Leis Relativas à Pureza
No capítulo 23 de Deuteronômio são descritas quais as pessoas que estariam excluídas da assembleia do Senhor: os eunucos, os bastardos, os amonitas e os moabitas (excluídos para sempre em todas as suas gerações) e os edomitas e egípcios que poderiam entrar a partir da terceira geração daqueles que se encontravam em Israel quando do proferimento deste mandamento no último ano da vida de Moisés.
Nisto se marca o caráter bem distintivo entre a Antiga e a Nova Aliança, pois em Jesus Cristo, ninguém está impedido de se aproximar da assembleia dos santos, por qualquer condição física, social, psicológica, racial, ou seja, qual for, pois todos serão recebidos de bom grado pelo Senhor, e pela Sua Igreja, desde que se arrependam e se convertam de seus pecados pela fé nEle.
O Evangelho não impõe qualquer tipo de barreira para a participação de homens e mulheres de qualquer condição, no banquete espiritual que Deus está oferecendo a todos na presente dispensação pela Sua graça.
A mulher de má fama, o ladrão, o que falava mal de Jesus e da Sua Igreja serão bem vindos aos cultos de adoração, e eles têm o direito garantido pelo Senhor em fazê-lo, e serão perdoados e aceitos por Ele, se o fizerem com um coração contrito e arrependido.
Mas a Antiga Aliança nos ensina em figura e também diretamente, que as pessoas que não se arrependerem de seus pecados, aqueles que não tiverem sido aceitos por Deus por causa dos seus pecados, e aqueles que forem seus inimigos, pela falta de arrependimento e endurecimento no pecado, serão para sempre excluídos do céu, e serão sujeitados ao sofrimento eterno no inferno.
Mas como Deus elege por graça, e para a santificação, ninguém que confie na Sua bondade e queira ter sua vida transformada deixando as trevas e vindo para a luz será decepcionado e frustrado, porque Jesus tem prometido não rejeitar e lançar fora a qualquer que venha a Ele.
Nos versos 9 a 14 são dadas diretrizes quanto à ordem e limpeza do acampamento daquele vasto exército de mais de seiscentos mil homens. O acampamento deveria estar sempre limpo de qualquer impureza moral, cerimonial e natural.
Quando estivessem acampados em ordem de batalha contra os seus inimigos haveria um grande ajuntamento de homens, e com isto, também haveria uma inclinação natural para conversações e práticas pecaminosas, e contra isto eles foram ordenados a se guardarem pela ordenação de evitarem toda coisa má (v. 9). O ajuntamento não era o de um bando, mas de uma tropa organizada, que deveria ser mantida sob disciplina, vigiando contra toda prática inconsequente e pecaminosa.
O Senhor seria com eles nas batalhas se eles se comportassem como convém aos soldados do Seu exército, em caso contrário, não poderiam contar com a Sua ajuda.
Os soldados que estão empenhados em missão divina devem vigiar em todo o tempo contra as cobiças e paixões que guerreiam contra a alma, porque é tendo vitória sobre o grande inimigo que é o pecado, que se obtém da parte de Deus vitória sobre todos os demais inimigos.
As coisas más das quais eles deveriam se guardar incluía também e principalmente tudo o que servisse de tentação a eles dentre os despojos dos inimigos, especialmente os ídolos fabricados com materiais preciosos e o culto sensual de adoração dos seus falsos deuses, que incluía em seus serviços a prática da prostituição cultual.
Para impedir qualquer impureza sexual dos homens no acampamento do exército de Israel, foi determinado que qualquer polução, mesmo involuntária, obrigaria aquele que a tivera a sair do acampamento e permanecer fora dele até ao cair da tarde, quando deveria se lavar e somente poderia retornar ao acampamento depois que o sol se pusesse (v.10,11).
Foi ordenado que se escolhesse um lugar fora do acampamento para servir de instalação sanitária (v. 12,13).
É afirmado expressamente no verso 14 que o acampamento deveria ser santo, e que não houvesse coisa impura nele, de modo que o Senhor não se apartasse do meio dos israelitas. A guerra espiritual é vencida somente quando estamos santificados. Sem santidade de vida será vão todo o nosso esforço.
Nos versos 15 a 25 há a repetição de várias leis relativas à acolhida de escravo que conseguisse fugir de um senhor tirânico (v. 15,16); à proibição de prostituição cultual entre os israelitas (v. 17), e do recebimento de ofertas em dinheiro no tabernáculo, provindas de salário de prostituta ou de aluguel de sodomita, pois de ambas as coisas se declara serem uma abominação ao Senhor (v. 17,18); à proibição de se emprestar com juros entre os próprios israelitas (v. 18.20); à responsabilidade em se fazer e cumprir votos ao Senhor, para que não se pecasse pela falta de cumprimento que seria certamente requerido por Deus, uma vez que o voto é voluntário e a ninguém Deus obriga a fazê-lo (v. 21 a 23) Finalmente é prescrito nos versos 24 e 25 a permissão de se comer uvas ou colher espigas na vinha e na seara do próximo, mas somente o necessário para se matar a fome, não sendo permitido que se levasse uvas e espigas para fora da propriedade em que foram consumidas.
“1 Aquele a quem forem trilhados os testículos, ou for cortado o membro viril, não entrará na assembleia do Senhor.
2 Nenhum bastardo entrará na assembleia do Senhor; nem ainda a sua décima geração entrará na assembleia do Senhor.
3 Nenhum amonita nem moabita entrará na assembleia do Senhor; nem ainda a sua décima geração entrará jamais na assembleia do Senhor;
4 porquanto não saíram com pão e água a receber-vos no caminho, quando saíeis do Egito; e, porquanto alugaram contra ti a Balaão, filho de Beor, de Petor, da Mesopotâmia, para te amaldiçoar.
5 Contudo o Senhor teu Deus não quis ouvir a Balaão, antes trocou-te a maldição em bênção; porquanto o Senhor teu Deus te amava.
6 Não lhes procurarás nem paz nem prosperidade por todos os teus dias para sempre.
7 Não abominarás o edomeu, pois é teu irmão; nem abominarás o egípcio, pois peregrino foste na sua terra.
8 Os filhos que lhes nascerem na terceira geração entrarão na assembleia do Senhor.
9 Quando te acampares contra os teus inimigos, então te guardarás de toda coisa má.
10 Se houver no meio de ti alguém que por algum acidente noturno não estiver limpo, sairá fora do arraial; não entrará no meio dele.
11 Porém, ao cair da tarde, ele se lavará em água; e depois do sol posto, entrará no meio do arraial.
12 Também terás um lugar fora do arraial, para onde sairás.
13 Entre os teus utensílios terás uma pá; e quando te assentares lá fora, então com ela cavarás e, virando-te, cobrirás o teu excremento;
14 porquanto o Senhor teu Deus anda no meio do teu arraial, para te livrar, e para te entregar a ti os teus inimigos; pelo que o teu arraial será santo, para que ele não veja coisa impura em ti, e de ti se aparte.
15 Não entregarás a seu senhor o servo que, fugindo dele, se tiver acolhido a ti;
16 contigo ficará, no meio de ti, no lugar que escolher em alguma das tuas cidades, onde lhe agradar; não o oprimirás.
17 Não haverá dentre as filhas de Israel quem se prostitua no serviço do templo, nem dentre os filhos de Israel haverá quem o faça;
18 não trarás o salário da prostituta nem o aluguel do sodomita para a casa do Senhor teu Deus por qualquer voto, porque uma e outra coisa são igualmente abomináveis ao Senhor teu Deus.
19 Do teu irmão não exigirás juros; nem de dinheiro, nem de comida, nem de qualquer outra coisa que se empresta a juros.
20 Do estrangeiro poderás exigir juros; porém do teu irmão não os exigirás, para que o Senhor teu Deus te abençoe em tudo a que puseres a mão, na terra à qual vais para a possuíres.
21 Quando fizeres algum voto ao Senhor teu Deus, não tardarás em cumpri-lo; porque o Senhor teu Deus certamente o requererá de ti, e em ti haverá pecado.
22 Se, porém, te abstiveres de fazer voto, não haverá pecado em ti.
23 O que tiver saído dos teus lábios guardarás e cumprirás, tal como voluntariamente o votaste ao Senhor teu Deus, prometendo-o pela tua boca.
24 Quando entrares na vinha do teu próximo, poderás comer uvas conforme o teu desejo, até te fartares, porém não as porás no teu alforje.
25 Quando entrares na seara do teu próximo, poderás colher espigas com a mão, porém não meterás a foice na seara do teu próximo.“ (Dt 23.1-25).