Abrão e Naor tomaram mulheres para si: o nome da mulher de Abrão era Sarai, e o nome da mulher do Naor era Milca, filha de Harã, que foi pai de Milca e de Iscá.
30 Sarai era estéril; não tinha filhos.
31 Tomou Tera a Abrão seu filho, e a Ló filho de Harã, filho de seu filho, e a Sarai sua nora, mulher de seu filho Abrão, e saiu com eles de Ur dos Caldeus, a fim de ir para a terra de Canaã; e vieram até Harã, e ali habitaram.
32 Foram os dias de Tera duzentos e cinco anos; e morreu Tera em Harã.”
No texto que relata o modo como Deus espalhou os primeiros descendentes dos filhos de Noé, por toda a terra se destaca que o fato de falarem uma só língua contribuía para que todos ficassem debaixo do mesmo governo, e pelo que vimos anteriormente, este governo não estava debaixo de uma pessoa piedosa e temente ao Senhor, pois se fizera poderoso na terra pela ambição de ampliar o seu governo, tendo chegado a fundar e governar oito cidades; este Ninrode que era neto de Cão, o filho de Noé que não trazia consigo a promessa da bênção de Deus.
Aquele primeiro grupo da humanidade que havia se formado depois do dilúvio caminhou para o Oriente em busca de um local amplo para abrigar a todos eles, e onde pudessem se fixar permanentemente.
Eles acharam um lugar espaçoso muito conveniente para se instalarem (v. 2), uma planície na terra de Sinear, uma planície espaçosa, que ficava num vale que era capaz de abrigar a todos, provavelmente com uma terra fértil e frutífera. A ordem de Deus para Noé e seus filhos era:
“Sede fecundos, multiplicai-vos, e enchei a terra.” (9.1)
Este “enchei a terra” era uma ordem para que se espalhassem pela superfície do globo, e não que intentassem se fixar numa determinada região.
Esta era uma medida preventiva para que não ocorresse toda a corrupção do gênero humano, por estarem todos debaixo da mesma influência, tal como ocorreu antes do dilúvio, quando os homens de Deus começaram a fazer casamentos mistos com mulheres de famílias ímpias, e o temor a Deus e a obediência aos Seus mandamentos foram perdidos.
Então o Senhor agiu preventivamente ordenando que se espalhassem, de modo a se garantir que houvesse sempre a existência de um testemunho fiel na face da terra ao longo das sucessivas gerações.
É importante saber que o Velho Testamento não está escrito em rigorosa ordem cronológica, e assim temos no capítulo 10 o registro de coisas que são posteriores ao episódio de Babel narrado no capítulo 11.
Veja que é dito em 10.5,20, 31, em relação aos descendentes de Jafé, Cão e Sem, como uma nota comum, que eram segundo suas famílias, segundo as suas línguas, em suas terras, em suas nações.
Isto ocorreu obviamente depois do episódio de Babel, pois até então se falava uma única língua em toda a terra.
Havia uma promessa de graça da parte do Senhor, de não mais destruir toda a humanidade, e assim, Ele estava intervindo, para poder garantir o cumprimento de tal promessa.
Aquela era então uma medida de julgamento, mas ao mesmo tempo de proteção da humanidade e da garantia da sua perpetuação sobre a face da terra.
Aqui encerramos o nosso comentário sobre a primeira parte de Gên 11 que se refere ao episódio de Babel. Veremos agora, brevemente, a segunda parte deste capítulo que trata da genealogia de Sem até Abraão (11.10-32).
Antes de tudo, observe como houve uma diminuição gradual nos anos de vida dos homens a partir do dilúvio:
Sem - viveu 600 anos
Arfaxade – 438
Selá - 433
Heber - 464
Pelegue - 239
Réu - 239
Serugue - 230
Naor - 148
Terá - 205
Abraão - 175 (Gên 25.7)
Quando a população da terra começou a aumentar, os anos de vida dos homens foram encurtados. Parece que aqueles muitos anos de vida dos primeiros homens tinham em vista garantir a perpetuidade da humanidade.
Agora, com um grande aumento populacional, a garantia da preservação da raça não dependeria mais de se manter um período tão extenso de anos de vida num mundo sujeito ao pecado.
A vida seria marcada para eles, especialmente para os que não tinham o temor de Deus, como puro enfado e canseira.
Foi, portanto a misericórdia do Senhor que abreviou o número de anos de vida sobre a terra.
Com isto nos ensina também que há também uma morada infinita melhor para aqueles que O amam, do que a terra em que vivemos.
A longevidade na terra é apontada por Deus como um sinal da sua bênção, mas Ele, em sua sabedoria, põe limites a esta longevidade, de modo que aquilo que está destinado a ser uma bênção não se transforme, ainda que não numa maldição, mas num grande fardo para ser carregado.
É em Gên 11 que começa a história de Abraão, cujo nome é famoso em ambos os Testamentos, e que é uma pessoa importante na revelação bíblica.
Ele era habitante de Ur dos Caldeus (11.31), que havia se tornado numa nação idólatra, apesar de serem descendentes de Heber.
Eles haviam se corrompido em seus caminhos. O próprio pai de Abraão, Terá, havia servido a outros deuses (Josué 24.2).
Gên 11.26 diz que Terá tinha 75 anos quando gerou Abraão, Naor e Harã.
Pelo contexto bíblico, sabemos que não eram trigêmeos.
E assim, a citação de 75 anos se refere provavelmente à idade com que começou a gerar seus filhos.
Tudo indica que Abraão não era o mais velho deles, pois quando foi chamado pelo Senhor tinha também 75 anos quando partiu de Harã (Gên 12.4), local onde havia morrido seu pai Terá (11.32) depois de ter partido de Ur para lá, com Abraão, Ló, e Sarai, esposa de Abraão (11.31).
É provável que Terá tenha se enfraquecido e ficado enfermo com a longa viagem até Harã, e ter sido impedido, em face da sua idade avançada, de prosseguir a viagem rumo a Canaã.
Muitos admitem a hipótese de que ele havia se convertido ao Senhor, quando partiu de Ur, e sob a ordem de Deus para ir para Canaã, mas isto não passa de uma possibilidade, porque nada se diz no texto bíblico quanto a isto.
Harã, um dos irmãos de Abraão, que era pai de Ló, morreu em Ur dos caldeus, sua terra natal, enquanto seu pai Terá ainda vivia (At 11.28).
Foi na família de Naor, outro irmão de Abraão, que Isaque e Jacó, filho e neto de Abraão, respectivamente, se proveriam de esposas no futuro.
Estes descendentes de Naor habitavam em Pada-Arã (Gên 31.18), na Mesopotâmia (Gên 24.10), região entre os rios Tigre e Eufrates, ao Norte da cidade de Ur dos caldeus
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 07/11/2012