Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos
A Estrada para a Vida Eterna
 
Uma pessoa santa, além das virtudes destacadas em Col 3.12-14 também possui: submissão, domínio próprio, auto negação, amor fraternal por seus irmãos em Cristo, pureza de coração, temor de Deus, fidelidade em todos os deveres e relacionamentos, e todas as demais virtudes que caracterizam o cristão fiel, segundo o que está revelado na Bíblia. 
Apesar de estarmos revestidos de Jesus, temos necessidade ainda de lutar contra a carne como se diz em Rom 13.14.
Não devemos ser indulgentes com a carne, nem desculpá-la.
Nunca digamos: “Cristo me tem perdoado porque tenho mau gênio, e não posso livrar-me dele.”.
Nunca justifiquemos aquilo que em nós não se encontra na natureza de Cristo.
Alguém pode dizer: “Sou muito alegre por natureza e assim, um pouco de prazer mundano me é necessário.”.
Jogo perigoso é este!
Está fazendo o que a Palavra proíbe.
Está adulando a carne para satisfazer os seus desejos.
Cuidado!
Não se deve dar trégua ao pecado, nem por um dia, uma hora, um minuto, um segundo.
Nossa obediência deve ser sem interrupção.
Não devemos consentir que a carne levante a cabeça, pois não se pode saber até onde é capaz de nos arrastar.
A carne é voraz e nunca se sacia.
Não devemos lhe dar nem ainda as migalhas que caem da mesa.
Revesti-vos do Senhor Jesus e já não haverá lugar para as concupiscências da carne.
O pecado está onde Cristo não está.
Qual é o vestido de casamento que nos fará dignos de ir ao encontro de Cristo e participar do Seu triunfo? É o próprio Cristo.
Se aqui neste mundo Ele é meu adorno, e minha formosura, posso estar seguro de que Ele será minha glória durante a eternidade.    
A carne é tão ardilosa que os próprios mandamentos de Deus, que nos são dados para vida (Rom 7.10), ela os utiliza para reviver o pecado (a carne gosta do que é proibido – Rom 7.9), e assim, o pecado, se prevalecendo do mandamento, pelo próprio mandamento nos engana e mata (Rom 7.11).
Diante de um inimigo tão ardiloso, que ainda opera na natureza terrena do cristão, toda vigilância e cuidado são poucos.
Por é necessário estar sempre alerta quanto à presunção espiritual, sobre a qual somos exortados em I Cor 10.12:
“Aquele, pois que pensa estar de pé tome cuidado para não cair.”.
O diabo e a nossa própria carne (natureza terrena) podem nos enganar imitando com o vício da presunção, a virtude da completa segurança da fé, que é uma das bênçãos que é obtida com o verdadeiro progresso na santificação, quando a salvação pela graça, mediante a fé, caminha rumo à perfeição, pelo amadurecimento na confiança no Senhor, e no trabalho que Sua graça tem realizado em nós.
Temos o grande direito de crer que estamos de pé, se cremos que o estamos através do poder de Deus.
Pois, quando cremos que estamos de pé, sem que haja comunhão real com o Senhor, quando damos acolhida a pequenos pecados que sejam, quando não há mais um trabalho de santificação na vida, porque não o buscamos, e vivemos segundo o mundo, então se aplica a nós o que o texto afirma: “aquele que pensa”.
Pensamos que estamos de pé, mas de fato não estamos.
Estamos sim, rumo a uma queda, que ainda que não seja final, há de nos manter afastados da comunhão com o Senhor, por apagarmos o Espírito Santo (I Tes 5.19; Tg 4.4, 8-10).
Assim, não estamos falando contra a fé poderosa que alguém alega possuir.
Quem dera todos a possuíssemos.
Mas estamos falando contra esta presunção não santa.
Há muitos que se aventuram no meio da tentação, frequentando companhias, locais, situações que são fontes de tentação, e que se gabam dizendo: “você pensa que eu sou fraco para pecar ?”. “Não, eu estarei de pé!”. “Dê-me um copo de bebida; eu nunca serei um alcoólatra.”. “Dê-me a pornografia em suas variadas formas (TV, vídeos, internet, casas de má fama etc) e eu me manterei puro em meu corpo e espírito.”. Assim são as pessoas presunçosas.
Não é preciso ir muito longe para achá-los.
A própria igreja está repleta deles.
Há em cada igreja homens que pensam estar de pé; homens que se gabam em si mesmos, por imaginarem ter força e poder, mas não vivem a vida dos filhos de Deus, eles não têm sido humilhados ou quebrados em espírito, ou se têm sido, adotam uma segurança carnal até que se transformem em gigantes que pisam a flor da humildade sob os seus pés.
Qualquer cristão está sujeito a ser presunçoso, cedendo a uma falsa segurança carnal.
É um mal contra o qual devemos sempre vigiar, daí a exortação do Espírito pela boca de Paulo em I Cor 10.12.
São fatores que, dentre outros, podem favorecer a presunção:
1 – Prosperidade mundana – “eu estou de pé, e a minha prosperidade prova isto”, é o que diz o presunçoso.
2 – Pensamentos leves sobre o pecado – perde-se o temor de pecar que se sentia quando era novo convertido. “Não é um pequeno pecado?” – diz o presunçoso, e ainda: “Nós tropeçamos um pouco, falamos e fazemos umas poucas cousas não santas, mas no tocante à maior parte da nossa vida espiritual temos sido perseverantes.”.
3 – Fracos pensamentos sobre o valor da fé. Nenhum de nós valoriza a fé o suficiente. Baixos pensamentos acerca de Cristo, significa baixos pensamentos acerca do estado eterno das nossas almas e do valor da fé que nos salva e santifica. Isto nos conduz a sermos descuidados com a segurança da nossa salvação. Tomemos cuidado com as fracas e baixas ideias sobre o evangelho, para que não sejamos apanhados repentinamente pelo mal.
A palavra do evangelho é o poder para a salvação de todo o que crê.
É uma palavra mais do que preciosa, de valor inestimável.
E é assim que nos convém estimar a Palavra de Deus.
4 – Ignorância sobre o que somos e sobre onde somos firmados.
Muitos cristãos não têm aprendido ainda o que eles são.
O primeiro ensino de Deus é revelar qual é a condição real da nossa natureza terrena, que devemos mortificar continuamente pelo Espírito (Col 3.5).
Mas não chegamos a conhecer isto perfeitamente, mesmo depois de muitos anos de termos conhecido Jesus.
A corrupção dos nossos corações não é desenvolvida em apenas uma hora. Há cristãos que pensam que têm um bom coração. Jeremias tinha um coração melhor do que o deles e mesmo assim disse: “o coração é enganoso acima de todas as coisas, e desesperadamente corrupto, quem o conhecerá ?” (Jer 17.9).
Na verdade, sem Cristo o nosso espírito está morto, completamente destituído da vida de Deus, e da comunhão com Ele.
É preciso estar consciente na constante luta entre a velha natureza e a nova, que se trava no coração de qualquer cristão, para que, em vigilância e oração constantes, possamos estar de pé diante do trono.
5 – O orgulho é a mais grave causa da presunção.
O verdadeiro cristão, ainda que não tenha a possibilidade de sofrer uma queda final, está muito propenso a cair. Qualquer cristão pode se desviar do caminho, e quando se desvia, se acometerá a si mesmo com muitas tristezas.
O cristão que pensa estar de pé definitivamente, e que não depende da graça diariamente, buscando santificar-se mais e mais, está muito mais exposto ao perigo de cair mais do que outros, porque será descuidado em meio à tentação.
Ele pensa que é muito forte, e em meio aos ataques do inimigo mantém sua espada na bainha, e nem sequer se dá-se conta da luta espiritual, e assim, não ora, não medita na Palavra para aplicá-la à vida, não tem compromisso real com Cristo, não frequenta a igreja com assiduidade, confia em sua prosperidade material e financeira, e considera a falta de tribulações como sinal da aprovação e bênção de Deus.
Vale lembrar que o Espírito Santo abandona os corações onde habita o orgulho.
Ele não se demorará em tal companhia. A graça é dada a quem se humilha e é negada a quem se exalta.
 
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 27/12/2012
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