Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos
Jerusalém, Judeia, Samaria, até aos Confins da Terra 
 
Por ocasião da conversão de Paulo, a grande maioria dos cristãos era ainda muito nova na fé, porque a Igreja tinha apenas cerca de um ano de existência, e assim, tinham ainda muito que aprender de Deus acerca do perdão, paciência, longanimidade, e misericórdia práticos em experiências reais em suas vidas, e não apenas por terem conhecimento intelectual acerca destas realidades espirituais, que são implantadas em nós, e que são aumentadas na nova natureza que recebemos na conversão. 
Pela mesma razão devemos ser pacientes com os novos convertidos.
Mas aqueles irmãos que tentam conciliar, depois de muitos anos no evangelho, uma vida religiosa misturada com o amor ao mundo e um andar segundo a carne, dificilmente poderão ser achados vivendo em verdadeira unidade espiritual, na comunhão do Espírito.          
É por isso que se diz que apesar de os cristãos da Igreja Primitiva serem ainda muito novos na fé, que viviam em comunhão, perseverando na doutrina dos apóstolos, e que apesar de todas as perseguições que estavam sofrendo, havia paz em toda a Igreja da Judeia, Galileia e Samaria, porque estava sendo edificada e andando no temor do Senhor, e havia uma clara operação do Espírito Santo naquela Igreja, que se multiplicava cada vez mais, exatamente por esta sinceridade da busca de um viver segundo a verdade.
Caso os cristãos não procurassem viver segundo a doutrina dos apóstolos, no poder do Espírito, de maneira alguma se poderia afirmar algo  acerca deles como é dito no verso 31 deste oitavo capítulo de Atos.
Então não é porque a Igreja é nova que é impossível viver na unidade do Espírito, mas pelo motivo de os cristãos continuarem tentando viver segundo o seu antigo modo de vida, se inclinando para as coisas do velho homem, em vez da nova natureza em Cristo Jesus. 
Deus sempre assistirá ao mais fraco dos cristãos na fé, desde que haja um sincero desejo em seu coração de se sujeitar à Sua vontade, por uma verdadeira consagração de sua vida, mas não iluminará o caminho e não continuará consolando e edificando no Espírito, até mesmo aqueles que se tornaram espirituais, e que por fim vêm a apostatar da Sua presença.   
Os que são inexperientes na fé, mas que são sinceros na sua busca de santificação, serão achados em comunhão com seus irmãos, que andam no mesmo caminho deles e com aqueles que são amadurecidos na fé. 
Mas os que andam desordenadamente, contra a vontade de Deus, por uma atitude deliberada em tal sentido, devem ser admoestados, e caso não se arrependam, devem ser considerados como gentios e publicanos, conforme ordenado pelo Senhor. 
Até esta altura do relato bíblico do nono capítulo de Atos nós não vemos nenhuma divisão na Igreja motivada por um viver carnal dos cristãos, conforme se vê no relato de Paulo em anos posteriores quanto à Igreja de Corinto, que viria a ser fundada por ele, não por alguma deficiência na forma do apóstolo conduzir aquela Igreja, mas pela própria obstinação e orgulho de muitos deles que não andavam segundo o Espírito, mas segundo a carne.   
Nós vemos no relato deste nono capítulo de Atos que os esforços de Paulo para a evangelização dos judeus estavam redundando em fracasso, primeiro porque o seu ministério não seria junto aos apóstolos em Jerusalém (circuncisão), mas junto aos gentios (incircuncisão); e segundo porque ele estava sendo considerado agora, tal como Estevão antes dele, como um traidor que havia deixado a sinagoga, e abandonado a sua carreira de fariseu e perseguidor da Igreja, para se juntar àqueles que antes ele perseguia.  
Ele havia sido também comissionado por Jesus para pregar aos judeus (At 9.15), conforme vemos nas palavras de esclarecimento que Ele havia dado a Ananias, para que fosse ter com Paulo e lhe impusesse as mãos, porque havia revelado em visão ao apóstolo que um certo Ananias lhe imporia as mãos para que pudesse recobrar a visão que havia perdido no caminho de Damasco, quando o Senhor lhe apareceu e falou com ele.
Mas estes judeus aos quais Paulo estava sendo enviado a pregar eram os da dispersão que viviam nas nações gentias, e não particularmente os da Igreja da circuncisão (Judeia) que se encontrava sob a supervisão dos apóstolos de Jerusalém.
Assim, este é outro aspecto importante a ser considerado na questão da unidade da Igreja, porque se há uma só Igreja, na verdade há espaços que são delimitados para a atuação dos cristãos, pelo próprio Senhor; de forma que ninguém venha a trabalhar sobre fundamento alheio; alheio não no sentido de não ser da mesma Igreja de Cristo, mas que esteja sob a supervisão de outros obreiros designados pelo Senhor para a realização da obra.   
De maneira que um presbítero da Igreja de Éfeso não tinha nenhuma autoridade direta sobre os cristãos da Igreja de Corinto e vice-versa, apesar de ambas terem sido fundadas pelo apóstolo Paulo.  
Então esta alegada unidade de todos os cristãos de todas as denominações, para que possam fazer o trabalho da Igreja, não é o tipo de unidade estabelecido por Cristo, segundo o critério divino, não de divisão de territórios, propriamente dito, mas de constituição de presbíteros sobre rebanhos específicos, de forma que é o Senhor mesmo quem une aqueles que devem estar reunidos para a realização da obra de evangelização.  
Paulo não tinha nenhuma autoridade, apesar de ser também apóstolo, sobre os cristãos da Igreja de Jerusalém, de maneira que pudesse convocar quem bem desejasse para estar com ele em seu ministério. 
Ele estava aprendendo isto de uma maneira dura quando tentou evangelizar os judeus tanto em Damasco, onde teve que escapar dos que intentavam matá-lo, sendo colocado num cesto para poder sair da cidade, sendo descido por um dos seus muros; como também quando tentou evangelizar os judeus junto com os apóstolos da circuncisão, que já se encontravam em Cristo, bem antes dele.
Ele estava aprendendo que as coisas na Igreja de Cristo não funcionam na base da autoridade do sinédrio que lhe havia dado autorização para perseguir os cristãos fora da Judeia.  
É o próprio Cristo que designa as áreas em que trabalharemos para Ele, e que reúne a nós as pessoas que devem estar sob o nosso ministério, e não propriamente nenhuma autoridade seja ela secular ou eclesiástica. 
Há um modo de se trabalhar na seara do Senhor, e este modo é dirigido por Ele próprio.
O Senhor disse a Ananias, que importava que Paulo padecesse muito por causa do Seu nome, não propriamente por ter sido um perseguidor da Igreja, mas por causa da extensão do ministério, que ele teria em várias partes do mundo, e que levantaria fortes oposições contra ele.
Além disso, seria a ele que caberia a maior parte da defesa da justificação pela graça, mediante a fé, para garantir a paz nas igrejas dos gentios, de maneira que não fossem chamados a viverem segundo os costumes dos judeus, como se fossem prosélitos do judaísmo.
Por exemplo, Paulo deveria garantir a liberdade deles do cumprimento de todas as leis cerimoniais da Lei de Moisés, que foram revogadas com a inauguração da Nova Aliança, e isto certamente despertaria, como de fato despertou, um forte ódio dos judeus contra ele, que resultou em ferozes perseguições contra a sua pessoa com o intuito de matá-lo; de maneira que até mesmo os judeus helenistas, que se encontravam em Jerusalém, não aceitaram o seu testemunho de Cristo (v. 29).      
Assim Paulo foi encaminhado pelos discípulos à sua cidade natal de Tarso, em face do insucesso dos seus esforços iniciais na evangelização, a par de todo o seu zelo sincero por Cristo.
Muitos judeus já estavam intentando matá-lo, desde o início da sua conversão, mas nada poderiam fazer contra ele porque havia sido chamado por Cristo para cumprir o ministério de apóstolo dos gentios, para dar testemunho a reis, e aos filhos de Israel.
Assim sucede com todos os que são chamados a cumprirem ministérios específicos.
Eles não partirão deste mundo, seja por perseguições, seja por enfermidades, até que tenha sido cumprido o desígnio de Deus em relação a eles.
Assim, o antigo e arrogante fariseu Saulo, estava sendo quebrado pelo Senhor em seu orgulho, e deveria ainda aprender muito acerca do evangelho, conforme Jesus lhe revelaria diretamente, mas primeiro ele precisou ser quebrado, para aprender a ouvir o Senhor e a estar verdadeiramente debaixo da dependência e obediência à Sua vontade.
Este talvez tenha sido um dos motivos dele ter-se retirado por algum tempo para as regiões da Arábia, conforme relata em Gál 1.17.
O insucesso inicial de Paulo é contrastado com o sucesso de Pedro naquela ocasião, conforme relatado nos versos finais deste capítulo (32 a 43).
Parece que o propósito do Espírito neste capítulo era exatamente este de demonstrar que o sucesso que Paulo viria a ter posteriormente não era devido ao seu próprio poder e capacidade, mas por ter aprendido a  fazer a obra de Deus no poder e dependência do Espírito, tal como Pedro também havia aprendido através de duras experiências, até mesmo com uma negação inicial de que conhecia a Cristo.   
Paulo não havia sido chamado para ser apenas um cristão, mas também um ministro, um apóstolo, um grande apóstolo, e então ele deveria ser subjugado de tal forma.
Veja que aqueles para os quais Cristo projeta uma grande honra, são primeiro, derrubados, humilhados, para que possam por fim ser exaltados.
Se o homem exterior não for quebrado, o homem interior não poderá ser fortalecido pelo Espírito.
Assim são relatadas algumas excursões de Pedro fora da região da Judeia, uma vez que o trabalho com os gentios seria feito pelos apóstolos da circuncisão, até que Paulo estivesse pronto para o trabalho que lhe havia sido designado pelo Senhor, e que começaria efetivamente somente cerca de 15 anos depois  de sua conversão, quando foi chamado juntamente com Barnabé pelo Espírito, quando servia à igreja de Antioquia, para saírem em projetos missionários junto aos gentios. 
Em Lida, Pedro foi usado para a cura de um paralítico  chamado Eneias, dizendo-lhe: “Eneias, Jesus Cristo te cura, levanta e faze a tua cama.”.
À vista deste milagre muitos se converteram ao Senhor em Lida e Sarona.
Indo para Jope Pedro foi usado para a ressurreição de uma serva do Senhor de nome Tabita (Dorcas), que tinha o testemunho de muitas obras e esmolas. 
O corpo de Tabita foi colocado num cenáculo, e Pedro fez com que todos saíssem, e pondo-se de joelhos orou, e voltando-se para o corpo da morta disse: “Tabita, levanta-te”.  
Muitos creram em Jope também no Senhor e na palavra do evangelho que era pregada, por causa da ressurreição de Tabita.
Depois disto Pedro ficou muitos dias ainda em Jope, hospedado na casa de um curtidor chamado Simão, na qual seria convocado para a conversão de Cornélio e de sua casa, conforme veremos no capítulo seguinte. 
Paulo viria a se tornar o campeão da defesa do evangelho da justificação pela graça, mediante a fé, e pôde trazer muitos pecadores aos pés de Cristo, porque havia entendido afinal o caráter de boas novas de grande alegria e salvação do evangelho, ao estar plenamente convicto que até mesmo um grande perseguidor da Igreja, como ele, havia sido perdoado por Cristo, e teve a condescendência da parte do Senhor, que veio ao seu encontro, para que pudesse tirá-lo do seu endurecimento legalista.
Ainda que o tenha feito de maneira muito impactante, fazendo com que ficasse cego por três dias, para que afinal pudesse enxergar a verdadeira luz que há no nosso amado Senhor Jesus.
 
 
 
 
“1 Saulo, porém, respirando ainda ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor, dirigiu-se ao sumo sacerdote,
2 e pediu-lhe cartas para Damasco, para as sinagogas, a fim de que, caso encontrasse alguns do Caminho, quer homens quer mulheres, os conduzisse presos a Jerusalém.
3 Mas, seguindo ele viagem e aproximando-se de Damasco, subitamente o cercou um resplendor de luz do céu;
4 e, caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues?
5 Ele perguntou: Quem és tu, Senhor? Respondeu o Senhor: Eu sou Jesus, a quem tu persegues;
6 mas levanta-te e entra na cidade, e lá te será dito o que te cumpre fazer.
7 Os homens que viajavam com ele quedaram-se emudecidos, ouvindo, na verdade, a voz, mas não vendo ninguém.
8 Saulo levantou-se da terra e, abrindo os olhos, não via coisa alguma; e, guiando-o pela mão, conduziram-no a Damasco.
9 E esteve três dias sem ver, e não comeu nem bebeu.
10 Ora, havia em Damasco certo discípulo chamado Ananias; e disse-lhe o Senhor em visão: Ananias! Respondeu ele: Eis-me aqui, Senhor.
11 Ordenou-lhe o Senhor: Levanta-te, vai à rua chamada Direita e procura em casa de Judas um homem de Tarso chamado Saulo; pois eis que ele está orando;
12 e viu um homem chamado Ananias entrar e impor-lhe as mãos, para que recuperasse a vista.
13 Respondeu Ananias: Senhor, a muitos ouvi acerca desse homem, quantos males tem feito aos teus santos em Jerusalém;
14 e aqui tem poder dos principais sacerdotes para prender a todos os que invocam o teu nome.
15 Disse-lhe, porém, o Senhor: Vai, porque este é para mim um vaso escolhido, para levar o meu nome perante os gentios, e os reis, e os filhos de Israel;
16 pois eu lhe mostrarei quanto lhe cumpre padecer pelo meu nome.
17 Partiu Ananias e entrou na casa e, impondo-lhe as mãos, disse: Irmão Saulo, o Senhor Jesus, que te apareceu no caminho por onde vinhas, enviou-me para que tornes a ver e sejas cheio do Espírito Santo.
18 Logo lhe caíram dos olhos como que umas escamas, e recuperou a vista: então, levantando-se, foi batizado.
19 E, tendo tomado alimento, ficou fortalecido. Depois demorou-se alguns dias com os discípulos que estavam em Damasco;
20 e logo nas sinagogas pregava a Jesus, que este era o filho de Deus.
21 Todos os seus ouvintes pasmavam e diziam: Não é este o que em Jerusalém perseguia os que invocavam esse nome, e para isso veio aqui, para os levar presos aos principais sacerdotes?
22 Saulo, porém, se fortalecia cada vez mais e confundia os judeus que habitavam em Damasco, provando que Jesus era o Cristo.
23 Decorridos muitos dias, os judeus deliberaram entre si matá-lo.
24 Mas as suas ciladas vieram ao conhecimento de Saulo. E como eles guardavam as portas de dia e de noite para tirar-lhe a vida,
25 os discípulos, tomando-o de noite, desceram-no pelo muro, dentro de um cesto.
26 Tendo Saulo chegado a Jerusalém, procurava juntar-se aos discípulos; mas todos o temiam, não crendo que fosse discípulo.
27 Então Barnabé, tomando-o consigo, o levou aos apóstolos, e lhes contou como no caminho ele vira o Senhor e que este lhe falara, e como em Damasco pregara ousadamente em nome de Jesus.
28 Assim andava com eles em Jerusalém, entrando e saindo,
29 e pregando ousadamente em nome do Senhor. Falava e disputava também com os helenistas; mas procuravam matá-lo.
30 Os irmãos, porém, quando o souberam, acompanharam-no até Cesareia e o enviaram a Tarso.
31 Assim, pois, a igreja em toda a Judeia, Galileia e Samaria, tinha paz, sendo edificada, e andando no temor do Senhor; e, pelo auxílio do Espírito Santo, se multiplicava.
32 E aconteceu que, passando Pedro por toda parte, veio também aos santos que habitavam em Lida.
33 Achou ali certo homem, chamado Eneias, que havia oito anos jazia numa cama, porque era paralítico.
34 Disse-lhe Pedro: Eneias, Jesus Cristo te cura; levanta e faze a tua cama. E logo se levantou.
35 E viram-no todos os que habitavam em Lida e Sarona, os quais se converteram ao Senhor.
36 Havia em Jope uma discípula por nome Tabita, que traduzido quer dizer Dorcas, a qual estava cheia de boas obras e esmolas que fazia.
37 Ora, aconteceu naqueles dias que ela, adoecendo, morreu; e, tendo-a lavado, a colocaram no cenáculo.
38 Como Lida era perto de Jope, ouvindo os discípulos que Pedro estava ali, enviaram-lhe dois homens, rogando-lhe: Não te demores em vir ter conosco.
39 Pedro levantou-se e foi com eles; quando chegou, levaram-no ao cenáculo; e todas as viúvas o cercaram, chorando e mostrando-lhe as túnicas e vestidos que Dorcas fizera enquanto estava com elas.
40 Mas Pedro, tendo feito sair a todos, pôs-se de joelhos e orou; e voltando-se para o corpo, disse: Tabita, levanta-te. Ela abriu os olhos e, vendo a Pedro, sentou-se.
41 Ele, dando-lhe a mão, levantou-a e, chamando os santos e as viúvas, apresentou-lha viva.
42 Tornou-se isto notório por toda a Jope, e muitos creram no Senhor.
43 Pedro ficou muitos dias em Jope, em casa de um curtidor chamado Simão.” (Atos 9.1-43)
 
 
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Veja tudo sobre as Escrituras do Velho Testamento no seguinte link:
http://livrosbiblia.blogspot.com.br/

Veja tudo sobre as Escrituras do Novo Testamento no seguinte link:
http://livrono.blogspot.com.br/

A Igreja tem testemunhado a redenção de Cristo juntamente com o Espírito Santo nestes 2.000 anos de Cristianismo.
Veja várias mensagens sobre este testemunho nos seguintes links:
http://retornoevangelho.blogspot.com.br/
http://poesiasdoevangelho.blogspot.com.br/

A Bíblia também revela as condições do tempo do fim quando Cristo inaugurará o Seu reino eterno de justiça ao retornar à Terra. Com isto se dará cumprimento ao propósito final relativo à nossa redenção.
Veja a apresentação destas condições no seguinte link:
http://aguardandovj.blogspot.com.br/ 
 
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 16/12/2012
Alterado em 10/07/2014
Comentários
Site do Escritor criado por Recanto das Letras