O Amor Vence os Sofrimentos
Paulo sentiu seu coração pesar de cuidado pelos tessalonicenses quando se encontrava em Atenas, tendo achado por bem ficar sozinho por amor a eles, e pediu que Timóteo retornasse dali para Tessalônica, para fortalecer os cristãos e lhes exortar quanto a ficarem firmes na fé, diante das tribulações que ele estava sofrendo, de modo que ninguém recuasse na fé por temor de sofrer as mesmas coisas, ou então, por serem tentados pelo diabo, infundindo-lhes em suas mentes a mentira que Paulo havia fracassado no seu ministério, uma vez que estava sofrendo todas aquelas coisas (v. 2).
Ninguém deveria ficar abalado com aquelas tribulações, porque antes mesmo que elas acontecessem Paulo lhes havia declarado o que sofreria conforme a revelação que recebera da parte de Deus, de forma que em vez de enfraquecerem na fé, aquelas tribulações deveriam servir para fortalecer a fé deles por verem que o evangelho progredia apesar de Paulo ter sido obrigado a fugir (v. 3,4).
Nenhum falso líder havia conseguido afastar o coração dos tessalonicenses daquele que lhes havia ganho para Cristo.
Satanás usa sedutores para desviar o rebanho daqueles que Deus levantou para liderá-lo, de maneira que venham a se desviar da verdade, do amor e da firmeza de fé.
Ele usa a mesma e velha estratégia que sempre usou para tal propósito, a saber, valendo-se de falsos argumentos contra a reputação deles, especialmente se as suas condições presentes são de aflições, em vez de facilidades; bem como acenando também com doutrinas que agradam à carne, que fazem comichão nos ouvidos e cócegas no ego.
Enfim, removendo a porta estreita e o caminho estreito do evangelho, sinalizando para os cristãos um caminho amplo de facilidades e comodidades que a carne tanto aprecia.
É a velha tentação de nos oferecer os reinos e a glória deste mundo, como fizera no passado quando tentou o próprio Cristo no deserto, pensando que poderia desviá-lo da Sua missão.
A vinculação no amor entre a ovelha e o seu pastor será um bom remédio preventivo quando o lobo vier para devorá-la, porque ela estará debaixo da segurança do cajado do pastor, que colocará o lobo em fuga.
Cristãos que procuram andar individualmente e não se permitem apascentar; que não buscam estar na segurança do aprisco de Deus, se expõem a muitas tentações e perigos, que poderão até mesmo levá-los a se desviarem completamente da comunhão com Deus e com seus irmãos em Cristo, porque fora da segurança do abrigo da Igreja, são facilmente desviados por Satanás, que anda em derredor buscando a quem possa tragar.
Especialmente nas horas de aflições, como os tessalonicenses estavam passando em suas perseguições, há necessidade desta proteção da liderança da Igreja, porque há muitas tentações envolvidas nisto, e Satanás pode levar vantagem para que recuemos na fé.
Pedro chegou até mesmo a negar a Cristo quando ainda era inexperiente na firmeza de fé que se deve ter na hora da perseguição que se levanta contra a Igreja.
Satanás pode fazer isto acontecer no mundo espiritual sem que haja necessidade de uma perseguição que nos venha fora da Igreja.
Ele pode fazer isto dentro da própria Igreja atuando como príncipe da potestade do ar, isto é, trabalhando no mundo espiritual causando perturbações nas mentes e corações dos cristãos, procurando tirar a paz e harmonia que há entre eles no Espírito.
Por isso Paulo disse ter ficado consolado em toda a sua necessidade e tribulação, por causa de ter sabido da firmeza da fé dos tessalonicenses naquela hora difícil que aquela igreja estava vivendo (v. 7).
Tal era a alegria do apóstolo pela firmeza de fé dos tessalonicenses que chegou a afirmar que vivia por causa daquela firmeza deles no Senhor (v. 8), e que não haveria ações de graças suficientes que pudesse render a Deus por eles, por causa de toda aquela alegria que o seu bom testemunhos em Cristo estava lhe proporcionando (v. 9), de modo que orava incessantemente, de noite e de dia para que pudesse estar de novo com eles em Tessalônica (v. 10).
É importante destacar que não são os nossos sentimentos e desejos que devem prevalecer na obra de Deus, porque ainda que desejasse muito retornar a Tessalônica, Paulo teve que seguir a direção do Espírito retornando à Igreja de Antioquia da Síria, tendo passado antes por Éfeso, que não lhe foi permitido também por Deus ser evangelizada naquela ocasião, coisa que somente faria na sua próxima viagem missionária (terceira).
Foi também somente na sua terceira viagem que ele pôde retornar a Tessalônica.
Assim, não foram os desejos dos tessalonicenses e nem os de Paulo que determinaram o momento da sua nova estada com eles.
Neste reconhecimento de que é Deus quem deve dirigir os nossos passos ele lhes disse:
“Ora, o próprio Deus e Pai nosso e o nosso Senhor Jesus nos abram o caminho até vós,” (v. 11).
Sabendo que aquela firmeza de fé não provinha deles próprios, mas de Deus, como resposta à oração, continuou orando para que o Senhor lhes fizesse crescer a aumentar em amor uns para com os outros e para com todos os demais cristãos que não pertenciam à Igreja de Tessalônica; do mesmo modo que o amor dele, Paulo, era grande para com eles (v. 12).
O amor pelo qual Paulo orava não era mero sentimento da alma, mas a graça do Espírito Santo, que é a essência mesma de Deus, e que se experimenta somente por meio da santificação do espírito, da alma e do corpo, conforme citado por Paulo no verso 23 do quinto capítulo desta epístola.
Assim, disse que orava para que o Senhor confirmasse os corações dos tessalonicenses, de maneira que fossem irrepreensíveis em santidade diante de Deus, na vinda de Jesus Cristo com todos os seus santos (v. 13).
Ele sabia que Jesus não viria logo, conforme expressa na sua segunda epístola aos tessalonicenses, mas sempre afirmava isto sobre a necessidade de um viver irrepreensível em santidade para a vinda do Senhor.
Não para que fossem achados irrepreensíveis somente a partir daquele dia da volta do Senhor, mas, viverem de modo irrepreensível por causa daquela vinda, porque os cristãos foram chamados para serem santos assim como Ele é santo, verdade que se manifestará em toda a sua plenitude por ocasião da Sua volta.
O apóstolo João também se expressou acerca desta necessidade de santificação para o encontro com o Senhor na sua vinda, dizendo que todo aquele que tem esta esperança de ser totalmente santo, deve purificar-se a si mesmo assim como o Senhor é puro (I Jo 3.2,3).
Nós vemos através das palavras de Paulo, que é Deus que nos santifica através da operação do Espírito.
Ele faz isto através da aplicação da Sua Palavra às nossas vidas, e o melhor veículo para a aplicação é a oração intercessória pessoal, e aquela que é feita pelos ministros da Igreja em favor da santificação de todos os cristãos debaixo do seu cuidado, como Paulo fazia em relação aos tessalonicenses.
“1 Pelo que, não podendo mais suportar o cuidado por vós, achamos por bem ficar sozinhos em Atenas,
2 e enviamos Timóteo, nosso irmão, e ministro de Deus no evangelho de Cristo, para vos fortalecer e vos exortar acerca da vossa fé;
3 para que ninguém seja abalado por estas tribulações; porque vós mesmos sabeis que para isto fomos destinados;
4 pois, quando estávamos ainda convosco, de antemão vos declarávamos que havíamos de padecer tribulações, como sucedeu, e vós o sabeis.
5 Por isso também, não podendo eu esperar mais, mandei saber da vossa fé, receando que o tentador vos tivesse tentado, e o nosso trabalho se houvesse tornado inútil.
6 Mas agora que Timóteo acaba de regressar do vosso meio, trazendo-nos boas notícias da vossa fé e do vosso amor, dizendo que sempre nos tendes em afetuosa lembrança, anelando ver-nos assim como nós também a vós;
7 por isso, irmãos, em toda a nossa necessidade e tribulação, ficamos consolados acerca de vós, pela vossa fé,
8 porque agora vivemos, se estais firmes no Senhor.
9 Pois, que ação de graças podemos render a Deus por vós, por toda a alegria com que nos regozijamos por vossa causa diante do nosso Deus,
10 rogando incessantemente, de noite e de dia, para que possamos ver o vosso rosto e suprir o que falta à vossa fé?
11 Ora, o próprio Deus e Pai nosso e o nosso Senhor Jesus nos abram o caminho até vós,
12 e o Senhor vos faça crescer e abundar em amor uns para com os outros e para com todos, como também nós abundamos para convosco;
13 para vos confirmar os corações, de sorte que sejam irrepreensíveis em santidade diante de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus com todos os seus santos.”. (I Tessalonicenses 3.1-13)