A Expansão da Igreja em Jerusalém – Atos 5
Até o final do capítulo sétimo de Atos nós temos o relato de como a Igreja foi fundada em Jerusalém, e a partir do capítulo oitavo, nós temos o evangelho se espalhando por todas as partes da Judeia, Samaria e pelo mundo conhecido de então, desde a dispersão da Igreja por causa da perseguição, que foi empreendida contra os cristãos a partir do martírio de Estevão.
Neste quinto capítulo, nós temos o relato como Deus fez a Igreja se expandir em Jerusalém.
O capítulo começa com um juízo do Senhor contra duas pessoas da própria Igreja, de maneira que todos temessem e respeitassem o Espírito Santo que estava sendo derramado, e particularmente que fosse reconhecido pelos cristãos, que os apóstolos estavam revestidos de autoridade do Espírito para dirigirem a Igreja, e que estavam dotados de modo especial do dom de discernimento de espíritos; de maneira que lhes foi revelado pelo Espírito Santo o que Ananias e Safira haviam feito, os quais tentariam desautorizar os apóstolos quanto à autoridade que lhes havia sido dada por Cristo.
Caso não fossem julgados daquela forma extrema por Deus, certamente se gloriariam do fato de terem ludibriado os apóstolos, mas na verdade, estariam tentando ludibriar o próprio Espírito que estava nos apóstolos, e que lhes havia dado a direção de receberem ofertas de vendas de propriedades dos cristãos abastados, para que os cristãos pobres pudessem ser socorridos em suas necessidades.
Aquelas ofertas seriam voluntárias segundo aqueles que fossem movidos pelo Espírito.
Os sinais e maravilhas que os apóstolos estavam fazendo eram de pura misericórdia, mas agora nós temos, no caso de Ananias e de Safira, um milagre de julgamento, como um exemplo da severidade que segue os exemplos de bondade, revelando que Deus é tanto bondade e amor, quanto Juiz, que deve ser temido.
A Igreja estava começando, o Espírito Santo havia sido derramado inaugurando uma Nova Aliança há muito pouco tempo, e Deus não permitiria naquela ocasião de formação da Igreja, que o ministério do Espírito fosse ridicularizado, abusado, desrespeitado pelos cristãos, e cremos que este foi o motivo principal daquele juízo extremo sobre Ananias e Safira.
Devemos lembrar que de igual modo, quando Moisés havia saído do Egito, Deus agiu de forma parecida com Datã, Coré e Abirão, para que o ministério que dera a Moisés e a Arão não fosse contestado pelos israelitas.
De igual modo agiu com Acã, quando Josué assumiu a liderança de Israel no lugar de Moisés.
Assim, toda nova frente de trabalho do evangelho pode deixar alguns expostos a julgamentos da parte de Deus, para que aqueles que foram levantados por Ele não venham a serem desqualificados pelos insubordinados, quanto à posição de liderança na qual foram investidos pelo Senhor.
Deus sempre agirá segundo a Sua soberania e misericórdia, mas este é um risco do qual os cristãos deveriam se cuidar, de não serem achados eles próprios como sendo uma pedra de tropeço, para uma frente de trabalho que Cristo esteja abrindo, porque é certo que Ele tratará com todos aqueles que tentarem fechar a porta que Ele abriu à pregação da Sua Palavra.
Satanás usando a própria cobiça de Ananias encheu o seu coração e não somente lhe sugeriu que fizesse o que fez, como lhe deu a resolução necessária para que o fizesse.
Tudo o que é contrário ao bom Espírito Santo de Deus procede do Maligno, e os corações que estão apegados ao mundo são os corações nos quais Satanás reina.
Ananias entristeceu o Espírito com o seu pecado, e assim Satanás pôde prevalecer contra ele.
O diabo é o pai da mentira, e foi assim um espírito de mentira na boca de Ananias fazendo-o mentir contra o Espírito Santo.
A Palavra na boca dos apóstolos era a verdade, e o diabo tentaria mostrar através de Ananias que não era verdadeira, e que eles não falavam de fato da parte de Deus.
Ananias, debaixo do engano do diabo, pretendia desmentir o Espírito na boca dos apóstolos, e se aquilo vingasse poderia por a perder toda a obra que estava sendo realizada por eles, porque importa dar crédito à Palavra de Deus na boca dos seus servos escolhiudos, para que possamos ser salvos e abençoados.
Então o juízo sobre Ananias e Safira serviria para fazer exatamente o oposto, ou seja, a trazer grande temor e respeito aos apóstolos, por parte de todos os muitos cristãos que estavam se convertendo.
Aquele ato de se trazer o dinheiro resultante da venda das propriedades aos pés dos apóstolos, está bastante claro no texto bíblico, que foi algo movido e inspirado pelo Espírito, naquela oportunidade, certamente o que foi afirmado e declarado pelos próprios apóstolos.
E caso a mentira de Ananias e de Safira não fosse revelada a Pedro pelo próprio Espírito, a autoridade apostólica, e a palavra deles estaria sendo desautorizada, porque certamente o mesmo diabo que encheu o coração de ambos a fazerem o que haviam feito, seria o mesmo a levá-los a afirmar que não era verdadeira a palavra dos apóstolos, como sendo a do Espírito Santo através das suas bocas, porque lhes haviam ludibriado e escapado – daí o juízo que veio sobre eles.
Deus continuou confirmando que a Sua Palavra na boca dos apóstolos era a verdade, fazendo também muitos milagres por meio deles (At 5.12).
Muitos sinais e milagres de misericórdia foram feitos pelas mãos deles, entre um único de julgamento contra Ananias e Safira.
Agora o poder do evangelho voltou a seu próprio canal que é este de misericórdia e graça.
Deus tinha saído do Seu lugar para castigar, mas agora havia retornado ao Seu trono de graça e misericórdia para oferecer o perdão e remissão dos pecados pela pregação do evangelho.
Mas nada Lhe impede que vez por outra deixe o trono de graça para exercer juízos como por exemplo como os que trouxera contra os cristãos rebeldes da igreja de Corinto.
De modo que nunca sejamos incentivados a abusar da Sua graça, longanimidade e misericórdia para conosco.
Satanás, o destruidor do gênero humano, sempre foi e será, um adversário para aqueles que são benfeitores do gênero humano; e teria sido estranho se os apóstolos tivessem ensinado e curado sem terem qualquer opositor levantado pelo diabo.
Os sacerdotes estavam enfurecidos e cheios de inveja e colocaram os apóstolos na prisão.
Cristo e o seu evangelho são um tormento para os seus inimigos. E a inveja mata estes tolos.
Mas Deus enviou o seu anjo para libertá-los e renovar a comissão deles de pregar o evangelho.
E lhes ordenou que o fizessem diante dos seus próprios inimigos, a saber, nas imediações do templo.
Os poderes das trevas lutaram contra eles, mas o Pai das luzes lutava por eles e lhes enviou um anjo para libertá-los.
Ainda hoje, mesmo que não vejamos com nossos olhos, os anjos de Deus ministram em nosso favor para nos libertarem dos nossos inimigos, que na verdade são inimigos de Cristo e do seu evangelho.
O anjo ordenou aos apóstolos que pregassem com resolução diante da face dos seus inimigos todas as palavras desta vida.
Importa pregar a vida eterna enquanto muitos se levantam a serviço do diabo para tentarem manter as almas no estado de morte espiritual em que se encontram, e que sem Cristo, se tornará em morte eterna.
Mesmo sabendo do risco que correriam, os apóstolos obedeceram ao Senhor e pregaram debaixo das narinas dos sacerdotes, e alguém foi levar a notícia a eles, e mais uma vez os apóstolos foram presos.
Quanto à prisão dos apóstolos por uma segunda vez, nós podemos pensar quanto ao que Deus tinha planejado.
Por que eles foram libertados da sua primeira prisão?
Mas isto foi projetado para humilhar o orgulho, e ao mesmo tempo conter a fúria, dos seus perseguidores; e agora Deus mostraria que estavam realmente comissionados por Ele para pregarem o evangelho porque não temeram o que poderia lhes suceder, e estavam prontos a obedecer-Lhe aparecendo diante dos seus maiores inimigos.
Foi do mesmo modo que os puritanos e Wesley e os primeiros metodistas pregaram o evangelho em seus dias, a saber, debaixo de muita perseguição em que levaram até mesmo pedradas.
E sempre que Deus levanta um ponto de pregação do evangelho, debaixo da Sua própria ordenação estas perseguições e alvoroços sempre ocorrem, e são motivo de nos gloriarmos nelas, tal como os apóstolos se regozijaram por estarem sofrendo perseguições e sofrimentos, por causa do nome de Cristo, conforme vemos no final deste quinto capítulo de Atos.
A resposta dos apóstolos aos que lhes haviam prendido não denota nenhum rancor contra eles por lhes estarem maltratando e perseguindo o evangelho de Cristo, tentando impedir o avanço da obra do Senhor, porque se não guardassem o seu coração na pureza, paciência e no amor, nas perseguições que estavam sofrendo dos homens, e que eram originadas no inferno, perderiam o poder do Espírito, que atuava neles, e não teriam como prosseguir com a obra, e este era o principal intento de Satanás com aquelas perseguições.
Deus tinha lhes ordenado que ensinassem no nome de Cristo, e então eles deveriam fazer isto, entretanto os sacerdotes lhes tivessem proibido.
O diabo ousa tentar intimidar muitos que são levantados de forma independente para sustentarem o testemunho do verdadeiro evangelho, tal como fizera contra os puritanos e Wesley.
Eles sempre insinuarão ou perguntarão diretamente com que autorização de qual denominação ou organização eclesiástica eles estão pregando a Palavra.
Mas tal como todos os grandes pregadores do passado fizeram, devemos seguir adiante e não darmos respostas a eles e nem nos intimidarmos com a tentativa do inferno de desautorizar a comissão e autoridade que recebemos do Senhor, e que não pode ser recebida de nenhuma autoridade eclesiástica humana, seja ela pessoal ou institucional.
Lembremos que as próprias autoridades religiosas de Israel, que deveriam se colocar na defesa do evangelho, estavam se opondo duramente a ele.
Então não é por se pertencer a esta ou aquela organização eclesiástica que se pode discernir uma verdadeira obra de Deus, senão somente pelo Espírito.
Jesus havia alertado os apóstolos quanto à perseguição que eles sofreriam, e nós devemos também estar sempre lembrados disto para que não percamos a coragem, o amor e a moderação que nos são dados pelo Espírito para fazermos a obra de Deus.
Veja a quantas aflições e tribulações estão expostos os servos de Cristo!
Especialmente aqueles que sofrem por causa do testemunho do evangelho.
Desta forma, o propósito dos que pregam não é o de removerem as aflições e tribulações daqueles que aceitam a Cristo, ao contrário, em alguns casos elas até aumentarão; mas devemos ter bom ânimo e firmeza de fé porque de todas as aflições de Seus servos por causa do evangelho o Senhor os livrará conforme tem prometido.
Muitos que haviam sido curados pelos apóstolos e se convertido a Cristo estavam cheios de problemas em suas vidas, mas o Senhor os recebeu, e os apóstolos lhes ensinaram que era necessário perseverarem na fé, ainda que diante de todas as pressões que o diabo estava fazendo contra eles e contra aqueles que lideravam o trabalho missionário.
O Senhor é benigno e misericordioso e não se recusará a ajudar a qualquer que se arrependa verdadeiramente dos seus maus caminhos, ou que esteja sofrendo por causa de estar vivendo fielmente perante Ele.
Tal como os apóstolos fizeram em sua resposta aos sacerdotes, devemos dizer às pessoas que se opõem ao evangelho de Cristo, que foi por causa do pecado delas que Ele teve que ir para a cruz, e não devemos dar-lhes nenhuma desculpa de estarmos pregando uma doutrina que não lhes agrada e que tentam obstruir a sua pregação.
Devemos lhes dizer que temos recebido tal ordem de Deus de pregarmos a todas as pessoas, mas nenhum inimigo de Deus e do evangelho está sendo obrigado por Ele a ter que ouvir a nossa pregação ou se colocar debaixo da ministração do Espírito Santo.
Assim, não têm do que se queixar, porque o evangelho é para aqueles que se entregam voluntariamente a Cristo e por amor a Ele.
Não se trata de nenhuma religião que está sendo imposta a outros contra a sua vontade.
Ninguém está obrigado a permanecer num lugar de adoração pública contra a sua vontade.
A resposta dos apóstolos aos sacerdotes foi que importava obedecer antes a Deus do que a eles, meros homens, porque Deus havia ressuscitado a Jesus, ao qual eles haviam matado na cruz, mas Deus o elevou a Príncipe e Salvador, para dar a Israel o arrependimento e remissão de pecados, e eles haviam sido testemunhas destas coisas bem como todos os demais discípulos, que haviam recebido o Espírito Santo, por terem obedecido a Deus.
Como não era este o caso dos sacerdotes eles se enfureceram e queriam matar os apóstolos ao ouvirem tais palavras.
Por isso se diz neste capítulo que os sacerdotes e saduceus prenderam os apóstolos por inveja deles porque muitas curas miraculosas estavam sendo realizadas por Deus através deles, a ponto de até mesmo a sombra de Pedro estar curando enfermos.
Deus revelava assim que era com os apóstolos que Ele estava operando e não com os sacerdotes que se tinham na conta dos verdadeiros religiosos com autoridade e direito para falar da parte de Deus a Israel.
No entanto, não havia sinal de qualquer vida do amor, poder e santificação do Espírito Santo em suas vidas.
O mesmo sempre ocorreu em toda a história da Igreja, e seria de se admirar que não ocorresse ainda em nossos dias toda vez que o Senhor esteja operando poderosamente através de um grupo de cristãos que Ele tenha levantado para pregar a Sua Palavra.
Devemos, como os apóstolos, dizer mesmo aos nossos inimigos, que foi por causa dos seus pecados que Jesus morreu na cruz, mas que Deus ordenou que em nome dEle e por causa da Sua morte, fosse oferecido o arrependimento e a remissão dos seus pecados por se unirem Àquele que ressuscitou dos mortos e foi exaltado para ser o nosso Príncipe e Salvador.
Quão preciosa é uma única alma para Deus quando é salva por Cristo.
Satanás sabe disto e por este motivo luta terrivelmente para tentar obstruir a obra de pregação da Palavra.
Aqueles que frequentam lugares de adoração pública devem ser alertados quanto a isto, para que não venham a deixar de manter uma posição de firmeza de fé na Igreja, por causa das acusações que o diabo lança contra eles e contra aqueles que foram levantados por Cristo para lhes pregar o evangelho.
Devem estar atentos a isto a bem de suas próprias almas, de maneira que não venham a serem enganados pelo diabo e por aqueles que são usados por ele como seus servos, sendo em sua grande maioria, eles próprios, também enganados por Satanás, com a convicção de que estão fazendo um grande serviço para Deus ao se oporem aos cristãos.
Estes, tanto quanto o diabo, já estão julgados pelos seus próprios pecados, e não devemos portanto dar justificativas a quem não pretende se arrepender dos seus pecados, senão apenas se opor à pregação da verdade.
Lembremos sempre que o Espírito Santo não é dado a rebeldes que se opõem à vontade de Deus revelada na Bíblia, senão somente àqueles que são obedientes à Sua vontade.
Não tentemos convencer a quem não quer ser convencido, e a propósito este trabalho de convencimento só pode ser realizado pelo Espírito Santo naqueles que se submetem a Cristo.
Veja que é dito nos versos 13 e 14 que o povo tinha os apóstolos em grande estima, isto é, as pessoas simples, mas que aqueles que não eram humildes e que se achavam elevados a seus próprios olhos não ousavam ajuntar-se a eles, e dentre estes estavam muitos sacerdotes, escribas, saduceus e fariseus.
Foi e será sempre assim porque não são as coisas elevadas ou aqueles que se julgam alguma coisa, que foram chamados por Deus, senão os que são pobres de espírito, e que dão a devida glória a Jesus em seu modo de vida e orações, sabendo que não propriamente nós, mas somente Ele, pode livrar os homens da condenação eterna e socorrê-los em suas necessidades, especialmente as espirituais.
É Ele mesmo que agrega à Igreja os cristãos que vão sendo salvos por Ele, sejam homens ou mulheres, e não propriamente qualquer pessoa deste mundo, nem mesmo os Seus servos verdadeiros, que são apenas instrumentos em Suas mãos, no poder do Espírito Santo.
O final deste quinto capítulo nos comprova que a par de toda oposição que possamos sofrer, devemos continuar com a obra que Deus nos designou a fazer, sabendo que Ele mesmo a fará prosperar apesar de todos os inimigos de Cristo e do evangelho, que forem levantados por Satanás.
Será a Deus que eles terão que prestar contas, e não a nós, no dia do Juízo, caso não venham a se converter com a nossa pregação, que visa ao bem eterno das almas de todas as pessoas, inclusive destes perseguidores.
Os perseguidores dos que estão a serviço de Cristo, que não se arrependem, estão cavando a própria cova em que estão sendo enterrados.
Daí o conselho de Gamaliel aos sacerdotes para que não se metessem com homens como aqueles, para que não viessem a se achar lutando contra Deus, para o próprio dano deles.
Deus fará com que as perseguições dos inimigos de Cristo contribuam ainda mais para o avanço do evangelho e para a confirmação e aumento da fé dos Seus servos, e é por isso que permite que tais perseguições ocorram, para nos dar a plena certeza de que estamos de fato agindo em Seu nome, porque o diabo não tem tempo para desperdiçar com aqueles que não estão causando qualquer dano ao seu reino infernal.
As perseguições nos unirão ainda mais e nos moverão a buscarmos respostas e socorro em Deus, e assim, o diabo acaba contribuindo ainda que indiretamente, para o nosso crescimento espiritual, conforme é do propósito de Deus.
Por isso os apóstolos pregavam todos os dias e ensinavam a Palavra de casa em casa, porque haviam sido proibidos pelos sacerdotes de falarem o nome de Jesus.
Devemos fazer como eles, quando percebermos que o Inimigo pretende nos intimidar para não continuarmos pregando o evangelho.
É aí que devemos pregar ainda mais e com muito maior fervor, sabendo o quanto ele está contrariado com a nossa fidelidade ao Senhor, e o nosso amor pelas almas que se encontram sem salvação.
“1 Mas um certo homem chamado Ananias, com Safira, sua mulher, vendeu uma propriedade,
2 e reteve parte do preço, sabendo-o também sua mulher; e levando a outra parte, a depositou aos pés dos apóstolos.
3 Disse então Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e retivesses parte do preço do terreno?
4 Enquanto o possuías, não era teu? e vendido, não estava o preço em teu poder? Como, pois, formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus.
5 E Ananias, ouvindo estas palavras, caiu e expirou. E grande temor veio sobre todos os que souberam disto.
6 Levantando-se os moços, cobriram-no e, transportando-o para fora, o sepultaram.
7 Depois de um intervalo de cerca de três horas, entrou também sua mulher, não sabendo o que havia acontecido.
8 E perguntou-lhe Pedro: Dize-me: Vendestes por tanto aquele terreno? E ela respondeu: Sim, por tanto.
9 Então Pedro lhe disse: Por que é que combinastes entre vós provar o Espírito do Senhor? Eis aí à porta os pés dos que sepultaram o teu marido, e te levarão também a ti.
10 Imediatamente ela caiu aos pés dele e expirou. E entrando os moços, acharam-na morta e, levando-a para fora, sepultaram-na ao lado do marido.
11 Sobreveio grande temor a toda a igreja e a todos os que ouviram estas coisas.
12 E muitos sinais e prodígios eram feitos entre o povo pelas mãos dos apóstolos. E estavam todos de comum acordo no pórtico de Salomão.
13 Dos outros, porém, nenhum ousava ajuntar-se a eles; mas o povo os tinha em grande estima;
14 e cada vez mais se agregavam cristãos ao Senhor em grande número tanto de homens como de mulheres,
15 a ponto de transportarem os enfermos para as ruas, e os porem em leitos e macas, para que ao passar Pedro, ao menos sua sombra cobrisse alguns deles.
16 Também das cidades circunvizinhas afluía muita gente a Jerusalém, conduzindo enfermos e atormentados de espíritos imundos, os quais eram todos curados.
17 Levantando-se o sumo sacerdote e todos os que estavam com ele (isto é, a seita dos saduceus), encheram-se de inveja,
18 deitaram mão nos apóstolos, e os puseram na prisão pública.
19 Mas de noite um anjo do Senhor abriu as portas do cárcere e, tirando-os para fora, disse:
20 Ide, apresentai-vos no templo, e falai ao povo todas as palavras desta vida.
21 Ora, tendo eles ouvido isto, entraram de manhã cedo no templo e ensinavam. Chegando, porém o sumo sacerdote e os que estavam com ele, convocaram o sinédrio, com todos os anciãos dos filhos de Israel, e enviaram guardas ao cárcere para trazê-los.
22 Mas os guardas, tendo lá ido, não os acharam na prisão; e voltando, lho anunciaram,
23 dizendo: Achamos realmente o cárcere fechado com toda a segurança, e as sentinelas em pé às portas; mas, abrindo-as, a ninguém achamos dentro.
24 E quando o capitão do templo e os principais sacerdotes ouviram estas palavras ficaram perplexos acerca deles e do que viria a ser isso.
25 Então chegou alguém e lhes anunciou: Eis que os homens que encerrastes na prisão estão no templo, em pé, a ensinar o povo.
26 Nisso foi o capitão com os guardas e os trouxe, não com violência, porque temiam serem apedrejados pelo povo.
27 E tendo-os trazido, os apresentaram ao sinédrio. E o sumo sacerdote os interrogou, dizendo:
28 Não vos admoestamos expressamente que não ensinásseis nesse nome? e eis que enchestes Jerusalém dessa vossa doutrina e quereis lançar sobre nós o sangue desse homem.
29 Respondendo Pedro e os apóstolos, disseram: Importa antes obedecer a Deus que aos homens.
30 O Deus de nossos pais ressuscitou a Jesus, ao qual vós matastes, suspendendo-o no madeiro;
31 sim, Deus, com a sua destra, o elevou a Príncipe e Salvador, para dar a Israel o arrependimento e remissão de pecados.
32 E nós somos testemunhas destas coisas, e bem assim o Espírito Santo, que Deus deu àqueles que lhe obedecem.
33 Ora, ouvindo eles isto, se enfureceram e queriam matá-los.
34 Mas, levantando-se no sinédrio certo fariseu chamado Gamaliel, doutor da lei, acatado por todo o povo, mandou que por um pouco saíssem aqueles homens;
35 e prosseguiu: Varões israelitas, acautelai-vos a respeito do que estais para fazer a estes homens.
36 Porque, há algum tempo, levantou-se Teudas, dizendo ser alguém; ao qual se ajuntaram uns quatrocentos homens; mas ele foi morto, e todos quantos lhe obedeciam foram dispersos e reduzidos a nada.
37 Depois dele levantou-se Judas, o galileu, nos dias do recenseamento, e levou muitos após si; mas também este pereceu, e todos quantos lhe obedeciam foram dispersos.
38 Agora vos digo: Dai de mão a estes homens, e deixai-os, porque este conselho ou esta obra, caso seja dos homens, se desfará;
39 mas, se é de Deus, não podereis derrotá-los; para que não sejais, porventura, achados até combatendo contra Deus.
40 Concordaram, pois, com ele, e tendo chamado os apóstolos, açoitaram-nos e mandaram que não falassem em nome de Jesus, e os soltaram.
41 Retiraram-se pois da presença do sinédrio, regozijando-se de terem sido julgados dignos de sofrer afronta pelo nome de Jesus.
42 E todos os dias, no templo e de casa em casa, não cessavam de ensinar, e de anunciar a Jesus, o Cristo.” (Atos 5.1-42)