O Fruto do Doce da Justiça
Entre os fatos citados no final do livro de Gênesis, e os que são relatados no livro de Êxodo, nós temos um período aproximado de quatrocentos anos. Este foi o tempo, conforme dito por Deus a Abraão, que a sua descendência teria que aguardar para o cumprimento da promessa feita a ele, de receberem a terra de Canaã como herança.
Neste longo tempo eles estavam se formando como nação no Egito, e agora chegaria o momento de saírem de lá nos dias de Moisés, para o cumprimento daquilo que o Senhor havia prometido aos patriarcas de Israel.
Não se deve pensar que Deus tenha ficado sem testemunhas no Egito durante aqueles quatrocentos anos sobre os quais a história e a Bíblia silenciam quanto ao que estava ocorrendo com as pessoas de Israel. Assim, não foi somente quando levantou Moisés e entrou em aliança com Israel com a doação formal da lei, e instituiu a forma do culto e da adoração, que Deus deu preceitos e mandamentos para serem cumpridos pelo seu povo, porque nós vemos ao longo do livro de Gênesis que desde Adão, Ele os havia dado, especialmente a partir de Abraão. Não é correto portanto pensar que foi somente a partir de Moisés que Deus tivesse revelado a Sua vontade aos homens.
A regulamentação da lei veio com Moisés, mas os princípios gerais da lei, já haviam sido revelados desde o princípio.
Este primeiro capitulo de Êxodo faz a ligação do final da narrativa de Gênesis com todas as coisas relativas à revelação da história da redenção da humanidade, que foram experimentadas nos próprios dias de Moisés, e que constam não somente em Êxodo, como também em Levítico, Números e Deuteronômio.
O próprio Moisés registrou as circunstâncias em que ele havia nascido, quando ainda era um bebê, e houve a matança de crianças israelitas, ordenada por faraó.
Os detalhes do seu livramento da morte naquela ocasião estão narrados no segundo capítulo. Neste, ele simplesmente registra o motivo alegado para aquela matança, pois o povo de Israel havia se multiplicado muito, contando com seiscentos mil homens prontos para a guerra, sem contar crianças, mulheres e idosos. E como haviam sido reduzidos à escravidão, tal crescimento preocupava os governantes egípcios, quanto a uma possível revolta de escravos que saísse vencedora contra o exército de faraó.
Das setenta pessoas que compunham a família de Jacó quando este entrou no Egito descenderam todos estes milhares de israelitas, que alguns estimam que se somando a estes homens prontos para a guerra, as crianças, mulheres e idosos, chega-se a um total aproximado de três milhões de pessoas, que seria a população total de Israel na época.
Então a matança das crianças teria em vista deter o aumento numérico da nação israelita.
No entanto este era o motivo alegado pela perspectiva do governo do Egito, mas sabemos que pela perspectiva espiritual havia poderes por detrás daquela operação covarde, tal como a que ocorreu na época em que Jesus nasceu, quando houve também uma matança de crianças ordenada por Herodes, e tal como haverá no governo do anticristo.
Nós sabemos que o poder por detrás do Anticristo é o de Satanás, que operará através dele.
Ora, toda esta fúria não pode ter motivos terrenos que a justifique, senão motivos espirituais, que têm sua origem naquele que veio roubar, matar e destruir, a saber, o diabo, arquiinimigo de Deus.
Por que não se fala de matança de crianças em massa em Israel, antes dos dias de Moisés?
Certamente o diabo soube que seria levantado um libertador para Israel, e além disso, ele sabia que aquela nação iria se deslocar para Canaã, depois daqueles quatrocentos anos, e isto faria com que a Palavra e a promessa de Deus fossem cumpridas, e não há nada que ele mais odeie do que isto, e assim tenta por todos os meios impedir que a promessa do Senhor seja cumprida, de modo que possa acusá-lo de infidelidade.
A sua fúria fica então manifestada nos seus atos. Quantos no ministério têm experimentado de perto esta oposição satânica?
Especialmente naquelas obras que foram levantadas por meio da promessa de Deus?
Ele tudo fará para impedir o seu prosseguimento, caso não tenha conseguido impedir o seu início.
Nós vemos esta oposição em quase todas as páginas da Bíblia, e especialmente Jesus e os apóstolos a enfrentaram em quase todo o tempo.
A fórmula “quanto mais“ do verso 12, relaciona a competição entre a misericórdia de Deus e a crueldade do rei do Egito, pois se diz que, quanto mais ele afligia os israelitas, mais eles se multiplicavam e se fortaleciam.
Isto é quase uma regra geral para o povo de Deus, pois quanto mais o diabo persegue o povo do Senhor, mais Deus o faz prosperar.
Em dias ou locais em que a igreja sofra duras perseguições, e que parece que será rapidamente destruída, devemos aprender dos muitos testemunhos da Bíblia e da própria história da igreja que o auxílio sempre nos chegará inesperadamente da parte de Deus, pois Ele tem determinado que as portas do inferno não poderão prevalecer contra a Sua igreja, e assim é Ele mesmo quem a guarda e protege de todo o mal.
Com o passar daqueles muitos anos a honra de José havia sido esquecida, e os novos governantes do Egito haviam reduzido os hebreus à escravidão, e foi usando a mão de obra deles que foram construídas as cidades de Pitom e Ramessés
Eles continuavam sendo usados no fabrico de tijolos e trabalhos no campo e em toda a sorte de serviços pesados.
Os egípcios estavam tratando deste modo o povo que Deus havia escolhido para Si mediante a aliança que havia feito com Abraão, Isaque e Jacó.
A descendência de Abraão estava reduzida à escravidão numa terra estranha, tal como o Senhor havia revelado ao patriarca cerca de seiscentos anos atrás. Aquela escravidão certamente não era um julgamento, mas uma estratégia prevista nos desígnios de Deus, porque o destino de Israel era lutar em Canaã e tomar posse daquela terra, conforme Ele havia determinado, e não permanecer no Egito para sempre.
Se estivessem em honra no Egito, ou se viessem a dominar o Egito estando em tal posição de honra, provavelmente não teriam sequer desejado deixar aquela terra para terem que lutar pela posse de Canaã.
Não temos todas as respostas, nem mesmo as perguntas acertadas para explicar aquela escravidão, mas uma coisa é certa, ela havia sido predita pelo Senhor e tinha certamente uma razão de ser dentro dos Seus propósitos.
Israel estava destinado a ser um reino de sacerdotes, ou seja, a ser uma bênção para as nações, e como o seria, do alto da arrogância de um povo que nunca tinha conhecido o que é o sofrimento e a humilhação?
De certo modo, o cativeiro lhes havia ensinado a lição da importância de serem bondosos para com os estrangeiros e oprimidos, assim como eles tinham sido estrangeiros no Egito.
E o cativeiro deixaria também o ensino indelével em todas as gerações de Israel de que temer o Senhor é mais sábio do que temer os poderosos e todos os poderes deste mundo, porque Deus subjugou o Egito por amor de Israel, e este temor de Deus foi o que motivou aquelas duas parteiras, que temeram mais a Deus do que ao homem, e por isso não executaram as ordens de Faraó no sentido de matarem os bebês do sexo masculino.
Quando os mandamentos são opostos aos mandamentos de Deus, nós devemos obedecer a Deus e não ao homem (Ageu 4.19, 5.29).
Nenhum poder terreno pode nos autorizar a pecar contra Deus.
O temor daquelas parteiras a Deus fez com que Ele abençoasse a casa delas, edificando-as, protegendo-as, dando-lhes paz e prosperidade, bem como todas as bênçãos que podemos esperar receber da parte de Deus, quando O honramos fazendo aquilo que é da Sua vontade, especialmente quando está envolvido nisto, o risco das nossas próprias vidas.
Cabe ressaltar que o que Deus abençoou não foi a mentira que as parteiras usaram para enganar faraó, de modo a não matarem os bebês, mas a atitude delas de se negarem a executar as ordens de faraó no sentido de exterminá-los.
Baseado em Êxodo 1