A Ressurreição do Corpo
Muitos haviam sido testemunhas da ressurreição de Jesus, e das cerca de quinhentas pessoas às quais Ele havia aparecido ressuscitado depois da Sua morte, ainda vivia a maior parte, nos dias em que Paulo escreveu a primeira epístola aos coríntios, conforme se afirma no se 15º capítulo.
Depois, nosso Senhor apareceu a Tiago e a todos os apóstolos e por último ao próprio Paulo, porque não era apóstolo na ocasião da ascensão de Jesus, e isto foi uma forma de ser humilhado pelo Senhor, porque havia sido perseguidor da Igreja.
Entretanto, como a chamada do evangelho é segundo a graça, foi concedido a Paulo trabalhar pela mesma graça, mais do que todos os apóstolos, pregando sobretudo a ressurreição de Cristo; porque a fé do evangelho está fundamentada na Sua morte e ressurreição.
Se Cristo não tivesse ressuscitado, os apóstolos estariam dando um falso testemunho, porque se Cristo não tivesse ressuscitado, não poderiam afirmar que os mortos em Cristo também ressuscitarão.
A esperança de vida do cristão não é somente para esta vida, mas sobretudo para a vida perfeita e plena que será manifestada por ocasião da volta do Senhor.
E o grande fato que é a base do testemunho da nossa fé, é a de que há um Deus real e um céu real, porque Jesus não somente ressuscitou e apareceu a muitos discípulos, como também subiu aos céus à sua vista, e este testemunho foi passado por eles através de sucessivas gerações, até ter chegado a nós.
Por exemplo, Irineu foi discípulos do apóstolo João, e recebeu de João o firme testemunho de que Jesus havia ressuscitado e ascendido aos céus, e por sua vez Irineu teve por discípulo a Policarpo, que também passou o testemunho da ressurreição adiante, de modo que não temos somente o testemunho das Escrituras, como também o testemunho daqueles que tiveram contato com os que haviam sido testemunhas oculares da ressurreição e ascensão de Jesus.
E ainda temos o testemunho do Espírito Santo com o nosso espírito acerca desta realidade, de modo que possamos estar seguros de que não há somente um Deus vivo, que nos garante a vida eterna, como também um céu real para o qual iremos depois da nossa morte.
O nosso corpo morre por causa do pecado original de Adão, mas todos os que estão em Cristo terão os seus corpos ressuscitados.
Quando os corpos dos cristãos forem ressuscitados por Cristo, Ele terá aniquilado todo principado, potestade e força deste mundo, e entregará o reino a Deus Pai.
Como o último inimigo a ser vencido totalmente por Cristo é a morte, isto ocorrerá quando os cristãos forem ressuscitados, porque Ele veio para dar vida aos que estavam mortos, por causa do pecado original.
Ele recebe honra e glória por vencer o pecado, o diabo, o mundo e a morte.
Assim, o modo de um cristão glorificar a Cristo neste mundo é vencendo pela Sua graça, estes Seus inimigos, de forma que manifeste que Cristo é de fato o Senhor da vida.
Estava havendo uma incoerência por parte de alguns coríntios, que estavam realizando uma prática não cristã de se batizarem no lugar de entes queridos que haviam morrido, pensando que com isto poderiam vir a ser salvos.
Paulo tomou emprestada esta forma de ação representativa deles, para lhes indagar como podiam afirmar que não há ressurreição futura, se estavam intuitivamente assumindo aquela prática que dava testemunho de que de alguma forma tinham esperança numa vida futura?
E esta esperança numa vida futura é a essência mesma do cristianismo, porque chama todos os cristãos a não olharem para a aparência deste mundo, mas para a eternidade, à qual são chamados em Cristo Jesus.
Paulo argumentou com eles que caso ele não tivesse esperança nesta vida futura porque estaria se expondo a perigos a toda hora para pregar o evangelho?
Por que estaria enfrentando a morte bem de perto por todos os dias da sua vida, por causa da perseguição que estava sofrendo por causa do evangelho?
Por que teria lutado contra as bestas que haviam se levantado contra ele em Éfeso, por causa da defesa deles do culto da deusa Diana?
De que lhe valeriam todas estas coisas se não houvesse ressurreição?
Se não houvesse uma recompensa futura a ser dada aos que vencerem pelo Senhor?
Seria melhor se acomodar ao dito da filosofia dos epicuristas de que se aproveitasse o mais possível as coisas desta vida, uma vez que um dia todos haveremos de morrer.
E segundo eles, uma das melhores coisas deste mundo era beber e comer.
Entretanto, Paulo havia sido arrebatado ao terceiro céu, ao paraíso, ainda próximo da sua conversão, conforme afirma no décimo segundo capítulo de II Coríntios, de modo que tinha muita autoridade e segurança, quanto à nossa esperança futura em Cristo de irmos para este lugar maravilhoso, o céu, que é a habitação eterna não somente de Deus, como também nossa.
Mas, quantas renúncias os cristãos não devem fazer em favor do evangelho, inclusive nesta área de comer e beber, para que sejam em tudo achados aprovados pelo Senhor, não sendo causa de escândalo para nenhuma pessoa, de modo que possam alcançar a salvação em Cristo Jesus.
Os coríntios deviam portanto vigiar o assunto de suas conversações, para não fazerem afirmações falsas tal como a de alguns entre eles que diziam que não haveria ressurreição futura.
Isto estava sendo usado pelo Inimigo para corromper a fé de alguns, como Himeneu e Fileto haviam feito na Igreja de Éfeso, afirmando que a ressurreição já havia ocorrido,e que era somente espiritual, porque não haveria uma tal coisa como a ressurreição do nosso corpo.
Quando se diz isto está sendo afirmado ao mesmo tempo, que Cristo também não ressuscitou.
E se Ele não tivesse ressuscitado e subido aos céus com um corpo glorificado, nós não poderíamos ser justificados dos nossos pecados, e não poderíamos portanto receber a promessa de vida que Deus tem feito àqueles que creem no Seu Filho, como sendo as primícias daqueles que morrem, quanto à glorificação futura que terão, tal como a do Seu próprio Filho.
Uma grande evidência a favor da ressurreição foi dada por Deus na própria natureza, em que os vegetais nascem de sementes que morrem para darem lugar a uma nova forma de vida mais gloriosa.
Esta nossa vida que temos neste mundo é como uma semente, que haverá de revelar uma vida gloriosa, depois que a casca que é o nosso corpo, na qual está preso o nosso espírito, morrer.
Porque foi planejado por Deus primeiro nos plantar como homens naturais, para poder colher homens espirituais.
Por isso trouxemos conosco a imagem do primeiro homem cujo corpo foi feito do pó da terra, para sabermos que no mundo natural há vários tipos de carnes, e que há uma grande diferença entre a glória dos corpos terrestres e a daqueles que são celestiais.
Assim como as glórias do sol, da lua e das estrelas são diferentes, de igual modo é diferente a glória dos corpos deste mundo e a daqueles que são do céu.
Os nossos corpos neste mundo experimentam da corrupção, porque envelhecem e morrem, mas nossos corpos serão incorruptíveis e não mais morrerão depois que formos ressuscitados.
Nossos corpos enfraquecem e não trazem o brilho permanente da glória de Deus, mas depois da ressurreição serão vigorosos e gloriosos.
Se Deus quisesse poderia ter criado os homens tal como os anjos, a saber, sem um corpo, e sem serem dependentes de um mundo e de coisas materiais para a sobrevivência do corpo.
Mas Ele fez isto para que pudéssemos ser provados, quanto a se amaríamos ao Criador e a vida eterna futura, ou o mundo passageiro, e todas as criaturas que existem no mundo, sejam pessoas, ou quaisquer outros seres vivos, e toda sorte de coisas materiais.
Os que estiverem apegados ao que é terreno perecerão, mas os que amarem a vida espiritual, que está em Cristo Jesus, terão o céu como a sua habitação eterna.
Oh! Que o Senhor possa continuar arrebatando até a Sua santa presença no terceiro céu, a muitos dos nossos irmãos em Cristo, inclusive a nós mesmos, para que possa ser mantida viva esta esperança do céu e da eternidade, como uma força poderosa em nós, a mover toda a nossa ação neste mundo no serviço do Senhor.
Adão, sendo terreno não poderia nos transmitir, como seus descendentes, tal glória e vigor eternos, mas somente Jesus, sendo a última Cabeça representante da raça humana, pode nos transmitir tal glória e vigor, porque tem em Si este poder, porque diferentemente de Adão, Ele é espírito vivificante.
E assim como trouxemos conosco a imagem terrena de Adão, de igual modo haveremos de ter a imagem perfeita celestial de Cristo, porque Ele não é da terra, tal como Adão, mas do céu.
Deste modo não será este corpo de carne e sangue que herdará o reino de Deus, porque este corpo é corruptível e não pode portanto herdar um reino incorruptível.
Então mesmo os que estiverem vivos na terra no dia do arrebatamento, terão que ter os seus corpos transformados para poderem subir com corpos gloriosos para o encontro com Jesus entre nuvens.
E isto sucederá num abrir e fechar de olhos, quando os mortos serão ressuscitados e os que estiverem vivos terão seus corpos transformados.
Então o que é mortal será imortal. O que envelhecia não mais envelhecerá.
E nesta ocasião terá cumprimento a palavra profética de ter sido a morte tragada pela vitória.
E o Espírito zomba pelo profeta sobre o aguilhão da morte e sobre a vitória do inferno (Os 13.14).
Se o aguilhão usado pela morte é o pecado, porque é por causa do pecado que a morte entrou no mundo, e prevalece sobre os homens, como poderá ainda atuar tal aguilhão, uma vez que em Cristo os nossos pecados são perdoados e somos justificados, pelo sangue que Ele derramou na cruz?
De igual modo, se o que dava força ao pecado era a Lei, a qual nos tornava indesculpáveis diante de Deus, por causa da transgressão dos Seus mandamentos, esta força foi quebrada e desfeita quando Jesus encravou na cruz o escrito de dívida que era contrário a nós, por causa de tais transgressões.
Porque nEle temos morrido não somente para o pecado, como também para a condenação e a maldição da Lei.
Todos os méritos desta vitória são portanto pertencentes ao Senhor e é somente a Ele que deve ser tributada toda glória e ações de graças.
Mas devemos também ser gratos ao Pai, porque foi Ele quem deu o Seu Filho para morrer no nosso lugar, para que fôssemos justificados dos nossos pecados.
“1 Também vos notifico, irmãos, o evangelho que já vos tenho anunciado; o qual também recebestes, e no qual também permaneceis.
2 Pelo qual também sois salvos se o retiverdes tal como vo-lo tenho anunciado; se não é que crestes em vão.
3 Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras,
4 E que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras.
5 E que foi visto por Cefas, e depois pelos doze.
6 Depois foi visto, uma vez, por mais de quinhentos irmãos, dos quais vive ainda a maior parte, mas alguns já dormem também.
7 Depois foi visto por Tiago, depois por todos os apóstolos.
8 E por derradeiro de todos me apareceu também a mim, como a um abortivo.
9 Porque eu sou o menor dos apóstolos, que não sou digno de ser chamado apóstolo, pois que persegui a igreja de Deus.
10 Mas pela graça de Deus sou o que sou; e a sua graça para comigo não foi vã, antes trabalhei muito mais do que todos eles; todavia não eu, mas a graça de Deus, que está comigo.
11 Então, ou seja eu ou sejam eles, assim pregamos e assim haveis crido.
12 Ora, se se prega que Cristo ressuscitou dentre os mortos, como dizem alguns dentre vós que não há ressurreição de mortos?
13 E, se não há ressurreição de mortos, também Cristo não ressuscitou.
14 E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé.
15 E assim somos também considerados como falsas testemunhas de Deus, pois testificamos de Deus, que ressuscitou a Cristo, ao qual, porém, não ressuscitou, se, na verdade, os mortos não ressuscitam.
16 Porque, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou.
17 E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados.
18 E também os que dormiram em Cristo estão perdidos.
19 Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.
20 Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, e foi feito as primícias dos que dormem.
21 Porque assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem.
22 Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo.
23 Mas cada um por sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda.
24 Depois virá o fim, quando tiver entregado o reino a Deus, ao Pai, e quando houver aniquilado todo o império, e toda a potestade e força.
25 Porque convém que reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés.
26 Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte.
27 Porque todas as coisas sujeitou debaixo de seus pés. Mas, quando diz que todas as coisas lhe estão sujeitas, claro está que se excetua aquele que lhe sujeitou todas as coisas.
28 E, quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então também o mesmo Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos.
29 Doutra maneira, que farão os que se batizam pelos mortos, se absolutamente os mortos não ressuscitam? Por que se batizam eles então pelos mortos?
30 Por que estamos nós também a toda a hora em perigo?
31 Eu protesto que cada dia morro, gloriando-me em vós, irmãos, por Cristo Jesus nosso Senhor.
32 Se, como homem, combati em Éfeso contra as bestas, que me aproveita isso, se os mortos não ressuscitam? Comamos e bebamos, que amanhã morreremos.
33 Não vos enganeis: as más conversações corrompem os bons costumes.
34 Vigiai justamente e não pequeis; porque alguns ainda não têm o conhecimento de Deus; digo-o para vergonha vossa.
35 Mas alguém dirá: Como ressuscitarão os mortos? E com que corpo virão?
36 Insensato! o que tu semeias não é vivificado, se primeiro não morrer.
37 E, quando semeias, não semeias o corpo que há de nascer, mas o simples grão, como de trigo, ou de outra qualquer semente.
38 Mas Deus dá-lhe o corpo como quer, e a cada semente o seu próprio corpo.
39 Nem toda a carne é uma mesma carne, mas uma é a carne dos homens, e outra a carne dos animais, e outra a dos peixes e outra a das aves.
40 E há corpos celestes e corpos terrestres, mas uma é a glória dos celestes e outra a dos terrestres.
41 Uma é a glória do sol, e outra a glória da lua, e outra a glória das estrelas; porque uma estrela difere em glória de outra estrela.
42 Assim também a ressurreição dentre os mortos. Semeia-se o corpo em corrupção; ressuscitará em incorrupção.
43 Semeia-se em ignomínia, ressuscitará em glória. Semeia-se em fraqueza, ressuscitará com vigor.
44 Semeia-se corpo natural, ressuscitará corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual.
45 Assim está também escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito em alma vivente; o último Adão em espírito vivificante.
46 Mas não é primeiro o espiritual, senão o natural; depois o espiritual.
47 O primeiro homem, da terra, é terreno; o segundo homem, o Senhor, é do céu.
48 Qual o terreno, tais são também os terrestres; e, qual o celestial, tais também os celestiais.
49 E, assim como trouxemos a imagem do terreno, assim traremos também a imagem do celestial.
50 E agora digo isto, irmãos: que a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus, nem a corrupção herdar a incorrupção.
51 Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados;
52 Num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados.
53 Porque convém que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade, e que isto que é mortal se revista da imortalidade.
54 E, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória.
55 Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória?
56 Ora, o aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei.
57 Mas graças a Deus que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo.
58 Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor.”. (I Cor 15.1-58)