Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos
O Evangelho Sendo Pregado na Galácia 
 
Nós percebemos tanto no relato de Atos quanto dos Evangelhos, que no princípio da Igreja não foram os gentios que perseguiram a Igreja, mas o próprio povo de Deus, a saber os judeus.
Eles o fizeram principalmente por motivo de tradição e legalismo, e isto não tem mudado muito ao longo da história da Igreja, porque aqueles que professam serem cristãos, nominalmente, são os principais perseguidores dos verdadeiros cristãos, porque não podem tolerar que a verdade relativa à salvação exclua todo o mérito do homem.
Eles querem receber a salvação como uma recompensa pelo que consideram as suas boas obras, só que estão cheias de justiça própria, e assim permanecem debaixo da ira de Deus em razão do seu orgulho e da sua dívida de pecados, que pode ser quitada somente por Cristo, pela graça e mediante a fé. 
Outro grande motivo para a perseguição destes cristãos nominais aos verdadeiros cristãos, é que não toleram a ideia de que necessitem negar os seus egos, serem cheios do Espírito e andarem no Espírito, de maneira que sejam transformados e santificados por Ele.
Eles amam suas próprias tradições e ideias e em nada lhes agrada se submeterem a Deus e à Sua Palavra.
Seus pastores não ousam pregar contra os seus pecados e a exortá-los à conversão e santificação de suas vidas, de maneira que sempre onde isto estiver ocorrendo chamarão de radicalismo e fanatismo religioso.
Outros cristãos seguem suas superstições e ilusões religiosas se apegando a cerimônias e rituais religiosos pensando que por fazerem isto são aceitáveis a Deus e que irão para o céu quando saírem deste mundo, estando completamente ignorantes da verdade que somente os que têm uma união real com Cristo e que têm o selo e o penhor do Espírito em suas vidas, podem agradar verdadeiramente a Deus.
Nós vemos no 14º capítulo de Atos, que quando Paulo e Barnabé eram expulsos das cidades em que pregavam o evangelho por estes falsos judeus, porque todo verdadeiro judeu é aquele que é circuncidado no seu coração, isto contribuía para espalhar a semente do evangelho em outras cidades.  
Tal como ocorreu em Antioquia da Psídia, que depois de serem expulsos da cidade pelos magistrados por incitamento dos judeus, tiveram que ir para a cidade de Icônio, onde pregaram o evangelho, também na sinagoga dos judeus, e uma grande multidão veio a crer, tanto de judeus como de gregos.
Mas os judeus incrédulos daquela cidade excitaram e irritaram os ânimos dos gentios contra os cristãos (Atos 14.2).
No entanto, Paulo e Barnabé continuaram pregando ali por muito tempo, falando ousadamente no Espírito do Senhor, que confirmava que a palavra da graça pregada por eles era a verdade, permitindo que por suas mãos se fizessem sinais e prodígios.
As sinagogas dos judeus estavam estabelecidas nestas cidades há muito tempo, mas a doutrina que os apóstolos pregavam, apesar de ser bíblica com apoio nas Escrituras do Velho Testamento, não podia ser pregada pelos chefes das sinagogas, porque os seus olhos espirituais estavam cegados, porque não permitiam que fossem abertos pelo Espírito Santo, para poderem entender as Escrituras.
Na verdade, os próprios cristãos que não andam segundo o Espírito, mas segundo a carne, não podem ter tal entendimento, porque as coisas espirituais da Palavra de Deus só podem ser discernidas espiritualmente por aqueles que andam no Espírito, porque é somente a estes que o Espírito dá iluminação para que possam enxergar as coisas reveladas por Deus nas Escrituras.    
Então muitos daqueles que não se converteram ficaram do lado dos judeus, mas outros, mesmo dos que não se converteram, eram a favor dos apóstolos em razão dos sinais e prodígios que viam sendo operados por eles.  
No final se levantou um motim tanto de gentios quanto de judeus, que se uniram às autoridades da cidade com o fim de ultrajarem e apedrejarem os apóstolos, mas quando isto lhes chegou ao conhecimento, tiveram que fugir para Listra e Derbe, cidades que ficavam próximas de Icônio, e passaram a pregar o evangelho em ambas cidades. 
Na cidade de Listra havia um homem aleijado dos pés, que era coxo de nascença, e que nunca tinha andado.
Enquanto ouvia a pregação de Paulo, a fé foi despertada naquele homem, porque a fé vem pela pregação da Palavra do evangelho, e Paulo percebeu que havia fé naquele homem para ser curado, e dirigido pelo Espírito, lhe disse que se levantasse sobre os seus pés, e levantou de um salto, e passou a andar. 
Quando as multidões viram o milagre que Paulo fizera, começaram a dizer que os deuses se fizeram semelhantes aos homens e desceram até eles.   
E chamaram Barnabé de deus Júpiter, e Paulo de deus Mercúrio, porque era quem dirigia a Palavra. 
Havia um templo para a adoração de Júpiter bem em frente da cidade, e o sacerdote daquele templo trouxe touros e grinaldas para oferecer como sacrifícios em honra e devoção aos apóstolos.
Mas tal como Pedro havia feito anteriormente com Cornélio, que tentou adorá-lo quando chegou na sua casa em Cesareia, os apóstolos Barnabé e Paulo saltaram para o meio da multidão, rasgando as suas vestes em sinal de humilhação, e disseram que não deveriam fazer aquilo porque eram homens da mesma natureza deles, e que estavam apenas anunciando o evangelho para que deixassem suas práticas vãs de adoração como aquela, e se convertessem ao Deus vivo, que criou o céu, a terra, o mar, e tudo quanto há neles; e que permitiu no passado que os povos e nações  pagãs, andassem nos seus próprios caminhos errados, sem conhecimento dEle e da Sua vontade, mas que agora no tempo oportuno, estava se revelando ao mundo pagão através do evangelho.  
Mais do que gratidão, aqueles homens incrédulos de Listra, tentaram demonstrar adoração a simples homens como Paulo e Barnabé, mas não se pode de fato confiar nos homens, principalmente quando não concordamos com o modo de vida ou de adoração deles, a saber, na carne, na velha natureza terrena, porque estes mesmos ídólatras se dispuseram a apedrejar a Paulo por terem sido persuadidos pelos judeus de Antioquia e Icônio, que provavelmente lhes falaram que Paulo era um farsante que eles vinham perseguindo de cidade em cidade.
O apedrejamento de Paulo foi de tal ordem que pensaram que tivesse morrido e o arrastaram para fora da cidade (v. 19).
Aquelas tribulações de Paulo serviriam para confirmar a coragem e a fé dos discípulos no testemunho do evangelho, porque quando se levantou, voltou a entrar na própria cidade de Listra, para que testemunhassem que Deus é poderoso para livrar os cristãos fiéis das armadilhas e da fúria do diabo, e assim passou um dia inteiro com eles confirmando a necessidade de perseverarem na fé, e partiu com Barnabé para a cidade de Derbe (v. 20).
E tendo pregado e feito muitos discípulos em Derbe retornou às cidades de Listra, Icônio e Antioquia, onde já havia pregado, para confirmar as almas dos discípulos na verdade, exortando-os a perseverarem na fé, dizendo-lhes que a nossa entrada no reino de Deus exige que passemos por muitas tribulações (v. 21), porque Satanás sempre se levantará contra os cristãos fiéis, tal como estava fazendo à sua vista com Barnabé e com ele próprio.
É dever de todo pastor confirmar as almas de suas ovelhas na verdade, lhes ensinando como perseverar na fé, porque o Senhor disse que somente aquele que perseverar até o fim pode estar seguro da sua salvação, e a Bíblia também afirma que sem santificação ninguém verá a Deus.  
Então os cristãos não devem se deixar paralisar pelas intimidações do mundo e do diabo.
Ainda que em fraqueza, debaixo de suas aflições e perseguições  devem seguir adiante firmes na fé, sabendo que o Senhor é poderoso para livrá-los e levá-los a fazer a Sua vontade, de maneira que demonstrem que são verdadeiramente dignos do reino de Deus que é tomado por esforço. 
Aquelas igrejas eram ainda muito novas na fé, mas antes de retornar à Igreja de Antioquia da Síria,  fizeram com que cada uma daquelas igrejas que  haviam fundado elegessem presbíteros para dirigi-las, e fizeram isto com oração e com jejuns, tendo-lhes encomendado ao cuidado do Senhor em quem haviam crido.  
Assim, as igrejas de Antioquia da Psídia, de Listra, Icônio e Derbe teriam os seus próprios pastores para dirigi-las, respectivamente; e os apóstolos retornariam a Antioquia da Síria para fazerem um relato das grandes coisas que o Senhor havia feito através deles.
É interessante observar que somente ao retornarem para Antioquia, que anunciaram a Palavra em Perge, conforme demonstramos no princípio, que de fato seguiam a direção do Espírito, quer diretamente, quer pelas circunstâncias que lhes sobrevinham, principalmente das perseguições que estavam sofrendo.
É dito no verso 28 que antes de partirem para novos empreendimentos missionários, Paulo e Barnabé ficaram não pouco tempo com os cristãos da Igreja de Antioquia da Psídia.  
 
 
 
“1 Em Icônio entraram juntos na sinagoga dos judeus e falaram de tal modo que creu uma grande multidão tanto de judeus como de gregos.
2 Mas os judeus incrédulos excitaram e irritaram os ânimos dos gentios contra os irmãos.
3 Eles, entretanto, se demoraram ali por muito tempo, falando ousadamente acerca do Senhor, o qual dava testemunho à palavra da sua graça, concedendo que por suas mãos se fizessem sinais e prodígios.
4 E se dividiu o povo da cidade; uns eram pelos judeus, e outros pelos apóstolos.
5 E, havendo um motim tanto dos gentios como dos judeus, juntamente com as suas autoridades, para os ultrajarem e apedrejarem,
6 eles, sabendo-o, fugiram para Listra e Derbe, cidades da Licaônia, e a região circunvizinha;
7 e ali pregavam o evangelho.
8 Em Listra estava sentado um homem aleijado dos pés, coxo de nascença e que nunca tinha andado.
9 Este ouvia falar Paulo, que, fitando nele os olhos e vendo que tinha fé para ser curado,
10 disse em alta voz: Levanta-te direito sobre os teus pés. E ele saltou, e andava.
11 As multidões, vendo o que Paulo fizera, levantaram a voz, dizendo em língua licaônica: Fizeram-se os deuses semelhantes aos homens e desceram até nós.
12 A Barnabé chamavam Júpiter e a Paulo, Mercúrio, porque era ele o que dirigia a palavra.
13 O sacerdote de Júpiter, cujo templo estava em frente da cidade, trouxe para as portas touros e grinaldas e, juntamente com as multidões, queria oferecer-lhes sacrifícios.
14 Quando, porém, os apóstolos Barnabé e Paulo ouviram isto, rasgaram as suas vestes e saltaram para o meio da multidão, clamando
15 e dizendo: Senhores, por que fazeis estas coisas? Nós também somos homens, de natureza semelhante à vossa, e vos anunciamos o evangelho para que destas práticas vãs vos convertais ao Deus vivo, que fez o céu, a terra, o mar, e tudo quanto há neles;
16 o qual nos tempos passados permitiu que todas as nações andassem nos seus próprios caminhos.
17 Contudo não deixou de dar testemunho de si mesmo, fazendo o bem, dando-vos chuvas do céu e estações frutíferas, enchendo-vos de mantimento, e de alegria os vossos corações.
18 E dizendo isto, com dificuldade impediram as multidões de lhes oferecerem sacrifícios.
19 Sobrevieram, porém, judeus de Antioquia e de Icônio e, havendo persuadido as multidões, apedrejaram a Paulo, e arrastaram-no para fora da cidade, cuidando que estava morto.
20 Mas quando os discípulos o rodearam, ele se levantou e entrou na cidade. No dia seguinte partiu com Barnabé para Derbe.
21 E, tendo anunciado o evangelho naquela cidade e feito muitos discípulos, voltaram para Listra, Icônio e Antioquia,
22 confirmando as almas dos discípulos, exortando-os a perseverarem na fé, dizendo que por muitas tribulações nos é necessário entrar no reino de Deus.
23 E, havendo-lhes feito eleger anciãos em cada igreja e orado com jejuns, os encomendaram ao Senhor em quem haviam crido.
24 Atravessando então a Pisídia, chegaram à Panfília.
25 E, tendo anunciado a palavra em Perge, desceram a Atália.
26 E dali navegaram para Antioquia, donde tinham sido encomendados à graça de Deus para a obra que acabavam de cumprir.
27 Quando chegaram e reuniram a igreja, relataram tudo quanto Deus fizera por meio deles, e como abrira aos gentios a porta da fé.
28 E ficaram ali não pouco tempo, com os discípulos.” (Atos 14.1-28)
 
 
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 16/12/2012
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