Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos
Paciência Vitoriosa no Sofrimento - 1ª Pedro 3

 
Prosseguindo com a descrição dos deveres dos cristãos em seus relacionamentos; tendo falado no capítulo anterior quanto à submissão que é devida às autoridades, quer civis, quer do local de trabalho, o apóstolo cita no início deste terceiro capítulo de sua primeira epístola, os deveres de maridos e de esposas.
Ele destaca a necessidade de harmonia e concordância espiritual entre ambos, para que sejam eficazes em suas orações diante de Deus, e sobre o dever de gentileza e atenção do marido em relação à esposa, e da submissão desta ao marido, com um espírito manso e quieto diante de Deus.
O homem, depois de formado, depois de criado por seu pai e sua mãe, deverá sair de debaixo da autoridade de ambos, para cumprir o desígnio de Deus, de ser agora também autoridade em seu próprio lar, com sua mulher e filhos.
Contudo, não são os cônjuges que fazem o casamento funcionar em unidade. É o próprio Deus que converte o coração do esposo à esposa, e da esposa ao esposo. É neste sentido, principalmente, que Ele edifica o lar, enquanto o construímos firmados na Sua Palavra.
É a busca de um caminhar em retidão com Deus, que produz isto.
É o fato de honrá-lo por meio da obediência aos mandamentos que Ele determinou para o matrimônio, que faz com que Sua mão se estenda e abençoe o casal com harmonia, amor e unidade.
Somente Deus pode produzir isso. A nossa melhor boa vontade sozinha, não conseguirá mais do que uma imitação grosseira e passageira disto.
E a unidade a que nos referimos não é a de que um não perturbe o outro,  de ficar quieto no canto para que o vulcão não seja despertado. Não! É algo muito diferente disto. É alegria mútua que vem do coração.
Era assim com Adão e Eva antes do pecado. Porque a boa mão do Senhor era sobre eles. Tendo se afastado de Deus em razão do pecado, começaram a ter dificuldades no seu relacionamento.
Assim, o sucesso no matrimônio, está proporcionalmente relacionado ao grau da nossa aproximação de Deus e comunhão com Ele.
A partir do verso 8 Pedro passa a fazer exortações gerais quanto aos deveres dos cristãos.
É importante frisar que estas coisas ordenadas devem ser vividas em espírito, porque são graças espirituais, e tudo quanto a alma manifestar em ações através do corpo ou em atitudes relativamente a estas virtudes, deve ser por meio de uma plena submissão ao Espírito.
Ele começa falando da necessidade de unidade entre os cristãos, ao dizer que devem ser de um mesmo sentimento.
Lembramos que esta unidade referida pelo apóstolo é de caráter espiritual, e portanto somente poderá ser vista quando a Igreja andar no Espírito (v. 8).
Ele se refere também à necessidade de compaixão, amor fraternal, misericórdia e humildade.
Os cristãos não devem ser vingativos nem injuriosos, mas devem bendizer aqueles que praticam o mal contra eles, porque a vocação deles para se esforçarem em prol da salvação dos pecadores, demandará tal atitude, e é agindo deste modo que são abençoados por Deus (v. 9).
O apóstolo confirma as palavras do Salmo 34.12-16 como sendo a fórmula da vida abençoada por Deus.
Ali se destaca a necessidade de se refrear a língua da maledicência e do engano; o ato de se separar do mal e praticar o bem, e buscar a paz e permanecer nela (v. 10, 11).
E o motivo de tal necessidade é apresentado como sendo o fato de que os olhos de Deus estão voltados para os justos, e os Seus ouvidos abertos para atender às suas orações, mas o rosto do Senhor é contra aqueles que praticam o mal (v. 12).
E para reforçar o argumento para a prática das coisas que havia ordenado, o apóstolo afirmou que não é comum que alguém se disponha a fazer o mal a quem é zeloso do bem. Revelando com isto que é sendo zeloso do bem que se evita muitos males (v. 13).
Porém, sabendo que há um sofrimento injusto que os cristãos padecem da parte de outros, o qual é permitido por Deus para a provação da fé deles, Pedro diz que os cristãos continuam sendo bem-aventurados aos olhos de Deus quando padecem tais sofrimentos por amor da justiça, e não devem temer as ameaças dos seus inimigos, e nem ficarem com suas mentes e corações turbados por causa deles, mas, permanecerem em santificação com Cristo em seus corações, sujeitando-se ao Seu Senhorio, de maneira que continuem dando um bom testemunho do evangelho, com mansidão em seus corações (v. 14, 15).
Os que sofrem devem ter no entanto uma boa consciência, isto é, eles devem se assegurar que não estão sofrendo por nenhum mau procedimento deles, de maneira que não tenham qualquer sustentação as palavras insidiosas daqueles que falam contra o seu bom procedimento em Cristo (v. 16).
O apóstolo revela que está na esfera da vontade soberana de Deus que passemos por determinadas aflições, apesar de estarmos fazendo o bem.
Cristo havia passado pelo mesmo tipo de sofrimentos para servir de modelo para nós naquilo que sofremos por causa do nosso amor à justiça (v. 17).
E não havia nEle nenhum pecado ou injustiça como há em nós. Mas assim como Ele sofreu até a morte de cruz, para que pudesse quitar a dívida dos nossos pecados, devemos nos armar do mesmo sentimento, estando dispostos a sofrer em favor da salvação do nosso próximo (v. 18).
Cristo morreu na carne, mas não no espírito, e antes de que estivesse num corpo glorificado depois da Sua ressurreição, Ele foi em espírito ao inferno para provavelmente pregar que a condenação daqueles espíritos rebeldes que haviam morrido nas águas do dilúvio, apesar da longanimidade de Deus ter esperado por 120 anos para trazer a destruição, e nem assim eles se converteram com a pregação de Noé.
O Senhor tendo ido a eles depois da Sua morte na cruz,  possivelmente, deve lhes ter revelado que foi a salvação que haveria nEle que eles rejeitaram por terem fechado seus ouvidos e corações à pregação de Noé.
Certamente não foi a possibilidade de salvação de algum deles que Jesus foi lhes pregar, porque estavam presos em cadeias há séculos, e seria impossível que Deus tivesse feito um juízo incorreto em relação a eles.
Pedro citou isto em sua epístola para servir de alerta aos seus leitores; e para que a pregação do evangelho com base nesta passagem da sua epístola, deixasse de modo bastante claro que não se deve abusar da longanimidade de Deus, pela qual adia, mas não suspende o Seu juízo, tal como haviam feito aqueles que morreram no dilúvio, e que não deram o devido crédito à pregação de Noé.
A arca livrou Noé do dilúvio. A arca era uma figura de Cristo, no qual somos salvos pela nossa associação com Ele no nosso batismo tanto na Sua morte, quanto na Sua ressurreição.
Os que dão crédito à pregação do evangelho serão salvos assim como Noé foi salvo, por ter dado crédito à Palavra de Deus (v.19 a 22).
 
 
“1 Pe 3.1  Mulheres, sede vós, igualmente, submissas a vosso próprio marido, para que, se ele ainda não obedece à palavra, seja ganho, sem palavra alguma, por meio do procedimento de sua esposa,
1Pe 3:2 ao observar o vosso honesto comportamento cheio de temor.
1Pe 3:3 Não seja o adorno da esposa o que é exterior, como frisado de cabelos, adereços de ouro, aparato de vestuário;
1Pe 3:4 seja, porém, o homem interior do coração, unido ao incorruptível trajo de um espírito manso e tranqüilo, que é de grande valor diante de Deus.
1Pe 3:5 Pois foi assim também que a si mesmas se ataviaram, outrora, as santas mulheres que esperavam em Deus, estando submissas a seu próprio marido,
1Pe 3:6 como fazia Sara, que obedeceu a Abraão, chamando-lhe senhor, da qual vós vos tornastes filhas, praticando o bem e não temendo perturbação alguma.
1Pe 3:7 Maridos, vós, igualmente, vivei a vida comum do lar, com discernimento; e, tendo consideração para com a vossa mulher como parte mais frágil, tratai-a com dignidade, porque sois, juntamente, herdeiros da mesma graça de vida, para que não se interrompam as vossas orações.
1Pe 3:8 Finalmente, sede todos de igual ânimo, compadecidos, fraternalmente amigos, misericordiosos, humildes,
1Pe 3:9 não pagando mal por mal ou injúria por injúria; antes, pelo contrário, bendizendo, pois para isto mesmo fostes chamados, a fim de receberdes bênção por herança.
1Pe 3:10 Pois quem quer amar a vida e ver dias felizes refreie a língua do mal e evite que os seus lábios falem dolosamente;
1Pe 3:11 aparte-se do mal, pratique o que é bom, busque a paz e empenhe-se por alcançá-la.
1Pe 3:12 Porque os olhos do Senhor repousam sobre os justos, e os seus ouvidos estão abertos às suas súplicas, mas o rosto do Senhor está contra aqueles que praticam males.
1Pe 3:13  Ora, quem é que vos há de maltratar, se fordes zelosos do que é bom?
1Pe 3:14 Mas, ainda que venhais a sofrer por causa da justiça, bem-aventurados sois. Não vos amedronteis, portanto, com as suas ameaças, nem fiqueis alarmados;
1Pe 3:15 antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós,
1Pe 3:16 fazendo-o, todavia, com mansidão e temor, com boa consciência, de modo que, naquilo em que falam contra vós outros, fiquem envergonhados os que difamam o vosso bom procedimento em Cristo,
1Pe 3:17 porque, se for da vontade de Deus, é melhor que sofrais por praticardes o que é bom do que praticando o mal.
1Pe 3:18 Pois também Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos, para conduzir-vos a Deus; morto, sim, na carne, mas vivificado no espírito,
1Pe 3:19 no qual também foi e pregou aos espíritos em prisão,
1Pe 3:20 os quais, noutro tempo, foram desobedientes quando a longanimidade de Deus aguardava nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca, na qual poucos, a saber, oito pessoas, foram salvos, através da água,
1Pe 3:21 a qual, figurando o batismo, agora também vos salva, não sendo a remoção da imundícia da carne, mas a indagação de uma boa consciência para com Deus, por meio da ressurreição de Jesus Cristo;
1Pe 3:22 o qual, depois de ir para o céu, está à destra de Deus, ficando-lhe subordinados anjos, e potestades, e poderes.”
 
 
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 05/12/2012
Alterado em 05/12/2012
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