Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos
Homens Cheios de Sabedoria
e do Espírito Santo – Atos 6
Muitos se perguntam como puderam os apóstolos darem conta da assistência a um rebanho que contava pelo menos, até a altura da narrativa deste sexto capítulo do Livro de Atos, com mais de cinco mil cristãos.
Não podemos esquecer que naqueles dias não havia planos governamentais de previdência para atender à sociedade; e assim aquelas viúvas que não tivessem filhos ou parentes próximos para sustentá-las, se encontravam em sérias dificuldades para sobreviverem.
Um grande número destas viúvas e outras pessoas necessitadas como elas vieram a abraçar a fé, e isto explica o motivo de terem os cristãos que tinham recursos, vendido suas propriedades e entregue o dinheiro aos apóstolos para que fossem assistidos especialmente estes necessitados.
Em princípio, os apóstolos devem ter tentado, eles próprios, se encarregarem deste serviço assistencial, entretanto, como eram muitos os cristãos espalhados por todas as partes de Jerusalém, e muitos deles que eram inclusive de outras nações, como por exemplo, os muitos daqueles que se converteram dentre aqueles três mil que se encontravam na festa de Pentecostes, não seria de se esperar que os próprios apóstolos pudessem dar conta adequadamente da distribuição dos recursos arrecadados, em razão da principal missão deles de pregarem o evangelho e de orarem pela Igreja.
Então, quando foi constatado que as viúvas cristãs, que não haviam nascido em Israel, não estavam recebendo a mesma atenção que as viúvas hebreias, e vendo os doze apóstolos que eles não podiam cuidar da supervisão direta daquela assistência, convocaram uma reunião de toda a Igreja, de maneira que os próprios discípulos escolhessem não por votação democrática, mas na direção do Espírito, sete homens que fossem de boa reputação, cheios de sabedoria e do Espírito Santo, para serem os responsáveis pela administração daquele serviço de assistência aos necessitados.
Os escolhidos deveriam portanto atender a estes três critérios estabelecidos pelos apóstolos:
1 –Primeiro, teriam que ser de boa reputação: isto significa que deveriam ser pessoas de honestidade publicamente reconhecida, e que fossem irrepreensíveis.
Homens de verdade, dedicados a servir o próximo e cujo testemunho de vida fosse compatível com a função em que seriam investidos.
Homens firmes, ousados, corajosos, mas também compadecidos e moderados.
2 – Em segundo lugar, deveriam ser cheios do Espírito Santo: os escolhidos deveriam ter santidade de vida, porque sem isto não se pode ser cheio do Espírito.
E não sendo cheio do Espírito seria impossível ter a instrução e direção do Espírito, para poderem discernir entre quem deveria ser socorrido ou não, e a maneira como isto deveria ser feito.
3 – E finalmente, em terceiro lugar, deveriam ser cheios de sabedoria: não a sabedoria deste mundo, mas a sabedoria relativa ao conhecimento da vontade de Deus, e o fruto do Espírito, que faz parte desta sabedoria, especialmente mansidão, longanimidade, misericórdia, bondade, domínio próprio.
As duas grandes ordenações do evangelho são a Palavra e a oração; porque é por estes dois que a comunhão entre Deus e os cristãos é mantida.
Pela Palavra Ele fala com eles, e através da oração eles falam com Deus.
Os pastores devem ser a boca de Deus para as pessoas no ministério da Palavra, e a boca das pessoas para Deus na oração.
Contudo devemos lembrar que a graça de Deus pode fazer tudo sem a nossa oração, mas nossas orações nada podem fazer sem a graça de Deus.
Os apóstolos foram dotados com dons extraordinários do Espírito Santo, línguas e milagres; e ainda assim tinham que orar incessantemente e pregar a Palavra para que a igreja pudesse ser edificada.
Os ministros do evangelho, que são seus sucessores, estão encarregados por Deus deste mesmo dever, e não pode haver edificação e progresso na obra, onde isto estiver faltando.
Veja que os apóstolos tiveram que tomar esta decisão de serem levantados diáconos porque o número de discípulos havia aumentado muito (At 6.1).
Além disto tudo, nós aprendemos que na melhor Igreja organizada do mundo sempre haverá algo extraviado, alguma ou outra má administração, algumas queixas; em pequeno ou grande grau.
Nós temos que ter paciência para conviver com isto e contar com a ajuda de Deus para não permitir que o rebanho seja perturbado por questões relativas aos problemas e necessidades particulares dos membros da Igreja.
Outra lição importante que nós aprendemos deste relato das Escrituras é que os apóstolos não escolheram arbitrariamente as pessoas, mas estabeleceram critérios para que os próprios discípulos escolhessem dentre eles aqueles que conheciam como sendo as pessoas que preenchiam aqueles critérios, que foram estabelecidos não propriamente pelos apóstolos, mas pelo Espírito Santo.
Na multidão de conselheiros há sabedoria, e assim o parecer dos apóstolos agradou a todos, e eles próprios elegeram homens do quilate de um Estevão, que logo adiante é descrito como sofreu o martírio, por causa do testemunho poderoso que dava de Cristo; e Filipe, que tão bem desempenhou o serviço do diaconato, e era tão consagrado ao Senhor e cheio do Espírito, que foi investido na função de evangelista; não como uma forma de promoção, mas de reconhecimento de que havia nele outros dons espirituais que o qualificavam para a fundação de igrejas juntamente com os apóstolos; da mesma maneira como Timóteo, Tito e outros foram levantados como evangelistas junto ao apóstolo Paulo.
Foi Filipe um dos pioneiros da fundação da Igreja em Samaria (Atos 8.5), e evangelizou muitas cidades até Azoto, chegando a Cesareia, onde passou a residir (At 8.40; 21.8).
Dos demais sete escolhidos não temos maiores referências no Novo Testamento, mas pelos seus nomes gregos, podemos deduzir que houve sabedoria na escolha deles, porque a reclamação era da parte dos cristãos helenistas (de fala grega, não naturais de Israel); e isto serviria para calar alguma língua ainda porventura maldizente, de que estava havendo um tratamento parcial dos apóstolos, para favorecer os cristãos de Jerusalém.
Deve haver paz e unidade na Igreja para que a obra possa prosseguir.
O Espírito não atuará na dimensão que deseja, caso falte tal unidade.
As demandas entre irmãos devem ser resolvidas, antes que nossas ofertas sejam aceitáveis a Deus.
As ovelhas devem acatar com apreço, e ter com amor e máxima consideração os seus pastores (I Tes 5.12, 13); não como quem se submete a chefes em empresas, mas com o mesmo amor sincero de filhos devotados a seus pais.
É assim que há paz na Igreja, e que Deus faz a obra do evangelho avançar.
Por isso, depois que os apóstolos oraram e impuseram suas mãos (v. 6) sobre os sete escolhidos, para que fossem revestidos do poder e autoridade do Espírito para o exercício da sua função, é dito logo em seguida, no verso 7, que a palavra de Deus era divulgada em toda parte, e que o número de discípulos aumentava muito em Jerusalém a ponto de até mesmo muitos sacerdotes terem se convertido.
Desta forma, mesmo entre aqueles que haviam resistido tenazmente a Cristo e aos apóstolos Deus tinha os Seus eleitos, que estavam se convertendo à fé, por causa do bom testemunho, e da maneira ordenada com que os discípulos andavam com singeleza de coração, e manifestações de amor práticas no cuidado de uns com os outros.
O nome Estevão (no original grego Estéfanos) é um indicativo de que ele fosse também um daqueles cristãos helenistas, que haviam se convertido ao evangelho.
Talvez tenha sido esta a razão de alguns da sinagoga chamada dos libertos, isto é, dos que eram da dispersão, tê-lo considerado um traidor e apóstata, que havia saído do próprio meio deles, para deixar de afirmar somente a santidade do templo e da cidade de Jerusalém; dizendo até mesmo que tanto o templo quanto a cidade santa seriam destruídos pelo próprio Deus.
O próprio Jesus havia profetizado isto, e eles não podiam suportar aquelas palavras, porque era para eles a mais alta traição aos interesses da nação de Israel.
Mas Estevão havia sido libertado daquele sentimento nacionalista, que misturava os interesses da religião com o do Estado de Israel.
Eles se levantaram então para confrontarem Estevão e tentariam lhe convencer de que ele estava agindo como um subversivo, que buscava destruir a religião de Israel.
Como eles não puderam resistir, isto é, contradizer os argumentos que Estevão lhes apresentou na sabedoria e poder do Espírito Santo, eles não se deram por vencidos e subornaram pessoas para que testemunhassem terem ouvido Estevão falando palavras blasfemas contra Moisés e contra Deus.
Eles agitaram o povo, os anciãos e os escribas contra Estevão, de maneira que o arrastaram para o sinédrio como um réu para ser julgado.
E a acusação apresentada pelas falsas testemunhas contra ele foi a de que Estevão não cessava de proferir palavras contra o santo lugar e contra a Lei de Moisés; porque ele afirmava que Jesus haveria de destruir aquele lugar santo (Jerusalém e o templo) e que mudaria os costumes da Lei de Moisés.
Mas Estevão blasfemou contra Moisés?
De nenhum modo.
Ele estava longe disto.
Cristo, e os pastores do evangelho nunca disseram qualquer coisa que fosse uma blasfêmia contra Moisés; ao contrário eles sempre citaram os Seus escritos, porque lhes foram revelados pelo próprio Cristo.
Então a acusação era falsa e injusta.
Seus acusadores é que estavam endurecidos e não conseguiam enxergar o propósito e plano de Deus para o mundo, e não somente para Israel.
Nós veremos no capitulo seguinte a honra que Estevão deu aos patriarcas e a Moisés, mas deixou bem claro que Abraão sequer era israelita quando foi justificado por Deus, mas de Ur dos caldeus.
Que a promessa que lhe foi feita pelo Senhor de lhe dar a terra de Canaã como herança para a sua descendência foi cumprida somente 400 anos depois, e que neste período o povo não estava se multiplicando em nenhuma terra santa, mas no Egito.
A propósito, o que Estevão queria mostrar é que não há para o Senhor, nenhuma terra santa e nenhum templo santo feito por mãos humanas, que Ele deva considerar como efetivamente para sempre santo, porque Deus não tem como lugar da Sua habitação nenhum templo feito por mãos humanas, e não tem considerada nenhuma terra em particular como uma parte do céu, porque todos os homens são pecadores, esta terra ainda se encontra debaixo da maldição que foi proferida por Ele contra ela no Éden.
Os próprios israelitas não obedeceram à Lei de Moisés, e por terem idolatrado, haviam sido expulsos de Canaã, e não seria pelo fato de Deus tê-los feito retornar para lá, que não poderiam ser expulsos novamente como Jesus havia profetizado, e como de fato ocorreu em 70 d.C.
Então eles não deveriam basear a santidade deles simplesmente por fazerem parte do povo de Israel, por habitarem na Canaã que foi prometida à descendência de Abraão, e nem sequer por terem um templo em Jerusalém, porque Deus mandou primeiro construir um tabernáculo, e não fez nenhuma questão que se construísse um templo, quando Davi manifestou tal desejo em seu coração.
O Senhor está interessado na construção de um templo vivo de pedras vivas do qual Jesus é a pedra de esquina.
Mas, a tradição religiosa e endurecimento de seus corações, por causa do orgulho nacionalista, lhes impedia de enxergarem estas verdades.
É no nosso próprio coração que o Senhor pretende edificar um templo santo, onde Ele possa habitar.
Estevão havia profetizado a destruição do templo de Jerusalém, por causa da impiedade dos judeus, tal como o Senhor havia feito pelos profetas do Velho Testamento quanto ao templo de Salomão.
E esta profecia foi revelada pelo próprio Jesus aos apóstolos.
Hoje ainda, Deus está dizendo que removerá o castiçal de muitos templos da Igreja de Laodiceia, e estes cristãos em vez de se arrependerem, voltam-se com fúria contra os profetas que o Senhor tem levantado nestes últimos dias para alertá-los, esquecidos que o juízo de Deus começa pela Sua própria casa.
É dito que todos os que estavam assentados no Sinédrio viram o rosto de Estevão como o de um anjo, ou seja, havia nele algo daquele mesmo brilho que foi visto na face de Moisés quando desceu o monte Sinai, e como poderia estar então falando contra Moisés, se o mesmo Deus que fizera o rosto de Moisés como o de um anjo, estava fazendo o rosto de Estevão brilhar diante deles?
Tal era a serenidade imperturbada, tal era a coragem destemida, e tal a mistura de mansidão e majestade, que havia no semblante de Estevão, que lhes foram dadas pelo Espírito, que todos disseram que ele parecia um anjo.
Sabedoria e santidade fazem a face de um homem brilhar, e ainda isto não os livrará das maiores infâmias e injúrias, tal como haviam feito com o próprio Cristo, e não é portanto nenhuma maravilha, que o brilho da face de Estevão não lhe tenha protegido da fúria dos seus inimigos.
Se fosse fácil provar que ele era culpado de ter colocado qualquer desonra em Moisés, Deus não teria posto a própria honra que dera a Moisés em Estevão, fazendo a sua face brilhar como a de um anjo do céu.
Assim eles não se deixariam convencer por esta evidência, como a maioria dos israelitas não havia se deixado convencer no passado e que haviam se levantado contra Moisés, intentando até mesmo matá-lo; porque não estavam suportando a vontade de Deus, que era transmitida a eles através do Seu servo.
Quão comum é se experimentar isto, a saber, que aqueles que Deus levanta para o bem dos homens, se tornem o alvo do ódio deles.
E quanto sofrem, estes instrumentos do Senhor, nas mãos daqueles cujos corações são governados pelo mal!
“1 Ora, naqueles dias, crescendo o número dos discípulos, houve uma murmuração dos helenistas contra os hebreus, porque as viúvas daqueles estavam sendo esquecidas na distribuição diária.
2 E os doze, convocando a multidão dos discípulos, disseram: Não é razoável que nós deixemos a palavra de Deus e sirvamos às mesas.
3 Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais encarreguemos deste serviço.
4 Mas nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra.
5 O parecer agradou a todos, e elegeram a Estevão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas, e Nicolau, prosélito de Antioquia,
6 e os apresentaram perante os apóstolos; estes, tendo orado, lhes impuseram as mãos.
7 E divulgava-se a palavra de Deus, de sorte que se multiplicava muito o número dos discípulos em Jerusalém e muitos sacerdotes obedeciam à fé.
8 Ora, Estêvão, cheio de graça e poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo.
9 Levantaram-se, porém, alguns que eram da sinagoga chamada dos libertos, dos cireneus, dos alexandrinos, dos da Cilícia e da Ásia, e disputavam com Estêvão;
10 e não podiam resistir à sabedoria e ao Espírito com que falava.
11 Então subornaram uns homens para que dissessem: Temo-lo ouvido proferir palavras blasfemas contra Moisés e contra Deus.
12 Assim excitaram o povo, os anciãos, e os escribas; e investindo contra ele, o arrebataram e o levaram ao sinédrio;
13 e apresentaram falsas testemunhas que diziam: Este homem não cessa de proferir palavras contra este santo lugar e contra a lei;
14 porque nós o temos ouvido dizer que esse Jesus, o nazareno, há de destruir este lugar e mudar os costumes que Moisés nos transmitiu.
15 Então todos os que estavam assentados no sinédrio, fitando os olhos nele, viram o seu rosto como de um anjo.” (Atos 6.1-15)
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Veja tudo sobre as Escrituras do Velho Testamento no seguinte link:
http://livrosbiblia.blogspot.com.br/
Veja tudo sobre as Escrituras do Novo Testamento no seguinte link:
http://livrono.blogspot.com.br/
A Igreja tem testemunhado a redenção de Cristo juntamente com o Espírito Santo nestes 2.000 anos de Cristianismo.
Veja várias mensagens sobre este testemunho nos seguintes links:
http://retornoevangelho.blogspot.com.br/
http://poesiasdoevangelho.blogspot.com.br/
A Bíblia também revela as condições do tempo do fim quando Cristo inaugurará o Seu reino eterno de justiça ao retornar à Terra. Com isto se dará cumprimento ao propósito final relativo à nossa redenção.
Veja a apresentação destas condições no seguinte link:
http://aguardandovj.blogspot.com.br/
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 14/12/2012
Alterado em 10/07/2014