O Significado de Estar Quietos em Cristo
De tudo o que se refere ao dever de santificação, mencionado neste 4º capítulo de I Tessalonicenses, que estaremos comentando, e no próximo (5º), é dito pelo apóstolo Paulo que os cristãos devem abundar cada vez mais em tudo que se deve aprender em relação a este assunto, de maneira que este é o modo de se andar na vida cristã, para se agradar verdadeiramente a Deus (v. 1).
O corpo é como um vaso de barro que nos foi dado por Deus, para que nele habite a excelência do Seu poder, de forma que este vaso deve ser possuído por nós, de forma santa e honrada.
Isto se faz com santificação, abstendo-nos de toda forma de prostituição (v. 2-4).
Isto não é uma opção para o cristão, mas um dever que lhe está imposto por Deus, de forma que Paulo rogou e exortou os tessalonicenses a viverem do modo pelo qual lhes havia ensinado (v. 1).
De modo que o sexo entre cristãos deve ser no casamento, e o leito deve ser sem mácula, sem paixão lasciva, conforme a que se vê entre aqueles que não conhecem a Deus, e que são governados pela impureza (v. 5).
A razão disto é que Deus não chamou os cristãos para a imundícia, mas para a santificação (v. 7).
Entretanto, a chamada a uma vida santa no casamento não significa abstinência sexual pela suspensão das relações conjugais, porque temos o mandamento de não defraudar o nosso cônjuge, isto é, não podemos negar-lhe a satisfação sexual que lhe é devida no casamento, pela justificativa de que o fazemos a pretexto da nossa santificação; e ao mesmo tempo também é ordenado que não se iluda através do adultério ou qualquer outra prática enganosa quanto ao casamento, como por exemplo, com promessas ilusórias relativas a compromissos sentimentais que não se tem o propósito de cumprir, de maneira que todo namoro deveria carregar consigo esta responsabilidade para se assumir um compromisso futuro de matrimônio, e não servir para a satisfação de caprichos carnais, quando uma das partes tem em vista enganar e iludir a outra.
Paulo disse que Deus é vingador de todas estas coisas, e tomará o partido da parte inocente e prejudicada contra a parte ofensora e culpada.
Devemos lembrar que tratamos com um Deus que é inteiramente justo e que não julga apenas os nossos atos, como também as nossas intenções (v. 6).
A severidade de Deus lidando com apóstatas é uma ordenação santa para a preservação daqueles que creem, e para a edificação de toda a Igreja.
“Considera, pois a bondade e a severidade de Deus: para com os que caíram, severidade; para contigo, a bondade de Deus, se permaneceres nessa bondade; do contrário também tu serás cortado.” (Rom 11.22).
A Bíblia exorta frequentemente a uma completa santificação, que inclui uma busca da maior pureza possível nesta chamada à santidade de caráter evangélico, que é aplicada progressivamente pela fé no evangelho de Cristo.
Os cristãos necessitam definitivamente darem todo crédito possível a isto e se entregarem a esta prática pela fé, porque são exortados na Palavra insistentemente de que esta é a vontade de Deus para com eles, de forma que rejeitar isto é rejeitar ao próprio Deus que o tem ordenado, e que nos tem dado o Espírito Santo para realizar o trabalho de purificação (v. 8).
Esconder esta verdade do povo de Deus, ou ensiná-la com meias palavras é cometer grave pecado contra o Senhor.
Paulo exortou os tessalonicenses a fazerem progresso na fé e no amor, apesar de estarem vivendo na verdade.
O que aprendemos de tal exortação é que apesar dele elogiá-los quanto à forma fiel como vinham servindo ao Senhor, ele os exortou a progredirem cada vez mais, de modo que aprendemos que a exortação não se aplica apenas a quem caminha desordenadamente, mas também a cristãos fiéis para que permaneçam firmes, para que façam progresso cada vez maior na fé e no amor, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para conosco.
A exortação do inicio do verso 11: “procureis viver quietos”, é de suma importância e é proveitosa para diversos fins, apesar de ser tão negligenciada em nossos dias.
A palavra usada no original grego para “quietos” é encontrada também em Lc 14.4; 23.56; At 11.18; 21.14, e tem também o significado de “ficar calado”; “apaziguar-se”; “descansar”; e “viver em paz” .
Nós precisamos estar tranquilos em nossas mentes e espíritos. porque de outra maneira não podemos reter a Palavra de Deus, que é aplicada em nossos corações pelo Espírito.
Por isso Satanás procura por todos os modos e meios inquietar a nossa mente, para que não tenhamos um comportamento pacífico e calmo.
A falta disto nos rouba a nossa própria felicidade e a de outros, e por isso deveríamos nos empenhar para sermos achados quietos e em paz.
Nós devemos aprender a aquietar a nossa mente, porque é na paciência que ganhamos a nossa alma.
Devemos cultivar uma atitude quieta em relação aos outros, e sermos submissos e moderados, buscando ter uma disposição calma e pacífica, não dada à discussão, contenda ou divisão, porque Satanás trabalha muito nisto, para produzir separações na Igreja e nos nossos lares.
Um comportamento calmo e pacífico é fundamental para que não nos intrometamos nos assuntos e negócios de outras pessoas, conforme Paulo continuou exortando os tessalonicenses na continuidade deste verso 11:
“procureis... tratar dos vossos próprios negócios”.
Mentes agitadas se intrometem nos assuntos e na vida de outros produzindo perturbações.
Por isso, a Bíblia recomenda muito o domínio próprio, a mansidão e o uso de palavras brandas, e condena toda forma de ira injustificada, palavras vãs e ásperas e tudo o mais que proceda de um mau temperamento não transformado pelo Espírito.
Como o fruto do Espírito é paz e mansidão (Gál 5.22,23), então nós podemos avaliar se a nossa pregação, adoração e tudo o que se refere à nossa devoção ao Senhor, tem procedido ou não do Espírito, pela aplicação do grande princípio espiritual que há neste mandamento “procurai viver quietos”, porque apesar de nos ser ordenado a alegria e o fervor em tudo o que fizermos para Deus, não é no entanto, compatível com isto um espírito intranquilo, iracundo, sem paz.
De modo que nos é ordenado que a paz de Cristo seja o árbitro constante do nosso coração (Col 3.15), de forma a sabermos que se estamos ou não ministrando e vivendo pelo Espírito de Deus, que é o mesmo espírito de Cristo, a saber, manso e humilde de coração.
Como estava ocorrendo em Tessalônica, que alguns cristãos não estavam querendo trabalhar, tanto nesta quanto na segunda epístola de Paulo aos tessalonicenses, ele os exortou a trabalharem com suas mãos para ganharem o seu próprio sustento e para que dessem um bom testemunho para aqueles que não são da Igreja, de maneira que a doutrina de Cristo seja ornada e não se dê ocasião ao inimigo de blasfemar contra os cristãos (v. 11,12).
Tendo falado da necessidade de um viver pacífico e moderado, Paulo citou em seguida, a necessidade de moderação em nossas tristezas, pela partida dos nossos irmãos em Cristo para o céu, por causa da nossa esperança no Senhor.
Os cristãos não são como os demais que não têm a Cristo, porque não têm nenhuma boa esperança quanto à partida deles deste mundo.
Assim, devem se consolar com tudo o que Deus tem prometido quanto aos cristãos que morreram, especialmente quanto à ressurreição futura prometida, que se dará por ocasião do arrebatamento da Igreja (v. 13 a 18).
“1 Finalmente, irmãos, vos rogamos e exortamos no Senhor Jesus que, como aprendestes de nós de que maneira deveis andar e agradar a Deus, assim como estais fazendo, nisso mesmo abundeis cada vez mais.
2 Pois vós sabeis que preceitos vos temos dado pelo Senhor Jesus.
3 Porque esta é a vontade de Deus, a saber, a vossa santificação: que vos abstenhais da prostituição,
4 que cada um de vós saiba possuir o seu vaso em santidade e honra,
5 não na paixão da concupiscência, como os gentios que não conhecem a Deus;
6 ninguém iluda ou defraude nisso a seu irmão, porque o Senhor é vingador de todas estas coisas, como também antes vo-lo dissemos e testificamos.
7 Porque Deus não nos chamou para a imundícia, mas para a santificação.
8 Portanto, quem rejeita isso não rejeita ao homem, mas sim a Deus, que vos dá o seu Espírito Santo.
9 Quanto, porém, ao amor fraternal, não necessitais de que se vos escreva, visto que vós mesmos sois instruídos por Deus a vos amardes uns aos outros;
10 porque certamente já o fazeis para com todos os irmãos que estão por toda a Macedônia. Exortamo-vos, porém, irmãos, a que ainda nisto abundeis cada vez mais,
11 e procureis viver quietos, tratar dos vossos próprios negócios, e trabalhar com vossas próprias mãos, como já vo-lo mandamos,
12 a fim de que andeis dignamente para com os que estão de fora, e não tenhais necessidade de coisa alguma.
13 Não queremos, porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos entristeçais como os outros que não têm esperança.
14 Porque, se cremos que Jesus morreu e ressurgiu, assim também aos que dormem, Deus, mediante Jesus, os tornará a trazer juntamente com ele.
15 Vos dizemos, pois, isto pela palavra do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, de modo algum precederemos os que já dormem.
16 Porque o Senhor mesmo descerá do céu com grande brado, à voz do arcanjo, ao som da trombeta de Deus, e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro.
17 Depois nós, os que ficarmos vivos seremos arrebatados juntamente com eles, nas nuvens, ao encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos para sempre com o Senhor.
18 Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras.”. (I Tessalonicenses 4.1-18)