Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
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O Propósito das Provações – Parte 1 
 
Tiago demonstra quão vazias estão de uma verdadeira religiosidade as obras que são praticadas sem que se tenha uma vida verdadeiramente santificada por Deus, a qual pode ser avaliada por alguns critérios que ele vai apresentar nesta sua epístola.     
 Tiago não escreveu somente para demonstrar como é o modo de um viver santificado, como também para mostrar que a verdadeira fé que justifica e regenera, na conversão, nunca está só, porque sempre será acompanhada pela santificação, a qual consiste num caminhar diário obediente à vontade de Deus.
Tiago quer alertar os cristãos quanto às evidências que devem acompanhar uma genuína salvação, e como é que todos eles devem viver para Deus, conforme ele foi ensinado pelo próprio Senhor Jesus e pelo Espírito Santo.   
Tiago saudou os destinatários da epístola com a palavra kaíro, traduzida no nosso texto por saúde, mas cujo significado no original grego tem o sentido de alegrai-vos.
Era uma saudação muito comum na Igreja Primitiva para estimular os cristãos e lhes lembrar o dever de estarem sempre alegres no Senhor.  
Tiago chamou os destinatários de “doze tribos que andam dispersas”. Esta é uma referência comum a judeus, como se vê em Mt 19:28 e At 26:7, os quais estavam espalhados fora dos termos de Israel. A dispersão (Diáspora) se referia aos judeus que viviam fora da Palestina.
 A causa imediata desta dispersão se deveu provavelmente à perseguição que aconteceu depois do martírio de Estevão, como se vê em At 8:1; 11:19, e Tiago escreve agora àqueles cristãos judeus por ser ele o líder da Igreja em Jerusalém. 
Depois da saudação inicial, ele mostrou aos cristãos  como é que devem se comportar quando debaixo da cruz.
São recomendadas várias graças e deveres, para aqueles que estão suportando tentações e aflições, bem como é proferida uma recompensa gloriosa para aquele que suportar pacientemente a provação, no verso 12.
Ele diz que, na verdade, a paciência cristã é aprendida com as provações da fé, e uma vez que há um fruto espiritual resultante de toda demonstração de fé nas provações, então estas devem ser acolhidas com grande alegria e não com tristeza, porque são oportunidades para glorificarmos o nome de Deus, e experimentarmos Seu poder consolador e libertador, através delas, em crescimento rumo à nossa maturidade espiritual.
Deste modo, o alvo da provação é muito mais do que simplesmente confirmar e aperfeiçoar a nossa fé, pois se refere, sobretudo ao nosso amadurecimento espiritual.
Assim, a paciência é algo para ser aprendido e também para ser aplicado na hora da provação.
Dificuldades e aflições dolorosas pode ser a porção até mesmo dos melhores cristãos, e é isto que o Espírito nos ensina pelas palavras do apóstolo
Mais do que uma vida para vivermos neste mundo há um testemunho e uma obra que devemos fazer para Deus.
Ele nos criou para o louvor da glória da Sua graça, e a única maneira de atendermos a este objetivo da nossa  criação é santificando e honrando Seu nome em toda e qualquer circunstância.
Como há muita eficácia na disponibilidade da graça quando somos enfraquecidos pelas lutas e aflições, o apóstolo nos adverte a não recuarmos na fé na hora do sofrimento, mas, ao contrário, aproveitar a grande oportunidade que Ele nos dá para intensificar nosso testemunho, porque quando somos enfraquecidos no nosso ego, a graça se manifesta poderosa em nosso viver, em demonstrações de amor, de intercessões e de pregação do evangelho no poder do Espírito Santo.
Esta epístola não é, portanto um manual de auto-ajuda psicológica para os que estão sofrendo ou se sentindo  com baixa estima pessoal, mas um toque de trombeta que nos convoca a prosseguirmos adiante corajosamente em nosso empenho no bom combate da fé, ainda que estejamos feridos pelas muitas setas que são deferidas contra nós pelo Inimigo de nossas almas, Satanás, o diabo. 
O apóstolo nos esclarece então, que as provações não são avisos para que recuemos na fé, mas meios que visam ao nosso amadurecimento espiritual, de forma que sejamos aperfeiçoados por Deus para a batalha da fé que temos que travar com o pecado, com o diabo e com o mundo de pecado, para resgatar as almas daqueles que se encontram nas trevas, para que possam caminhar na luz.
Mas há um tempo de preparo e cozimento na fornalha da aflição de Deus, que nos apresentará amadurecidos e aprovados, para podermos realizar Sua obra, porque uma obra verdadeira de Deus tem muitas oposições e sofre variados tipos de resistências, que poderão ser vencidos somente por aqueles que foram adestrados para a batalha espiritual, por terem aprendido a serem pacientes, mansos, humildes, longânimos e perseverantes, diante das dificuldades que terão que enfrentar.       
Há um regozijo nas tribulações que é concedido por Deus àqueles que O servem fielmente.
O valor da nossa fé será revelado pelo fogo da provação. 
Por meio da nossa reação diante da provação, nós saberemos se temos amado de fato ao Senhor ou se apenas à nossa própria vida e conforto. 
Nós devemos orar para ter uma vida quieta e mansa, que é agradável a Deus, mas se a provação vier bater à nossa porta, nós não teremos motivo para perder  nossa mansidão e tranquilidade de mente e espírito, porque sabemos que a graça do Senhor nos capacitará a isto.
Cristãos amadurecidos não vivem, portanto temerosos quanto ao que lhes possa reservar o futuro.
Esta é a vitória que vence o mundo, a saber, a fé madura que eles têm no Seu Deus.
Pelo aumento da fé eles aprenderão que Deus é uma Pessoa real, um Amigo fiel e poderoso, em cujas mãos eles se encontram perfeitamente protegidos de todo mal.     
Deus tem reservado galardões e a coroa da vida para aqueles cuja fé é aprovada no fogo da tribulação, em demonstração de um verdadeiro amor por Ele e pela Sua obra, acima do amor que eles têm por sua própria vida, tal como este exemplo nos foi deixado por Jesus e Seus apóstolos.
A nossa fé, enquanto está sendo purificada através das tentações, produz um poder que nos permite viver debaixo de pressões.
Isto não é uma resignação passiva a uma situação difícil, mas uma posição confiante quando se está rodeado por situações opressivas.  
É aquela tenacidade de espírito que resiste debaixo da pressão enquanto espera o tempo de Deus para recompensa ou livramento. 
Para evitar o perigo que há quando começamos a olhar para um modo de escapar da provação, em vez de apreciar o que Deus está fazendo por meio dela,  Tiago dá um mandamento para permitir que a paciência tenha seu trabalho perfeito.
O produzir perseverança na vida não é o fim, mas parte do que Deus usa para realizar Seu propósito na vida do cristão.
Tiago, como irmão de Jesus, havia certamente aprendido isto diretamente do Mestre.
 Os contristamentos a que somos submetidos, se necessário for, ainda que por breve tempo, não têm como alvo final simplesmente nos ensinar a sermos perseverantes e pacientes na fé, mas que venhamos a ser amadurecidos espiritualmente, para estarmos habilitados para fazer a obra de Deus.
A paciência é um requisito necessário à obra, porque haverá necessidade de se vencer resistências  e oposições espírituais, que nos virão da parte dos principados e potestades do mal. 
É a isso que Tiago se refere ao dizer que a paciência na provação deve ter sua obra perfeita.  
Provações não são, portanto, uma ocasião para reclamação e desânimo.
Nós devemos aprender a ficar firmes, e a sofrer, ainda que em silêncio, na presença do Senhor, aguardando pela manifestação do Seu poder e livramento.  
Não admira que seja necessária sabedoria espiritual, para não somente discernir os tipos de provações que sofremos, quanto o propósito delas.
Uma mente carnal jamais poderá reagir do modo esperado por Deus diante das provações.
À medida que crescermos espiritualmente aprenderemos, tal como Paulo e todos os demais apóstolos, a ter por motivo de toda alegria passarmos por várias provações; a sentirmos prazer nas injúrias, perseguições, necessidades, fraquezas e angústias, por amor de Cristo, porque Seu poder se aperfeiçoa justamente em nossa fraqueza.
É preciso fazer Seu trabalho na força da Sua graça e não com a nossa própria força natural.   
O cristão deve buscar discernir espiritualmente, ao que Tiago chama de pedir sabedoria a Deus, qual é o propósito das suas provações, para que possa cooperar com o trabalho do Senhor, e não colocar qualquer obstáculo a ele, por falta de sabedoria espiritual quanto ao propósito divino.  
Deus não nos repreenderá e envergonhará pelo fato de sermos ignorantes da Sua vontade, quando formos a Ele buscando entendimento para a forma como devemos proceder nas situações que nos afligem.
Ele se compadece de nossas misérias, fraquezas e ignorância, por isso nos chama ao arrependimento para que possa nos curar com Sua graça.
Se O amarmos, Ele prosseguirá com Seu trabalho para a nossa santificação, apesar de toda nossa inabilidade e condição de pessoas imperfeitas que somos.         
Podemos ter a certeza e a convicção da fé de que Ele nos ouvirá, se O buscarmos em nada duvidando, porque sem fé é impossível agradar-Lhe e Ele não se disporá a honrar a quem não Lhe honra, por não confiar nEle, e não crer que de fato queira nos atender nas nossas horas de aflição.
Se Ele não resolver a situação, Ele nos fará privar da Sua companhia, nos confortará e aliviará com Sua graça e amizade, não nos deixando sós, abandonados, entregues à própria sorte e aos ataques que o Inimigo desferir contra a nossa alma.
E para poroteger nossa mente de pensamentos que poderão ser uma tentação para enfraquecermos na fé, Tiago destacou, por exemplo, que apesar da pobreza ser uma fonte que nos expõe a tentações, ela não é em si mesma nenhuma causa para estar triste e abatido, uma vez que além de o Senhor ser um fiel provedor de todas as nossas necessidades, não há nenhuma desonra ou desvantagem perante Ele pelo simples fato de sermos pobres.
Ao contrário, a muito maiores tentações estão expostos os ricos, que apesar de nada serem diante de Deus, tal quanto os pobres, podem pensar que não dependem tanto dEle quanto estes.
Um cristão pobre pode ser exaltado pelo Senhor e se gloriar com alegria nEle que é a Sua força, do mesmo modo que um rico pode ser abatido em sua exaltação, porque Deus abate a quem se exalta.
O rico está constantemente exposto à tentação de se exaltar, sem saber que passará como a flor da erva, e tudo o que tiver juntado neste mundo perecerá.
Não há, portanto nenhuma vantagem em ser rico ou pobre, mas suportar a tentação e ser aprovado por Deus, porque são estes que receberão a coroa da vida, a qual o Senhor tem prometido aos que O amam.
Outra coisa que devemos saber quanto às tentações, é quanto à sua fonte, porque nenhuma delas procede diretamente de Deus, porque Ele não pode ser tentado pelo mal para que venha tentar alguém, como também em Sua própria natureza bondosa e perfeita a ninguém pode tentar, isto é, Deus jamais atuará para conduzir qualquer pessoa à prática do pecado, a transgredir a Sua vontade ou enfraquecer na fé.
Por isso Ele deu aos cristãos, não um Espírito desanimador, mas um Espírito consolador.
Deus nunca agirá para desanimar Seus filhos, senão para animá-los; por este motivo lhes ordena que tenham bom ânimo em suas aflições, porque Ele mesmo está sempre pronto a animá-los para que sustentem um firme e bom testemunho de coragem e fé, mesmo quando se encontrarem nas condições mais extremas de fraqueza.  
Ele sempre procurará nos livrar da condição de abatimento pela concessão da Sua graça.
A fonte da tentação é tanto interior quanto exterior.
A interior está na nossa própria natureza terrena decaída no pecado, que nos leva a cobiçar e a pecar.
Até mesmo as tentações que recebemos do exterior, da parte de Satanás e do mundo, nos vêm como ações, sobre esta fonte interior da nossa própria cobiça.
De maneira que estas ações exteriores nada mais fazem do que estimular o mal que habita em nossa própria carne.
De Deus só podemos esperar toda boa dádiva e todo dom perfeito, sem qualquer variação nos Seus propósitos eternos, porque Ele mesmo não muda, e tem determinado formar um povo exclusivamente Seu; zeloso de boas obras.
Isto não exclui evidentemente Suas ações corretivas e Seus juízos contra o pecado.
Não pensemos de Deus sendo perfeitamente bom, porque não permita ou consinta que soframos qualquer tipo de correção.
O Seu caráter justo não permitirá que Sua justiça seja apagada ou encoberta.
Exatamente por ser bom, nos corrigirá para que possamos participar da Sua bondade e santidade.
É com um Deus justo que temos que tratar todos os dias, e é por isso que se exige santidade, temor e tremor para andarmos na Sua presença.
Na verdade, muitas das provações que experimentamos ou são correções de Deus ou aplicação de disciplina para melhorar nosso caráter e modo de caminhar diante dEle.
Se há tanto para aprender de Deus deveríamos sempre, ser prontos para ouvir, especialmente as coisas que o Senhor tem para nos ensinar.
Por outro lado deveríamos ser tardios tanto para falar quanto para nos irar, sabendo que há um Juiz perfeito no céu, que tudo julga consoante a Sua verdade.
É Ele mesmo que nos julga em nosso procedimento como também as nossas causas quanto ao que sofremos da parte de outros.
Tudo isto deve ser avaliado e praticado para um real viver na fé.
A verdadeira fé é constante e firme. Ela alça vôo à presença de Deus, elevando-se mais e mais.
É assim que o cristão deve se exercitar na sua confiança no Senhor.
Ele não deve ser como a onda do mar que é agitada pelos ventos, que aqui representam as tribulações que lhe sobrevêm. Numa hora está em cima, noutra, embaixo. Num momento crê, noutro duvida.
A vida do cristão não deve ser como a onda. Ele não deve se deixar dominar pela dúvida na fidelidade de Deus, sendo impelido para lá e para cá pelo sopro das tribulações.
Ele deve permanecer firme na prática de tudo aquilo que tem aprendido pela Palavra, como sendo a vontade de Deus, e não se deixar arrastar pelas pressões que são exercidas sobre sua vida, quer externas, quer internas.



“1 Tiago, servo de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, às doze tribos que andam dispersas, saúde.
2 Meus irmãos, tende grande alegria por passardes por várias tentações;
3 Sabendo que a prova da vossa fé opera a paciência.
4 Tenha, porém, a paciência a sua obra perfeita, para que sejais perfeitos e completos, sem faltar em coisa alguma.
5 E, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e o não lança em rosto, e ser-lhe-á dada.
6 Peça-a, porém, com fé, em nada duvidando; porque o que duvida é semelhante à onda do mar, que é levada pelo vento, e lançada de uma para outra parte.
7 Não pense tal homem que receberá do Senhor alguma coisa.
8 O homem de coração dobre é inconstante em todos os seus caminhos.
9 Mas glorie-se o irmão abatido na sua exaltação,
10 E o rico em seu abatimento; porque ele passará como a flor da erva.
11 Porque sai o sol com ardor, e a erva seca, e a sua flor cai, e a formosa aparência do seu aspecto perece; assim se murchará também o rico em seus caminhos.
12 Bem-aventurado o homem que suporta a tentação; porque, quando for provado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor tem prometido aos que o amam.
13 Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta.
14 Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência.
15 Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte.” (Tiago 1.1.15)
16 Não erreis, meus amados irmãos.
17 Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação.
18 Segundo a sua vontade, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como primícias das suas criaturas.
19 Portanto, meus amados irmãos, todo o homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar.
20 Porque a ira do homem não opera a justiça de Deus.
21 Por isso, rejeitando toda a imundícia e acúmulo de malícia, recebei com mansidão a palavra em vós enxertada, a qual pode salvar as vossas almas.
22 E sede cumpridores da palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos com falsos discursos.
23 Porque, se alguém é ouvinte da palavra, e não cumpridor, é semelhante ao homem que contempla ao espelho o seu rosto natural;
24 Porque se contempla a si mesmo, e vai-se, e logo se esquece de como era.
25 Aquele, porém, que atenta bem para a lei perfeita da liberdade, e nisso persevera, não sendo ouvinte esquecidiço, mas fazedor da obra, este tal será bem-aventurado no seu feito.
26 Se alguém entre vós cuida ser religioso, e não refreia a sua língua, antes engana o seu coração, a religião desse é vã.
27 A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo.”
 
 
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Veja tudo sobre as Escrituras do Velho Testamento no seguinte link:
http://livrosbiblia.blogspot.com.br/

Veja tudo sobre as Escrituras do Novo Testamento no seguinte link:
http://livrono.blogspot.com.br/

A Igreja tem testemunhado a redenção de Cristo juntamente com o Espírito Santo nestes 2.000 anos de Cristianismo.
Veja várias mensagens sobre este testemunho nos seguintes links:
http://retornoevangelho.blogspot.com.br/
http://poesiasdoevangelho.blogspot.com.br/

A Bíblia também revela as condições do tempo do fim quando Cristo inaugurará o Seu reino eterno de justiça ao retornar à Terra. Com isto se dará cumprimento ao propósito final relativo à nossa redenção.
Veja a apresentação destas condições no seguinte link:
http://aguardandovj.blogspot.com.br/ 
 
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 28/11/2012
Alterado em 10/07/2014
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