O Empenho Amoroso de Jesus Para Que Sejamos Salvos
“27 Agora a minha alma está perturbada; e que direi eu? Pai, salva-me desta hora; mas para isto vim a esta hora.
28 Pai, glorifica o teu nome. Então veio uma voz do céu que dizia: Já o tenho glorificado, e outra vez o glorificarei.
29 Ora, a multidão que ali estava, e que a ouvira, dizia que havia sido um trovão. Outros diziam: Um anjo lhe falou.
30 Respondeu Jesus, e disse: Não veio esta voz por amor de mim, mas por amor de vós.
31 Agora é o juízo deste mundo; agora será expulso o príncipe deste mundo.
32 E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim.
33 E dizia isto, significando de que morte havia de morrer.
34 Respondeu-lhe a multidão: Nós temos ouvido da lei, que o Cristo permanece para sempre; e como dizes tu que convém que o Filho do homem seja levantado? Quem é esse Filho do homem?
35 Disse-lhes, pois, Jesus: A luz ainda está convosco por um pouco de tempo. Andai enquanto tendes luz, para que as trevas não vos apanhem; pois quem anda nas trevas não sabe para onde vai.
36 Enquanto tendes luz, crede na luz, para que sejais filhos da luz. Estas coisas disse Jesus e, retirando-se, escondeu-se deles.” (João 12.27-36)
A expectativa das coisas que brevemente deveria sofrer, fez com que o Senhor não somente tivesse proferido a André e a Filipe as palavras que lhes havia dito, em razão de ter sabido que alguns gregos estavam interessados em falar com Ele, como também O levou a se angustiar pelo fato de ter avaliado o grande custo que seria para Ele ter que ir para a cruz, carregando os nossos pecados sobre Si.
Tão terrível seria o sofrimento que O aguardava que a sua alma se angustiou a ponto de estar convicto de que não poderia se livrar daquela angústia porque não poderia pedir para ser livrado pelo Pai das coisas que Lhe aguardavam, porque foi para aquele propósito mesmo que Ele havia vindo a este mundo.
Ele se submeteu mansamente à vontade do Pai dizendo que Ele glorificasse o Seu nome através do Seu sacrifício.
Deus respondeu com uma voz audível que pareceu à multidão como se tivesse sido um trovão, ou anjo que tivesse falado; dizendo:
“Já o tenho glorificado, e outra vez o glorificarei.”.
Deus Pai estava sendo glorificado pelo Filho através das coisas que estava fazendo através dEle, como por exemplo através da ressurreição de Lázaro.
E receberia muito maior glória com a libertação dos milhões de pessoas que sairiam do cativeiro das trevas e de Satanás para o reino da Sua luz, depois que o Filho fosse para cruz, e por isso lhe foi dito que outra vez glorificaria Seu nome através dEle.
Por esta razão Jesus disse que aquela voz não foi propriamente por amor a Ele, mas por amor dos homens.
Porque foi por amor que o Pai Lhe havia enviado ao mundo para morrer no lugar dos pecadores.
Deus Pai levaria Seu Filho à cruz por amor aos pecadores, para que pudessem ser resgatados da morte eterna e serem reconciliados com Ele através da mediação do Seu Filho.
Jesus disse expressamente que aquela voz tinha a ver com o fato do juízo que seria imposto sobre Satanás na cruz, porque Ele seria tirado da sua posição de poder sobre as almas que ele vinha trazendo cativas até então.
O evangelho seria pregado no mundo, e o poder de Deus traria a liberdade àqueles que o Pai deu ao Filho e que até então estavam debaixo do jugo do diabo.
Isto seria feito em todas as partes do mundo porque Satanás seria despojado do seu poder quando Jesus morresse na cruz.
O diabo não seria, portanto, expulso da terra, mas da sua posição de autoridade sobre as almas daqueles que pertencem a Deus.
O diabo os trazia sujeitos por causa de estarem debaixo do pecado, mas em Cristo eles não estão mais debaixo do pecado, mas da graça que os resgatou do pecado e da morte, porque Cristo se fez maldição na cruz, no lugar deles, para resgatá-los da maldição, e assim foi desfeito todo o poder que o Inimigo detinha sobre eles.
Depois que Jesus fosse levantado da terra, sendo elevado na cruz (v. 32, 33), a humanidade seria atraída a Ele pelo Pai.
Qualquer um poderia vir agora livremente a Ele pela simples fé, porque consumaria completamente a obra de resgate em seu favor com Sua morte na cruz, de maneira que desfaria a barreira de inimizade que havia entre eles e Deus, por causa da natureza terrena pecaminosa que se opõe a Deus.
Mas, como o pecado recebeu a sua sentença de morte na cruz, foi resolvido para sempre o problema que nos separava de Deus, de maneira que deixamos de ser inimigos de Deus, para nos tornarmos Seus amigos, por meio da fé em Jesus.
Os incrédulos da multidão que ouvia Jesus dizer estas coisas rechaçaram o fato dEle ter dito que deveria morrer, porque segundo a teologia deles o Messias jamais morreria.
É certo que o Messias é eterno, mas importava, pelas Escrituras, que padecesse e morresse no lugar dos pecadores, para se regozijar depois com o fruto do penoso trabalho da sua alma.
Eles queriam saber quem era o Filho do homem e por que convinha que o Filho do homem fosse levantado?
Estas coisas somente podem ser entendidas por iluminação do Espírito Santo.
Jesus é a luz do mundo.
Ele trouxe o conhecimento da verdade relativa à nossa condição espiritual e o que é necessário fazer para sermos salvos.
Mas tudo isto somente pode ser entendido espiritualmente debaixo da iluminação do Espírito Santo.
Por isso, o Senhor disse que convinha ser levantado, não somente para a nossa justificação, como também para que fôssemos regenerados e santificados pelo Espírito que seria derramado depois da Sua morte, ressurreição e ascensão.
Aquelas pessoas e quaisquer pessoas de todas as épocas devem crer na luz para que sejam filhos da luz.
Se não crermos nas palavras de Jesus, o Espírito Santo jamais poderá fazer o Seu trabalho de nos transformar em filhos da luz.
Jesus fez a luz da verdade raiar sobre aquelas pessoas e logo em seguida retirou-se delas, escondendo-se, porque ainda importava deixar instruções para os Seus discípulos; cear com eles, orar por eles e fortalecer-lhes a fé.
A Rejeição de Jesus Deu Cumprimento à Profecia de Isaías
“37 E, ainda que tinha feito tantos sinais diante deles, não criam nele;
38 Para que se cumprisse a palavra do profeta Isaías, que diz: Senhor, quem creu na nossa pregação? E a quem foi revelado o braço do Senhor?
39 Por isso não podiam crer, então Isaías disse outra vez:
40 Cegou-lhes os olhos, e endureceu-lhes o coração, A fim de que não vejam com os olhos, e compreendam no coração, E se convertam, E eu os cure.
41 Isaías disse isto quando viu a sua glória e falou dele.
42 Apesar de tudo, até muitos dos principais creram nele; mas não o confessavam por causa dos fariseus, para não serem expulsos da sinagoga.
43 Porque amavam mais a glória dos homens do que a glória de Deus.
44 E Jesus clamou, e disse: Quem crê em mim, crê, não em mim, mas naquele que me enviou.
45 E quem me vê a mim, vê aquele que me enviou.
46 Eu sou a luz que vim ao mundo, para que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas.
47 E se alguém ouvir as minhas palavras, e não crer, eu não o julgo; porque eu vim, não para julgar o mundo, mas para salvar o mundo.
48 Quem me rejeitar a mim, e não receber as minhas palavras, já tem quem o julgue; a palavra que tenho pregado, essa o há de julgar no último dia.
49 Porque eu não tenho falado de mim mesmo; mas o Pai, que me enviou, ele me deu mandamento sobre o que hei de dizer e sobre o que hei de falar.
50 E sei que o seu mandamento é a vida eterna. Portanto, o que eu falo, falo-o como o Pai mo tem dito.”
João passou a expor a partir do verso 37 quais foram os motivos que haviam levado os judeus a rejeitarem Jesus, conforme havia dito no início deste seu evangelho que Jesus havia vindo para o que era Seu, mas os Seus O haviam rejeitado.
Ele havia deixado de modo muito claro em toda a sua narrativa, que fizera até esta altura, como os judeus haviam realmente amado as trevas e assim, não tinham vindo para a luz para que as suas más obras não fossem manifestas.
João mostrou também como alguns hipócritas haviam professado crerem em Cristo, mas que não praticavam a Sua Palavra, e não se submeteram ao Seu senhorio, porque amavam mais a glória dos homens do que a glória de Deus, como sucedera com muitos fariseus que haviam confessado crer que Ele era o Messias mas que não deram um testemunho público da fé deles, por temerem serem expulsos da sinagoga (v. 42, 43).
Assim, ele conclui esta primeira parte do seu evangelho mostrando como Jesus havia sido rejeitado, aceito, e até mesmo como fingiram aceitá-lo, porque, do capítulo seguinte (13) até o capítulo 17 João registrou quais foram as últimas palavras e ações de Jesus junto aos Seus discípulos.
O Senhor já havia declarado expressamente aos judeus quanto à impossibilidade de muitos deles aceitarem a Sua Palavra.
Não seria pela realização de sinais, seja em qualidade, seja em número, que tais pessoas se converteriam ao Senhor.
Esta condição de endurecimento espiritual dos judeus, foi profetizada por Isaías, em relação à reação das pessoas ao evangelho, e que resistiriam à mensagem da salvação:
“Senhor, quem creu na nossa pregação? E a quem foi revelado o braço do Senhor?” (v. 38).
O motivo desta incredulidade foi declarado pelo próprio Isaías:
“Cegou-lhes os olhos, e endureceu-lhes o coração, A fim de que não vejam com os olhos, e compreendam no coração, E se convertam, E eu os cure.”.
O profeta Isaías fez esta afirmação quando viu a glória de Jesus; quando estava à direita do Pai nos céus, antes mesmo da sua encarnação quando veio a este mundo.
Os que resistem a Jesus são mantidos no seu endurecimento porque Deus não pode lhes conceder graça para que vejam e entendam, porque isto não pode ser feito com aqueles que se recusam terminantemente a honrar o Seu Filho Unigênito, Jesus.
Por isso João fez um resumo da pregação que Jesus fez continuamente em Seu ministério terreno nos versos 44 a 50, onde se destaca a necessidade da fé nEle para a salvação (v. 44), porque crer nEle é crer no Pai, porque foi enviado pelo Pai sendo igual ao Pai, de maneira que aquele que o vê conforme convém ver (em espírito), vê o Pai, porque Ele é a perfeita imagem do Pai (v. 45).
Somente Jesus é a luz que veio ao mundo para expulsar as trevas da vida daqueles que nEle crêem (v. 46).
Ele veio inaugurar uma nova dispensação, a da graça, de maneira que neste período Ele não está julgando o mundo para efeito de condenação, mas salvando aqueles que do mundo se convertem a Ele (v. 47).
No entanto, rejeitá-lO e rejeitar Suas palavras, significa estar em posição de juízo para condenação, o que há de se manifestar no dia do Juízo Final (v.48).
Ele foi enviado ao mundo pelo Pai para nos revelar a vontade do Pai, expressada no mandamento que dEle recebeu de dar a vida eterna a todo aquele que nEle crer.” (v. 49, 50).
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 09/11/2012