Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos
Tal o Líder Tal o Povo 


 
 
Enquanto havia estabilidade e justiça no trono do Reino do Sul (Judá), por 66 anos seguidos, com os reinados sucessivos de Asa (15.4, 10) e de seu filho Josafá, depois dele (22.42), o Reino do Norte experimentava a instabilidade e a idolatria de reis que se sucediam no trono pelo uso de força e violência.
Deus havia levantado a Baasa para assumir o trono de Israel, pelo afastamento de Nadabe, filho de Jeroboão, de forma que fosse cumprida a palavra que Ele havia proferido contra a sua casa, mas Baasa não fez a vontade do Senhor porque apenas conspirou contra Nadabe, movido por interesse pessoal e político, e deu continuidade às práticas idolátricas de Jeroboão (I Reis 16.1,2).
De modo que o Senhor enviou também uma palavra de juízo contra Baasa, e contra a sua casa, através do profeta Jeú, filho do profeta Hanani, semelhante à que havia dado a Jeroboão, através do profeta Aías, de que sua casa seria exterminada e o seus descendentes, que morressem na cidade seriam devorados pelos cães, e os que morressem no campo, pelas aves de rapina, significando isto que eles não seriam honrados em seus sepultamentos.
Baasa havia exterminado a descendência de Jeroboão, mas até isto foi levado em conta pelo Senhor contra ele, conforme lemos no verso 7.
Isto deve ser devidamente submetido à nossa reflexão, porque se fora proferido tal juízo de extermínio da casa de Jeroboão, pelo próprio Senhor, como Ele estava também determinando agora o mesmo juízo sobre a casa de Baasa, poderia parecer a alguns que há um paradoxo nisto.
Todavia, se pesarmos os motivos que moveram Baasa a fazê-lo, a saber, não por motivo de zelo do Senhor, e sem o uso de extremada violência, e nem ainda para atender ao seu próprio interesse pessoal egoísta, agravado pelo fato de ter voltado as costas para Deus, dando continuidade à idolatria que havia dado ocasião ao juízo, que foi determinado sobre Jeroboão e sua casa, então fica muito claro a nós que Baasa se tornou de fato mais ainda merecedor de um tal juízo, do que o próprio Jeroboão, porque à sua idolatria acrescentou a sua cobiça e violência.
Ele matou não por zelo e amor à Palavra do Senhor, mas por amor ao poder e às riquezas, usando de extrema frieza e crueldade.
Quando Elá, filho de Baasa, reinava, Zinri, o capitão da metade dos carros do exército de Elá, conspirou contra ele e o matou, e não somente a ele mas a todos os descendentes de Baasa, e amigos próximos dele, que tinham influência no reino, mas como o fizera com os mesmo motivos que haviam movido Baasa em relação à descendência de Jeroboão, conforme comentamos anteriormente, ele não prevaleceu diante de Deus e não pôde contar com a sua proteção, porque não ficou no trono por mais de sete dias, porque Onri, que era o general do exército de Elá, veio contra Zinri e o matou, e passou a reinar em seu lugar. 
Este Onri se fez forte em Israel, mas não somente deu continuidade ao culto idolátrico de Jeroboão, como também fez pior do que todos os que reinaram antes dele, pois, introduziu outras abominações em Israel.
Até então a capital do reino era Tirza, desde os dias de Jeroboão, e Onri reinou nesta cidade nos primeiros 6 anos do seu reinado, e tendo comprado um monte de um homem chamado Semer, edificou nele a cidade de Samaria, que passou a ser a capital do reino, e na qual ele reinou os seis últimos, dos doze anos do seu reinado (v. 24).
Depois de Onri, passou a reinar seu filho Acabe, que foi o pior rei de Israel, e sendo um homem fraco de caráter, fez toda a vontade da sua perversa mulher, chamada Jezabel, filha de um rei de Sidom, que trouxe o culto de adoração  a Baal para Israel e lhe deu uma grande expansão e a nova capital do reino, Samaria, recebeu uma casa e um altar para o culto de Baal, que possuía 450 profetas e um poste-ídolo (Asera) para cujo serviço Jezabel deu 400 profetas (v. 31, 32 e cap 18.19, 22).     
Este 16º capítulo de I Reis é encerrado com o cumprimento de uma maldição que havia sido proferida pelo Senhor nos dias de Josué (Js 6.26), mais de 500 anos antes, pois isto sucedeu durante o reinado de Acabe.
Um homem de Betel, depois de todo este tempo, ousou reedificar Jericó, e lhe sucedeu o que havia sido profetizado, porque quando lançou o alicerce da cidade morreu o seu filho primogênito, e ao colocar as suas portas morreu o mais moço (v. 34).
Isto era um prenúncio e um alerta para Acabe e todos em Israel de que o Senhor traria sobre eles todos os juízos proferidos na Lei de Moisés contra a idolatria do Seu povo, ainda que estes juízos, como a profecia de Jericó, tivessem sido proferidos há mais de 500 anos.
      
 
 
“1 Então veio a palavra do Senhor a Jeú, filho de Hanani, contra Baasa, dizendo:
2 Porquanto te exaltei do pó, e te constituí chefe sobre o meu povo Israel, e tu tens andado no caminho de Jeroboão, e tens feito o meu povo Israel pecar, provocando-me à ira com os seus pecados,
3 eis que exterminarei os descendentes de Baasa, e os descendentes da casa dele; sim, tornarei a tua casa como a casa de Jeroboão, filho de Nebate.
4 Quem morrer a Baasa na cidade, comê-lo-ão os cães; e o que lhe morrer no campo, comê-lo-ão as aves do céu.
5 Quanto ao restante dos atos de Baasa, e ao que fez, e ao seu poder, porventura não estão escritos no livro das crônicas dos reis de Israel?
6 E Baasa dormiu com seus pais, e foi sepultado em Tirza. Então Elá, seu filho, reinou em seu lugar.
7 Assim veio também a palavra do Senhor, por intermédio do profeta Jeú, filho de Hanani, contra Baasa e contra a casa dele, não somente por causa de todo o mal que fizera aos olhos do Senhor, de modo a provocá-lo à ira com a obra de suas mãos, tornando-se como a casa de Jeroboão, mas também porque exterminara a casa de Jeroboão.
8 No ano vinte e seis de Asa, rei de Judá, Elá, filho de Baasa, começou a reinar em Tirza sobre Israel, e reinou dois anos.
9 E Zinri, seu servo, chefe de metade dos carros, conspirou contra ele. Ora, Elá achava-se em Tirza bebendo e embriagando-se em casa de Arza, que era o seu mordomo em Tirza.
10 Entrou, pois, Zinri e o feriu, e o matou, no ano vigésimo sétimo de Asa, rei de Judá, e reinou em seu lugar.
11 Quando ele começou a reinar, logo que se assentou no seu trono, feriu toda a casa de Baasa; não lhe deixou homem algum, nem de seus parentes, nem de seus amigos.
12 Assim destruiu Zinri toda a casa de Baasa, conforme a palavra do Senhor, que ele falara contra Baasa por intermédio do profeta Jeú,
13 por causa de todos os pecados de Baasa, e dos pecados de Elá, seu filho, com que pecaram, e com que fizeram Israel pecar, provocando à ira, com as suas vaidades, o Senhor Deus de Israel.
14 Quanto ao restante dos atos de Elá, e a tudo quanto fez, porventura não estão escritos no livro das crônicas dos reis de Israel?
15 No ano vigésimo sétimo de Asa, rei de Judá, reinou Zinri sete dias em Tirza. Estava o povo acampado contra Gibetom, que pertencia aos filisteus.
16 E o povo que estava acampado ouviu dizer: Zinri conspirou, e matou o rei; pelo que no mesmo dia, no arraial, todo o Israel constituiu rei sobre Israel a Onri, chefe do exercito.
17 Então Onri subiu de Gibetom com todo o Israel, e cercaram Tirza.
18 Vendo Zinri que a cidade era tomada, entrou no castelo da casa do rei, e queimou-a sobre si; e morreu,
19 por causa dos pecados que cometera, fazendo o que era mau aos olhos do Senhor, andando no caminho de Jeroboão, e no pecado que este cometera, fazendo Israel pecar.
20 Quanto ao restante dos atos de Zinri, e à conspiração que fez, porventura não estão escritos no livro das crônicas dos reis de Israel?
21 Então o povo de Israel se dividiu em dois partidos: metade do povo seguia a Tíbni, filho de Ginate, para fazê-lo rei, e a outra metade seguia a Onri.
22 Mas o povo que seguia a Onri prevaleceu contra o que seguia a Tíbni, filho de Ginate; de sorte que Tíbni morreu, e Onri reinou.
23 No trigésimo primeiro ano de Asa, rei de Judá, Onri começou a reinar sobre Israel, e reinou doze anos. Reinou seis anos em Tirza.
24 E de Semer comprou o outeiro de Samaria por dois talentos de prata, e edificou nele; e chamou a cidade que edificou Samaria, do nome de Semer, dono do outeiro.
25 E fez Onri o que era mau aos olhos do Senhor; pior mesmo do que todos os que o antecederam.
26 Pois ele andou em todos os caminhos de Jeroboão, filho de Nebate, como também nos pecados com que este fizera Israel pecar, provocando à ira, com as suas vaidades, o Senhor Deus de Israel.
27 Quanto ao restante dos atos que Onri fez, e ao poder que manifestou, porventura não estão escritos no livro das crônicas dos reis de Israel?
28 Onri dormiu com seus pais, e foi sepultado em Samaria. E Acabe, seu filho, reinou em seu lugar.
29 No trigésimo oitavo ano de Asa, rei de Judá, começou Acabe, filho de Onri, a reinar sobre Israel; e reinou sobre Israel em Samaria vinte e dois anos.
30 E fez Acabe, filho de Onri, o que era mau aos olhos do Senhor, mais do que todos os que o antecederam.
31 E, como se fosse pouco andar nos pecados de Jeroboão, filho de Nebate, ainda tomou por mulher a Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônios, e foi e serviu a Baal, e o adorou;
32 e levantou um altar a Baal na casa de Baal que ele edificara em Samaria;
33 também fez uma asera. De maneira que Acabe fez muito mais para provocar à ira o Senhor Deus de Israel do que todos os reis de Israel que o antecederam.
34 Em seus dias Hiel, o betelita, edificou Jericó. Quando lançou os seus alicerces, morreu-lhe Abirão, seu primogênito; e quando colocou as suas portas, morreu-lhe Segube, seu filho mais moço; conforme a palavra do Senhor, que ele falara por intermédio de Josué, filho de Num.” (I Rs 16.1-34).
 
 
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 12/12/2012
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