Comentário do Segundo Capítulo de Mateus
O modo de Jesus manifestar a Sua majestade divina, continua sendo o mesmo, desde o Seu nascimento, a saber, numa manjedoura de Belém, porque não é com pompa e notoriedade que Ele se manifesta aos Seus súditos, mas sempre em humilde obscuridade.
Homens sábios do Oriente vieram dar-Lhe honra, quando ainda era um recém-nascido, porque lhes foi revelado por Deus onde encontrá-lO.
A genuína presença e majestade do Senhor Jesus continua se manifestando a muitos humildes de coração, em muitas manjedouras deste mundo, enquanto os grandes e entendidos não chegam a conhecê-Lo, porque aprouve ao Pai revelá-lo aos pequeninos e contritos de coração.
Deus é poderoso para esconder a revelação de Cristo de ímpios arrogantes que lhe resistem, como fizera em relação a Herodes, mas pode também fazer com que reis piedosos se dobrem aos pés do Senhor, e O adorem, em localidades pobres, que não costumam ser frequentadas por aqueles que são considerados grandes segundo o mundo.
Assim, a visita dos magos foi um prenúncio do modo e do método de Deus para revelar Cristo aos homens.
Se estes magos eram dados a artes mágicas condenadas por Deus, a visita deles a Jesus em Belém, revelou a vitória de Cristo sobre os poderes das trevas, convertendo para a Sua luz, aqueles que se encontravam debaixo do domínio do diabo.
Além disso, enquanto muitos em Israel se endureceriam, quanto à recepção do Messias, os gentios representados nestes magos, estavam se curvando para adorar o Senhor, mesmo quando era ainda um menino.
A visita dos magos para dar honra a Cristo precipitou a perseguição e matança realizadas pelo rei Herodes.
O diabo tentou impedir o surgimento do Libertador de Israel, tal como havia feito nos dias do nascimento de Moisés, pelo cruel estratagema de matar todos meninos do sexo masculino de dois anos para baixo, que habitavam na localidade e arredores, onde fora anunciado o nascimento tanto de Moisés, quanto de Jesus.
A história se repete, porque toda vez que Deus suscita um instrumento poderoso de libertação dos que se encontram escravizados pelo diabo, este se levanta com grande fúria, para tentar impedir tal obra de libertação.
Todavia, os propósitos de Deus não podem ser frustrados, e a libertação será operada em meio a todos os danos que possam ser causados pelo Inimigo.
Está determinado que Jesus reine para todo o sempre em glória na Nova Jerusalém, mas em sua encarnação, havia sido designado e predito que deveria nascer na humilde Belém de Judá.
Isto se deveu a muitas razões, mas especialmente à de que tudo o que se refere ao reino do Messias, começa pequeno como o grão de mostarda e termina em grandeza e em glória.
A fidelidade no pouco será exigida antes de que se veja a colocação em grandeza e glória.
Os que desejarem uma coroa terão que carregar voluntariamente uma cruz.
Os que aspirarem pelo consolo eterno terão que suportar sofrimentos com paciência perseverante.
O galardão será tanto maior nem tanto pelas graças recebidas, mas pelas perseguições e tribulações sofridas por amor a Cristo.
A humilhação e a humildade da manjedoura, da cidade natal de Belém, das perseguições de Herodes, da fuga para o Egito, têm o propósito de nos ensinar e fazer recordar estas verdades anteriormente referidas.
A riqueza de Cristo representada pelo ouro; o bom perfume de Cristo representado pela mirra, e a oração intercessória poderosa de Cristo como nosso Sumo Sacerdote, representada pelo incenso, que foram oferecidos pelos magos, serão sempre achados onde houver verdadeira adoração na Sua santa presença.
Sempre haverá uma estrela para guiar a todos aqueles que pretendam honrar verdadeiramente ao Senhor Jesus, que será providenciada pelo Pai, que é quem atrai a todo a quem é dado ter a revelação da pessoa de Cristo.
Esta estrela é o Espírito Santo trabalhando em nossas mentes e corações, para que não erremos o caminho da verdadeira adoração, que é feita aos pés do Senhor.
Assim como Jesus teve que ser escondido de seus perseguidores, no Egito, por seus pais, de igual modo, deve continuar sendo escondido daqueles que O rejeitam voluntariamente, porque aqueles que rejeitam aqueles que são enviados por Ele, também são rejeitados, e o modo visível desta rejeição é por nos retirarmos do meio deles.
Jesus é tão precioso que não deve ser exposto voluntária e deliberadamente ao desprezo de homens ímpios.
Aqueles que não se julgam dignos de receberem a paz do Senhor, devem viver sem a referida paz, em sinal de juízo contra a impiedade deles, do mesmo modo como Herodes ficou privado da abençoadora e graciosa presença do Senhor, até o dia da sua morte, em grande ruína.
Os que não desejam ser promotores da paz, ou seja, pacificadores, excluem-se automaticamente da bem-aventurança, nesta vida e na do porvir, porque Jesus afirma que somente os pacificadores são bem-aventurados.
Deste modo, até hoje, os seguidores de Jesus, quando forem perseguidos numa cidade devem fugir para outra. Quando não são bem recebidos num determinado lugar, devem procurar outro.
Isto não é covardia e nem vergonha, mas simplesmente, não permitir que o grande nome do Senhor, que deve ser sempre santificado, venha a ser exposto à ignomínia e desonra.
Pelas perseguições e tribulações que sofremos podemos aprender o quanto somos dependentes de Deus para tudo, de maneira que esta lição nunca seja esquecida por toda a eternidade.
A fuga de José e Maria com Jesus para o Egito, já se encontrava nos desígnios de Deus, e por isso profetizou esta fuga muitos séculos antes pela boca do profeta Oséias (Os 11.1).
Isto nos ensina que a obra do evangelho deve ser feita em meio a perseguições, conforme o conselho predeterminado por Deus antes mesmo da fundação do mundo (At 4.27,28), para que o Seu grande Nome seja glorificado pelas sucessivas vitórias da fé, da graça e do evangelho, nas batalhas que são empreendidas contra os principados e potestades das trevas, para a libertação daqueles que eles têm trazido em cativeiro.