SALMO 55 – Salmo de Davi
É bem provável que Davi tenha escrito este salmo quando Aitofel e seu filho Absalão conspiravam contra a sua vida para lhe tomarem o reino.
Aitofel foi o Judas do Velho Testamento, que figurava entre os principais conselheiros de Davi, e que frequentemente ia com ele ao templo para acompanhar as devoções de Davi ao Senhor.
No entanto, Aitofel era um hipócrita bem disfarçado, tal como Judas, que na verdade odiava as devoções de Davi, tanto quanto Judas odiava as do Senhor Jesus.
Então, logo se lhe deparara a oportunidade para levantar o seu calcanhar contra Davi, entrou em conspiração com Absalão contra ele, dando-lhe o conselho de se deitar com as concubinas de seu pai, e que lhe desse o comando das tropas para que pessoalmente matasse Davi, que se encontrava exausto com seus homens, na fuga que estava empreendendo no deserto.
Conselho este que foi transtornado pela providência de Deus, por intermédio de Husai, que aconselhou Absalão a aguardar um pouco mais, e que ele próprio, e não Aitofel comandasse o exército que perseguiria Davi.
Este contexto bem explica o lamento que é expressado neste salmo, por um coração terrivelmente traído e perseguido pela crueldade e falsidade dos homens.
As palavras de lisonja de Aitofel, que Davi chama de palavras mais brandas que o azeite, procedentes de uma boca mais macia que a manteiga, escondiam na verdade a guerra que estava no seu coração contra ele e Israel, e eram portanto como espadas desembainhadas prontas a matar.
Então Davi estaria orando incessantemente a Deus naquela hora de grande crise, fazendo-o pela manhã, ao meio-dia e à tarde, para colocar diante dEle as suas queixas e lamentações, porque sabia que o Senhor ouviria a sua voz.
E a pior dor que Davi sentia naquela hora era a da traição de Aitofel, a quem ele havia feito somente o bem, e a quem confiara a intimidade da sua alma, e então expressou sua tristeza e decepção com as seguintes palavras:
“Com efeito, não é inimigo que me afronta; se o fosse, eu o suportaria; nem é o que me odeia quem se exalta contra mim, pois dele eu me esconderia; mas és tu, homem meu igual, meu companheiro e meu íntimo amigo. Juntos andávamos, juntos nos entretínhamos e íamos com a multidão à Casa de Deus.”.
Contudo não se deixaria vencer por tais sentimentos e buscaria renovo de forças no Seu Deus, conforme o expressou tanto no início deste salmo quanto na sua parte final, na qual declarou:
“Confia os teus cuidados ao SENHOR, e ele te susterá; jamais permitirá que o justo seja abalado. Tu, porém, ó Deus, os precipitarás à cova profunda; homens sanguinários e fraudulentos não chegarão à metade dos seus dias; eu, todavia, confiarei em ti.”.
“Dá ouvidos, ó Deus, à minha oração; não te escondas da minha súplica.
Atende-me e responde-me; sinto-me perplexo em minha queixa e ando perturbado, por causa do clamor do inimigo e da opressão do ímpio; pois sobre mim lançam calamidade e furiosamente me hostilizam.
Estremece-me no peito o coração, terrores de morte me salteiam; temor e tremor me sobrevêm, e o horror se apodera de mim.
Então, disse eu: quem me dera asas como de pomba! Voaria e acharia pouso.
Eis que fugiria para longe e ficaria no deserto. Dar-me-ia pressa em abrigar-me do vendaval e da procela.
Destrói, Senhor, e confunde os seus conselhos, porque vejo violência e contenda na cidade. Dia e noite giram nas suas muralhas, e, muros a dentro, campeia a perversidade e a malícia; há destruição no meio dela; das suas praças não se apartam a opressão e o engano.
Com efeito, não é inimigo que me afronta; se o fosse, eu o suportaria; nem é o que me odeia quem se exalta contra mim, pois dele eu me esconderia; mas és tu, homem meu igual, meu companheiro e meu íntimo amigo.
Juntos andávamos, juntos nos entretínhamos e íamos com a multidão à Casa de Deus.
A morte os assalte, e vivos desçam à cova! Porque há maldade nas suas moradas e no seu íntimo.
Eu, porém, invocarei a Deus, e o SENHOR me salvará.
À tarde, pela manhã e ao meio-dia, farei as minhas queixas e lamentarei; e ele ouvirá a minha voz.
Livra-me a alma, em paz, dos que me perseguem; pois são muitos contra mim.
Deus ouvirá e lhes responderá, ele, que preside desde a eternidade, porque não há neles mudança nenhuma, e não temem a Deus.
Tal homem estendeu as mãos contra os que tinham paz com ele; corrompeu a sua aliança.
A sua boca era mais macia que a manteiga, porém no coração havia guerra; as suas palavras eram mais brandas que o azeite; contudo, eram espadas desembainhadas.
Confia os teus cuidados ao SENHOR, e ele te susterá; jamais permitirá que o justo seja abalado.
Tu, porém, ó Deus, os precipitarás à cova profunda; homens sanguinários e fraudulentos não chegarão à metade dos seus dias; eu, todavia, confiarei em ti.”