Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos
VIVER A VIDA RETA 


 
 
Os coríntios estavam pouco se importando em fazer valer os direitos de Deus sobre eles, por não julgarem aqueles que estavam andando desordenadamente na Igreja, mas, estavam muito interessados em levar a juízo todas as questões relativas ao que julgavam serem seus próprios direitos, uma vez que estavam pleiteando junto aos tribunais seculares as causas que tinham contra os  irmãos da Igreja. 
Eles não estavam dispostos a renunciarem a direitos, e a suportarem danos por amor a Cristo.
Era preferível a eles exporem o nome do Senhor, que levavam sobre si, a ignomínia perante os ímpios, do que procurarem resolver suas demandas segundo a reta justiça, levando suas demandas ao conhecimento dos que fossem de maior estima espiritual na Igreja.
Assim como a questão das viúvas gregas havia sido colocada na Igreja de Jerusalém ao cuidado de sete homens de boa reputação, cheios de sabedoria e do Espírito.
Por este seu procedimento se comprovava que os laços do amor fraternal em Cristo estavam quebrados entre eles, porque andavam segundo o homem, e não segundo o Espírito.     
Não admira que Paulo lhes tenha falado no décimo terceiro capítulo desta epístola das características do amor cristão, do qual não somente não estavam se dando à prática, como até mesmo do qual tinham se esquecido.
A falta de humildade e de submissão de uns aos outros, lhes havia conduzido a tal estado.
Quando não morremos para os nossos direitos, por amor a Cristo, e não vivemos de forma absolutamente despojada de tudo e de todos, e principalmente de nós mesmos, jamais poderemos ser os sacrifícios santos e agradáveis que o Senhor espera que sejamos.
A falta de despojamento do velho homem, pela sua contínua crucificação pelo carregar diário da cruz, era o problema básico da Igreja de Corinto. 
Eles se julgavam muito sábios a seus próprios olhos, mas não estavam sendo verdadeiros discípulos e seguidores do Cordeiro, quanto à submissão, humildade, mansidão e  paz.  
Pela santidade da Igreja, Deus passa um julgamento sobre todos os que vivem na impiedade, e até mesmo sobre os anjos caídos, revelando que são indesculpáveis por viverem deliberadamente em transgressões, pelo que observam na vida de santidade daqueles que O amam.
Mas, com o seu comportamento desviado a Igreja de Corinto não podia atender a esta função que o Senhor deu aos cristãos, de serem luz do mundo e sal da terra.
Para que serve o sal se vier a perder o seu sabor?
Para que serve a luz caso se apague ou seja escondida debaixo de um cesto?
Tal é a dignidade que Cristo atribui aos santos, que se sentarão com Ele em seus tronos para julgarem os ímpios e os anjos caídos no dia do Juízo final (I Tes 3.13). 
Como podiam estar recorrendo então a tribunais pagãos para julgarem suas demandas?
Como podiam, sendo cristãos, praticarem injustiças contra seus irmãos, ou contra quem quer que seja?
Porventura os injustos herdarão o reino de Deus?
Como podiam então, continuarem na prática da injustiça?
Eles foram lavados, justificados e santificados pelo sangue de Cristo, e como podiam permanecer na prática das coisas pelas quais Deus condenará o mundo de ímpios?
Aqueles que não se arrependeram de seus pecados, que não se entregaram a Cristo para serem santificados pelo Espírito, e que portanto não foram justificados e regenerados haverão de ser condenados eternamente, por terem permanecido deliberadamente na prática dos pecados que Paulo relaciona nos versos 9 e 10.
Ninguém se engane portanto pensando que é um cristão justificado e regenerado, herdeiro do reino dos céus, se vive na prática deliberada de tais pecados, porque a graça salvadora implantada no coração chama o convertido a santificar a sua vida, pelo mover do Espírito Santo, que nele habita.    
O evangelho da graça havia feito uma grande mudança na vida dos cristãos coríntios porque muitos deles haviam praticado todas estas coisas abomináveis, referidas pelo apóstoo, mas haviam sido justificados, regenerados e santificados pelo Espírito.
Jesus tem poder para transformar monstros em santos.
E aqueles que eram monstros não devem continuar vivendo conforme o seu modo antigo de vida, senão em santidade.
Na santidade que é segundo a fé no evangelho. 
A partir do verso 12 o apóstolo fala da liberdade do cristão, que foi alcançado em Cristo, mas ele deve vigiar e ser diligente para não abusar desta liberdade.
Cristo considerou todos os alimentos limpos, e revogou todas as distinções cerimoniais da Lei entre alimentos limpos e imundos, mas isto não significava que um cristão tenha concessão da sua parte de se tornar um glutão, se tornando apegado e escravizado à comida, e este princípio se aplica a todas as demais coisas desta vida.
Há um limite de uso de todas as coisas que podemos conhecer, andando no Espírito, e estando debaixo do temor de Cristo, comendo, bebendo, e fazendo tudo o mais que for necessário para a glória e honra de Deus. 
O cristão é livre e não deve se deixar dominar por nenhuma criatura.
Nada deve conquistar sua mente, vontade e coração, a ponto de se tornar dependente delas.
Isto se aplica também ao lugar que Deus fixou para o sexo, que é dentro do casamento, num leito sem mácula, e em plena fidelidade ao cônjuge.
Ninguém deve ter relações sexuais, a não ser com sua própria esposa, ou com seu próprio marido.
Há pecados do corpo como a prostituição, a fornicação, as relações pré-conjugais, que profanam o templo do Espírito, que é o corpo do cristão.
Ninguém deve esquecer que todas as necessidades orgânicas são para o presente tempo, e serão destruídas quando os cristãos chegarem ao estado da eternidade, quando Deus aniquilará todas estas necessidades, por conta de receberem um corpo glorificado.
Então, desde já, o corpo do cristão não lhe foi dado para a prostituição, mas para estar no Senhor, e o Senhor no nosso corpo.
Se o nosso corpo foi reservado pelo Senhor para ser morada do Espírito Santo, de quanto cuidado devemos então ter com o que fazemos com o nosso corpo, para não entristecer e ofender tão santo e honrado Habitante, pelo qual nosso corpo será ressuscitado depois da morte.  
Se o corpo de cada cristão se tornou um membro do corpo de Cristo, como pode ser admitida a idéia de que tal templo santo seja unido sexualmente a uma meretriz?
Aos olhos de Deus, quem faz isto, está se casando com ela, e isto significaria tornar os membros de Cristo participantes de uma meretriz.
No Senhor, os cristãos formam um só espírito com Ele, e por isto devem fugir da prostituição, porque isto significa pecar contra o seu próprio corpo, que é templo do Espírito.
Além disso o nosso corpo é propriedade de Deus.
Não pertence propriamente a nós mesmos, e não nos cabe portanto determinar qual é o uso que pretendamos fazer dele, sem nos colocarmos debaixo da direção do Espírito, porque sendo Seu templo, temos o dever de zelar pela purificação do nosso corpo, e cuidar para mantê-lo saudável e limpo.
Somos mordomos do nosso próprio corpo e por isso devemos prestar contas a Deus do uso que estamos fazendo dele. 
Como tanto o nosso corpo e espírito foram comprados por Cristo, devemos glorificar a Deus não somente no que diz respeito ao nosso espírito, como também em relação ao nosso corpo.     
 
 
 
 
“1 Ousa algum de vós, tendo algum negócio contra outro, ir a juízo perante os injustos, e não perante os santos?
2 Não sabeis vós que os santos hão de julgar o mundo? Ora, se o mundo deve ser julgado por vós, sois porventura indignos de julgar as coisas mínimas?
3 Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos? Quanto mais as coisas pertencentes a esta vida?
4 Então, se tiverdes negócios em juízo, pertencentes a esta vida, pondes para julgá-los os que são de menos estima na igreja?
5 Para vos envergonhar o digo. Não há, pois, entre vós sábios, nem mesmo um, que possa julgar entre seus irmãos?
6 Mas o irmão vai a juízo com o irmão, e isto perante infiéis.
7 Na verdade é já realmente uma falta entre vós, terdes demandas uns contra os outros. Por que não sofreis antes a injustiça? Por que não sofreis antes o dano?
8 Mas vós mesmos fazeis a injustiça e fazeis o dano, e isto aos irmãos.
9 Não sabeis que os injustos não hão de herdar o reino de Deus? Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas,
10 nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus.
11 E é o que alguns têm sido; mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito do nosso Deus.
12 Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma.
13 Os alimentos são para o estômago e o estômago para os alimentos; Deus, porém, aniquilará tanto um como os outros. Mas o corpo não é para a prostituição, senão para o Senhor, e o Senhor para o corpo.
14 Ora, Deus, que também ressuscitou o Senhor, nos ressuscitará a nós pelo seu poder.
15 Não sabeis vós que os vossos corpos são membros de Cristo? Tomarei, pois, os membros de Cristo, e fá-los-ei membros de uma meretriz? Não, por certo.
16 Ou não sabeis que o que se ajunta com a meretriz, faz-se um corpo com ela? Porque serão, disse, dois numa só carne.
17 Mas o que se ajunta com o Senhor é um mesmo espírito.
18 Fugi da prostituição. Todo o pecado que o homem comete é fora do corpo; mas o que se prostitui peca contra o seu próprio corpo.
19 Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?
20 Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus.”. (I Coríntios 6.1-20)
 
 
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 18/12/2012
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