Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos
Balaão Abençoa a Israel uma Terceira Vez 


 
 
Nós vemos em Números 24, que apesar de ter orientado Balaque a edificar sete altares no cume de Peor, e a oferecer um novilho e um carneiro em cada um deles, como vimos no final do capítulo anterior (23), desta vez o próprio Balaão se convencera que Deus não mudaria de opinião, e não se afastou de Balaque, e ao contemplar o povo de Israel, a partir do cume daquele monte em que estava com os moabitas, o Espírito Santo veio sobre ele, e passou então a profetizar o seguinte:
”Quão formosas são as tuas tendas, ó Jacó! as tuas moradas, ó Israel!  Como vales, elas se estendem; são como jardins à beira dos rios, como árvores de aloés que o Senhor plantou, como cedros junto às águas. De seus baldes manarão águas, e a sua semente estará em muitas águas; o seu rei se exalçará mais do que Agague, e o seu reino será exaltado. É Deus que os vem tirando do Egito; as suas forças são como as do boi selvagem; ele devorará as nações, seus adversários, lhes quebrará os ossos, e com as suas setas os atravessará. Agachou-se, deitou-se como leão, e como leoa; quem o despertará? Benditos os que te abençoarem, e malditos os que te amaldiçoarem.” (v. 5-9).
Israel não habitava em casas edificadas, nem em palácios imponentes, mas em tendas, durante a sua peregrinação no deserto, contudo o Espírito considerava formosas aquelas tendas, e a maneira como elas foram organizadas pelo próprio Deus nos arraiais das tribos, as quais se acampavam em grupos de três, em cada um dos lados do tabernáculo era vista por Ele como se fossem jardins à beira dos rios, como árvores aromáticas junto das águas.
A profecia se refere também às águas que manariam de seus baldes, porque Deus os abençoaria com as chuvas dos céus, e assim não faltaria água para germinar as sementes que eles plantariam em seus campos.
O Espírito da profecia descortina o futuro ainda distante, se referindo provavelmente ao primeiro rei de Israel (Saul) que prevaleceria sobre o rei mais eminente de sua época (Agague dos amalequitas), e o reino de Israel seria exaltado, porque Davi se assentaria no trono, em seguida a  Saul, ao qual foi feita a promessa de que não faltaria rei à sua descendência, que se assentasse no trono de Israel, e seguramente esta profecia apontava para Jesus que é o Rei que se assentará no trono de Davi para reinar sobre todos os reis da terra, por toda a eternidade.
A profecia retorna para as coisas que sucederiam no futuro próximo dos israelitas, porque eles subjugariam todas as nações de Canaã, e não haveria quem lhes pudesse impedir.
Assim, benditos seriam aqueles que os abençoassem e malditos aqueles que os amaldiçoassem, porque eram a semente bendita de Abraão, destinada a ser sinal de bênção ou de maldição na terra, porque todos aqueles que se submetessem ao Deus de Israel, amando-O, seriam abençoados, e todos aqueles que O rejeitassem e amaldiçoassem, seriam também amaldiçoados.
Balaque queria que Balaão também amaldiçoasse aqueles que ele e o seu povo estavam amaldiçoando, e assim, conforme o desígnio de Deus, eles próprios é que seriam amaldiçoados.
A figura do boi selvagem aplicada a Israel significava a força de Deus operando neles, a qual já comentamos anteriormente, e que não permitiria que fossem dominados por seus inimigos, enquanto estivessem debaixo daquela força sobrenatural divina.
A figura do leão aponta para o fato de que eles não precisam de abrigos como os demais animais, e podem dormir ao relento em qualquer lugar da selva, pois sabem que ninguém se arriscará a se intrometer com eles.
Assim, poderiam repousar em segurança com o espírito de ousadia e coragem, que lhes seria concedido da parte do Seu Deus.
Em face destas palavras, Balaque despejou toda a sua ira sobre Balaão e lhe ordenou que se retirasse do meio deles, voltando para a sua terra.
Como ele não amaldiçoou Israel, Balaque disse que deixaria de lhe dar todas as honras das quais, segundo ele, o Senhor lhe havia privado.
Ele provocou Balaão dizendo que Deus havia honrado Israel, e se recusou a honrar o seu profeta Balaão.
Na verdade, a honra de Balaão como profeta do Senhor foi arruinada neste episódio porque ele se arrogava a si a fama de profeta de Deus, mas os interesses de Balaão, que ficaram tão visíveis ao próprio Balaque e que deveriam ser bem conhecidos de todos, pois até então, conforme de diz dele, quem abençoava era abençoado, e quem amaldiçoava era amaldiçoado, certamente o fazia não por ser instrumento de Deus, senão do diabo, com os seus encantamentos, como aquele Simão, o mágico, que era conhecido como o Poder de Deus em Samaria, e que tentou comprar o dom do Espírito Santo, com dinheiro, que pretendia oferecer aos apóstolos (At 8).
Deus engrandeceu Israel e humilhou de uma só vez tanto a Balaão quanto a Balaque.
Deus era amigo de Israel e não de Balaão.
O conhecimento que Balaão alegava ter de Deus não era real, e o Senhor o comprovou mostrando que não estava a seu serviço, como ele imaginava, e que o verdadeiro Deus não se deixa manipular pelos homens, conforme insinuam os falsos profetas, assim como fazia Simão o mágico, e todos os feiticeiros e encantadores.
Quem se sujeita aos caprichos dos homens e joga com os seus sentimentos e paixões pecaminosas são Satanás e os demônios, mas não o Deus Altíssimo, que nunca se sujeitou a isto, e jamais se sujeitará.
Mas Balaão não aprendeu a lição por causa do fel de amargura e dos laços de iniquidade, em que se encontrava e dos quais não chegou a se arrepender.
Entretanto o Espírito Santo ainda o usaria para profetizar o que sucederia a algumas nações no futuro.
Um homem pode estar cheio do conhecimento de Deus, e ainda assim estar totalmente destituído da Sua graça.
Ele pode receber a verdade e ainda ser um estranho ao amor divino.
Ele pode ter a visão do Todo-Poderoso, mas não para ser mudado à Sua imagem.
No verso 17 ele afirma:
“Eu o vejo, mas não no presente; eu o contemplo, mas não de perto;”
 
 E assim está dizendo que está vendo coisas que se referem não ao presente, mas a um futuro distante. Prossegue dizendo que:
“de Jacó procederá uma estrela, de Israel se levantará um cetro que ferirá os termos de Moabe, e destruirá todos os filhos de Sete.”
 Esta profecia se cumpriu nos dias do rei Davi, quando conquistou Moabe (II Sm 8.2), e também se refere com precisão à conquista de Edom por Davi no mesmo período (II Sm 8.14):
“E Edom lhe será uma possessão, e assim também Seir, os quais eram os seus inimigos; pois Israel fará proezas.”
Provavelmente a profecia também se refere mais adiante ao próprio domínio eterno de Cristo, sob a estrela de Davi, que era o símbolo da tribo de Judá, da qual procederia aquele que governaria sobre todas as nações.
Aprouve a Deus antecipar também pela boca de Balaão; a que estava destinado aquele povo que Balaque pedira para ser amaldiçoado.
Foi Seu desejo revelar qual propósito eterno havia fixado com a formação da nação de Israel.
Os juízos de Jesus sobre todos os inimigos de Deus em Sua segunda vinda podem estar incluídos na profecia, pois se fala de destruição de descendentes de Sete e de sobreviventes da cidade, e isto seria feito por alguém que procederia de Israel (Jacó), conforme registro nos versos 17 e 19. 
Amaleque, que era uma grande nação, seria totalmente exterminada e sua memória seria apagada (v. 20), e foi também profetizado o cativeiro dos quenitas pelos assírios (v. 21,22).
Para que fosse confirmado o tempo distante para o cumprimento destas profecias fez a seguinte pergunta:
“Ai, quem viverá, quando Deus fizer isto?” (v. 23), indicando que quando se dessem estas ocorrências, ninguém daquela geração, dos seus dias, estaria vivo.
Profetizou também sobre a dominação dos assírios e dos hebreus pelos povos que viriam em navios através das costas de Quitim, provavelmente se referindo aos gregos e romanos (v. 24).
 
 
 
“1 Vendo Balaão que parecia bem aos olhos do Senhor que abençoasse a Israel, não foi, como era costume, ao encontro dos encantamentos, mas voltou o rosto para o deserto.
2 E, levantando Balaão os olhos, viu a Israel que se achava acampado segundo as suas tribos; e veio sobre ele o Espírito de Deus.
3 Então proferiu Balaão a sua parábola, dizendo: Fala Balaão, filho de Beor; fala o homem que tem os olhos abertos;
4 fala aquele que ouve as palavras de Deus, o que vê a visão do Todo-Poderoso, que cai, e se lhe abrem os olhos:
5 Quão formosas são as tuas tendas, ó Jacó! as tuas moradas, ó Israel!
6 Como vales, elas se estendem; são como jardins à beira dos rios, como árvores de aloés que o Senhor plantou, como cedros junto às águas.
7 De seus baldes manarão águas, e a sua semente estará em muitas águas; o seu rei se exalçará mais do que Agague, e o seu reino será exaltado.
8 É Deus que os vem tirando do Egito; as suas forças são como as do boi selvagem; ele devorará as nações, seus adversários, lhes quebrará os ossos, e com as suas setas os atravessará.
9 Agachou-se, deitou-se como leão, e como leoa; quem o despertará? Benditos os que te abençoarem, e malditos os que te amaldiçoarem.
10 Pelo que a ira de Balaque se acendeu contra Balaão, e batendo ele as palmas, disse a Balaão: Para amaldiçoares os meus inimigos é que te chamei; e eis que já três vezes os abençoaste.
11 Agora, pois, foge para o teu lugar; eu tinha dito que certamente te honraria, mas eis que o Senhor te privou dessa honra.
12 Então respondeu Balaão a Balaque: Não falei eu também aos teus mensageiros, que me enviaste, dizendo:
13 Ainda que Balaque me quisesse dar a sua casa cheia de prata e de ouro, eu não poderia ir além da ordem do Senhor, para fazer, de mim mesmo, o bem ou o mal; o que o Senhor falar, isso falarei eu?
14 Agora, pois, eis que me vou ao meu povo; vem, avisar-te-ei do que este povo fará ao teu povo nos últimos dias.
15 Então proferiu Balaão a sua parábola, dizendo: Fala Balaão, filho de Beor; fala o homem que tem os olhos abertos;
16 fala aquele que ouve as palavras de Deus e conhece os desígnios do Altíssimo, que vê a visão do Todo-Poderoso, que cai, e se lhe abrem os olhos:
17 Eu o vejo, mas não no presente; eu o contemplo, mas não de perto; de Jacó procederá uma estrela, de Israel se levantará um cetro que ferirá os termos de Moabe, e destruirá todos os filhos de orgulho.
18 E Edom lhe será uma possessão, e assim também Seir, os quais eram os seus inimigos; pois Israel fará proezas.
19 De Jacó um dominará e destruirá os sobreviventes da cidade.
20 Também viu Balaão a Amaleque e proferiu a sua parábola, dizendo: Amaleque era a primeira das nações, mas o seu fim será a destruição.
21 E, vendo os quenitas, proferiu a sua parábola, dizendo: Firme está a tua habitação; e posto na penha está o teu ninho;
22 todavia será o quenita assolado, até que Assur te leve por prisioneiro.
23 Proferiu ainda a sua parábola, dizendo: Ai, quem viverá, quando Deus fizer isto?
24 Naus virão das costas de Quitim, e afligirão a Assur; igualmente afligirão a Eber, que também será para destruição.
25 Então, tendo-se Balaão levantado, partiu e voltou para o seu lugar; e também Balaque se foi pelo seu caminho.” (Nm 24.1-25).
 
 
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 23/12/2012
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