O Fruto é Bom Quando Maduro
Nunca podemos dizer que a santificação chega ao amadurecimento e perfeição total, ou que todas as virtudes citadas até aqui, especialmente as de Col 3.12-14, sejam achadas em total florescimento e força, para que possamos dizer que a pessoa é santa.
Não, longe disto.
A santificação é sempre um trabalho progressivo, e consoante a concessão da graça do evangelho, que trabalha muito mais com a nossa consagração a Deus e à Sua Palavra, do que com a nossa perfeição presente, quanto aos nossos pensamentos, motivações, sentimentos e ações.
As virtudes ou graças de algumas pessoas são como plantas em germinação, em outras, como plantas crescidas, e ainda em outras como plantas maduras com frutos.
Mas todas elas tiveram um começo.
Nós nunca devemos desprezar “o dia dos humildes começos” (Zac 4.10).
E a santificação neste mundo, no melhor dos snaos, é um trabalho imperfeito.
A história dos maiores santos que já viveram contem muitos “poréns”, “todavias” e “emboras”.
O ouro nunca será sem algumas escórias e nós nunca brilharemos sem algumas nuvens, até que alcancemos a Jerusalém celestial.
Os homens e mulheres mais santificados têm tido muitas manchas e defeitos, quando comparados com o padrão elevado e santo da Palavra de Deus.
Suas vidas estão continuamente em guerra com o pecado, e o diabo; e algumas vezes vocês os verão não submetendo o Inimigo e a carne, mas sendo submetidos.
Assim, não é pelo tanto que ainda haja de imperfeições e fraquezas em nós, que estaremos impedindo ou desacelerando o processo de santificação, mas o quanto não nos arrependemos do nosso procedimento contrário à vontade de Deus.
Enquanto tivermos o temor do Senhor e da Sua Palavra, enquanto confessarmos os nossos pecados, e nos arrependermos de nossas más obras, buscando andar do modo que Deus aprova, sempre haverá esperança para o nosso caso, quanto a fazermos progresso em santificação.
Afinal, a carne está sempre lutando contra o Espírito, e o Espírito contra a carne, e “todos nós tropeçamos em muitas coisas” (Tg 3.2; Gál 5.17).
Mas todo verdadeiro cristão, renascido do Espírito, perseguirá o alvo da santificação.
E corajosa e confiantemente eu digo, que a verdadeira santificação é uma grande realidade.
Ela é algo que pode ser visto nos homens e mulheres, e mesmo em crianças, e que pode ser sentido por todos ao seu redor.
Eu sei que o caminho pode ir de um ponto a outro, e ter muitas curvas e deformações, e a pessoa pode ser verdadeiramente santa, e ainda ser rodeada por muitas fraquezas.
O ouro não é menos ouro porque está misturado com algum liga metálica; nem a luz é menos luz porque é fraca e turva; nem a graça é menos graça porque é jovem e fraca.
Mas depois de todas estas considerações eu não posso dizer que uma pessoa mereça ser chamada “santificada”, que deliberadamente se permite continuar habitualmente nos seus pecados, e que não se sente envergonhada por causa deles.
Eu não ousaria chamar de “santo” quem faz um hábito deliberado negligenciar os deveres conhecidos, e que pratica aquilo que sabe que Deus tem claramente proibido em Sua Palavra.
John Owen se expressou muito bem quanto a isto: “Eu não entendo como um homem pode ser um cristão verdadeiro sem que o seu pecado não lhe seja a maior aflição, tristeza e problema.”.