Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos
SANTIFICAÇÃO
 
Há um modo de ensinar a verdade, que destrói vidas espirituais em vez de edificá-las.
Não é da vontade de Deus que se faça um uso errado da verdade, porque sempre há que se levar em conta o modo e a capacidade que as pessoas podem recepcioná-la.
Os que pregam o evangelho, especialmente, devem dar grande atenção e terem muito cuidado com isto, porque a palavra do evangelho é um poder, uma dinamite, que mal utilizado pode destruir em vez de edificar.
Veja o caso de Jesus dizendo aos apóstolos que ainda tinha muito que lhes ensinar, mas que naquela hora eles não poderiam suportar o ensino relativo a toda a verdade, e por isso eles receberiam tais revelações no momento apropriado pelo Espírito Santo.
Alimento sólido não deve ser dado a quem ainda está se alimentando do leite da verdade, porque pode-se ficar intoxicado ao se fazer uso errado da dosagem, ou por se ter um entendimento diverso do seu verdadeiro significado por falta da maturidade espiritual necessária para se entender tudo o que  está relacionado especialmente à doutrina da graça.  
Leva  tempo  para alguém entender (se chegar a entender), tudo o que está relacionado à eleição, à justificação, à regeneração ou à santificação.
Por exemplo, se somente dissermos a uma pessoa que  uma vez salvo sempre salvo; muitos poderão em razão de sua fraqueza e visão ainda carnal entenderem esta palavra como um estímulo para cruzarem os braços e agirem segundo o mundo.
Poderão pensar de modo inconveniente que, independentemente do  que eles possam viver ou fazer, Deus os salvará e eles estarão na glória como qualquer outro cristão.
Daí não terem feito, aqueles que foram usados para produzir a Bíblia, uma declaração direta como esta de; “uma vez salvo sempre salvo”, porque em Sua sabedoria infinita, Deus conhece a natureza humana, e a limitação e corrupção da mente do homem por causa do pecado original.     
Ao contrário, o que vemos na Palavra são sérias advertências quanto à necessidade de perseverança na fé para a certeza da salvação, e necessidade também da santificação sem a qual ninguém verá o Senhor.
É fácil entendermos o motivo disto. O cristão é salvo para ser santificado.
A salvação está associada à santificação.
Se ocorresse o caso de alguém pensar que é um convertido sem ter nascido de novo, e sem buscar a santificação do Espírito, é óbvio que esta pessoa ainda estaria na carne e vivendo segundo o mundo, apesar de pensar que é um cristão. 
A Bíblia não ensina a perseverança como a evidência visível da salvação apenas para um período, mas para toda a vida cristã, porque Jesus afirmou que os salvos são aqueles que perseverarem até o fim.
O que o Senhor tinha principalmente em vista com este ensino, senão nos alertar para a necessidade de uma perseverança em santidade e fé durante todos os dias da nossa vida?
Assim procedendo, ao sairmos deste mundo pela morte, poderemos ter, até neste momento, a plena convicção de que somos de fato salvos e que iremos para o céu.
Logo, é pela evidência da perseverança e da santificação que sabemos que somos do grupo daqueles que foram salvos pelo Senhor, e não propriamente pela nossa convicção mental em determinado ensino teológico.
Uma igreja que esteja compromissada com o ensino da verdade para a salvação e edificação de vidas jamais deixará de incentivar os seus membros a uma busca cada vez maior da santificação.
É desta forma que poderão ter plena certeza da esperança da sua salvação, e não pelo fato de conhecerem as verdades relativas à mesma, pois é possível que alguém conheça estas verdades mentalmente, sem que nunca tenha tido uma experiência real de salvação.
Mais do que isto, devem se santificar e perseverar não apenas por causa da sua segurança eterna pessoal, mas para que o Espírito Santo possa promover uma obra verdadeira, e fazer avançar o reino de Cristo, pois sem santificação isto é simplesmente impossível.
Não são apenas os interesses pessoais dos cristãos que estão envolvidos neste assunto da prática da verdade, nem o simples conhecimento da verdade, pois como vimos, mais do que a própria vontade, é a vontade de Deus que está envolvida nisto, e é por causa dela que foram salvos, de maneira que pudessem ser santificados pelo Espírito.    
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 17/11/2012
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