Um Viver Fiel
Jamais poderemos ter a paz de Deus em nossas vidas e lares, se somos dados à prática de gritarias, provocações, irritações, permitindo que nossos corações sejam facilmente dominados pela ira e pela mágoa, sem que nos disponhamos à prática do perdão. E o único modo de se manter tal paz, é pela santificação, que consiste basicamente num caminhar contínuo no Espírito Santo, por uma real comunhão com Cristo.
Por isso se afirma no verso 14 de Colossenses 3 que o juiz do estado real em que se encontra o nosso coração é a paz de Cristo, ou seja, poderemos saber se nossas ações, reações e decisões têm sido corretas e aceitáveis a Deus, caso sejam feitas e tomadas quando a paz de nosso Senhor está reinando nos nossos corações.
É por isso que decisões tomadas debaixo de iras e aborrecimentos injustificados não podem contar com a aprovação de Deus, e na verdade, não permitirão que permaneçamos em comunhão com Ele, porque nos está ordenado o amor, a paciência e a paz.
Devemos vigiar portanto com todo o nosso empenho, porque o diabo procurará incansavelmente nos tirar da nossa posição de amor, paz e perdão, principalmente por nos provocar especialmente através das pessoas que fazem parte da nossa convivência diária.
Basta que alguém não esteja vigiando e se santificando, para se tornar um instrumento nas mãos do diabo para afastar o cristão santificado da presença de Deus, e roubar-lhe por conseguinte a sua paz.
E é tão vital para nós preservarmos a paz de Deus no nosso coração, que é melhor sofrermos e suportarmos danos, abrindo mão de nossos direitos em determinadas ocasiões, quando a reclamação deles nos conduzirá inevitavelmente à perda da referida paz.
Por isso a Bíblia ordena aos cristãos o dever de não conduzirem a litígio público, irmãos em Cristo, na presença dos juízes de tribunais terrenos, onde o julgamento não será realizado segundo as leis de Deus, mas segundo as leis dos homens, conforme lemos em I Cor 6.1-8:
“1 Aventura-se algum de vós, tendo questão contra outro, a submetê-lo a juízo perante os injustos e não perante os santos?
2 Ou não sabeis que os santos hão de julgar o mundo? Ora, se o mundo deverá ser julgado por vós, sois, acaso, indignos de julgar as coisas mínimas?
3 Não sabeis que havemos de julgar os próprios anjos? Quanto mais as coisas desta vida!
4 Entretanto, vós, quando tendes a julgar negócios terrenos, constituís um tribunal daqueles que não têm nenhuma aceitação na igreja.
5 Para vergonha vo-lo digo. Não há, porventura, nem ao menos um sábio entre vós, que possa julgar no meio da irmandade?
6 Mas irá um irmão a juízo contra outro irmão, e isto perante incrédulos!
7 O só existir entre vós demandas já é completa derrota para vós outros. Por que não sofreis, antes, a injustiça? Por que não sofreis, antes, o dano?
8 Mas vós mesmos fazeis a injustiça e fazeis o dano, e isto aos próprios irmãos!” (I Cor 6.1-8)
Como a vida cristã nos impõe renúncias como esta citada, dentro do mandamento geral de nosso Senhor em Lc 14.33: “Assim, pois, todo aquele dentre vós que não renuncia a tudo quanto possui, não pode ser meu discípulo”, necessitamos então nos santificarmos diariamente, e caminharmos segundo tal santificação para que possamos fazer tais renúncias com alegria e paz em nossos corações.
E é importante sabermos que a santificação é operada pela Palavra de Deus aplicada em nós pelo Espírito Santo, e é tanto santificação do espírito, quanto da alma, incluída aí a razão, a mente, a vontade, os sentimentos e as emoções, como também é santificação do corpo, como lemos em I Tes 5.23.
E a meta desta santificação é a de nos transformar à imagem mesma moral de Cristo, como se vê nos versos 8 a 10 do terceiro capítulo da epístola aos Colossenses.
No privilégio e dever da santificação não há grego nem judeu, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita, escravo ou livre, porque Cristo é tudo em todos, uma vez que não há para aqueles que estão nEle qualquer diferença diante de Deus.
Deus santificará pelo Espírito Santo, do mesmo modo, tanto a ricos quanto a pobres, pessoas de qualquer nacionalidade ou condição, desde que elas estejam convertidas e unidas a Cristo.
Esta santificação não consiste somente no despojamento ou mortificação do pecado, das obras da carne relacionadas aqui por Paulo dentre tantas outras, mas principalmente na prática das virtudes que estão em Cristo.
Por isso, a vida cristã não é algo fácil, porque somente pode ser manifestada em nós pela difícil e dolorosa crucificação do nosso ego carnal, coisa que muitos poucos estão dispostos a fazer, porque nos chama a tratar honesta e sinceramente com aquilo que somos de fato, e isto é algo humilhante para o nosso orgulho natural pecaminoso, e depois disso, demanda que sejamos de fato transformados à imagem e semelhança de Cristo.
Daí o Espírito Santo ter afirmado pela boca do apóstolo Paulo que os últimos dias seriam tempos difíceis, não propriamente pelas dificuldades que os cristãos encontrariam no mundo, mas porque haveria uma tendência muito forte na maioria dos cristãos a rejeitarem o modo de se viver em Cristo, pela falta de obediência à sã doutrina bíblica (II Tim 4.1-4), em troca de um viver segundo o mundo e inclinações da sociedade corrompida e sensual dos últimos dias, conforme as características que predominariam nas pessoas em geral, conforme descritas em II Tim 3.1-5.