Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos
 
ELOGIO DA LOUCURA?
 
Em reforço ao argumento apresentado no texto intitulado Sim sim, não não, acabei de ler algumas porções do livro de Erasmo de Rotterdam, intitulado O Elogio da Loucura, que em forma de sátira, bem retrata aquilo que ele chama de elogio barato, interesseiro, ao que é desprovido de real valor e mérito, como sendo uma tendência inerente à humanidade.
Todavia, deve ser considerado que quando Erasmo fala de “real valor e mérito” vislumbrava a si mesmo, notadamente no que se refere à erudição escolástica que tinha nele o seu maior expoente.
Ora, o gosto pela filosofia grega, e o conhecimento aprofundado de literatura clássica, já foi considerado algo de muito valor pelo mundo, mas muito pouco pelo pós-moderno tecnológico dos nossos dias, que também passará como todos os que lhe antecederam.
Tudo passa e passará, menos as palavras de Cristo, que permanecem verdadeiras e valorosas para cumprirem o propósito de salvar, em qualquer época.
Então, voltamos ao vazio de sempre quando tentamos fixar real valor e mérito fora de Cristo e da verdade, que somente Ele é em sua natureza divina, e que nos revelou, no registro da Bíblia.
Contudo, de um modo geral, na contramão desta grande verdade, caminha a humanidade.
De valor passageiro a valor passageiro. E cada geração refém da própria época gabando-se de coisas que logo, logo, demonstrarão que não se mantêm e se sustentam. 
Mas Erasmo teve o mérito de fazer em sua época um crítica e reflexão aguda desta inclinação da natureza humana que se inclina, conforme o seu dito, a se ocupar com “investigações futilíssimas”.
E ainda:
“De fato, que mais poderia convir à Loucura do que ser o arauto do próprio mérito e fazer ecoar por toda parte os seus próprios louvores!”
E também, quando cita a Loucura justificando o estar elogiando a si mesma:
“De resto, esta minha conduta me parece muito mais modesta do que a que costuma ter a maior parte dos grandes e dos sábios do mundo. É que estes, calcando o pudor aos pés, subornam qualquer panegirista adulador, ou um poetastro tagarela, que, à custa do ouro, recita os seus elogios, que não passam, afinal, de uma rede de mentiras”. 
Não cito Erasmo para indicá-lo como referência, mas porque, de fato, há no que escreveu, um fiel retrato da condição pecaminosa da natureza humana, que a conduz a não poder se firmar por si mesma num exímio sim sim; não não.
Contudo, o próprio Erasmo padecia do mesmo mal que criticou acidamente, e como ele, qualquer mortal está sujeito ao mesmo.
Não basta condenar o mal. É necessário praticar o bem.
Daí Lutero ter estado às turras com ele, por não ter se definido em defesa da verdade de Jesus Cristo, no evangelho.
Afinal, nada há na loucura que possa ser elogiado. Nem a título de brincadeira. 
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 18/11/2012
Alterado em 18/11/2012
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