Vencendo Oposições
no Poder do Espírito – Atos 4
Um dos pastores puritanos disse o seguinte: “Quando os agentes de Cristo se mostram resolutos em sua fidelidade em pregarem o evangelho, os agentes de Satanás logo se manifestarão rancorosos a eles.”
Jesus havia advertido os discípulos quanto ao fato de que eles seriam também perseguidos, tal como haviam perseguido a Ele, mas que não se intimidassem porque o Espírito Santo lhes revestiria de autoridade espiritual e lhes mostraria o que deveriam falar aos seus opositores.
É exatamente isto que nós vemos no quarto capítulo de Atos, porque os sacerdotes e saduceus, que compunham o Sinédrio, que era o tribunal dos judeus, com autoridade para julgar as questões religiosas, se levantaram em fúria contra Pedro e João, por causa da cura do paralítico no templo.
E eles os prenderam juntamente com o paralítico que havia sido curado, e como já era tarde, mantiveram-nos na prisão até o dia seguinte, para que fossem interrogados.
Naquela ocasião, nada poderiam fazer contra eles, tal como haviam feito com Jesus, lhes acusando de blasfêmia, porque não estavam ensinando que eram iguais a Deus, sendo o próprio Deus, tal como Jesus havia afirmado.
Eles tiveram então que reprimir a sua fúria diante do povo, porque milhares haviam se convertido e estavam dando glórias a Deus.
Isto ocorre ainda em nossos dias, porque toda vez que alguma ação do Espírito é realizada por algum grupo, que não faça parte da estrutura organizacional religiosa institucional, também se levantam em fúria para tentar obstruí-la por causa da sua cegueira espiritual.
Eles certamente dirão que os saltos e gritos de louvor de alguém que foi curado dentro do templo é uma grande irreverência para com Deus, do mesmo modo que haviam feito os fariseus em relação ao paralítico, no passado.
Eles não chegarão ao extremo de proibir que se pregue no nome de Jesus, mas efetivamente não lhes agradará de modo algum que seja pregado o Jesus da Bíblia, que nos ordena carregar a cruz, vivermos no amor e no poder do Espírito, e santificarmos nossas vidas, principalmente pela mortificação dos nossos pecados.
Satanás sempre se levantará para tentar impedir o prosseguimento das operações de Jesus através da Igreja.
O mesmo sumo sacerdote, Anás, e todos os seus parentes também sacerdotes, como Caifás, João, Alexandre, bem como todas as autoridades, anciãos e escribas, que haviam condenado Jesus, eram os mesmos que se puseram diante de Pedro e João, lhes perguntando com que poder e autoridade eles haviam feito aquilo. Eles desconheciam de fato o poder e o nome, senão teriam se submetido a Cristo.
Mas os apóstolos estavam bem alertados e experimentados quanto a isto e não se deixaram intimidar pelas suas ameaças.
Pedro não deixou portanto sem resposta a pergunta daqueles hipócritas religiosos e lhes afirmou, cheio do Espírito Santo, que foi no nome do Jesus que eles haviam rejeitado e crucificado, que o coxo havia sido curado.
Cabia a eles, sacerdotes, serem os edificadores da casa espiritual de Deus, segundo a Lei lhes conferia tal autoridade, mas eles haviam se desviado da sua função, porque haviam rejeitado a pedra angular do edifício espiritual, que é Cristo.
Deus queria, para a Sua glória, curar aquele coxo de nascença, e por que não usou os sacerdotes, senão aqueles homens que até então ainda eram incultos, tal como Pedro e João?
Era de se esperar que usasse os que eram os guardiões da Lei de Moisés. Mas não os usaria porque eles não somente rejeitaram a Jesus, como também o crucificaram.
Seria, portanto, através dos apóstolos, daqueles dois homens iletrados, mas piedosos e chamados por Deus para o apostolado, que Ele edificaria a Sua igreja, conforme a autoridade que haviam recebido do próprio Jesus, porque como poderiam os sacerdotes ser autorizados para o trabalho de edificação da casa de Deus se eles haviam rejeitado o único nome pelo qual é possível que sejamos salvos?
Que palavras de ousadia, coragem, autoridade, e proferidas acima de tudo por inspiração e no poder do Espírito, foram as que Pedro e João dirigiram a eles, quando foram interrogados!
A evidência do milagre realizado estava diante deles, porque o paralítico estava de pé, perfeitamente curado; e a intrepidez de Pedro e João fez com que ficassem admirados, porque como poderiam homens iletrados como eles, falar com tal sabedoria e intrepidez?
Eles não tiveram nenhuma resposta para dar no momento, e por isso pediram que Pedro, João e o que fora paralítico, saíssem da sua presença, para que conferenciassem entre si, uma forma política de agirem, de maneira a pararem a pregação do evangelho.
Eles não poderiam desagradar ao povo, e ao mesmo tempo não queriam ver a honra deles de homens “santos e religiosos” sendo ameaçada.
Então decidiram ameaçar os apóstolos dizendo que não mais falassem em o nome de Jesus a qualquer homem.
Na verdade, tudo o que Satanás deseja é exatamente isto: que não falemos de Jesus e do verdadeiro evangelho.
Se falarmos até mesmo de várias passagens da Bíblia, mas desde que ocultemos dos homens qual é o modo que alguém alcança a conversão, e como se deve viver para Deus, Satanás não fará qualquer oposição, porque não sofre nenhum risco de perdas no seu reino infernal.
Até mesmo a cura física operada por Deus, não é por si só, suficiente para conduzir alguém a se converter a Cristo.
Isto ocorreu nos dias de Jesus e tem ocorrido ao longo de toda a história da Igreja, porque se o curado não for instruído na verdade, e caso não permita ser convencido pelo Espírito Santo de que é pecador e necessita de arrependimento, ele poderá não somente atribuir a cura ao acaso, ou mesmo dar a honra indevida a um falso deus ou ídolo, atribuindo-lhe a cura da qual fora objeto.
Mas se pregarmos a mensagem apostólica, podemos estar certos de que tal como eles, também sofreremos oposições e seremos intimidados a não pregarmos mais em o nome do Senhor, com a intrepidez e poder do Espírito Santo,
Entretanto, nunca devemos esquecer que não é o nosso poder, empenho, piedade, pregação, por si mesmos, que podem salvar alguém, senão o próprio Deus, operando diretamente nos corações.
Não devemos apenas reconhecer e saber isto, mas sermos humildes e praticá-lo, enquanto fazemos a obra de Deus com vista à conversão de almas.
Porque o Senhor nunca dividirá a Sua honra com ninguém, nem mesmo com os instrumentos que Ele usa para transformar os corações daqueles que Ele converte, concedendo-lhes graça para que se arrependam e creiam.
Mas, para todos os opositores da obra do Senhor, a nossa resposta deve ser a mesma que Pedro e João deram àqueles religiosos a serviço do diabo, a saber, que importa antes ouvir a Deus e obedecer à Sua vontade do que aos homens.
E se Ele nos tem imposto o dever de pregar o evangelho no poder do Espírito, então é isto que devemos continuar fazendo, não importando a quem isto possa incomodar.
Os que se ofendem com a pregação da verdade, são aqueles que costumam comumente ofender a Deus, pela transgressão dos Seus mandamentos.
É por esta razão que se sentem ofendidos com o evangelho. Não que haja qualquer parte no evangelho que seja uma ofensa ao homem. Ao contrário, somente contém ações e palavras que visam salvá-lo da condenação eterna, à qual todos estão sujeitos, por condição de nascimento natural.
As experiências que Deus nos tem dado.
A sabedoria relativa ao conhecimento da Sua vontade revelada. A ação poderosa do Espírito Santo na nossa vida não nos foi dada para ser encoberta, mas para ser proclamada a todos de cima dos telhados.
E ainda que aumentem o tom de suas ameaças quando fizermos isto, tal como as autoridades de Israel fizeram com Pedro e João, para o próprio dano e ruína deles diante de Deus, devemos ficar firmes na nossa posição sabendo que é o Senhor mesmo quem luta por nós, e certamente resgatará do poder das trevas, para a sua luz, até mesmo a alguns destes que resistem a princípio, porque o fazem na ignorância, pensando que o evangelho é apenas uma proposta religiosa, em contraposição à que têm abraçado.
Quando Pedro e João contaram à Igreja o que lhes havia sucedido, depois de terem sido postos em liberdade, todos eles se levantaram unanimemente em oração a Deus, engrandecendo o Seu nome e Lhe pedindo que continuasse lhes dando intrepidez para pregarem o evangelho porque as autoridades estavam tentando agir contra o nome de Jesus e o avanço do Seu reino.
Eles sabiam que todas aquelas perseguições estavam predeterminadas pelo conselho de Deus (Salmo 2.2), tanto no que fizeram contra Cristo, como também no que estavam fazendo contra a Igreja.
Eles não pediram para serem poupados, escondidos deles, mas que o Senhor olhasse as suas ameaças, e desse aos seus servos intrepidez para continuarem pregando a Sua Palavra, enquanto a confirmava como sendo a verdade que salva, por estender a Sua poderosa mão para realizar curas, sinais e prodígios pelo nome de Jesus.
A resposta do Senhor à oração deles foi dada em forma de um grande tremor que ocorreu no lugar em que estavam reunidos, e também, todos eles ficaram cheios do Espírito Santo, de modo que continuaram anunciando com intrepidez a Palavra de Deus.
Como eles viviam de modo consagrado ao Senhor, havia grande poder no testemunho que os apóstolos davam da ressurreição de Jesus, e em todos os cristãos havia abundante graça, porque Deus sempre dará mais graça, quando se vive de forma piedosa e consagrada, como viviam os crentes da Igreja Primitiva (Atos 4.32-37).
Os primeiros anos da Igreja Primitiva eram dias do primeiro e grande avivamento da Igreja.
E o Senhor tem reservado pela Sua graça que se experimentem períodos como aquele em várias partes do mundo, conforme testemunha a história da Igreja.
Mas é este viver em unidade em amor, antes de tudo, ao Senhor e à Sua Palavra, e a oração perseverante e incessante, que são os elementos comuns que sempre trarão e manterão um avivamento do Espírito entre nós.
Foi este o modo de vida que Deus planejou para que os seus servos vivam neste mundo, porque será este o modo pelo qual todos viverão no céu, a saber, no amor e obediência à Sua Palavra em plenitude espiritual no poder do Espírito, uns com os outros e com o próprio Senhor da glória.
“1 Enquanto eles estavam falando ao povo, sobrevieram-lhes os sacerdotes, o capitão do templo e os saduceus,
2 doendo-se muito de que eles ensinassem o povo, e anunciassem em Jesus a ressurreição dentre os mortos,
3 deitaram mão neles, e os encerraram na prisão até o dia seguinte; pois era já tarde.
4 Muitos, porém, dos que ouviram a palavra, creram, e se elevou o número dos homens a quase cinco mil.
5 No dia seguinte, reuniram-se em Jerusalém as autoridades, os anciãos, os escribas,
6 e Anás, o sumo sacerdote, e Caifás, João, Alexandre, e todos quantos eram da linhagem do sumo sacerdote.
7 E, pondo-os no meio deles, perguntaram: Com que poder ou em nome de quem fizestes vós isto?
8 Então Pedro, cheio do Espírito Santo, lhes disse: Autoridades do povo e vós, anciãos,
9 se nós hoje somos inquiridos acerca do benefício feito a um enfermo, e do modo como foi curado,
10 seja conhecido de vós todos, e de todo o povo de Israel, que em nome de Jesus Cristo, o nazareno, aquele a quem vós crucificastes e a quem Deus ressuscitou dentre os mortos, nesse nome está este aqui, são diante de vós.
11 Ele é a pedra que foi rejeitada por vós, os edificadores, a qual foi posta como pedra angular.
12 E em nenhum outro há salvação; porque debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, em que devamos ser salvos.
13 Então eles, vendo a intrepidez de Pedro e João, e tendo percebido que eram homens iletrados e indoutos, se admiravam; e reconheciam que haviam estado com Jesus.
14 E vendo em pé com eles o homem que fora curado, nada tinham que dizer em contrário.
15 Todavia, mandando-os sair do sinédrio, conferenciaram entre si,
16 dizendo: Que havemos de fazer a estes homens? porque a todos os que habitam em Jerusalém é manifesto que por eles foi feito um sinal notório, e não o podemos negar.
17 Mas, para que não se divulgue mais entre o povo, ameacemo-los para que de ora em diante não falem neste nome a homem algum.
18 E, chamando-os, ordenaram-lhes que absolutamente não falassem nem ensinassem em nome de Jesus.
19 Mas Pedro e João, respondendo, lhes disseram: Julgai vós se é justo diante de Deus ouvirmos antes a vós do que a Deus;
20 pois nós não podemos deixar de falar das coisas que temos visto e ouvido.
21 Mas eles ainda os ameaçaram mais, e, não achando motivo para os castigar, soltaram-nos, por causa do povo; porque todos glorificavam a Deus pelo que acontecera;
22 pois tinha mais de quarenta anos o homem em quem se operara esta cura milagrosa.
23 E soltos eles, foram para os seus, e contaram tudo o que lhes haviam dito os principais sacerdotes e os anciãos.
24 Ao ouvirem isto, levantaram unanimemente a voz a Deus e disseram: Senhor, tu que fizeste o céu, a terra, o mar, e tudo o que neles há;
25 que pelo Espírito Santo, por boca de nosso pai Davi, teu servo, disseste: Por que se enfureceram os gentios, e os povos imaginaram coisas vãs?
26 Levantaram-se os reis da terra, e as autoridades ajuntaram-se à uma, contra o Senhor e contra o seu Ungido.
27 Porque verdadeiramente se ajuntaram, nesta cidade, contra o teu santo Servo Jesus, ao qual ungiste, não só Herodes, mas também Pôncio Pilatos com os gentios e os povos de Israel;
28 para fazerem tudo o que a tua mão e o teu conselho predeterminaram que se fizesse.
29 Agora pois, ó Senhor, olha para as suas ameaças, e concede aos teus servos que falem com toda a intrepidez a tua palavra,
30 enquanto estendes a mão para curar e para que se façam sinais e prodígios pelo nome de teu santo Servo Jesus.
31 E, tendo eles orado, tremeu o lugar em que estavam reunidos; e todos foram cheios do Espírito Santo, e anunciavam com intrepidez a palavra de Deus.
32 Da multidão dos que criam, era um só o coração e uma só a alma, e ninguém dizia que coisa alguma das que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns.
33 Com grande poder os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça.
34 Pois não havia entre eles necessitado algum; porque todos os que possuíam terras ou casas, vendendo-as, traziam o preço do que vendiam e o depositavam aos pés dos apóstolos.
35 E se repartia a qualquer um que tivesse necessidade.
36 Então José, cognominado pelos apóstolos Barnabé (que quer dizer, filho da consolação), levita, natural de Chipre,
37 possuindo um campo, vendeu-o, trouxe o preço e o depositou aos pés dos apóstolos.” (Atos 4.1-37)