O cristianismo está cheio de pessoas que foram profundamente feridas e feridas por líderes da igreja e isso contribuiu para o distanciamento deles da igreja e contribuiu para a sua indiferença em se submeter à autoridade de professores e líderes. Eles são relutantes em trabalhar para Cristo porque eles estiveram expostos no passado a falsos pastores e falsos professores e falsos líderes que ou eram profanos na sua conduta ou profanos no seu ensino, ou em ambos. E alguns de vocês se encontram nesta categoria. Você manteve sua distância, você está aqui mas você não está integrado na vida da igreja, e talvez é porque você foi exposto a pastores que secretamente trouxeram heresia, eles sempre fazem isto secretamente, e eles lhe falam que eles estão lhe ensinando a Bíblia ou que eles têm algo da parte de Deus para lhes dizer... mas eles são basicamente antibíblicos e você foi exposto a isso. E você veio a entender que o seu nível de confiança foi abalado severamente por isto. Talvez você foi até mesmo explorado por certos líderes para o ganho pessoal deles enquanto eles estavam lhe pedindo que fizesse sacrifícios, eles estavam ficando ricos às suas custas. Também é possível que você tenha estado debaixo de liderança que favoreceu apetites sexuais, e como diz o Novo Testamento "tendo os olhos cheios de adultério" e isto destruiu sua confiança quando o pecado sexual dos líderes veio à luz. E isso continua sendo uma história triste, triste.
Você foi exposto a líderes que não conheciam muito bem a Bíblia e que o enganaram porque eles não o alimentaram com a Palavra do modo que você deveria ter sido alimentado. Eles contribuíram para a sua fraqueza espiritual, em lugar do seu crescimento espiritual. Você pode ter sido exposto a professores que eram autoritários ou pastores que quiseram dominar sua vida. Você pode ter sentado aos pés de pessoas que tiveram alguma habilidade oratória mas não disseram nada de valor. E assim você tem interpretado a igreja à luz destas coisas. Você pode ter estado em uma congregação de pessoas onde havia vários hipócritas, onde parecia que Deus estava fazendo poucas cousas, onde havia falta de poder. E todas estas coisas contribuem para um tipo triste de distância que as pessoas têm da igreja.
Eu também quero somar um quarto motivo e isso me conduz ao assunto deste nosso estudo. Eu penso que outra coisa que contribui para a indiferença das pessoas em relação à igreja é algum tipo de expectativa para uma perfeição que é realmente irreal. A expectativa que a igreja deveria ser tudo o que a Bíblia diz em todo o tempo, sem qualquer falha, conduz as pessoas a um certo tipo de desilusão. Há pessoas que deixam uma igreja perfeitamente maravilhosa, um ministério bom, saudável, íntegro, somente por causa de terem percebido alguma falha, alguma real fraqueza, ou por alguma decepção que tiveram.
É triste pensar que isto ocorra, mas isto não é uma coisa incomum. Eu gostaria de saber o que tais pessoas teriam feito nos dias do Novo Testamento quando havia apenas uma igreja por cidade. O que elas fariam ? O troca troca de igreja seria possível ? Tantas pessoas em tantos lugares do mundo dariam qualquer coisa para terem uma boa igreja, uma igreja nobre, um lugar onde a Palavra de Deus seja pregada e ensinada fielmente. E ainda algumas pessoas desconsiderarão tolamente o valor disto em favor de algo diferente. Você acha uma igreja comprometida com o verdadeiro ensino da salvação, você acha uma igreja que crê na inerrância da Bíblia, você acha uma igreja que interpreta o Gênesis historicamente e literalmente, você acha uma igreja onde Jesus Cristo é apresentado como o único caminho para o céu e que Ele é Salvador e Deus, você acha uma igreja que crê na concepção virginal de Cristo, na morte substitutiva dele na cruz, a Sua ressurreição corporal e completamente devotado ao progresso do Seu Reino, você acha uma igreja que é comprometida com a liderança masculina, de acordo com as Escrituras, que crê num inferno literal, uma igreja que exercita a disciplina da igreja, que proclama a sã doutrina, que ama as pessoas, que evangeliza o perdido e discipula os salvos, e quando você achar isto, agradeça a Deus por ter achado uma igreja assim. E invista sua vida naquele lugar e não tenha expectativas irreais de perfeição e o melhor de tudo, não creia que você é merecedor de perfeição.
A mim entristece, ver que as pessoas não estão envolvidas na igreja, a única instituição eterna que o Senhor está edificando neste mundo. Eu repudio esta mentalidade de consumidor que vê a igreja como vendendo algo. E se você quiser comprar isto, você vai e compra isto mas se realmente não lhe interessar, você irá para algum outro lugar ou nenhum lugar. Eu repudio a privatização da espiritualidade em que nós temos as pessoas que dirigem as próprias vidas espirituais delas dentro de algum tipo de opção pelo que está na moda, controlado apenas pelos seus próprios desejos pessoais. Eu repudio o desafeto contínuo pela igreja por causa da tragédia terrível de pecado entre líderes da igreja. Eu repudio também o estabelecimento de expectativas irreais pelas pessoas, para as quais uma igreja deveria ser perfeita, e quando eles não acham isto, porque não existe, passam a ter uma atitude indiferente ou falta de compromisso com a igreja.
Esta é a igreja da qual nosso Senhor Jesus é a cabeça e Ele a está edificando como seu corpo, e Ele nos chamou para sermos uma parte disto. E se você não for uma parte disto, você é desobediente. Você está abandonando a sua parte na engrenagem, e é ordenado na Palavra que você não deve fazer isso. Você deve estar unido com o povo de Deus que congrega em sua igreja, para estimular um ao outro ao amor e à prática das boas obras. E você deve se lembrar que a igreja se reúne para partir o pão, para a oração e para a comunhão, seguindo a doutrina dos apóstolos. E neste ambiente opera o poder de Deus. Também deve se lembrar que se você for indiferente à igreja em qualquer grau, levanta-se a pergunta se você é de fato um crente ou não porque os crentes são conhecidos de acordo com 1 Jo 3:14 porque eles amam os irmãos e amor aos irmãos resulta no desejo de estar com aqueles que têm a mesma fé preciosa. E os crentes também são conhecidos porque eles ouvem a Palavra e a cumprem, e eles amam se submeterem à autoridade da Palavra de Deus e obedecê-la. Jesus disse claramente qual é o modo de reconhecermos aqueles que O amam de fato, Ele disse que os tais guardam a Sua Palavra. É a presença do Espírito Santo neles que lhes dá tal amor à Palavra e ao Senhor. Se alguém se diz crente e não aceita ou distorce o que Jesus diz na Bíblia, é para se duvidar sobre a genuinidade da sua conversão.
É uma coisa muito perigosa se isolar do povo de Deus e isto é muito indicativo do estado do coração se você não estiver sendo fiel. Provérbios 18:1 diz: “O solitário busca o seu próprio interesse, e insurge-se contra a verdadeira sabedoria.”. Está muito claro. Quando alguém é infiel à assembléia dos santos, infiel à adoração de Deus e à comunhão com seus irmãos em Cristo e ao partir do pão e ao ouvir a doutrina dos apóstolos, é porque ele tem outros desejos pessoais que estão distanciados daquilo que é a marca de um crente devotado. Eu estou chamando você a ser fiel à sua igreja. Eu o estou chamando à atitude do salmista no Salmo 122: “alegrei-me quando me disseram: vamos à casa do Senhor.”. Deveria haver uma alegria por ser uma parte do povo de Deus, uma parte da Sua igreja.
Nós estamos falando sobre a igreja e o que a igreja deve ser. E a atitude que eu quero apresentar a você neste estudo sobre aquelas atitudes espirituais que caracterizam a igreja, é a atitude de satisfação. Nós falamos sobre as seguintes atitudes espirituais: fé, amor, humildade, unidade, misericórdia, perdão, alegria e gratidão. E agora nós estaremos falando sobre a satisfação.
Esta é uma palavra rica. Significa estar satisfeito. E como eu disse na pequena introdução que eu fiz, há muitos crentes que estão insatisfeitos. Agora isso está sendo alimentado hoje de uma maneira excessiva. Nós ouvimos em toda parte sobre esses ministérios que são dirigidos a necessidades sentimentais. E eu estava lendo um livro esta semana e é um livro relativamente novo que tem uma estória reveladora, realmente, é no geral um projeto de pesquisa da Igreja da Busca de Amizade que é construída ao redor de necessidades. E as pessoas que começaram aquele movimento há cerca de dois anos e meio afirmam que o objetivo principal do seu ministério é levar as pessoas à auto-realização, a reconhecerem que elas não estão vivendo em plenitude, que elas não estão satisfeitas, e que precisam então serem plenas e satisfeitas.
Bem, isso pode soar aprovadamente no começo, mas quando você estrutura um ministério que é projetado para conduzir as pessoas baseando-se em falta de satisfação e construir tudo isso para satisfazer os seus egos, você estará vendendo a auto-satisfação como um objetivo comprável. E então quando você tiver levado tais pessoas a Cristo elas ainda estarão envolvidas com o consumo voltado para estarem ou não satisfeitas. Você lhes tem prometido da parte de Jesus, que lhes satisfaria. E eu não conheço você mas há muitas coisas até mesmo na vida em Cristo que não estão num nível de conforto humano muito satisfatório. Como disse um escritor: "esforçando-se para se identificar com uma pessoa que não pertença ao corpo de Cristo e procurando atender todas as suas necessidades e especialmente a sua necessidade de satisfação, esforçando-se para mover o mundo para dentro da igreja, você acaba passando a igreja para o mundo porque você tem redefinido a maior necessidade das pessoas como sendo a de satisfação pessoal. Agora você tem uma igreja cheia de pessoas que foram ensinadas que o assunto principal é a satisfação pessoal definida em condições humanas.". Que situação trágica é esta com a qual você terá agora que tratar.
E assim, em nossa cultura nós estamos vendo a toda hora sendo vendida a insatisfação, porque toda a propaganda no mundo inteiro trabalha com isto, para torná-lo insatisfeito e fazer da satisfação pessoal o assunto mais importante da sua vida. A verdade neste assunto é que isto não importa afinal. Realmente não importa nada. Nada neste mundo que vai ser extinto pelo fogo do juízo de Deus, nada neste mundo que vai passar, realmente deveria estar associado à nossa satisfação. Realmente nada. E é sobre isto que nós vamos falar.
Satisfação é uma palavra bíblica. Paulo disse em I Tim 6.6: De fato, grande fonte de lucro é a piedade com o contentamento.”. Isto é, a piedade com a satisfação é um grande ganho. E então, no verso 8, ele diz: “tendo sustento e com o que nos vestir, estejamos contentes.”. Em Hb 13.5 lemos: “Seja a vossa vida sem avareza. Contentai-vos com as cousas que tendes; porque ele tem dito: de maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei.”. Assim a Bíblia fala muito sobre satisfação e basicamente nos comanda que estejamos contentes. Esta é outra daquelas atitudes espirituais essenciais na vida da igreja. A igreja precisa estar contente. Você precisa estar contente. A Palavra lhe ordena que assim seja.
Temos uma boa ilustração desta satisfação (ou contentamento) ordenada pela Bíblia, em Fp 4, onde Paulo descreve as circunstâncias em que estava vivendo naquele momento. Na ocasião ele está escrevendo como um prisioneiro. Ele é um prisioneiro. Ele está na cidade de Roma, a grande metrópole do império romano. E por causa da pregação do evangelho que incitou muitas dificuldades entre os judeus e o gentios, ele foi feito um prisioneiro. É uma prisão um pouco diferente porque ele tem algum tipo de domicílio privado, em vez de ter sido lançado num calabouço com outros prisioneiros. Aparentemente ele estava acorrentado a um soldado romano naquele ambiente privado. Ele está isolado dos seus amigos. Ele não pode ir e vir segundo a sua vontade, ele não pode pregar e ministrar. Ele perdeu toda a liberdade e ele perdeu a privacidade, continuamente acorrentado um soldado romano. Ele tem só os gêneros básicos da vida, um mínimo de alimento, bebida e vestimenta. Ele está afligido com a dificuldade de ser um prisioneiro. E de certa maneira, estar acorrentado a uma pessoa seria pior do que estar em uma cela de prisão ou até mesmo em uma cela cheia de prisioneiros. Ele tem apenas o que lhe era necessário para manter a sua vida. De certa modo esta é a pior condição possível do ser humano. Só alguns amigos podem ocasionalmente encontrar-se com ele. Ele está nesta condição esperando por uma audiência com Nero, uma audiência que poderia terminar na sua execução. Ele sabe isso. Ele foi privado de todo conforto humano. Ele é um homem solitário. Enquanto está acorrentado ao soldado que o vigia na prisão, ele escreve cousas. Ele está naquele ambiente quando escreveu a carta aos filipenses. E lemos em 4.11: “Digo isto, não por causa da pobreza, porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação.”.
Que lição abençoada para ser aprendida e ele havia aprendido isto. Você não adquire isso sem aprender. Há um processo para aprender a satisfação. Aqui ele está nesta condição horrível, em isolamento, nenhuma privacidade, acorrentado, preso e ele diz: "eu aprendi a viver contente." Aqui está a descrição de um homem contente. E é deste tipo de homem que você precisa aprender porque este é um homem com nada, absolutamente nada.
Em primeiro lugar, eu quero mostrar que ele não conheceu nada de uma mentalidade de vítima. Ele não tem nada que dizer sobre a dificuldade da sua prisão. Ele não tem nada que dizer sobre o processo judicial injusto ao qual ele esteve exposto. Ele não tem nada que dizer sobre o ódio imerecido dos judeus, ou a hostilidade imerecida dos gentios. Ele não tem nada que dizer sobre ele ter sido maltratado, abusado, etc. Ele não sabe nada sobre ser uma vítima.
Em nossa sociedade, hoje em dia, isto está muito longe da mentalidade de Paulo, não é verdade? Onde todo mundo é uma vítima de tudo. Isto é incrível como nós corremos apressadamente para nos identificar como vítimas.
A palavra "contente" usada em Fp 4.11, tem o significado de ter bastante, ter o suficiente. Na realidade, Lightfoot, o grande comentarista de grego diz, "isto se refere a alguém que não precisa de qualquer ajuda.". Refere-se a alguém que não precisa de nada. E quando você olha para Paulo e você diz... Bem há um homem que não precisa de nada... mas pela definição de hoje isto seria ridículo. Ele não tem nada mas não necessita de nada. Agora isso é estar contente, isto é satisfação absoluta, no grau mais elevado. Não ter nada e não precisar de nada...porque se sente satisfeito. Eu aprendi, ele diz, eu aprendi a viver contente em toda e qualquer situação.
Abaixo no verso 12 ele diz isto novamente a partir do final do verso 11: “aprendi a viver contente em toda e qualquer situação”. Eu aprendi o segredo... eu aprendi o segredo. Era isso o que ele estava dizendo em outras palavras. No grego o verbo “aprender” vem de “múeo”, e tem o significado de “ser iniciado em”, “ser instruído”. Por exemplo, era usado na iniciação nos segredos das religiões de mistério. Em sentido amplo significa ser iniciado (instruído) nos segredos internos de alguma religião. Na realidade, eles diziam antigamente que uma pessoa era um iniciado, quer dizer eles estavam aprendendo os segredos interiores da religião deles. Paulo diz que havia aprendido o segredo. Eu fui iniciado, eu aprendi a estar contente. Este é um segredo que ilude a maioria das pessoas. E francamente, irmãos, este é um dos sofrimentos que você tem que suportar em nossa cultura, porque quanto mais bens materiais você possui, mais difícil é aprender esta lição. E sem aprendê-la você viverá sofrendo, por estar sempre insatisfeito, ou melhor dizendo, por não estar satisfeito segundo o modo de Deus. É muito mais fácil para as pessoas que não têm nada. É muito mais fácil para as pessoas na Índia aprenderem a estar contentes do que nós, porque temos definido a vida em termos do que nós temos... nós estamos acostumados a isso. Paulo diz, eu aprendi.
Agora a pergunta que vem à minha mente é como você aprende isto? Como você pode estar assim contente? Como você pode chegar a um ponto em sua vida onde você pode dizer: eu não tenho nada e eu não preciso de nada? Como você pode chegar lá? Como eu posso aprender aquela lição? Como eu posso ser iniciado em satisfação? Como eu posso deixar de montar aquela montanha-russa de humor para cima e para baixo dependente de como as coisas vão? Como eu posso ficar por cima da onda tendo sido maltratado por meu cônjuge, ou minha família, ou meus pais, ou meus amigos, ou meu chefe, ou meu professor, ou meu professor que me deu um baixo grau? Como eu posso deixar de me sentir como uma vítima, por não estar adquirindo segundo o meu entendimento o que é justo e o que é certo?
Bem nós vamos descobrir nesta passagem. Há cinco princípios que você tem que aprender se você quiser ser uma pessoa satisfeita... cinco princípios. Eles são os segredos da satisfação. E quando você os aprender você poderá ficar satisfeito.
Antes de passarmos aos cinco princípios referidos, gostaríamos de elucidar que isto tem a ver com a nossa adoração e serviço a Deus. Isto não se trata de um modo de se aprender algum princípio filosófico de vida. Isto tem a ver com confiança total na providência e cuidado de Deus, que o agrada e glorifica, especialmente, se somos encontrados satisfeitos nEle, mesmo quando nada tivermos, a não ser provações. Isto tem a ver com amar, ser grato, alegre, paciente, enfim, ser tudo o que Deus deseja que sejamos, tendo as virtudes de Cristo, independentemente de circunstâncias desfavoráveis. Esta foi a grande lição a que Jó foi submetido a aprender na aflição que lhe foi trazida pela providência de Deus. Passemos agora ao estudo dos cinco princípios referentes ao aprendizado do contentamento, que é, como já dissemos, uma das principais âncoras da alma para que você fique firme em sua gratidão, adoração, amor, louvor a Deus, independentemente das circunstâncias que estiver vivendo.
Número um: confie na providência de Deus. Agora isto é apenas aludido em Fp 4.11-13, mas eu penso que de um modo maravilhoso... confiança na providência de Deus, tenha confiança na providência de Deus. Deixe-me dizer-lhe apenas uma palavra sobre providência. Providência é um termo que foi usado por teólogos durante anos para descreverem o fato de que Deus opera todas as coisas conforme a Sua própria vontade. Isso é o que significa. Significa que Deus sustenta as milhões de contingências que acontecem no universo e a tudo orquestra perfeitamente mediante a Sua vontade. E como eu lhe falei a providência é para mim o maior dos milagres. Se Deus há pouco parou o processo normal das coisas e realizou um milagre, Ele pode fazer qualquer coisa que Ele queira, e você poderia entender isso. Ele tem grande poder. Ele criou coisas assim e Ele pode parar os processos normais da operação natural que se processam no mundo e introduzir um milagre. Mas o que Ele faz na providência é deixar que todas essas contingências aconteçam, milhões de pessoas que fazem milhões de escolhas, fazendo milhões de coisas, e demônios e todas as hostes de Satanás trabalhando em todo o seu sistema, e então você tem todos os fatores físicos em um universo físico, toda a complexidade desses milhões e milhões de contingências e Deus com tudo isso perfeitamente misturado cria os Seus próprios propósitos e faz com que todos se cumpram. Isso está além da minha imaginação. Você põe alguns componentes em minha vida e eu fico confundido e eu não posso determinar o que eu farei, se houver muitos componentes, porque isto é muito complicado. Mas Deus tudo governa e provê com perfeição.
Havia uma pequena circunstância que Deus ajustou no programa inteiro da vida de Paulo, olhe para Fp 4.10: “Alegrei-me sobremaneira no Senhor”. E ele diz o porque disto: “porque, agora, uma vez mais, renovastes a meu favor o vosso cuidado; o qual também já tínheis antes, mas vos faltava oportunidade.”.
Agora, por que Paulo está se alegrando no Senhor? Por que ele não está agradecendo aos filipenses? Por que ele não está dizendo, "eu quero agradecer a vocês por terem feito o que fizeram.”. Ele está se alegrando no Senhor porque ele sabe quem trouxe tudo isto à tona. Quem moveu toda aquela ação. Durante dez anos a igreja de Filipos nunca tinha enviado a Paulo qualquer apoio. E ele era basicamente um pregador itinerante que trabalhou com as próprias mãos para sobreviver. Mas quando você está numa prisão isto se torna difícil ou mesmo impossível..
Quando você entra um pouco mais fundo na história daqueles dez anos, você se faz a pergunta: por que ? Há duas respostas que nos vêm. Um, porque eles eram pobres e eles tiveram bastante apenas para si mesmos. Agora, lembre-se que quando Paulo escreveu aos filipenses, fazia dez anos desde a sua estada entre eles. Foi em Filipos que Paulo foi colocado na prisão juntamente com Silas, e você se lembra como ele foi miraculosamente libertado por Deus daquela prisão, tendo se convertido o seu carcereiro. Foi assim que começou a igreja em Filipos. Dez anos haviam se passado desde aquela ocasião.
E Paulo diz o que já lemos no verso 10. Durante aqueles dez anos eles nunca tiveram o kairos que é a palavra grega para “oportunidade”. Nós não sabemos das condições particulares mas estava certamente relacionado em parte por causa da pobreza deles. Havia perseguição a Paulo naquela cidade e seguramente havia alguma dificuldade para aquela igreja jovem naquela cidade. Dez anos depois que ele tinha começado aquela igreja, eles reavivaram a preocupação deles por ele. E o que ele está se referindo aqui é que eles lhe enviaram um presente. Eles lhe enviaram um presente. Eles lhe enviaram algo que pode ter sido roupa, comida. Nós não estamos seguros do que especificamente era, mas eles lhe enviaram um presente.
Você notará a referência a isto nos versos 16 e 17. em verso 17. Eles estavam recebendo de Deus a oportunidade de fazerem isso com Paulo na hora da grande necessidade do apóstolo.
Paulo sabia que Deus estava naquilo, conforme a Sua promessa que podemos ler em Hb 13.5: “De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei.”. Ele sabia que Deus estava lá. Ele sabia que Pv 16:9 diz uma grande verdade: “O coração do homem traça o seu caminho, mas o Senhor lhe dirige os passos.”. E também Pv 19.21: “Muitos propósitos há no coração do homem, mas o desígnio do Senhor permanecerá.”.
Paulo sabia que era Deus quem havia movido os filipenses a compartilharem com ele naquela hora difícil da sua vida. Ele diz em Fp 2.13: “Porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade.”. Ele sabia que sua vida estava nas mãos de Deus. Ele conhecia o Velho Testamento. Ele conhecia a providência de Deus na vida de José. Tal como Deus fora providente na sua própria vida, realizando milagres tremendos através dele em seu ministério, inclusive junto aos próprios filipenses. Ele havia aprendido pela sua própria experiência que tudo da providência de Deus que está narrada na Bíblia era de fato real. Ele havia aprendido que Deus está no controle de tudo.
Agora, há um segundo princípio que você deve aprender...não apenas ficar satisfeito pela providência divina, mas ficar satisfeito mesmo tendo pouco. Isto não é fácil.
Eu estava lendo uma carta de missionários que estão atualmente numa área primitiva da África. Eles narram as condições difíceis que têm vivido, mas pediam apenas que orássemos por eles. Aqui estão pessoas que não estão sendo pouco usadas. Isto é um grande serviço que estão fazendo tendo tão pouco e vivendo em circunstâncias muito difíceis. É difícil para nós compreendermos isto nesta sociedade que vivemos. Isto é uma das pragas da prosperidade.
Em Fp 4.11 é onde nós temos este princípio. "Digo isto não por causa da pobreza,”, “não por causa daquilo que eu desejo”, em outras palavras. Ele está se alegrando em Deus porque os filipenses, usados por Deus, satisfizeram as suas necessidades no momento apropriado, e não por causa dos seus desejos pessoais. Não foi porque ele pediu a Deus que alguém o ajudasse, e os filipenses lhe deram o necessário como resposta às suas orações. Não porque ele estivesse desesperado, triste e angustiado pela prisão e pela penúria da prisão, e estivesse lutando para tirar aquele espinho da sua carne. Afinal, ele próprio declara que não foi por esse motivo, e que ele havia aprendido a viver satisfeito em qualquer situação, tendo muito ou nada, sendo honrado ou desonrado, com fartura ou fome, com abundância ou escassez (v 12).
Não estamos falando aqui de estoicismo, que é a filosofia de ignorar o sofrimento, ou de ascetismo, que é o modo de vida que procura abster-se do que é material. Estamos falando de ter o contentamento de Deus no seu espírito, em toda e qualquer situação, de modo que a satisfação não é decorrente do que se tem ou do que não se tem, mas de ser fortalecido com graça por Aquele que nos fortalece (v 13), a saber, o Senhor.
Você pode imaginar alguém dizendo hoje o que Paulo disse? “Eu não tenho nenhuma necessidade”. Isso é muito difícil para nós nesta mentalidade de consumidor que possuímos, não é verdade? Eu não tenho necessidade. Eu não preciso de nada. Não há nada de que eu preciso. E nós temos mais que o apóstolo Paulo, que disse que não tinha nada de que precisasse. O que lhe falta para ficar satisfeito ? Se você responde esta pergunta é porque ainda não aprendeu a lição do contentamento bíblico em Deus. Você deve aprender a estar contente no Senhor ainda que nada possua. Esta é a lição. Você está contente onde está e com o que tem. É assim que você deve prosseguir para conquistar os seus objetivos de vida, sejam eles quais forem. Não deve ser a falta deles a causa do seu descontentamento, da sua insatisfação. Você confia em Deus, na Sua providência, não para atingir seus objetivos, mas para entregar-lhe inteiramente o cuidado da sua vida, sabendo que Ele tem cuidado de você.
Nós tivemos há alguns anos, uma grande ênfase no chamado evangelho da prosperidade. O evangelho da prosperidade não foi muito longe porque o pobre ficou mais pobre dando seu dinheiro aos pastores da prosperidade. Assim o evangelho da prosperidade teve uma vida curta. As pessoas não ficavam ricas como eles prometiam. No lugar do evangelho da prosperidade entrou a teologia das necessidades. Eles pregam que nós temos muitas necessidades que devem ser atendidas e todos nós somos vítimas e nós temos sido chutados, e ninguém nos entende e a vida não é justa. E todos são estimulados a brigarem pelos seus direitos. A pedirem reparação de danos morais, ressarcimento por perdas. Há vários processos sendo instaurados por causa de palavras que têm sido interpretadas como calúnias racistas. Este é o espírito da época. Isto influencia a igreja de Cristo. Os crentes não são do mundo mas estão no mundo, e estas coisas lhes atingem, podendo ficar insatisfeitos por tudo e por nada. Sentindo-se vítimas de um mundo injusto. Que premia alguns com salários e ganhos exorbitantes, e deixa a maioria na penúria da satisfação dos desejos que gostariam de realizar.
E assim nós temos uma teologia nova que está afinada com este sentimento da época e que é construída em cima das necessidades. E a idéia é que eu tenho que identificar melhor todas estas necessidades e apresentá-las a Deus para satisfazê-las. Eu preciso ter êxito, eu preciso ter sucesso na vida, eu preciso ser um vencedor. O meu negócio tem que florescer, eu devo ser bem sucedido nos negócios, ou de outro modo, algo vai errado com a minha fé. Quando você começa a ir por este caminho o resultado no fim, se você for um verdadeiro crente, será um desastre, porque Deus jamais intentou ensinar-nos a viver desta maneira. Não é esta a sua fórmula para o sucesso, para a vitória, para a satisfação. A vitória da cruz, é a imagem de Jesus estar sendo reproduzida em nós, e isto é melhor visto, quando aprendemos a viver contentes em toda e qualquer situação, quando a nossa comunhão com Deus, o nosso amor e serviço a Ele não dependem do que temos ou deixemos de ter. Do que temos ou não alcançado. Quando se envereda a fundo no evangelho da teologia da satisfação das necessidades, ainda que não se siga isto doutrinariamente, mas como uma filosofia de vida que se tem aprendido daquilo que está na cultura, na sociedade desta época, o resultado será aquele que já tem ocorrido com milhares de pessoas nas congregações que sustentam tal doutrina. Eles têm procurado auxílio psicoterápico aos milhares. Por que eles necessitam de psicoterapia? Porque lhes foi dito que eles teriam sucesso em tudo na vida, só que segundo aquilo que o mundo busca, e não tendo encontrado, ficaram frustrados, magoados com Deus, ficaram por assim dizer, insatisfeitos crônicos, e adquiriram enfermidades psicossomáticas, e por isso muitos deles estão à cata de tratamento psicoterápico. Isto é uma coisa trágica, muito trágica.
Não é isto o que ensina a sã doutrina sobre ter uma vida plenamente satisfeita, com contentamento real. Estamos falando sobre o seu significado conforme a verdade de Deus revelada nas Escrituras. Basta você colocar um pé fora disto, e aí temos uma pessoa insatisfeita, ainda que você tenha muitos bens e realizado muitos projetos de vida. Esta satisfação é uma atitude interior. É aquele estado abençoado de alma que é concedido pelo Espírito de Deus, e pelo nosso conhecimento da verdade relativa à Sua vontade para as nossas vidas neste mundo, e no mundo por vir. Veja alguém que tenha se afastado do padrão da satisfação bíblica por um milímetro que seja, e aí você terá encontrado alguém que está com a sua comunhão com Deus arranhada, sem a verdadeira alegria, gratidão e paz que dEle procedem, em seu coração.
De fato a satisfação nunca poderá ser obtida pela realização de desejos, porque não há um fim para isto, como lemos em Pv 27.20: “Os olhos do homem nunca se satisfazem”, e Ec 6.7: “Todo trabalho do homem é para sua boca, e contudo nunca se satisfaz o seu apetite.”. Daí se tira um ditado que há no mundo: “quanto mais se tem, mais se quer”. Isto indica que os desejos carnais jamais poderão ser satisfeitos plenamente.
Aquele que anda de fato debaixo do temor do Senhor, e que guarda a Sua Palavra, da qual o que estamos estudando é uma parte, como uma das muitas atitudes fundamentais da vida cristã, este será por ele satisfeito, como lemos em Pv 19.23: “O temor do Senhor conduz à vida; aquele que o tem ficará satisfeito, e mal nenhum o visitará.”. O sentido aqui é que não terá qualquer dificuldade. Mas que o mal não mais o destruirá. Se a sua confiança está colocada inteiramente no Senhor, e se anda em comunhão verdadeira com Ele, em tudo dando graças, alegrando-se sempre, e estando satisfeito em toda e qualquer situação, por ter aprendido a fazer isto no Senhor, esta pessoa está de fato debaixo da bênção de Deus, independentemente das circunstâncias em que estiver vivendo. A paz do Senhor não depende de circunstâncias, antes tem prazer em triunfar sobre as circunstâncias difíceis e sobre as situações de carência dos bens terrenos.
Realmente não importa se nós temos qualquer coisa nesta vida ou se não temos. Não há nenhum problema em se ter muito. Você pode até tê-lo recebido como bênção das mãos de Deus. Isto lhe dá a oportunidade de servir melhor a muitos e ser generoso com os que estão em necessidade, especialmente entre os domésticos da fé. Mas, não é nisto que deve estar focalizada a sua satisfação porque a sua fonte é outra, não está no que se tem ou no que não se tem, como já falamos antes.
Paulo diz, "eu aprendi a viver contente. Eu aprendi a viver satisfeito em quaisquer circunstâncias". Ele não está negando que a vida tenha circunstâncias difíceis, isto faz parte da vida. Ele não está negando que ele seja maltratado. Mas ele não é nenhuma vítima. Ele não tem a mentalidade de nenhuma vítima. Ele é triunfante. Ele está satisfeito com pouco. Ele nunca esquece o que ele realmente merece, correto? Ele sabe que tudo o que tem recebido é fruto da graça do Senhor. Nenhum pecador merece qualquer coisa de Deus, a não ser a codenação eterna. Mas o crente tem recebido vida eterna da parte do Senhor. E esta vida traz consigo tribulações e perseguições. Deus está naquilo e isto lhe basta. Ele teve muito antes em muitas ocasiões, e também teve muito pouco ou nada também em muitas outras ocasiões. E a mesma satisfação estava presente em ambas situações. Ele nunca anda pela vista, mas por fé. Ele olha para Aquele que é invisível e para aquelas coisas eternas que são também invisíveis. Ele se regozija no cumprimento do ministério que vai deixando mais e mais realizações consumadas para trás e que serão consideradas por Deus no seu galardão e na coroa futura que receberá. Ele não tem uma atitude de desprezo para a vida que tem na carne, mas contempla aquela vida infinitamente superior que lha sucederá. Ele tem os seus afetos ligados naquilo que é celestial e duradouro, e não no que é terreno e passageiro. Assim ele está confiando na providência de Deus, para satisfazer as suas necessidades. Ele é um homem que não vive segundo a aparência deste mundo que passa, mas segundo a verdade de Deus que permanece e é para sempre. Ele não é alguém que alimente ilusões. Ele vive na verdade e caminha na verdade no seu rumo determinado em direção à sua pátria verdadeira que está no céu. Ele sabe que Deus nunca o abandonará e ele está contente e satisfeito com pouco, porque sabe que apenas uma coisa é necessária, e ele está na plena posse dela.
O tipo de humanismo cristão que diz: eu sou o centro do universo e minhas necessidades são a força propulsora principal, é certamente uma afirmação antibíblica. Eu não quero dizer que quando Paulo estava contente que não havia algumas áreas em que ele não estava contente. Deixe-me lhe apresentar um par. Ele recusou estar contente com a própria espiritualidade dele. Ele não estava contente com isso. Ele disse: "miserável homem que sou.". Ele não estava contente com a perseguição dele de santidade. Ele não estava contente com a meta dele de se tornar como Cristo. Ele disse, "Não que eu o tenha atingido, mas prossigo para o alvo". Ele não estava contente com o modo com que o mundo estava tratando Jesus Cristo. Ele não estava contente com a blasfêmia contra ele. Ele não estava contente com as pessoas indo para o inferno e rejeitando o evangelho. Havia muitas coisas que ele não estava contente, e a propósito, é o descontentamento em tais áreas e coisas, que contribui para aquele contentamento interior, na alma, que procede de Deus. Ninguém pode ser aprovado por Deus estando satisfeito com o nível da sua santidade, porque esta implica em processo e crescimento progressivo no conhecimento da graça e de Jesus Cristo. Ninguém pode ser aprovado por Deus ficando satisfeito com as injustiças que há no mundo, porque o amor não se alegra com a injustiça, mas com a verdade. E ninguém pode ficar contente com um coração frio que não se preocupa com a salvação eterna do seu próximo. Mas nada disso tinha a ver com as circunstâncias físicas de Paulo. Era bastante para ele que Deus tivesse legado essas circunstâncias e aquele Deus estava se mostrando para Ele fiel e poderoso nessas circunstâncias. Ter Deus era ter tudo e ele não precisava de nada. Ele tinha aprendido que o fim principal do homem era glorificar a Deus e a alegria principal do homem era amar a Deus com todo seu coração, alma, mente e força. E, escute, o amor que ele tinha por Deus era um amor puro, como o amor que os pais têm pelo seu bebê, isto é tão puro em si mesmo, que isto não sofre qualquer influência das circunstâncias.
Assim nós poderíamos dizer que a vida do crente deve ser uma vida liberada de necessidades. Esteja satisfeito com pouco. A fidelidade a Deus é medida desta forma. Jesus disse que aquele que é fiel no pouco será colocado sobre o muito. Como que a dizer, já que você provou ser fiel e amar a Deus, não pelo que tem recebido, mas por ter uma fidelidade e um amor desinteressados e verdadeiros, então você receberá um sinal da aprovação e do agrado de Deus por sua vida, recebendo mais de suas mãos, como prova da confiança dele na sua lealdade e amor.
Deixe-me levá-lo agora ao terceiro ponto relacionado à satisfação. Você precisa ser independente de circunstâncias. Se você for uma pessoa que está satisfeita, você deve ser satisfeito com pouco e você deve ser confiante que o pouco é realmente o que Deus tem provido. E em terceiro lugar, você deve ser independente de circunstâncias. E você vê esta independência no verso 12: “Tanto sei estar humilhado, como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias já tenho experiência, tanto de fartura, como de fome; assim de abundância, como de escassez.”.
"Em qualquer e toda circunstância" são a chave para a verdadeira satisfação. Em outras palavras, isto não importa. As circunstâncias são irrelevantes. Você aprenderá a estar contente quando você aprender a confiar que Deus, cuida de tudo providencialmente. Quando você aprender a ficar satisfeito com um mínimo e quando você aprender a ser indiferente às suas circunstâncias. Eu sei como, ele diz, eu sei como. Eu sei estar bem com recursos humildes. Literalmente a palavra aqui tem a ver com viver somente com os recursos estritamente básicos. Eu também sei viver em perisseuo, abundância, transbordando no que se refere a bens terrenos e materiais. Eu conheço bem esses dois lados por experiência própria. Eu sei ficar bem com pouco e eu sei ficar bem com muito. E às vezes isso é mais difícil, porque você sofreu uma quebra de padrão. O difícil não é viver com um mínimo de recursos a vida inteira. O difícil é viver isto muitas vezes, quando se teve muitos recursos antes. E Paulo conhecia isto por experiência própria. Não apenas no sentido dos bens materiais. Mas também no que se referia à honra do mundo. Às posições elevadas e de poder. Ele foi o mais destacado dos fariseus, e era grandemente honrado pelo Sinédrio, antes de conhecer a Cristo. Por amor do Senhor ele deixou para trás todas aquelas coisas. Ele conheceu o que era ter a companhia de vários auxiliares no ministério que o acompanhavam em suas viagens missionárias, mas também sabia o que era ser abandonado pela maioria deles em suas muitas prisões. Por causa da pregação do evangelho.
Como eu disse antes, muitas pessoas apenas montam a montanha russa das suas satisfações percebidas. Mas Paulo achou toda sua satisfação na relação com Deus, toda sua satisfação na esperança do futuro, toda sua satisfação sendo útil a Deus para os propósitos do Reino, toda sua satisfação no ministério. Ele tinha sofrido profundamente. Na realidade a maior parte da vida dele era, eu penso desde que ele se tornou um crente, a maior parte da vida dele entra na categoria dos de recursos humildes, enquanto andava faminto e sofrendo necessidade, em lugar de viver em prosperidade, e abundância. Eu penso que isso era a exceção em lugar da regra. E se temos este exemplo de satisfação vivido por um crente em tais circunstâncias, que justificativa você terá diante de Deus por estar insatisfeito tendo muito mais bens do que Paulo teve, e muito menos tribulações do que as que ele experimentou ? Mas o que ele está dizendo realmente é isto: não importa. Você conhece o que ele disse em II Cor 12.10 que tinha prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, que tinha vindo sobre ele por causa do seu amor por Cristo, e que o tinham tornado poderoso na graça de Deus.
Assim, amado, satisfação é uma coisa evasiva nesta sociedade porque esta sociedade quer fazer de você uma vítima. Esta sociedade quer enfatizar e glorificar seus direitos pessoais. Esta sociedade quer personalizar e privatizar e individualizar sua espiritualidade e seu cristianismo de forma que você pensa que tudo deveria girar em torno de você. Esta sociedade quer transformar Jesus num gênio, você esfrega a garrafa, ele sai de dentro dela e lhe dá o que você quer. Esta sociedade através da mídia quer fazê-lo descontente com tudo, para que você seja um consumista permanente. E eu admito que há dificuldades na vida, há lutas na vida, mas muito disso procede do egoísmo que é uma das principais raízes do pecado. Quando você introduz seu egoísmo em seu matrimônio, o resultado será confusão. Você introduz isto na sua família, ele trará confusão. Desordenará a igreja. Desordenará qualquer relação. Haverá confusão se você está direcionado para a satisfação do ego. Isso é uma coisa terrível. Isso é uma coisa trágica. E quando você fala para as pessoas que elas deveriam receber a Jesus porque Ele produzirá a realização dos desejos do ego, você os colocou em uma estrada para sofrerem um desastre.
Se você vai viver egoisticamente, você vai ser uma vítima, você vai se ferir muito pessoalmente, cada vez que alguém disser algo que o ofenda, ou algo que você não goste, você vai atacar, e então você destruirá todas as relações. Você destruirá sua própria vida. Mas se você reconhecer que suas circunstâncias estão onde estão pela providência de Deus, que designou para você o que Ele quis, e que você deveria ficar satisfeito com pouco e totalmente livrado da influência das suas circunstâncias em termos da sua habilidade para mudar sua satisfação, então você aprenderá a estar contente. E isto seria maravilhoso, se nós ficássemos contentes assim porque isto se traduziria em grande louvor a Deus.
Agora passemos ao quarto princípio. E isto é muito importante e muito óbvio. Está contido no verso 13: “tudo posso naquele que me fortalece.”. Isto é, sou sustentado pelo poder divino. O verso 13 é dito no seguinte pano de fundo: "apesar do que minhas circunstâncias são", lembra que ele era um prisioneiro quando escreveu isto, acorrentado a um soldado romano no pior tipo de circunstância. Mas no verso 13 ele diz: "eu posso fazer todas as coisas por Ele que me fortalece.”. E eu creio que Paulo sabia que nada era demasiadamente difícil para o Senhor. Nada lhe é impossível. A suficiência dele veio porque ele estava preso à fonte de poder. E o que eu quero dizer a você neste ponto particular é que a satisfação somente será sua quando você estiver fortalecido por aquela fonte de poder. Se em virtude do pecado, e se em virtude da iniqüidade em sua vida você começou a entrar na carne, você vai se desconectar do recurso que o sustenta e você vai perder aquela satisfação. Poderia ser até mesmo que Deus o prive das coisas que lhe tem prometido se você for um crente obediente e você afundará em circunstâncias medonhas mais do que você possa suportar sozinho e o Senhor poderia até mesmo fazer isso para trazê-lo ao arrependimento.
Em I Cor 11 vemos que Deus fez isso com muitos na igreja de Corinto, que estavam fracos, doentes e até morrendo, por causa do pecado que havia entre eles, e que eles não estavam tratando por meio da disciplina.
Agora o Senhor sempre é suficiente para o crente obediente, sempre suficiente para o crente confiante e submisso. E isso está no verso 13, “eu posso fazer todas as coisas por Ele que me fortalece.”. Aquela força está disponível. Isso é porque o apóstolo Paulo pediu naquela oração maravilhosa de Ef 3.16, que eles fossem fortalecidos com poder, pelo Espírito, no homem interior. Isto é, a viver uma vida controlada pelo Espírito, a andar no Espírito, ser cheio do Espírito, deixando que a Palavra de Cristo habite ricamente no seu interior, para que possa responder a isto em obediência. A suficiência vem, a satisfação vem conectadas à fonte de poder, que pode fortalecê-lo para tudo. Eu posso fazer todas as coisas. Literalmente ele está dizendo que eu sou capaz, eu tenho a força, eu tenho a força para fazer todas as coisas. E a propósito no grego o "todas as coisas" é enfático, eu sou capaz de fazer todas as coisas. Eu posso realizar todas as coisas.. Por que? “Por causa dEle que me fortalece.”. Quando você é conectado à fonte de poder você pode passar por qualquer coisa, qualquer dificuldade, qualquer privação, ou até mesmo qualquer superabundância e poderá responder a isto corretamente.
Eu creio que o "todas as coisas", só para dar uma olhada nessas duas palavras por um momento, eu creio que "todas as coisas", que está citado enfaticamente tem a ver com os assuntos do versos 11 e 12. E esses são assuntos relativos a confortos materiais e circunstâncias mundanas, ou circunstâncias terrenas. E o que ele está dizendo é que eu posso ficar sem a comida que eu poderia querer ter, eu posso ficar com um guarda-roupa mínimo, com um conforto limitado, com menos calor do que eu pudesse desejar, menos liberdade do que eu pudesse desejar, menos cuidado pessoal do que eu pudesse desejar. Eu posso passar por isso, eu posso suportar a dor, eu posso suportar as ameaças, eu posso suportar o castigo e o perigo porque eu sou revestido com a força dAquele que me fortalece
Ele está falando literalmente sobre ter a habilidade para superar as circunstâncias físicas mais difíceis, por causa das grandes misericórdias de Deus que foram dispensadas a ele. Ele agüenta... ele estava agüentando, como seja, na videira - pedindo emprestada a figura de Jo 15:5 - e a vida do Senhor estava sendo, como de fato foi, injetada diretamente nele.
A declaração ao término do verso 13, "Ele que me fortalece", endunamoo, dunamis, do qual nós obtemos a palavra dinamite com a preposição no começo disto que o intensifica, e o en da preposição significa em. Assim o verbo pretende infundir dinamite em, infundir poder em, infundir força em. E assim o apóstolo Paulo simplesmente está dizendo que no meio de qualquer situação, o próprio Deus infunde força em mim. É da nossa união sobrenatural com o Senhor, da nossa comunhão com Ele, que procede a nossa força.
O Senhor sempre nos assiste com a força necessária para suportarmos qualquer dificuldade. Temos uma ilustração maravilhosa disto em II Tim 4.16-18: “Na minha primeira defesa ninguém foi a meu favor; antes todos me abandonaram. Que isto não lhes seja posto em conta. Mas o Senhor me assistiu e me revestiu de forças para que, por meu intermédio, a pregação fosse plenamente cumprida, e todos os gentios a ouvissem; e fui libertado da boca do leão. O Senhor me livrará também de toda obra malígna, e me levará salvo para o seu reino celestial. A ele, glória pelos séculos dos séculos. Amém.”. Aqui Paulo pede a Deus que seja misericordioso àqueles que o abandonaram no período da sua grande provação, quando estava prestes a ser condenado à morte. Eles o abandonaram mas ele não se deixou vencer pela amargura e ainda intercedeu em favor deles para que isto não fosse levado em conta por Deus, isto revela o quanto ele os amou.
Aqui ele está na mais difícil das circunstâncias e ninguém o está defendendo. Todas aquelas vidas que ele havia influenciado, todas aquelas pessoas que ele havia conduzido ao conhecimento de Jesus Cristo, todas aquelas igrejas que ele havia fundado, todas essas pessoas, e nenhuma delas se levantou para ir em sua defesa. Isso parece ser um modo triste para terminar uma vida fiel como a dele. Uma coisa é ser perseguido pelos incrédulos, outra coisa ser abandonado pelos próprios crentes. Mas a vida do crente fiel é feita também destes momentos em que experimenta o abandono e fica somente você e o Senhor que o assiste. Deus permite isso para nos mostrar que somente Ele é o amigo fiel que nunca falha. Não espere muito. As pessoas são muito capazes de desapontar até mesmo o mais nobre dos servos de Deus. Mas no verso 17 ele diz: “embora ninguém estivesse lá Deus se levantou comigo e me fortaleceu.”.
Eu tenho aprendido isto em minha própria experiência pessoal. Eu aprendi a abraçar o resultado precioso do sofrimento, da dor, do desprezo, do engano, da falsa acusação. Eu alcancei um ponto onde estas coisas causam um sorriso de fato em meu coração porque eu entendo seus propósitos, que estão me aperfeiçoando, em vez de ter uma atitude de vingança... e isto em todas as dificuldades, por maiores que possam ser. E às vezes quando você pensa que chegou ao fim das suas forças, você fica pasmado como Deus o reveste com a força necessária para realizar aquilo para o quê foi por Ele chamado.
Tradução e adaptação feitas pelo Pr Silvio Dutra, do original em inglês, em domínio público, de autoria do Pr John Macarthur Jr