Paciência Vitoriosa no Sofrimento -1ª Pedro 4
O Pr John Piper disse acerca dos seis primeiros versículos de I Pedro 4 o seguinte: Armar-se de pensamentos e propósitos ajuda a nos proteger e a adquirir vitórias. E o propósito que Pedro tem em mente é o propósito de sofrer se isto for da vontade de Deus (I Pe 3.17), e por causa da justiça.
Se você escolher este propósito, você está armado com uma poderosa arma que lhe permitirá prosseguir adiante dando corajosamente o bom testemunho de Cristo sem negar a verdade diante das maiores perseguições e oposições. Assim você fica preparado e em guarda para o que vier.
Pedro destaca cinco pontos desta armadura em nossa mente, que nos leva a admitir que é necessário manter o amor à justiça, ainda que em meio a grandes sofrimentos:
Primeiro, Cristo sofreu na carne, e isto não somente aconteceu a Ele. Ele o escolheu (João 10.18).
Jesus, o criador do universo e sustentador de todas as coisas, o Salvador do mundo, perfeitamente Inocente, o Filho de Deus, escolheu o sofrimento como a sua vocação enquanto esteve na carne neste mundo, e nos chama a carregar a nossa cruz e segui-lO, e assim achar a vida eterna. Nosso propósito é sofrer com Ele.
Segundo, quando nós sofremos, nós fazemos uma quebra do pecado para sermos limpos, como se vê na parte b do verso 1: "armai-vos também vós com este pensamento, que aquele que padeceu na carne já cessou do pecado".
Mas quando nos armamos com o pensamento de sofrer por Cristo, nos armamos também do pensamento de perder a nossa vida para achar aquela vida que é infinitamente superior e melhor, que é a vida de Cristo em nós.
E esta é a vontade de Deus para todos os cristãos. Não é algo que lhes seja opcional, mas como Pedro diz no verso 2:
"Para que, no tempo que vos resta na carne, não vivais mais segundo as concupiscências dos homens, mas segundo a vontade de Deus.".
Este é o propósito de se armar do pensamento de escolher o sofrimento em vez de poupar-se. Todo o tempo de vida que um cristão tiver pela frente é para ser gasto com a vontade de Deus, e não segundo as concupiscências dos homens.
Aqui deve também se armar deste pensamento: a quantidade de pecados que foram praticados no passado já foi mais do que bastante. Quer tenha pecado por pouco tempo ou por muitos anos antes da conversão, já foi o bastante. Chega! Diga não ao pecado! Mortifique o pecado pelo poder do Espírito Santo, para que o testemunho não seja anulado, e para que a vontade de Deus não seja transgredida.
Uma forte razão para nos armamos do pensamento que é melhor sofrer por amor a Cristo, e carregarmos pacientemente a nossa cruz, é que aqueles que abraçam o evangelho triunfarão sobre a morte.
É isto que Pedro quis dizer no verso 6, a saber, que aqueles que ouviram o evangelho e morreram (não que ouviram o evangelho depois que morreram), e que foram julgados por Deus enquanto viviam na carne, para não serem condenados juntamente com o mundo (I Cor 11.31,32), estes vivem agora com Deus em espírito, porque já não se encontram mais na carne no céu. Estão ali apenas em espírito, mas justificados pelo sangue de Jesus, porque não viveram segundo a carne, mas segundo o Espírito, mortificando seus pecados, e sendo julgados por Deus enquanto viviam neste mundo.
Este é portanto o triunfo final do evangelho sobre o pecado. Este é o seu grande prêmio para aqueles que escolheram viver piedosamente neste mundo, porque quando o deixarem pela morte, irão diretamente ao encontro de Deus para viverem com Ele para sempre.
(Até aqui as palavras do Pr John Piper).
Como para o Senhor mil anos são como um único dia, no dizer do próprio apóstolo Pedro, ele afirmou no verso 7 que devemos ser sóbrios e vigiar em oração porque já está próximo o fim de todas as coisas (v. 7). Logo, logo, dando cumprimento ao planejamento de Deus, Cristo voltará para ser glorificado nos Seus santos. Todos eles estarão reunidos com Ele em glória, e completamente santificados.
Desta maneira, o modo de se viver neste mundo é se santificando no Espírito, conforme a vontade de Deus para os Seus filhos.
Esta santificação, além de exigir uma vida de vigilância e oração (v. 7), também exige que se viva no amor mútuo, porque o amor verdadeiro e espiritual pelos irmãos é a cobertura para uma multidão de pecados, não para encobri-los de maneira a serem desconsiderados, mas para que sejam perdoados e esquecidos, em vez de agravá-los ou divulgá-los (v. 8).
Além deste dever de se amarem e se perdoarem mutuamente os cristãos devem ser hospitaleiros e praticarem isto sem murmuração, servindo uns aos outros usando os dons recebidos do Espírito, agindo como despenseiros da graça de Deus, que se manifesta de variadas formas em cada um, conforme os dons distribuídos pelo Espírito, conforme Lhe apraz, para fins proveitosos (v. 9, 10).
Consequentemente, toda a conversação entre os cristãos deve ser baseada naquilo que têm conhecido e recebido de Deus; a ministração mútua conforme a força da graça que é concedida a eles pelo Senhor; de maneira que somente Deus seja glorificado, por meio de Jesus Cristo, uma vez que estes dons e serviços foram concedidos aos cristãos em razão da morte e obra de Jesus em favor deles, de maneira que a Ele pertencem a glória e o domínio para todo o sempre (v. 11).
Os cristãos não devem considerar como algo estranho as provações ardentes que experimentam neste mundo, como se fossem algo não condizente com a condição deles de filhos de Deus, porque isto faz parte da sua vocação, de maneira que são chamados a serem aprovados nestas provações pelo ato de se regozijarem por serem participantes das aflições de Cristo, de modo que tendo participado dos seus sofrimentos, sejam também achados dignos de participarem da Sua glória, na qual se regozijarão e exultarão (v. 12, 13).
Assim, se o cristão sofre por causa do Seu amor à justiça, e se é vituperado por causa do nome de Cristo, ele é bem-aventurado porque não será deixado à mercê destas aflições, e não as enfrentará sozinho, porque o Espírito Santo o consolará e fortificará repousando sobre ele (v. 14).
Entretanto nenhum cristão deve sofrer como homicida, ladrão ou malfeitor ou por se intrometer em assuntos dos outros (v. 15).
Mas se sofre como cristão, isto é, por causa do seu bom testemunho em Cristo, não deve se envergonhar, mas permanecer glorificando a Deus enquanto sofre por causa do nome do Senhor (v. 16).
Muito do que os cristãos sofrem neste mundo lhes sobrevém como forma de visitação dos julgamentos de Deus em correções e disciplina para aperfeiçoá-los até que atinjam a semelhança de Cristo.
Não são correções e disciplinas, em grande parte dos casos, como forma de retribuição de transgressões praticadas por eles deliberadamente contra a vontade do Senhor, mas por causa da necessidade de serem aperfeiçoados na fé, e de serem livrados de suas fraquezas e imperfeições.
Pedro chamou a tudo isto de julgamento que começa pela casa de Deus, apesar de serem sofrimentos que os cristãos têm por causa do amor deles à justiça. E se o Senhor julga o seu próprio povo desta maneira, qual será então o fim daqueles que desobedecem o evangelho, senão a condenação eterna? (v.17, 18).
Os cristãos foram salvos mas terão que suportar todas estas dificuldades para o seu aperfeiçoamento espiritual, conforme a justa avaliação que o Senhor faz das suas faltas e necessidades (v. 18).
Deste modo, nenhum cristão deve ficar desanimado por causa das aflições que possa sofrer, mas ao contrário, deve confiar o cuidado de sua alma ao Criador, e permanecer na prática do bem (v. 19), sabendo que todas as coisas estão cooperando juntamente para a sua santificação, especialmente as tribulações que sofre neste mundo.
I Pe 4.1 Ora, tendo Cristo sofrido na carne, armai-vos também vós do mesmo pensamento; pois aquele que sofreu na carne deixou o pecado,
1Pe 4:2 para que, no tempo que vos resta na carne, já não vivais de acordo com as paixões dos homens, mas segundo a vontade de Deus.
1Pe 4:3 Porque basta o tempo decorrido para terdes executado a vontade dos gentios, tendo andado em dissoluções, concupiscências, borracheiras, orgias, bebedices e em detestáveis idolatrias.
1Pe 4:4 Por isso, difamando-vos, estranham que não concorrais com eles ao mesmo excesso de devassidão,
1Pe 4:5 os quais hão de prestar contas àquele que é competente para julgar vivos e mortos;
1Pe 4:6 pois, para este fim, foi o evangelho pregado também a mortos, para que, mesmo julgados na carne segundo os homens, vivam no espírito segundo Deus.
1Pe 4:7 Ora, o fim de todas as coisas está próximo; sede, portanto, criteriosos e sóbrios a bem das vossas orações.
1Pe 4:8 Acima de tudo, porém, tende amor intenso uns para com os outros, porque o amor cobre multidão de pecados.
1Pe 4:9 Sede, mutuamente, hospitaleiros, sem murmuração.
1Pe 4:10 Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus.
1Pe 4:11 Se alguém fala, fale de acordo com os oráculos de Deus; se alguém serve, faça-o na força que Deus supre, para que, em todas as coisas, seja Deus glorificado, por meio de Jesus Cristo, a quem pertence a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém!
1Pe 4:12 Amados, não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos, como se alguma coisa extraordinária vos estivesse acontecendo;
1Pe 4:13 pelo contrário, alegrai-vos na medida em que sois co-participantes dos sofrimentos de Cristo, para que também, na revelação de sua glória, vos alegreis exultando.
1Pe 4:14 Se, pelo nome de Cristo, sois injuriados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória e de Deus.
1Pe 4:15 Não sofra, porém, nenhum de vós como assassino, ou ladrão, ou malfeitor, ou como quem se intromete em negócios de outrem;
1Pe 4:16 mas, se sofrer como cristão, não se envergonhe disso; antes, glorifique a Deus com esse nome.
1Pe 4:17 Porque a ocasião de começar o juízo pela casa de Deus é chegada; ora, se primeiro vem por nós, qual será o fim daqueles que não obedecem ao evangelho de Deus?
1Pe 4:18 E, se é com dificuldade que o justo é salvo, onde vai comparecer o ímpio, sim, o pecador?
1Pe 4:19 Por isso, também os que sofrem segundo a vontade de Deus encomendem a sua alma ao fiel Criador, na prática do bem.