Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos
Nós estamos estudando os ingredientes, os elementos essenciais e componentes que caracterizam a vida da igreja. E este estudo é oportuno porque a igreja está passando atualmente por uma crise de identidade.
Algumas igrejas estão se ocupando com a substância dessa identidade e outras, com o estilo dessa identidade.
Nós não somos legalistas. Nós não cremos que as pessoas devem ser controladas e conduzidas a um certo padrão de comportamento exterior, mas nós cremos que os homens e as mulheres deveriam viver como resposta direta à transformação havida no seu interior. E assim o que nós fazemos é o trabalho do coração... trabalhando em atitudes espirituais. Isso é principalmente o trabalho da Palavra. Se você vai fazer uma cirurgia de coração você tem que ter uma ferramenta muito eficiente, e de acordo com Hb 4 o instrumento que é muito eficiente para cortar o coração e fazer a cirurgia necessária é a Palavra de Deus. E assim se você deseja construir nas pessoas motivos certos e atitudes e convicções corretas, você deve fazer o trabalho do coração, você deve extirpar a doença e fazer a ponte de safena espiritual necessária, e isto só pode ser feito com a Palavra. Agora, o trabalho de produzir as atitudes de coração certas envolve edificar nas pessoas uma fé forte e um compromisso com a obediência. E já estudamos sobre fé e obediência antes. Agora vamos falar sobre uma terceira atitude de coração, que é mais uma convicção interior. Uma outra motivação que é essencial para que a igreja seja o corpo vivo de Cristo. É tão importante que poderia vir em primeiro lugar na lista das que temos estudado. Esta é a atitude de humildade. Provavelmente, à parte da fé e da obediência, não há nenhuma virtude espiritual mais importante do que a humildade.
Se havia algo verdadeiro sobre o Judaísmo dos dias de Jesus, era que ele criou orgulho espiritual. Os homens exibiam a sua religião externa e esperavam os louvores da multidão. Em Mt 23 nós vemos como os líderes de Israel sempre buscaram os assentos principais e as posições elevadas. Quando eles davam esmolas eles tocavam uma trombeta, ou quando jejuavam lançavam, publicamente, cinzas sobre suas cabeças, para que todos pudessem ver quão devotos eles eram. O legalismo sempre é o companheiro de orgulho espiritual, mas a verdadeira espiritualidade tem a virtude da humildade ao seu lado. E assim quando Jesus proferiu o Sermão do Monte, Ele atacou os religiosos dos seus dias com um golpe direto.
Lemos em Mt 5 que Ele começou a ensinar dizendo: “Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus.” (v 3). “Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra. Bem-aventurados os que têm forme e sede de justiça, porque serão fartos.” (v 4-6).
As promessas que vêm ao término de cada um desses versos têm a ver com o reino (domínio, reino, herança) da salvação. Ele está falando sobre pessoas que estão salvas, que estão no Reino, elas estão sendo confortadas, elas herdarão a terra no final e elas estão tendo a alma satisfeita. Todas essas são descrições de características da salvação. Tudo isso descreve o que significa pertencer a Cristo, pertencer a Deus, saber que você está no Reino, ter conforto em todos os assuntos da vida, ter a promessa de que em algum dia herdará a terra em sua última e final forma... as glórias do novo céu e da nova terra; e a satisfação da alma. Essas coisas pertencem aos redimidos.
E os redimidos são descritos dessa maneira... eles são humildes de espírito, eles choram, eles são mansos (submissos), e eles têm fome e têm sede. Tudo isso descreve as várias facetas da humildade.
Em primeiro lugar, a frase “Bem-aventurados os humildes de espírito” remonta a uma palavra grega na forma de verbo, phoneo, que significa ser tão pobre que você tem que pedir, implorar. O melhor modo para descrever isto é como se estivessem falidos (falência, bancarrota) e não têm qualquer suporte. Eles não têm nada e eles não têm meios de adquirir qualquer coisa. É um termo usado para mendigos que não tiveram nenhuma habilidade, ou que eram inválidos, de forma que não podem obter o próprio sustento, não podem trabalhar.
Estão totalmente destituídos. O Reino pertence aos destituídos, Jesus está dizendo. O Reino pertence a pessoas que conhecem que eles não têm nada, que chegaram à falência absoluta. E, claro que, Ele não está falando sobre coisas materiais, mas espirituais.
Isto não pertence às pessoas que acreditam que alcançaram grandes conquistas espirituais. Não pertence a pessoas que pensam que acumularam méritos com Deus. Não pertence a pessoas que estão contando com a sua circuncisão, por terem nascido em Israel. Não pertence a quem guarda as tradições que o conformam exteriormente à lei, mas pertence às pessoas que estão batendo no peito declarando: "Deus, seja misericordioso a mim, mísero pecador.".
Na realidade, aquele publicano em Lc 18 batendo no seu peito ilustra como uma pessoa que vivia no Velho Testamento, era salva. Ele se humilhou diante de Deus reconhecendo-se incapaz de guardar perfeitamente os seus mandamentos, e declarando ser um mísero pecador. E assim lhe foi imputada a justiça de Cristo, do mesmo modo que nos é imputada hoje na dispensação da graça.
Quebrantamento, humildade, é o assunto.
O que entende a sua falência espiritual tem uma atitude de submissão (os mansos) diante de Deus. Ele lamenta o seu pecado (os que choram). E isto lhe traz temor e reverência para se achegar diante do trono de Deus (o publicano se considerava indigno de sequer de erguer o seu olhar em direção ao céu).
E então finalmente, esses que têm fome e sede de justiça, porque sabem que não a possuem, serão fartos, assim como o publicano, que foi justificado por Deus. É assim que se entra no Reino. A Bíblia ilustra isto por toda a parte.
Em Mt 18.3, Jesus diz: “Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus.”. Antes de Jesus proferir estas palavras os discípulos estavam discutindo acerca de qual deles seria o maior no Reino.
No meio desta discussão Jesus colocou uma criancinha em seu colo, e usou-a para ilustrar o que estava dizendo. Quem se humilha então como esta criança, é o maior no Reino do Céu." O Reino pertence aos humildes. Você entra nele com humildade.
Agora o que quer dizer com se humilhar como esta criança? Muito simples, uma criança é absolutamente dependente, e uma criança nada realiza. Uma criança não alcançou nada... uma criança não realizou nada. Não há nenhum grande registro de realizações da parte de bebês. Você vem a Jesus, falido com nada, como o escritor do hino tão magnificamente diz, "Nada em minha mão eu trago, simplesmente à cruz eu me agarro.". É assim que uma criança vem... nenhum registro de realizações que a recomendem, nenhum registro em seu favor, nenhum mérito. Você entra no Reino, espiritualmente, na mesma condição em que está uma criancinha.
As palavras de Tiago 4.1-10 podem também ser aplicadas a não crentes, pois está sendo enfatizada a condição de adultério espiritual daqueles que estão amando o mundo e que estão carentes da graça de Deus porque são soberbos e não humildes. E Tiago recomenda os mesmos passos do Sermão do Monte para que haja salvação ou comunhão com Deus, a saber: achegar-se a Deus, purificar as mãos e o coração, afligir-se, lamentar e chorar, humilhando-se na presença do Senhor.
Agora como esta humildade é demonstrada? Sujeitando-se a Deus e resistindo ao diabo. Purificando as mãos e o coração. Afligindo-se, lamentando e chorando.
Este é realmente um dos grandes textos de evangelismo do Novo Testamento, pois chama os pecadores a se arrependerem na presença de Deus, e lhes revela o modo como devem fazê-lo. Aponta para terem aquela humildade que significa que devem se submeter a Deus conforme o que está revelado na Bíblia. A pessoa vira as costas para o diabo e volta-se para Deus. Confessa seu pecado. Chora pelo lavar do seu coração. E com tal humildade o Senhor o levantará.
Em Is 55 vemos a mesma humildade sendo a condição para a entrada no Reino.
E esta humildade deve ser mantida, porque ninguém se torna mais merecedor da salvação depois da sua conversão do que quando veio para Jesus. Ainda somos pecadores e dependemos da graça de Deus para sermos sustentados. Nunca haverá razão de lugar para orgulho em sua vida. Qualquer bem referente à salvação que existir em sua vida é o trabalho de Deus e não seu. É por isso que lemos em I Pe 5:5: “vesti-vos todos de humildade”. "Deus se opõe ao orgulhoso mas dá graça ao humilde.”.
O Senhor quer fazer isto e Ele fará tudo o que for necessário para nos humilhar.
Em II Cor 12 Paulo está falando sobre a experiência que ele teve. Ele está falando, como diz no verso 1, sobre visões e revelações do Senhor, sobre coisas sobrenaturais. Ele diz que há quatorze anos atrás... falando dele... se no corpo, ou fora do corpo, não sabia, foi arrebatado até o terceiro céu. O terceiro céu, é onde está o trono de Deus. E Paulo diz que ouviu no paraíso palavras inefáveis, as quais não é licito ao homem referir. Isto é, as revelações sobre o que se vê no céu, e o que lá se diz está vedado por Deus aos homens. As coisas que Deus preparou, as mansões celestiais, a herança dos santos, estão firmemente guardadas em segredo. É de se estranhar que tantos em nossos dias proclamem a todos os cantos as coisas que alegam terem visto e ouvido no céu, quando Paulo diz que não é lícito ao homem publicá-las. E mesmo se quisessem não poderiam falar de tais coisas porque em Sua sabedoria, Deus as tornou inefáveis, isto é inexprimíveis. Não há como explicá-las em palavras humanas.
Paulo teve a humildade de dizer isto, porque não se ostentou na sua experiência de arrebatamento ao céu. Ele se gloriava na experiência, mas não em si mesmo, conforme suas palavras no verso 5, em que afirma que se gloriava apenas nas suas fraquezas.
O que ele está tentando realmente dizer aqui é que certamente há algo para se dizer sobre uma tal viagem sobrenatural e que havia uma parte dentro dele que pendia para celebrar a experiência incrível, mas quando olhava realmente para si mesmo, tudo sobre o que podia falar era sobre a sua própria fraqueza. Como que a dizer: eu não fui para lá porque o fiz por merecer, ou que de algum modo pudesse merecê-lo. Não foi uma recompensa para a minha espiritualidade. Eu quero dizer que foi uma coisa maravilhosa e algo maravilhoso para gerar exultação no meu interior, mas quando eu olho para mim tudo em que eu posso me alegrar é na minha fraqueza.
E então no verso 7 ele diz: “E para que não me ensoberbecesse com a grandeza das revelações, foi-me dado um espinho na carne, mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de que não me exalte.”. Deus permitiu o espinho para que Paulo permanecesse humilde. Para que continuasse entendendo que sempre era dependente da graça de Jesus.
A experiência de ser arrebatado ao céu não é uma coisa rotineira. É realmente algo incomum. Mas Paulo reservava-se em não alardear a experiência, buscando chamar a atenção para si, porque estava devidamente consciente que não é por mérito espiritual, ou qualquer outro, que Deus concede tal experiência, mas por graça.
O espinho na carne, que veio sobre Paulo tão logo retornou do terceiro céu, guardou-o de se gabar junto de seus oponentes, inquirindo-os se alguma vez, já tinham sido arrebatados como ele. A experiência não lhe fora dada para se exaltar, mas pela exclusiva soberania de Deus, que distribui a Sua graça e dons, conforme Lhe apraz.
Até mesmo Paulo poderia se tornar orgulhoso com a grandeza das muitas experiências que estava vivendo com a pregação do evangelho aos gentios. E por isso Deus permitia que ele fosse constantemente humilhado nas diversas perseguições que sofria, para manter-se humilde diante dEle, e assim continuar desfrutando da Sua graça, para capacitá-lo para a obra de anunciar o evangelho aos gentios.
Paulo aprendeu que o verdadeiro poder estava relacionado à humildade, e por isso disse no verso 10: “Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando sou fraco, então é que sou forte.”. Ele aprendeu a abraçar a adversidade.
Em Pv 15.33 se lê que a humildade precede a honra. Primeiro a humildade, depois a honra.
Deus quer você humilde. Você entrou no reino humilde. Você não tem nenhuma razão para estar orgulhoso agora. Você não é mais merecedor agora da salvação do que antes que Deus o salvasse. Você ainda é miserável e imerecedor, porque foi coberto com a justiça de Cristo. Foi Ele quem pagou a penalidade por seus pecados. E quando Deus traz essas coisas em sua vida que o humilham e o derrubam e o quebram e quebram sua autoconfiança, essas coisas que você não pode dominar, que você não pode desfazer, quando vierem sobre você, não as estranhe como se fosse algo extraordinário que esteja ocorrendo a você... lembre-se apenas que é provável que elas tenham o propósito de humilhá-lo tornando-o mais útil.
Em Fp 2.3 lemos: “Nada façais por partidarismo, ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo.”.
Você sabe, que há algo verdadeiro sobre uma pessoa humilde e é isto: eles vêem o seu próprio pecado como o pior do que o dos seus demais irmãos em Cristo. Isso é uma marca. Se você é mais crítico de outros crentes do que é de si mesmo, é porque lhe falta a virtude da humildade. O orgulho é quem lhe permite rastejar para fora do seu próprio abismo para condenar outros. E eu não estou falando em se avaliar a verdade, eu não estou falando sobre ser perspicaz, eu estou falando sobre estar preocupado em criticar os pecados de outros. Isso é duro de se fazer quando você está subjugado pelos seus próprios pecados. Quando os pecados que mais lhe ofendem são os seus, quando os pecados que mais lhe afligem são os seus, quando os pecados que você gostaria de prevenir são os seus e quando os efeitos desses pecados que atrapalham a igreja são os seus pecados e não o de qualquer outro, então você tem uma medida de humildade e você pode praticar o que diz o texto... considerando cada um os outros superiores a si mesmo.
Mas lemos também no verso 4: “Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros.”. Quando você está mais preocupado com os empreendimentos de outros, os sucessos de outros, as bênçãos de outros, os benefícios de outros, do que os seus próprios, então você tem uma medida de humildade. Quando seus interesses pessoais não são o que importa, mas o sucesso do corpo de Cristo, da sua igreja, dos interesses de Deus em Seu Reino, quando você puder se preocupar menos com seus próprios sucessos pessoais e com suas próprias realizações pessoais, com seus próprios privilégios pessoais, popularidade, reputação, mas se você está acabando com essas coisas em consideração a outros, você tem uma medida de humildade. Isto tem a ver com o modo que você vê a si mesmo... negativamente com respeito a seu pecado e positivamente com respeito a seus sucessos. Você é mais interessado sobre seus pecados do que os de qualquer outra pessoa ? E mais interessado nas bênçãos de outros do que nas suas ?
Essa era a atitude de Cristo. Ele estava mais preocupado conosco do que consigo mesmo. Esta atitude é referida no verso 5: “Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus,”. Ele estava perfeitamente disposto em deixar os seus privilégios para carregar os nossos pecados. Ele estava disposto a ser separado de Deus e suportar a agonia para que nós, que somos imerecedores, pudéssemos ser salvos. E embora Ele subsistisse na forma de Deus, Ele não levou em conta a igualdade com Deus como algo para servir de base para qualquer argumentação. Ele estava disposto em abandonar isto. Ele se esvaziou. "assumindo a forma de servo”, e “a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte, e morte de cruz.”. Em outras palavras, Ele se rebaixou até o ponto mais extremo por nossa causa.
Assim, no exemplo de Cristo, vemos que a humildade é uma atitude do coração, que é o centro mesmo da virtude espiritual.
Assim quando o ministério da igreja estiver fazendo o que Deus deseja que seja feito, estará fazendo o trabalho do coração. A meta da igreja não é lhe dar uma experiência agradável, a meta do ministério da igreja é produzir humildade. Este é o tipo de atitude espiritual que faz parte da vida interior da igreja, e é o que Deus quer que seja visto na igreja.
Assim sejamos gratos a Deus por todas as experiências que nos têm humilhado, porque por meio delas temos sido guardados em humildade, de maneira que reconheçamos que não temos nada para nos gabar em nós mesmos, mas somente na graça de Cristo.
Tradução e adaptação feitas pelo Pr Silvio Dutra, do original em inglês, em domínio público, de autoria do Pr John Macarthur Jr
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Veja tudo sobre as Escrituras do Velho Testamento no seguinte link:
http://livrosbiblia.blogspot.com.br/
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http://livrono.blogspot.com.br/
A Igreja tem testemunhado a redenção de Cristo juntamente com o Espírito Santo nestes 2.000 anos de Cristianismo.
Veja várias mensagens sobre este testemunho nos seguintes links:
http://retornoevangelho.blogspot.com.br/
http://poesiasdoevangelho.blogspot.com.br/
A Bíblia também revela as condições do tempo do fim quando Cristo inaugurará o Seu reino eterno de justiça ao retornar à Terra. Com isto se dará cumprimento ao propósito final relativo à nossa redenção.
Veja a apresentação destas condições no seguinte link:
http://aguardandovj.blogspot.com.br/
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 24/12/2012
Alterado em 10/07/2014