Para Quem Está Muito Enfermo
“1 Estava, porém, enfermo um certo Lázaro, de Betânia, aldeia de Maria e de sua irmã Marta.
2 E Maria era aquela que tinha ungido o Senhor com ungüento, e lhe tinha enxugado os pés com os seus cabelos, cujo irmão Lázaro estava enfermo.
3 Mandaram-lhe, pois, suas irmãs dizer: Senhor, eis que está enfermo aquele que tu amas.
4 E Jesus, ouvindo isto, disse: Esta enfermidade não é para morte, mas para glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por ela.
5 Ora, Jesus amava a Marta, e a sua irmã, e a Lázaro.” (Jo 11.1-5)
Jesus havia se retirado de Jerusalém para o deserto, do outro lado do Jordão, próximo do local onde João batizava, porque estavam tentando matá-lo na região da Judéia.
Quando se encontrava neste refúgio Jesus foi procurado por mensageiros da parte de Maria e Marta, irmãs de Lázaro, que lhe disseram que o irmão delas estava enfermo.
Como eles residiam em Betânia, uma cidade que ficava próxima de Jerusalém, na Judéia, seria necessário que Jesus retornasse à região da qual havia fugido, e estaria se expondo de novo ao risco de ser apedrejado.
Jesus amava aquela família e é possível que tenha se hospedado com eles algumas vezes, de maneira que não se negaria a ir ter com eles ainda que se expondo a ser perseguido e apedrejado. O Senhor nunca se negou e jamais se negará a socorrer àqueles aos quais Ele ama, quando Lhe buscarem para obterem graça e alívio.
No entanto, Ele o fará dentro da vontade do Pai, e de acordo com a Sua soberania divina, de maneira que Deus possa ser glorificado em todos os livramentos e bênçãos que Ele nos der. Por isso Jesus permaneceu ainda dois dias no lugar onde se encontrava, antes de se dirigir a Betânia.
Porque quando a nossa esperança está totalmente perdida, e parece que Cristo não chegará à hora marcada, então nós o veremos agindo com poder para nos arrancar, se necessário for, até mesmo da sepultura. O fim da esperança para aquilo que os homens podem fazer é o início da oportunidade que o Senhor tem para agir e glorificar o Seu grande nome.
Lázaro era alguém a quem Jesus muito estimava, porque na mensagem que suas irmãs Lhe enviaram, mandaram dizer que estava enfermo aquele a quem Ele amava.
Isto nos dá um testemunho direto que comprova o amor que Jesus tinha por aqueles que eram Seus discípulos; especialmente aqueles que andavam na verdade, como certamente era o caso de Lázaro.
A enfermidade de Lázaro estava no cronograma de Deus para que Jesus fosse glorificado através do que faria em relação a ela. Ele sabia que Lázaro não deveria passar deste mundo para o céu através daquela enfermidade, e por isso disse aos Seus discípulos que a enfermidade de Lázaro não era para morte.
No entanto, Lázaro morreu daquela enfermidade, e como Jesus disse que ele não sairia deste mundo por causa da mesma, então era de se supor que ele deveria ser ressuscitado.
João registrou que Jesus amava a Marta, a Maria e a Lázaro.
A morte já não pode mais assombrar os crentes verdadeiros pelo que podemos deduzir do modo pelo qual Jesus se referiu à morte de Lázaro como sendo um sono, e dizendo aos discípulos que o amigo deles estava dormindo. A morte de um crente é um sono porque na verdade a morte já não tem mais poder sobre eles, porque ainda que morram permanecem vivos diante de Deus, porque a vida de Cristo está neles, e assim como Ele vive para sempre, também os crentes vivem para sempre por causa dEle. Simplesmente saem deste mundo mas não permanecem mortos. Quão grande vitória Cristo nos dá sobre a morte, e Ele comprovaria isto aos Seus discípulos ao ressuscitar Lázaro, e isto também serviria para encorajá-los a realizarem seus ministérios depois que Jesus saísse deste mundo, sem nada temerem, conforme o exemplo que lhes estava dando naquela hora, retornando à Judéia. Eles já não tinham porque temer a morte porque estavam a serviço dAquele que é a ressurreição e a vida.
"17 Chegando Jesus, encontrou Lázaro já sepultado, havia quatro dias.
18 (Ora Betânia distava de Jerusalém quase quinze estádios.)
19 E muitos dos judeus tinham ido consolar a Marta e a Maria, acerca de seu irmão.
20 Ouvindo, pois, Marta que Jesus vinha, saiu-lhe ao encontro; Maria, porém, ficou assentada em casa.
21 Disse, pois, Marta a Jesus: Senhor, se tu estivesses aqui, meu irmão não teria morrido.
22 Mas também agora sei que tudo quanto pedires a Deus, Deus to concederá.
23 Disse-lhe Jesus: Teu irmão há de ressuscitar.
24 Disse-lhe Marta: Eu sei que há de ressuscitar na ressurreição do último dia.
25 Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá;
26 E todo aquele que vive, e crê em mim, nunca morrerá. Crês tu isto?
27 Disse-lhe ela: Sim, Senhor, creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo.
28 E, dito isto, partiu, e chamou em segredo a Maria, sua irmã, dizendo: O Mestre está cá, e chama-te.
29 Ela, ouvindo isto, levantou-se logo, e foi ter com ele.
30 (Ainda Jesus não tinha chegado à aldeia, mas estava no lugar onde Marta o encontrara.)
31 Vendo, pois, os judeus, que estavam com ela em casa e a consolavam, que Maria apressadamente se levantara e saíra, seguiram-na, dizendo: Vai ao sepulcro para chorar ali.
32 Tendo, pois, Maria chegado aonde Jesus estava, e vendo-o, lançou-se aos seus pés, dizendo-lhe: Senhor, se tu estivesses aqui, meu irmão não teria morrido.". (Jo 11.17-32)
Quando Jesus chegou em Betânia o corpo de Lázaro se encontrava sepultado há quatro dias.
Sabendo que Ele havia chegado, Marta se apressou em se encontrar com Ele antes mesmo de entrar na aldeia onde ela morava. Ali, ainda longe da sua casa onde as pessoas estavam enlutadas pela morte de seu irmão, juntamente com sua irmã Maria, teve uma breve entrevista com Jesus, e lhe disse que caso Ele estivesse presente, Lázaro não teria morrido; e que sabia que tudo que Jesus pedisse a Deus Ele lhe concederia.
Diante de uma tal afirmação de fé, que ela certamente recebeu do alto, na convicção de que Jesus faria algo extraordinário, mas não cogitou tanto a ponto de que Ele iria ressuscitar seu irmão ainda naquele dia, porque quando Jesus lhe disse que Lázaro haveria de ressuscitar, ela afirmou que sabia que isto aconteceria na ressurreição do último dia, conforme está prometido a todos os crentes que morrem no Senhor, de terem seus corpos ressuscitados no dia do arrebatamento da Igreja.
Ela havia dito uma verdade, e Jesus comprovaria esta verdade ressuscitando Lázaro para mostrar que Ele tem de fato o poder de trazer os corpos que morreram de novo à vida. Assim, disse a Marta que de fato Ele é a ressurreição e a vida, e que aquele que nEle crê, ainda que esteja morto, viverá, e que todo aquele que vive, e que creia nEle, nunca morrerá. Em seguida perguntou a Marta se ela cria nisto.
Ela respondeu sabiamente dizendo que cria que Ele é o Cristo, o Filho de Deus que havia de vir ao mundo.
Com esta sua declaração ela fez uma afirmação de fé de que tudo é possível ao Senhor, porque nada é impossível para o Messias, para o Filho de Deus que deveria vir ao mundo para restaurar todas as coisas.
Jesus queria falar também separadamente com Maria, e por isso permaneceu no lugar onde se encontrava, fora da aldeia, e pediu a Marta que chamasse Maria em segredo para vir ter com Ele.
Maria se apressou em ir ter com o Senhor, mas muitos que estavam na casa pensando que ela iria para o local do túmulo de Lázaro para chorar, saíram logo depois dela para confortá-la.
Quando Maria chegou ao lugar onde Jesus estava lançou-se aos seus pés dizendo que caso Ele estivesse com eles, Lázaro não teria morrido. Ela conhecia a virtude sobrenatural que Jesus possuía para curar toda sorte de enfermidades, e fez esta límpida declaração de fé, da plena confiança que ela tinha no Seu poder.
Não é de se estranhar porque é dito que Jesus amava aquela família. O Senhor ama de um modo especial a todos que têm uma tal qualidade de fé na Sua pessoa, como a que Marta e Maria haviam demonstrado, e que certamente era o mesmo tipo de fé que habitava em Lázaro.
Eles honravam a Jesus com a fé deles, e não foi por acaso que Deus escolheu aquela família para também honrar a fé deles com o estupendo milagre da ressurreição de Lázaro.
Nós vemos então o Senhor compartilhando privadamente o que faria àquelas duas gigantes da fé. Uma grande fé será também grandemente honrada pelo Senhor. E Ele nos fará saber disto de maneira íntima, falando ao recôndito dos nossos corações. O Senhor nos separará do meio da multidão e nos consolará em particular. Ainda que saiba que expulsará os nossos problemas para bem longe de nós, Ele primeiro nos fortalecerá e consolará, para que saibamos que tudo quanto necessitamos é da força da Sua graça.
"33 Jesus pois, quando a viu chorar, e também chorando os judeus que com ela vinham, moveu-se muito em espírito, e perturbou-se.
34 E disse: Onde o pusestes? Disseram-lhe: Senhor, vem, e vê.
35 Jesus chorou.
36 Disseram, pois, os judeus: Vede como o amava.
37 E alguns deles disseram: Não podia ele, que abriu os olhos ao cego, fazer também com que este não morresse?
38 Jesus, pois, movendo-se outra vez muito em si mesmo, veio ao sepulcro; e era uma caverna, e tinha uma pedra posta sobre ela.
39 Disse Jesus: Tirai a pedra. Marta, irmã do defunto, disse-lhe: Senhor, já cheira mal, porque é já de quatro dias.
40 Disse-lhe Jesus: Não te hei dito que, se creres, verás a glória de Deus?
41 Tiraram, pois, a pedra de onde o defunto jazia. E Jesus, levantando os olhos para cima, disse: Pai, graças te dou, por me haveres ouvido.
42 Eu bem sei que sempre me ouves, mas eu disse isto por causa da multidão que está em redor, para que creiam que tu me enviaste.
43 E, tendo dito isto, clamou com grande voz: Lázaro, sai para fora.
44 E o defunto saiu, tendo as mãos e os pés ligados com faixas, e o seu rosto envolto num lenço. Disse-lhes Jesus: Desligai-o, e deixai-o ir.". (Jo 11.33-44)
Jesus é o Senhor de uma família que está unida pelos laços do amor. Ele não é um Senhor distante e frio. Esta passagem nos mostra isto de modo muito claro. Ele não somente se moveu de compaixão por duas vezes em seu interior por causa do quadro de tristeza que encontrou por causa da morte do Seu amigo Lázaro, como também Ele próprio chorou, apesar de saber que iria ressuscitá-lo.
Então Jesus não é um curandeiro interessado em exibir o seu poder, ou em fazer milagres para entreter e maravilhar as pessoas, mas uma pessoa amada, amiga, que caminha conosco e compartilha as nossas alegrias e tristezas. Ele se compraz na nossa alegria e se compadece e se entristece na nossa tristeza. Ele é um pai de família amoroso cuidando dos seus filhos. Um marido terno, atencioso e providente cuidando da Sua esposa, que é a Igreja, composta por aqueles que privam da Sua intimidade e companhia.
Aqueles que Lhe têm conhecido do modo pelo qual importa ser conhecido de fato, como aquela família de Betânia, têm experimentado do grande amor deste maravilhoso amigo que é nosso Senhor Jesus Cristo. Quão preciosa é a Sua companhia. Que grande privilégio é privar da Sua intimidade e poder servi-lO.
O Seu amor nos constrange a ponto de desejarmos gastar inteiramente a nossa vida para agradá-lO, assim como nos esforçamos para agradar as pessoas que amamos e estimamos.
Nunca um filho que ame verdadeiramente a seu pai, lhe pedirá, quando ele estiver enfermo e enfraquecido, que ele se defina quanto se ficará em casa ou se deve ir para um asilo. O amor não permitirá uma tal atitude, tal como Jesus não havia esquecido a família de Lázaro, nem ao próprio Lázaro, por ter este morrido.
Verdadeiros vínculos de amor e de amizade não podem ser destruídos nem mesmo pela morte, e é esta a grande lição que nós aprendemos do exemplo que o Senhor nos deu em Seu comportamento em relação à família de Lázaro.
Deus é amor, e é no amor que está o sentido da vida.
Quando Jesus chegou ao local do sepulcro que era uma caverna com uma grande pedra fechando a sua entrada, pediu que tirassem a pedra, e Marta lhe disse que o defunto já estava cheirando mal, porque era de quatro dias. Ela não estava tão preocupada com o cheiro, mas naquela hora a fé dela vacilou um pouco porque não estava vendo sentido na ordem de Jesus em mandar retirar a pedra do sepulcro.
Então o Senhor ajudou Marta fortalecendo a sua fé com uma branda repreensão lembrando-lhe que lhe havia dito que caso ela cresse ela veria a glória de Deus.
O milagre não era dependente da fé de Marta, mas não faria sentido fazer um milagre daquela envergadura para honrar quem não tivesse fé. Então importava que ela continuasse crendo não somente para honrar o Senhor, para que a fé dela também fosse honrada.
Assim, tiraram a pedra e Jesus elevando os olhos para os céus, porque sempre é do alto que os milagres são realizados, pois não têm parte com nada deste mundo natural, senão do mundo sobrenatural, espiritual e celestial. Jesus já havia orado para que o Pai ressuscitasse Lázaro e o Pai já havia dado a resposta a Ele de que o ressuscitaria. Então Ele agradeceu ao Pai o fato de tê-lO ouvido como sempre. Ele não precisava ter dito aquelas palavras de agradecimento de modo audível, mas havia feito isto para que a multidão em redor cresse que Ele havia sido enviado pelo Pai, porque seria Ele que realizaria o milagre para que soubessem que havia sido enviado por Ele, uma vez que estaria atendendo ao pedido que Lhe fizera de ressuscitar Lázaro.
Uma vez tendo sido dada a devida glória ao Pai e o testemunho de ser um enviado de Deus na terra para dar vida aos mortos, Jesus clamou com grande voz: "Lázaro sai para fora!". E Lázaro saiu da sepultura com as mãos e os pés ligados com faixas e com o rosto envolto num lenço, para que se comprovasse que estava de fato morto e que havia sido ressuscitado.
A única coisa que foi feita pelos homens para que Lázaro viesse para fora depois de ressuscitado foi o ato de removerem a pedra do sepulcro. Jesus também poderia tê-la removido pelo Seu poder.
Mas Ele não estava ali fazendo um exibicionismo dos seus poderes, como na verdade, nunca o faz. Aquilo que nós podemos fazer enquanto aguardamos o milagre do Senhor, nós devemos fazer, e O Senhor fará apenas aquilo que nós não podemos fazer. As nossas providências preliminares, como aquele ato de retirar a pedra, são uma prova visível de que estamos crendo naquilo que Ele haverá de fazer.
Assim, se o Senhor disser que nos dará azeite em abundância, é nosso dever preparar as vasilhas.
Na hora de uma aflição extrema nós bem poderíamos orar segundo o teor de uma oração como esta que registramos a seguir, do tudo que podemos aprender do relacionamento de Lázaro, Marta e Maria com o Senhor Jesus:
"Ah Senhor! O teu amigo a quem tu amas está enfermo e morrendo!
Mas eu sei agora mesmo que tudo o que tu pedires ao Pai te será concedido, porque tu intercedes à Sua direita por mim. Eu sei que tudo podes porque és a ressurreição e a vida, o Messias, o Filho do Deus vivo que veio ao mundo para restaurar todas as coisas!
Eu sei que aqueles que te amam e aos quais tu amas privam de uma atenção, amizade e cuidado especial contigo. Por isso já não morrem mais porque tu mesmo és a nossa vida. Mas ainda que saibamos esta verdade somente a Tua presença nos consola e fortifica porque não há amigo que se compare a Ti. Dá-te pois Senhor pressa em socorrer-me porque me encontro aflito. Eu sei que tudo podes e que nada te é impossível, mas sei também que somente a tua graça me basta e é por isto que estou clamando pela tua presença, para que estejas comigo enquanto aguardo pelo teu livramento! Amém!".