Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos
SALMO 78 – Salmo de Asafe
 

Este salmo é profético e histórico.
É uma narrativa das grandes misericórdias de Deus em relação a Israel, apesar do quanto eles Lhe tinham provocado com os seus pecados, e de o Senhor ter trazido sobre eles várias demonstrações do Seu desgosto por causa dos pecados deles.
Asafe começa o salmo no estilo dos profetas, convocando o povo de Israel a ouvir a Lei do Senhor e a prestar atenção às palavras da Sua boca.
E, como era Deus que falava por ele, deu-lhe que profetizasse acerca do modo pelo qual falaria a Seu povo em dias futuros, por intermédio de Jesus, uma vez que eles sempre eram achados por Ele endurecidos em seus pecados.
Ele lhes falaria por parábolas e falaria das coisas ocultas em mistério deste antes da fundação do mundo, para que ouvissem mas não entendessem, já que haviam se tornado endurecidos para ouvir a Sua voz.
Para que se prevenisse de tal endurecimento contra o Senhor, Israel foi alertado desde os dias de Moisés, que se contasse sucessivamente às gerações de Israel todos os sinais e maravilhas que o Senhor havia feito, e como havia escolhido a Jacó para formar através dele um povo que fosse exclusivamente Seu, para amá-lO e servi-lO. 
Então, não deveriam se esquecer dos grandes feitos de Deus, para que não viessem a lhe virar as costas e a ficarem insensíveis e endurecidos, a ponto de não poderem ouvir a Sua voz.
Por isso deveriam colocar, através de todas as gerações de Israel, a sua confiança inteiramente no Senhor, e não esquecerem dos Seus feitos, como também dos Seus mandamentos, para não seguirem o mesmo exemplo de seus pais, aquela geração que havia saído do Egito com Moisés, que era uma geração obstinada, rebelde, de coração inconstante, e que portanto, cujo espírito não foi fiel ao Senhor.
Efraim, filho de José, que apesar de não ser o primogênito, havia sido escolhido pelo Senhor para ser grande em Israel, mas não andou fielmente com o Senhor, e não se portou bem perante Ele, especialmente nos dias dos Juízes, e depois, quando o reino foi dividido em Reino do Sul e do Norte.
Por isso foi levado para o cativeiro pelos assírios juntamente com as demais nove tribos do Reino do Norte.
Todavia, o Senhor havia feito prodígios na presença dos seus antepassados na terra do Egito, e apesar de toda a bondade que lhes manifestara, quando os conduzia no deserto, se rebelaram contra Ele.
Antes de serem levados em cativeiro, o Senhor lhes perdoou os pecados por séculos, quando se voltavam para Ele e O buscavam arrependidos.
Todavia, era um arrependimento superficial, somente de boca, porque o coração não estava firme no Senhor, e assim mentiam para si mesmos e para Deus, quando pensavam que estavam votando para Ele, quando na verdade estavam apenas procurando escapar dos Seus juízos, especialmente das nações inimigas que lhes oprimiam.
Mesmo quando o Senhor lhes deu herança em Canaã, expulsando as nações ímpias de diante deles, nem assim guardaram os Seus testemunhos, e não somente tentaram ao Senhor como resistiram à Sua vontade.
Foi por isso que Deus havia abandonado o tabernáculo em Siló, e permitiu que a arca da aliança fosse capturada pelos filisteus, e permitiu que fossem mortos na guerra que haviam feito contra os filisteus.
E como nunca se firmaram na presença do Senhor, Efraim foi rejeitado, e o Senhor escolheu a tribo de Judá, para cumprir o Seu propósito de apascentar a Israel através de Davi, escolhendo a Jerusalém, para ser o local do Seu templo.         
 
 
“Escutai, povo meu, a minha lei; prestai ouvidos às palavras da minha boca.
Abrirei os lábios em parábolas e publicarei enigmas dos tempos antigos. 
O que ouvimos e aprendemos, o que nos contaram nossos pais, não o encobriremos a seus filhos; contaremos à vindoura geração os louvores do SENHOR, e o seu poder, e as maravilhas que fez.
Ele estabeleceu um testemunho em Jacó, e instituiu uma lei em Israel, e ordenou a nossos pais que os transmitissem a seus filhos,  a fim de que a nova geração os conhecesse, filhos que ainda hão de nascer se levantassem e por sua vez os referissem aos seus descendentes;  para que pusessem em Deus a sua confiança e não se esquecessem dos feitos de Deus, mas lhe observassem os mandamentos; e que não fossem, como seus pais, geração obstinada e rebelde, geração de coração inconstante, e cujo espírito não foi fiel a Deus.
Os filhos de Efraim, embora armados de arco, bateram em retirada no dia do combate. Não guardaram a aliança de Deus, não quiseram andar na sua lei; esqueceram-se das suas obras e das maravilhas que lhes mostrara.
Prodígios fez na presença de seus pais na terra do Egito, no campo de Zoã.
Dividiu o mar e fê-los seguir; aprumou as águas como num dique. Guiou-os de dia com uma nuvem e durante a noite com um clarão de fogo.
No deserto, fendeu rochas e lhes deu a beber abundantemente como de abismos.
Da pedra fez brotar torrentes, fez manar água como rios.
Mas, ainda assim, prosseguiram em pecar contra ele e se rebelaram, no deserto, contra o Altíssimo.
Tentaram a Deus no seu coração, pedindo alimento que lhes fosse do gosto.
Falaram contra Deus, dizendo: Pode, acaso, Deus preparar-nos mesa no deserto?
Com efeito, feriu ele a rocha, e dela manaram águas, transbordaram caudais.
Pode ele dar-nos pão também?
Ou fornecer carne para o seu povo? 
Ouvindo isto, o SENHOR ficou indignado; acendeu-se fogo contra Jacó, e também se levantou o seu furor contra Israel;  porque não creram em Deus, nem confiaram na sua salvação. 
Nada obstante, ordenou às alturas e abriu as portas dos céus; fez chover maná sobre eles, para alimentá-los, e lhes deu cereal do céu.
Comeu cada qual o pão dos anjos; enviou-lhes ele comida a fartar. 
Fez soprar no céu o vento do Oriente e pelo seu poder conduziu o vento do Sul.
Também fez chover sobre eles carne como poeira e voláteis como areia dos mares. 
Fê-los cair no meio do arraial deles, ao redor de suas tendas. Então, comeram e se fartaram a valer; pois lhes fez o que desejavam.
Porém não reprimiram o apetite. Tinham ainda na boca o alimento,  quando se elevou contra eles a ira de Deus, e entre os seus mais robustos semeou a morte, e prostrou os jovens de Israel. 
Sem embargo disso, continuaram a pecar e não creram nas suas maravilhas. 
Por isso, ele fez que os seus dias se dissipassem num sopro e os seus anos, em súbito terror. Quando os fazia morrer, então, o buscavam; arrependidos, procuravam a Deus.
Lembravam-se de que Deus era a sua rocha e o Deus Altíssimo, o seu redentor. 
Lisonjeavam-no, porém de boca, e com a língua lhe mentiam. Porque o coração deles não era firme para com ele, nem foram fiéis à sua aliança.
Ele, porém, que é misericordioso, perdoa a iniquidade e não destrói; antes, muitas vezes desvia a sua ira e não dá largas a toda a sua indignação. Lembra-se de que eles são carne, vento que passa e já não volta. 
Quantas vezes se rebelaram contra ele no deserto e na solidão o provocaram! 
Tornaram a tentar a Deus, agravaram o Santo de Israel. 
Não se lembraram do poder dele, nem do dia em que os resgatou do adversário;  de como no Egito operou ele os seus sinais e os seus prodígios, no campo de Zoã;  e converteu em sangue os rios deles, para que das suas correntes não bebessem.
Enviou contra eles enxames de moscas que os devorassem e rãs que os destruíssem. 
Entregou às larvas as suas colheitas e aos gafanhotos, o fruto do seu trabalho. 
Com chuvas de pedra lhes destruiu as vinhas e os seus sicômoros, com geada. 
Entregou à saraiva o gado deles e aos raios, os seus rebanhos. 
Lançou contra eles o furor da sua ira: cólera, indignação e calamidade, legião de anjos portadores de males. 
Deu livre curso à sua ira; não poupou da morte a alma deles, mas entregou-lhes a vida à pestilência.  Feriu todos os primogênitos no Egito, as primícias da virilidade nas tendas de Cam. 
Fez sair o seu povo como ovelhas e o guiou pelo deserto, como um rebanho.  Dirigiu-o com segurança, e não temeram, ao passo que o mar submergiu os seus inimigos. 
Levou-os até à sua terra santa, até ao monte que a sua destra adquiriu.
Da presença deles expulsou as nações, cuja região repartiu com eles por herança; e nas suas tendas fez habitar as tribos de Israel. 
Ainda assim, tentaram o Deus Altíssimo, e a ele resistiram, e não lhe guardaram os testemunhos.
Tornaram atrás e se portaram aleivosamente como seus pais; desviaram-se como um arco enganoso.
Pois o provocaram com os seus altos e o incitaram a zelos com as suas imagens de escultura. 
Deus ouviu isso, e se indignou, e sobremodo se aborreceu de Israel. 
Por isso, abandonou o tabernáculo de Siló, a tenda de sua morada entre os homens,  e passou a arca da sua força ao cativeiro, e a sua glória, à mão do adversário. 
Entregou o seu povo à espada e se encolerizou contra a sua própria herança.
O fogo devorou os jovens deles, e as suas donzelas não tiveram canto nupcial. 
Os seus sacerdotes caíram à espada, e as suas viúvas não fizeram lamentações.
Então, o Senhor despertou como de um sono, como um valente que grita excitado pelo vinho; fez recuar a golpes os seus adversários e lhes cominou perpétuo desprezo.
Além disso, rejeitou a tenda de José e não elegeu a tribo de Efraim. 
Escolheu, antes, a tribo de Judá, o monte Sião, que ele amava.
E construiu o seu santuário durável como os céus e firme como a terra que fundou para sempre.
Também escolheu a Davi, seu servo, e o tomou dos redis das ovelhas;  tirou-o do cuidado das ovelhas e suas crias, para ser o pastor de Jacó, seu povo, e de Israel, sua herança.
E ele os apascentou consoante a integridade do seu coração e os dirigiu com mãos precavidas.” 
 
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 03/12/2012
Comentários
Site do Escritor criado por Recanto das Letras