Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos
Paciência Cristã
 
Tantas e variadas eram as opressões que os servos de Deus, e não somente eles, como os demais homens de condição humilde sofriam da parte dos homens poderosos e ricos nos dias de Tiago, que poderia parecer a muitos servos do Senhor que Ele não investigava a causa da justiça ou então, que pouco ou nada se importava com o comportamento injusto, especialmente daqueles que exploravam seus servos, e que até mesmo tiravam suas vidas pelos motivos mais caprichosos. 
Fortunas foram acumuladas e ainda têm sido acumuladas neste mundo à custa da miséria e do sangue de muitos.
Os que acumulavam tais fortunas viviam em deleite, enquanto aqueles que eram usados para juntá-las para eles viviam em extrema miséria.
Então qual seria a resposta de Deus para os Seus servos quanto a isto?
Que eles fizessem uma revolução?
Que se insurgissem contra seus senhores?
Nós aprendemos na epístola de Pedro, que é coisa agradável a Deus que alguém suporte injustiças pacientemente, entregando em Suas mãos todas as suas causas, por confiarem que Ele é realmente o Grande Juiz que passará em revista as ações de todos os homens, sejam eles grandes ou pequenos, ricos ou pobres, senhores ou servos.
As riquezas acumuladas pelos poderosos injustos não poderão livrá-los no dia do Juízo.
Tudo o que eles entesouraram de modo injusto será consumido pelo fogo do juízo divino.
Em vez de se regalarem e rirem eles deveriam chorar e lamentar pelas misérias que certamente lhes sobrevirão da parte do justo Juiz.
Os salários injustos e não pagos e todo o sofrimento que causaram aos seus empregados estão devidamente registrados na memória do Senhor para o devido ajuste de contas.  
O Senhor é um Juiz perfeito, que não deixará sequer de julgar até mesmo palavras ociosas que foram proferidas, quanto mais atos de injustiça praticados pelos homens.  
Todas as delícias que eles viveram na terra à custa do sofrimento alheio trarão um juízo ainda maior, quando o Senhor se levantar para julgar tanto vivos quanto mortos.
Então, Tiago proferiu este ai contra os poderosos injustos, para consolar os cristãos que estavam padecendo injustiças da parte deles, e  para que soubessem que o Senhor não é um Juiz que está indiferente às coisas que sofremos neste mundo. 
Deus não abrevia logo o Juízo, nem o aplica direta e imediatamente a cada injustiça praticada contra Seus filhos, porque através destas aflições, como Tiago já havia ensinado no primeiro capítulo da sua epístola, Deus está aperfeiçoando a cada um deles em paciência e perseverança, de maneira que sejam amadurecidos na fé, para darem o bom testemunho de continuarem na prática do bem, ainda que debaixo de senhores maus e perversos; tudo fazendo, não como para homens, mas por amor a Deus e à justiça do evangelho, que nos ordena a amarmos e perdoarmos os nossos ofensores e inimigos, na expectativa de que se arrependam e venham a ser abençoados por Deus.
Jesus sofreu grandes injustiças para poder pagar o preço exigido para nos resgatar do poder da morte e da maldição.
Com os nossos sofrimentos pelo evangelho temos também a oportunidade de valorizar o preço que Ele teve que pagar por nós.
Além disso, não somos pessoas perfeitamente justas, senão também pecadores, e de algum modo, ainda que não para expiação do nosso pecado, que foi feita totalmente por Jesus, podemos também experimentar que Deus nos corrige e disciplina, porque é um Pai zeloso que não deixará nenhum de seus filhos sem o conhecimento de que por causa do pecado vivemos num mundo de sofrimentos e dores.
Também aprendemos que este é de fato um mundo de trevas ao qual não devemos ficar apegados, ao contrário, do qual devemos nos desarraigar e desmamar.  
Além disso, há muita glória e graças ao nome do Senhor quando por nossa paciência e orações cooperamos com o Espírito Santo para que alguém seja livrado das trevas para poder vir para a luz.  
Por isso Tiago diz que devemos ser pacientes até à vinda do Senhor, tal como o lavrador é paciente esperando o fruto precioso da terra.
Assim como o lavrador aguarda com paciência a chuva temporã e serôdia, nós devemos também esperar que o Senhor derrame a chuva do Espírito Santo, pela qual poderemos colher os preciosos frutos espirituais do nosso testemunho de trabalho paciente na lavoura de Deus, para a colheita de almas.   
Tiago indica qual é o modo como devemos ser pacientes na obra do Senhor e nas tribulações que sofremos neste mundo, a saber, “fortalecendo os nossos corações” e sabendo que a vinda do Senhor está próxima.
Quando estivermos com Cristo, todas estas lutas e injustiças cessarão para sempre.
Ocorrerá o fortalecimento do nosso coração, não com a nossa própria força, mas com a força operante do poder de Deus que é mediante a graça de Jesus, que é derramada em nossos corações.   
Jesus virá como Juiz, portanto importa deixar toda forma de julgamento nas Suas mãos.
Não devemos viver a nos queixar uns contra os outros, porque o Senhor tudo julgará no Seu tribunal.
Se fizermos o papel de juízes seremos condenados por termos sentado no lugar que pertence ao Senhor, não para uma condenação eterna, mas para a perda de galardão e para sofrer o dano a que Paulo se refere quanto à obra que se queimar pelo fogo da provação de Deus.
Importa sermos longânimos e pacientes, seguindo o exemplo de paciência na aflição, que nos foi deixado pelos profetas do Senhor.  
Tiago estava basicamente dizendo, que os cristãos não concentrassem sua atenção nas injustiças que estavam sofrendo, nem mesmo naqueles que as estavam praticando, mas que ao contrário, olhassem para o exemplo daqueles que haviam sofrido com paciência por causa do Senhor, tal como foi o caso de Jó.
Ele lhes lembrou, que todos os que sofreram com a mesma paciência de Jó e dos profetas foram bem-aventurados, porque o Senhor lhes deu um fim abençoado, pois o Senhor é muito misericordioso e piedoso.
Então, a condição de se enfrentar tribulações, aflições, enfermidades, é orando a Deus.
E, quando se experimentar o contentamento que provém da parte do Senhor, devemos cantar louvores ao Seu nome; exaltando-O pelo Seu cuidado por nós. 
No caso específico de enfermidades, os pastores devem ser chamados para orarem pelo enfermo, ungindo-o com azeite em nome do Senhor.
A oração que é feita com fé e no poder do Espírito curará o doente, e a força do Senhor o levantará, e em sendo curado por ter buscado auxílio no Senhor, pela fé nEle, caso a causa da sua enfermidade tenha sido pecados, estes ser-lhe-ão também perdoados. 
Assim, os cristãos devem se exortar mutuamente à santificação, e devem orar uns pelos outros, confessando as  culpas de possíveis pecados que tenham cometido contra seus irmãos, para que sejam perdoados por eles e pelo Senhor.
Muitas enfermidades são curadas quando procuramos o irmão contra o qual pecamos e lhe pedimos perdão.
Se forem irmãos amados e santos, que vivam de forma piedosa e justa diante do Senhor nós podemos estar certos de que as intercessões deles por nós serão ouvidas por Deus, porque as orações de tais cristãos espirituais são muito eficazes em seus efeitos. 
Elias era um destes homens piedosos e justos que andavam permanentemente diante de Deus. No entanto era um homem tal como nós.
Assim, devemos nos estimular pelo seu exemplo, e buscarmos assim como ele, consagrar nossas vidas a Deus, porque poderemos ser como Elias, também poderosos em nossas orações. 
Ele prevaleceu de tal maneira com Deus na oração que fez vir fogo do céu; ressuscitou um menino; as chuvas foram retidas por três anos e meio, e somente voltaria a chover quando ele tornasse a orar, bem como muitos outros milagres foram feitos por Deus atendendo às orações do profeta.  
Quanto mais não deveríamos nós, a quem têm chegado o fim dos tempos, e a quem Deus confiou o glorioso evangelho de Cristo para ser pregado para a salvação dos pecadores, nos aplicarmos à santificação de nossas vidas para que sejamos pessoas poderosas na intercessão em favor da conversão daqueles que têm se desviado da verdade.
Pelas nossas orações e testemunho de vidas santificadas, Deus poderá nos usar para salvar almas e cobrir multidão de pecados.
Jesus consumou Sua obra perfeitamente na cruz do Calvário, mas Ele necessita de obreiros aprovados para a Sua seara.  
Para tanto, é preciso ser íntegro e irrepreensível diante de Deus, sendo o nosso falar sim, sim, e não, não.
Sendo retos em nosso procedimento e confiáveis em tudo pelo aperfeiçoamento do nosso caráter pelo Espírito Santo de Deus.
 


“1 Eia, pois, agora vós, ricos, chorai e pranteai, por vossas misérias, que sobre vós hão de vir.
2 As vossas riquezas estão apodrecidas, e as vossas vestes estão comidas de traça.
3 O vosso ouro e a vossa prata se enferrujaram; e a sua ferrugem dará testemunho contra vós, e comerá como fogo a vossa carne. Entesourastes para os últimos dias.
4 Eis que o salário dos trabalhadores que ceifaram as vossas terras, e que por vós foi diminuído, clama; e os clamores dos que ceifaram entraram nos ouvidos do Senhor dos exércitos.
5 Deliciosamente vivestes sobre a terra, e vos deleitastes; cevastes os vossos corações, como num dia de matança.
6 Condenastes e matastes o justo; ele não vos resistiu.
7 Sede pois, irmãos, pacientes até à vinda do Senhor. Eis que o lavrador espera o precioso fruto da terra, aguardando-o com paciência, até que receba a chuva temporã e serôdia.
8 Sede vós também pacientes, fortalecei os vossos corações; porque já a vinda do Senhor está próxima.
9 Irmãos, não vos queixeis uns contra os outros, para que não sejais condenados. Eis que o juiz está à porta.
10 Meus irmãos, tomai por exemplo de aflição e paciência os profetas que falaram em nome do Senhor.
11 Eis que temos por bem-aventurados os que sofreram. Ouvistes qual foi a paciência de Jó, e vistes o fim que o Senhor lhe deu; porque o Senhor é muito misericordioso e piedoso.
12 Mas, sobretudo, meus irmãos, não jureis, nem pelo céu, nem pela terra, nem façais qualquer outro juramento; mas que a vossa palavra seja sim, sim, e não, não; para que não caiais em condenação.
13 Está alguém entre vós aflito? Ore. Está alguém contente? Cante louvores.
14 Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da Igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor;
15 E a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados.
16 Confessai as vossas culpas uns aos outros, e orai uns pelos outros, para que sareis. A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos.
17 Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós e, orando, pediu que não chovesse e, por três anos e seis meses, não choveu sobre a terra.
18 E orou outra vez, e o céu deu chuva, e a terra produziu o seu fruto.
19 Irmãos, se algum dentre vós se tem desviado da verdade, e alguém o converter,
20 Saiba que aquele que fizer converter do erro do seu caminho um pecador, salvará da morte uma alma, e cobrirá uma multidão de pecados.”.
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 28/11/2012
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