Amamos o Deus Invisível
“18 Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós.
19 Ainda um pouco, e o mundo não me verá mais, mas vós me vereis; porque eu vivo, e vós vivereis.
20 Naquele dia conhecereis que estou em meu Pai, e vós em mim, e eu em vós.
21 Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele.
22 Disse-lhe Judas (não o Iscariotes): Senhor, de onde vem que te hás de manifestar a nós, e não ao mundo?
23 Jesus respondeu, e disse-lhe: Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada.
24 Quem não me ama não guarda as minhas palavras; ora, a palavra que ouvistes não é minha, mas do Pai que me enviou.” (João 14.18-24)
Jesus amava Seus discípulos e eles O amavam em genuína amizade.
A presença dEle entre eles era toda a alegria de suas vidas.
Então, assim como quando amigos de verdade se separam por um período em razão de um afastamento que lhes é imposto, sempre há a preocupação de que continuem se comunicando, dando notícias um ao outro de como têm passado.
Por isso, apesar da promessa de lhes enviar outro Consolador, Jesus lhes prometeu que Ele voltaria a ter com eles, e começa a lhes mostrar agora qual seria o tipo de relacionamento que teriam com Ele.
Não seria mais um relacionamento segundo a carne, mas segundo o espírito.
Isto é, Ele permaneceria invisível a eles, mas seria a pessoa mais real na existência deles, porque se lhes manifestaria permanentemente, e por seu turno, se ocupariam em todo o tempo com a Sua presença e vontade em seus pensamentos.
Eles tinham a Sua Palavra, os Seus mandamentos para guardarem e pregarem e ensinarem ao mundo.
O Senhor continuaria operando entre eles, só que dali por diante em espírito, e não mais estando presente num corpo de carne e osso como o deles.
Por isso o apóstolo Paulo diz o que lemos em II Cor 5.16.
“Assim que daqui por diante a ninguém conhecemos segundo a carne, e, ainda que também tenhamos conhecido Cristo segundo a carne, contudo agora já não o conhecemos deste modo.” (II Cor 5.16).
Pedro fala do que Cristo que não vemos, mas que nós amamos:
“Ao qual, não o havendo visto, amais; no qual, não o vendo agora, mas crendo, vos alegrais com gozo inefável e glorioso;” (I Pe 1.8).
Ele é invisível, mas é real. É pessoal. É amado. É companheiro. É amigo sempre presente, que se manifesta a nós em espírito.
Assim, é também em espírito que devemos ter comunhão com Ele, com o Pai, com o Espírito Santo, e uns com os outros.
Este conhecimento espiritual é invisível, mas é mais fundamentado, estruturado, duradouro do que o conhecimento do que se vê com os olhos, porque além da ilusão de ótica, há a ilusão de julgamento.
Mas o conhecimento que é pelo Espírito e no espírito, é verdadeiro e permanente, e não há nele, nenhum engano.
Daí, o motivo de Deus, sendo a verdade e verdadeiro, relacionar-se sempre conosco em espírito, e por isso se diz que Ele busca adoradores que o adorem em espírito e em verdade.
Para ser em verdade deve ser em espírito.
Para ser em espírito, deve ser em verdade, porque o Espírito Santo é Espírito de verdade, e não opera e jamais operará mediante o que é falso ou que não se conforme à verdade revelada por Deus.
Ele nunca colocará a Sua chancela divina no que for falso, mas somente no que for verdadeiro.
Por isso se exige um coração, reto, puro, sincero, verdadeiro, na adoração a Deus, porque Ele rejeitará todo espírito que não apresentar tais atributos, porque Deus é perfeitamente santo e justo, e não pode compactuar com a falta de retidão.
Não é nada surpreendente que Jesus tenha dito que os que têm corações puros são bem-aventurados, porque é por esta condição de pureza de coração que poderão ver a Deus.
Nenhum cristão é órfão porque tem ao próprio Deus por Pai (v. 18) e Jesus tem feito a promessa de manter esta paternidade por causa da obra que fez em nosso favor de maneira que pudéssemos ser adotados como filhos de Deus para sempre.
E, se ser órfão é perder a paternidade para sempre, ficando sem pai no mundo, no caso do cristão, Jesus garantiu que isto jamais ocorreria, porque por meio dEle, Deus será para sempre o nosso Pai.
É por isso que ainda que um cristão possa estar triste por um breve tempo, contristado pelas tribulações que forem necessárias ao seu aperfeiçoamento, no entanto ele nunca está sem conforto, porque nunca estará órfão, porque tem a Deus por Pai perpetuamente.
O próprio Jesus seria retirado dos discípulos em Seu ministério terreno, por causa da Sua breve ausência entre o período da Sua morte e ressurreição, mas depois disto, estaria para sempre com eles e com todos os que viessem a crer depois deles até a consumação dos séculos.
Isto significa, que jamais seremos desamparados por Ele em nossa jornada terrena. Ele prometeu estar sempre ao nosso lado assistindo-nos em nossas aflições neste mundo.
O modo de garantirmos Sua presença conosco, do Pai e do Espírito Santo, é guardando a Sua Palavra, conforme Ele declarou aos discípulos nesta seção do capítulo que estamos comentando (v. 21 a 23).
Esta é também a única maneira segura de garantirmos a manifestação da Sua presença em nós e entre nós, a saber, guardando os Seus mandamentos.
Aqueles cristãos que não honram a Palavra do Senhor e que não se esforçam em diligência para conhecê-la e cumpri-la, não deveriam ficar surpreendidos com o fato de o Senhor deles se manifestar em Suas vidas, não em confortos e consolações, mas em correções disciplinadoras da desobediência deles.
Como podem aqueles que conhecem a Cristo agirem como aqueles que não O conhecem e não O Amam?
E qual foi a característica destacada por Jesus quanto àqueles que não O conhecem e que não O amam? Não é exatamente por não guardarem a Sua Palavra? (v.24)
E como ousariam os verdadeiros cristãos desprezarem a Palavra do Senhor, sabendo o quanto Ele a preza, e o quanto ela é fundamental para a santificação deles? (João 17.17).
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 09/11/2012