A Justiça que Está Perfeita em Nós
Se a justificação pudesse ser alcançada por obras da Lei Cristo não precisaria ter morrido pelos pecadores. Ele teria morrido em vão, já que o próprio homem poderia ser justificado pelo seu próprio e exclusivo esforço em guardar a Lei de Deus.
Somente a justificação verdadeira, que é pela graça, pode transformar o coração do pecador e inserir nele um novo princípio espiritual de vida que o levará a detestar o pecado e desejar se consagrar inteiramente a Deus.
A Lei é boa, santa, e justa, mas não justifica.
Calvino disse que nós não podemos acrescentar com nenhuma das nossas boas obras de justiça, mesmo que sejamos cristãos, um só milímetro à justiça perfeita de Jesus Cristo que recebemos somente pela graça e mediante a fé.
Spurgeon acrescentou que, sendo cristãos, nós não teremos no céu uma justiça mais perfeita do que a que temos aqui na terra. A obra que Jesus realizou na cruz foi plenamente consumada de maneira que não necessita que nada mais lhe seja acrescentado para a nossa salvação.
A justiça que recebemos dEle na conversão é suficiente para nos dar o céu, porque ela é perfeita em todos os aspectos necessários para satisfazer as demandas da própria justiça de Deus em relação a nós.
De maneira que a justiça que é implantada em nós pelo Espírito Santo, através da prática das nossas boas obras não acrescenta nenhum mérito a nós de forma que possamos nos tornar mais merecedores do amor de Deus. Ele nos tem amado incondicionalmente por causa de Cristo.
Ele nos tem recebido incondicionalmente e sempre nos receberá, sempre e sempre, por causa dos méritos de Cristo e nunca pelos nossos próprios méritos.
Nós poderemos agradá-lo ou desagradá-lo, respectivamente, pela prática, ou não prática, das boas obras, mas não será pela aprovação ou pela reprovação que nós acrescentaremos ou perderemos um só côvado da justiça perfeita que recebemos de Cristo na nossa justificação.
Nós O amamos, amamos a Sua Palavra, amamos a santificação, e é isto que é tido em conta em nosso favor, superando as nossas limitações e fraquezas, porque o amor cobre multidão de pecados.
Esta veste com a qual fomos vestidos está perfeita e nada deve lhe ser acrescentado ou retirado.
O nosso aperfeiçoamento espiritual não significa o aperfeiçoamento desta justiça que nos foi atribuída na conversão.
Nós crescemos espiritualmente, nós desenvolvemos a nossa salvação com temor e tremor, mas nada disto nos tornará mais filhos de Deus do que já somos pela simples fé em Cristo.
Por isso o Evangelho é retratado na experiência do filho pródigo da parábola narrada por Jesus Cristo. Ele foi recebido de braços abertos pelo Pai porque era filho.
Ele tinha a justiça perfeita que livra de toda condenação e foi isto que o habilitou a ser recebido daquela maneira, porque tinha a justiça perfeita de Cristo, foi adotado como filho de Deus, e aqueles que são Seus filhos podem desfrutar inteiramente do Seu amor.
Esta é a grande e essencial diferença entre o Evangelho e a Lei.
Daí se dizer que em Cristo, todos os cristãos se encontram aperfeiçoados, diante de Deus, quanto a esta justiça perfeita que receberam pela fé, ainda que possam não estarem ainda aperfeiçoados em seu amadurecimento espiritual, que será realizado pelo processo da santificação do Espírito mediante a Palavra de Deus, conforme se afirma em textos como Col 2.10; Hb 7.19, 25; 10.1, 14; 12.23.