Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos


OS DEZ MANDAMENTOS – Parte 10

 

 
 
8 – Oitavo Mandamento (Êx 20.15)
 
“Não furtarás.”.
 
Se por princípio, como de fato ocorre, nada podemos fazer a não ser por permissão ou concessão de Deus, pois está em Seu poder nos abrir portas ou fechá-las, impedir-nos de avançar ou fazer-nos avançar; de nos enfermar ou manter saudáveis; de nos conceder ou não dons e talentos, então é correto afirmar que tudo o que uma pessoa possa obter neste mundo, terá sido por esta permissão ou concessão divinas.
Em sendo assim, tudo o que obtivermos de modo fraudulento e desonesto, por meio de roubo ou furto, também ocorrerá dentro desta permissão de Deus, mas não de sua concessão e muito menos consentimento, pois o mandamento afirma: “não furtarás.”.
O mandamento aponta pois em essência para o dever de todo homem de se contentar com aquilo que possui, e de ser honesto em tudo aquilo que fizer, primando sempre em não trazer qualquer prejuízo ao seu próximo, tirando dele o que lhe pertence por direito, natural ou legal.
Deus prometeu cuidar de todas as necessidades de Seu povo, e assim, se alguém dentre os cristãos, se entrega à prática de furtos pensando necessitar disto para garantir a sua sobrevivência, está dando, antes de tudo uma grande prova da sua incredulidade quanto à grande verdade que Deus proverá todas as necessidades de seus filhos.
E sabendo que Deus provê, o mandamento por outro lado nos alerta sobre o dever de dar e emprestar para promover o bem do nosso próximo, em vez de o prejudicarmos defraudando-o, pois o Senhor tem prometido dar com medida sacudida e recalcada a todo o que der generosamente.
Quanto mais o homem semear, mais ele colherá. Assim, o caminho para a verdadeira prosperidade não é furtar, mas ao contrário, dar e emprestar. Pois o que dá e empresta será abençoado por Deus, e o que furta será castigado e corrigido por Ele, pois o mandamento diz: “não furtarás.”.
 
 
9 – Nono Mandamento (Êx 20.16)
 
“Não darás falso testemunho contra o teu próximo.”.
 
O sentido deste mandamento é que Deus é a verdade e portanto abomina a falsidade, e por conseguinte é nosso dever cultivar a verdade e a sinceridade de uns para com os outros.
Então nunca devemos prejudicar o nosso próximo com calúnias e falsas acusações, não apenas em juízo, como também na vida privada, por meio de mexericos contra a sua pessoa com a clara intenção de prejudicar a sua reputação, honra, ou causar-lhe qualquer outro tipo de dano.
Evidentemente, está embutido neste mandamento, um outro de mesma natureza: “não mentirás.”.
Se Deus é a verdade, Ele é certamente contra todo tipo de mentira, e a Bíblia ensina claramente que o pai da mentira e do engano é o diabo.
Satanás ataca a reputação do próprio Deus e procura convencer as pessoas por meio de enganos, que Deus não é bom, não é verdadeiro, não é fiel, não é justo, apontando-lhes principalmente os sofrimentos que têm neste mundo, mas nunca lhes diz que tudo isto é consequência do pecado, e não por causa de uma suposta indiferença de Deus para com os sofrimentos da humanidade.
Desta forma, o diabo tem espalhado todo tipo de juízo falso, seja baseado na ignorância ou não dos homens, que conduz a toda sorte de afirmações mentirosas por parte deles, a respeito de Deus e do próximo, por avaliações que são baseadas em aparências, na própria maldade, e quase nunca na justiça e na verdade.
Ao ordenar que não se dê falso testemunho contra o próximo, não se deve julgar que toda verdade relativa ao próximo deve ser testemunhada contra ele.
Pois o amor cobre multidão de pecados, e há situações em que pecados que não sejam de domínio público e nem contra o corpo de Cristo, senão contra a própria pessoa que o praticou, devem ser tratados com mansidão e longanimidade, por aqueles que são espirituais, pois o mandamento evangélico é que os fracos devem ser amparados, os desanimados consolados, sermos longânimos para com todos, e mesmo os insubmissos devem ser admoestados, isto é, aconselhados (I Tes 5.14).  
O nono mandamento tem em vista principalmente preservar a honra do próximo, e certamente isto não seria alcançado se toda verdade relativa ao que tenha feito venha ao domínio do conhecimento público, a pretexto de que temos o dever de expor toda a verdade.
A verdade deve ser sempre seguida, mas devemos também sempre lembrar que a misericórdia triunfa no juízo.
Se em nosso zelo pela verdade formos tomados pelo desejo de expor a pessoa à vergonha pública, já não andaremos de acordo com esta mesma verdade, que nos impõe o dever de levarmos as cargas uns dos outros (Gál 6.1,2).   
 
 
10 – Décimo Mandamento (Êx 20.17)
 
“Não cobiçarás a casa do teu próximo. Não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem cousa alguma que pertença ao teu próximo.”.
 
O pecado da cobiça é geralmente alimentado pelo pecado da inveja.
Deus é amor, e o amor não é invejoso, porque em vez de se entristecer com a prosperidade do próximo, ao contrário se alegra com ela, porque vê nisto a manifestação dos atos de bondade de Deus.
A inveja é um pecado terrível que não admite que outros sejam ou tenham mais bens e honra do que nós.
E assim não somente se alegra com a ruína do próximo, como também não admite que ele sequer se aproxime perigosamente, segundo a nossa perspectiva invejosa, do mesmo nível em que nos encontramos.
A cura deste pecado está em nos compararmos com Deus que é infinitamente mais elevado do que nós, e assim seremos mantidos em humildade ao nos compararmos com outros, vendo que por mais que um homem, seja quem for, possa ser ou ter neste mundo, comparado com o que Deus é e possui, ele é menos do que uma gota que cai de um balde, e assim, estaremos guardados por conseguinte do pecado da cobiça, por pensar que seremos felizes se tivermos ou formos mais do que a pessoa que invejamos é ou possui.
 
 
 
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 16/11/2012
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