Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos
O Ramo Que Não Dá Fruto É Cortado
 
O Senhor ordenou a Jeremias que comprasse um cinto e que depois de usá-lo o conduzisse para o rio Eufrates, um dos rios que regava Babilônia e que lá o deixasse enterrado num determinado lugar.
Passado certo tempo Deus ordenou a Jeremias que fosse buscar o cinto, e quando este o desenterrou, encontrava-se apodrecido, sem qualquer serventia. 
Então o Senhor lhe disse que tal como aquele cinto Judá havia se tornado para Ele, ou seja, imprestável.
Eles ficariam portanto apodrecidos em Babilônia, o novo lugar deles, porque o Senhor não os traria mais presos ao Seu quadril, porque haviam deixado de ser o cinto de justiça que deveriam ser para Ele.   
Assim como a corrupção natural havia estragado o cinto de Jeremias, de igual modo a corrupção moral havia estragado Judá para os propósitos de Deus.
Eles deveriam ser o cinto do Senhor, com o qual Ele sustentaria a Sua justiça na terra, mas corrompidos como se achavam pelo pecado, não poderiam cumprir tal função.
Além disso, o apodrecimento do cinto representava o fato de que o Senhor faria apodrecer a soberba de Judá, e a ainda maior soberba de Jerusalém, porque era nela que se encontravam concentrados os principais sacerdotes, anciãos e nobres da nação (v. 9).
O Senhor apanharia os israelitas na própria sabedoria deles, pela proposição de um símile muito simples que lhes seria dito por Jeremias, dizendo que todo odre seria enchido de vinho. E eles responderiam obviamente que é este o propósito de todo odre de vinho, ou seja, ser enchido de tal bebida (v. 12).
Só que não sabiam que eles eram os odres, e que seriam enchidos não de vinho natural, mas do vinho do furor da ira do Senhor, e eles ficariam embriagados e cheios de violência, porque se atrairiam uns aos outros, e seriam deixados entregues a seus próprios instintos violentos, porque o Senhor não se compadeceria deles, e então chegariam ao ponto de se  atirarem uns contra os outros, até mesmo os pais com seus filhos.     
Eles deveriam então deixar a soberba e inclinarem seus ouvidos para ouvirem o que o Senhor lhes estava dizendo por meio do Seu profeta.
E deveriam dar glória ao Senhor como o único Deus deles, antes que chegasse o dia da escuridão, no qual os seus pés tropeçariam nos montes em trevas, quando fossem conduzidos para Babilônia.   
Todavia, se permanecessem endurecidos em sua soberba a alma do Senhor choraria, mas o faria em oculto, por causa da soberba deles, e os seus olhos se desfariam em lágrimas, porque o rebanho do Senhor seria levado em cativeiro.
A nação deveria se humilhar perante o Senhor, e isto a partir do rei e da rainha-mãe, porque aos olhos do Senhor já não havia nenhuma coroa sobre as cabeças deles, porque seriam tratados como o povo comum da terra. 
Eles não poderiam achar refúgio nas cidades do Neguebe, porque estariam fechadas para eles, e não haveria quem as abrisse.
O destino deles seria o cativeiro em Babilônia, e seria para lá que seriam conduzidos, lhes revelando que os propósitos do Senhor não podem ser frustrados.  
Quando os judeus indagassem em seus corações qual foi o motivo de tão terrível castigo, eles deveriam saber que isto foi devido às suas iniquidades (v. 22).
Isto deveria ficar na memória deles e das gerações futuras para que temessem voltar a se rebelar contra o Senhor, para não sofrerem os mesmos castigos.
Todavia, não aprenderam a lição em algumas de suas gerações, como nos próprios dias de nosso Senhor, quando foram espalhados pelos romanos por todas as nações da terra, por terem-nO rejeitado como enviado por Deus a eles, e não somente a Ele, como as palavras que Ele lhes transmitiu da parte do Pai. 
Os judeus deveriam mudar a sua natureza, deveriam ser transformados, porque é impossível que alguém possa fazer o bem, estando acostumado a fazer o mal, tal como o etíope não pode mudar a cor da sua pele negra em branca, nem o leopardo as suas manchas.
É preciso que haja uma disposição para deixar que o Senhor nos dê uma nova natureza, que seja inclinada a fazer a Sua vontade.
Porque se isto não ocorrer seremos espalhados como a moinha que é espalhada pelo vento, porque aquele que não se ajunta a Ele, em sua santidade, é espalhado.
É preciso se purificar do mal, para que se possa escapar do juízo do Senhor, e isto só pode ser feito por uma verdadeira santificação do coração, por meio da fé em Cristo, e por se submeter ao trabalho de disciplina que é operado pelo Espírito Santo.   
 
 
“1 Assim me disse o Senhor: Vai, e compra-te um cinto de linho, e põe-no sobre os teus lombos, mas não o metas na água.
2 E comprei o cinto, conforme a palavra do Senhor, e o pus sobre os meus lombos.
3 Então me veio a palavra do Senhor pela segunda vez, dizendo:
4 Toma o cinto que compraste e que trazes sobre os teus lombos, e levanta-te, vai ao Eufrates, e esconde-o ali na fenda duma rocha.
5 Fui, pois, e escondi-o junto ao Eufrates, como o Senhor me havia ordenado.
6 E passados muitos dias, me disse o Senhor: Levanta-te, vai ao Eufrates, e toma dali o cinto que te ordenei que escondesses ali.
7 Então fui ao Eufrates, e cavei, e tomei o cinto do lugar onde e havia escondido; e eis que o cinto tinha apodrecido, e para nada prestava.
8 Então veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
9 Assim diz o Senhor: Do mesmo modo farei apodrecer a soberba de Judá, e a grande soberba de Jerusalém.
10 Este povo maligno, que se recusa a ouvir as minhas palavras, que caminha segundo a teimosia do seu coração, e que anda após deuses alheios, para os servir, e para os adorar, será tal como este cinto, que para nada presta.
11 Pois, assim como se liga o cinto aos lombos do homem, assim eu liguei a mim toda a casa de Israel, e toda a casa de Judá, diz o Senhor, para me serem por povo, e por nome, e por louvor, e por glória; mas não quiseram ouvir:
12 Pelo que lhes dirás esta palavra: Assim diz o Senhor Deus de Israel: Todo o odre se encherá de vinho. E dir-te-ão: Acaso não sabemos nós muito bem que todo o odre se encherá de vinho?
13 Então lhes dirás: Assim diz o Senhor: Eis que eu encherei de embriaguez a todos os habitantes desta terra, mesmo aos reis que se assentam sobre o trono de Davi, e aos sacerdotes, e aos profetas, e a todos os habitantes de Jerusalém.
14 E atira-los-ei uns contra os outros, mesmo os pais juntamente com os filhos, diz o Senhor; não terei pena nem pouparei, nem terei deles compaixão para não os destruir.
15 Escutai, e inclinai os ouvidos; não vos ensoberbeçais, porque o Senhor falou.
16 Dai glória ao Senhor vosso Deus, antes que venha a escuridão e antes que tropecem vossos pés nos montes tenebrosos; antes que, esperando vós luz, ele a mude em densas trevas, e a reduza a profunda escuridão.
17 Mas, se não ouvirdes, a minha alma chorará em oculto, por causa da vossa soberba; e amargamente chorarão os meus olhos, e se desfarão em lágrimas, porque o rebanho do Senhor se vai levado cativo.
18 Dize ao rei e à rainha-mãe: Humilhai-vos, sentai-vos no chão; porque de vossas cabeças já caiu a coroa de vossa glória.
19 As cidades do Negebe estão fechadas, e não há quem as abra; todo o Judá é levado cativo, sim, inteiramente cativo.
20 Levantai os vossos olhos, e vede os que vêm do norte; onde está o rebanho que se te deu, o teu lindo rebanho?
21 Que dirás, quando ele puser sobre ti como cabeça os que ensinaste a serem teus amigos? Não te tomarão as dores, como as duma mulher que está de parto?
22 Se disseres no teu coração: Por que me sobrevieram estas coisas? Pela multidão das tuas iniquidades se descobriram as tuas fraldas, e os teus calcanhares sofrem violência.
23 pode o etíope mudar a sua pele, ou o leopardo as suas malhas? então podereis também vós fazer o bem, habituados que estais a fazer o mal.
24 Pelo que os espalharei como o restolho que passa arrebatado pelo vento do deserto.
25 Esta é a tua sorte, a porção que te é medida por mim, diz o Senhor; porque te esqueceste de mim, e confiaste em mentiras.
26 Assim também eu levantarei as tuas fraldas sobre o teu rosto, e aparecerá a tua ignominia.
27 Os teus adultérios, e os teus rinchos, e a enormidade da tua prostituição, essas abominações tuas, eu as tenho visto sobre os outeiros no campo. Ai de ti, Jerusalém! até quando não te purificarás?”. (Jeremias 13.1-17)
 
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 30/11/2012
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