Comentário do Quarto Capítulo de Mateus
João foi decapitado a mando de Herodes quando contava apenas cerca de 30 anos de idade, porque foi morto logo no início do ministério de Jesus, quando contava com a mesma idade com a qual João havia sido morto.
Assim, se deu cumprimento à Palavra de João que importava que a sua luz brilhasse apenas por um pouco, porque convinha que ele diminuísse e que Jesus crescesse.
De igual modo, todos os ministérios que estão vinculados a Cristo, têm a mesma função que teve João, a saber, surgir, anunciar a Cristo e desaparecer de cena, de maneira que apenas o nome de Cristo seja perpetuado por todas as gerações.
No entanto, é importante destacar, que em relação ao tempo de permanência do Senhor, na carne, neste mundo, na realização do Seu próprio ministério, que Ele também deixou este mundo para ir para junto do Pai, quando contava apenas 33 anos de idade.
Nisto há um grande ensinamento para todos nós, que vivemos neste mundo, que não é a extensão do tempo de vida que temos aqui, que pode ser considerado como prova da bênção de Deus, porque nascido de mulher não havia maior que João, o Batista, e sem qualquer sombra de dúvida, Cristo é sobre todos e nem o somatório de todos os seres da terra e do céu, podem sequer serem comparados à Sua grandeza e glória.
Portanto, tudo que Jesus sofreu neste mundo em relação à humilhação a que foi submetido, inclusive a de ser tentado pelo diabo, foi em razão de ter carregado sobre Si o nosso próprio opróbrio, porque não havia nenhum motivo para carregar qualquer opróbrio, por sua própria causa, porque, afinal, não tinha qualquer pecado.
Tudo o que Ele sofreu foi por nós e por nossa causa.
Ele suportou aflições e triunfou sobre todas as coisas, inclusive sobre a própria morte, para servir de exemplo para nós, e para ser o autor e consumador da nossa salvação.
Deste modo, não foi pela vontade e desígnio do próprio diabo que Ele foi conduzido ao deserto para ser tentado, mas pelo Espírito Santo.
E importava que fosse tentado estando em extrema fraqueza, decorrente do jejum completo que fizera de quarenta dias e noites, para nos mostrar quão suficiente é o poder da graça do Espírito Santo que estava nEle, porque havia sido batizado no Espírito quando foi batizado nas águas por João, o Batista, pouco tempo antes de ser conduzido pelo Espírito ao deserto, para ser tentado.
Ele venceu a tentação de suportar a fome, não atendendo à insinuação do diabo que mostrasse o Seu poder transformando pedras em pães.
Necessitamos aprender esta lição, para que não venhamos a tentar a Deus nos momentos em que estivermos passando por necessidades. Por sabermos que Deus é poderoso para nos sustentar com a palavra que procede da Sua boca, nestas horas difíceis.
De igual modo, não devemos tentar a Deus, por nos lançarmos ao encontro de dificuldades e perigos por sugestão do diabo, para demonstrarmos que temos o poder do Senhor sobre as nossas vidas.
Quanto a isto Jesus nos deixou o exemplo de não atender a Satanás, quando este lhe pediu para que se lançasse do pináculo do templo abaixo, porque segundo ele, Deus teria que cumprir o que está registrado nas Escrituras, que daria ordens a Seus anjos a respeito de Jesus, para que lhe sustentassem em suas mãos, para nunca tropeçar em alguma pedra.
Também, devemos rejeitar completamente o oferecimento por parte do diabo, da glória vã das coisas deste mundo que passa, desde que nos submetamos a ele.
Deus é digno de ser adorado, e somente Ele deve ser adorado e buscado. Nosso coração não deve estar preso a nenhuma coisa deste mundo.
Somente o Senhor é digno de ser servido, e todo nosso serviço aos homens, deve ser, na verdade, por amor a Ele, e para trazer honra e glória ao Seu santo nome.
Fomos criados por Deus para isto, e é portanto, deste modo, que devemos viver, a saber, conforme o propósito da nossa vocação.
Entretanto, é de pasmar, que haja tão grande desinteresse por parte da maior parte da humanidade, em ter um conhecimento pessoal e íntimo da pessoa de Jesus, que tão maravilhosamente se manifestou ao mundo por amor de nós.
Fora dEle, a vida não tem nenhum verdadeiro significado, propósito e sentido.
Por isso, mesmo antes de ter encarnado há cerca de dois mil anos atrás, Deus não nos deixou sem o testemunho da Sua pessoa e vontade, pela revelação que fez aos antigos, e especialmente nas Escrituras do Antigo Testamento através dos profetas.
Todavia, como dissemos anteriormente, não são poucos os que vivem como se nada tivesse sido profetizado acerca de Cristo, e que vivem como se Ele não tivesse se manifestado pessoalmente ao mundo.
Caminham sem Cristo, sem Deus, sem o mínimo interesse em investigar as coisas que foram reveladas de uma vez para sempre, para o conhecimento da glória de Deus na face de Cristo.
Vivem como se estivessem ainda nos dias do Antigo Testamento, quando a revelação da glória do Senhor era feita com por um espelho, como uma figura, das realidades que já se cumpriram conforme havia sido profetizado acerca dEle, como por exemplo, o fato de ter-se mudado de Nazaré para a cidade de Cafarnaum, da Galileia, dando-se cumprimento à profecia de Isaías.
“1 Mas para a que estava aflita não haverá escuridão. Nos primeiros tempos, ele envileceu a terra de Zebulom, e a terra de Naftali; mas nos últimos tempos fará glorioso o caminho do mar, além do Jordão, a Galileia dos gentios.
2 O povo que andava em trevas viu uma grande luz; e sobre os que habitavam na terra de profunda escuridão resplandeceu a luz.” (Is 9.1,2)
Antes mesmo que houvesse Galileia, Deus profetizou acerca dela, porque para o povo desprezado que vivia naquela região resplandeceria a esperança da luz da glória do evangelho, por meio de Jesus Cristo.
Aquele era apenas um sinal da luz que seria derramada em todas as nações, para aqueles que desejassem sair das trevas do pecado, da ignorância e da obscuridade, pela união espiritual com Cristo.
A luz está disponível ainda em nossos dias, e estará disponível enquanto durar a dispensação da graça, mas é necessário vir para a luz de Jesus, se desejarmos de fato sair da condição de morte, para a condição de vida, a vida eterna e abundante que somente o Senhor pode nos dar.
E o ministério que Jesus começou nos dias em que viveu na carne neste mundo, Ele tem continuado através da Igreja, que é o Seu corpo, realizando obras ainda maiores do que as que Ele havia realizado em Seu ministério terreno, a saber:
“23 E percorria Jesus toda a Galileia, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino, e curando todas as doenças e enfermidades entre o povo.
24 Assim a sua fama correu por toda a Síria; e trouxeram-lhe todos os que padeciam, acometidos de várias doenças e tormentos, os endemoninhados, os lunáticos, e os paralíticos; e ele os curou.
25 De sorte que o seguiam grandes multidões da Galileia, de Decápolis, de Jerusalém, da Judeia, e dalém do Jordão.”
Aqueles que Ele tem chamado, tal como os primeiros apóstolos e discípulos, e que tudo têm deixado para segui-lO, são aqueles que têm dado continuidade à Sua obra de salvação e libertação na terra.
E o modo de alcançar esta bênção continua sendo o mesmo desde o princípio, a saber, pelo atendimento da convocação ao arrependimento, ou seja, à transformação da vida, pelo retorno a Deus, por meio da fé em Jesus Cristo, para viver a vida celestial, espiritual e divina, conforme Deus planejou para o homem, desde antes da fundação do mundo.