O Arrebatamento do Profeta Elias – II Reis 2
Sabendo que o Senhor tem um propósito em tudo o que Ele faz, podemos então refletir sobre os ensinamentos que Ele intentou deixar para nós com o arrebatamento de Elias, relatado no 2º capítulo de II Reis.
Por que somente depois de tanto tempo, desde Enoque (que era da sétima geração depois de Adão – Hb 11.5), que foi o primeiro homem a ser arrebatado sem ter passado pela morte, Deus o faria de novo com Elias?
Por que foi dada a Elias esta honra e não a nenhum outro grande homem de Deus que viveu antes dele, desde Enoque?
O primeiro grande ensinamento do arrebatamento é que Deus é poderoso para intervir na condição de mortalidade a que ficou sujeita a humanidade, com o pecado original, dando e mantendo a vida, de quem Ele quiser, segundo o conselho da Sua própria vontade soberana.
Tendo feito a promessa de vida eterna àqueles que se arrependessem dos seus pecados convertendo-se a Ele de coração, os tais podem ter no exemplo do arrebatamento de Elias a garantia de que ainda que morram, não morrerão no entanto, eternamente, e terão os seus corpos ressuscitados para experimentarem o mesmo tipo de arrebatamento do profeta, quando Cristo vier buscar a Sua Igreja.
Então este não foi um privilégio exclusivo de Elias e Enoque, mas foi antecipado a eles para ser o prenúncio de que será o mesmo privilégio de muitíssimos cristãos que estiverem vivendo sobre a terra por ocasião da volta do Senhor, porque terão os seus corpos transformados, instantaneamente, sem passarem pela morte física, de modo que possam se encontrar com Ele entre nuvens, juntamente com aqueles que haviam morrido e que serão ressuscitados, no dia do arrebatamento da Igreja.
Entretanto, a grande lição que aprendemos com o arrebatamento destes dois homens é a de que ambos tinham grande comunhão com o Senhor, em razão da santidade em que viviam, e assim há um recado silencioso no seu arrebatamento, de que aqueles que forem considerados dignos desta honra o serão também em razão da evidência de santidade que for achada em suas vidas.
Por isso, a santificação não deve ser negligenciada, porque o Senhor exigirá evidência de santidade nas vidas de todos aqueles que forem arrebatados.
Os cristãos que estiverem vivendo na carnalidade, permitindo-se apostatar da vontade de Deus, por falta do interesse em se santificarem, correrão o grande risco que é ensinado especialmente na parábola das dez virgens, por ocasião da volta do Senhor.
E a evidência desta santificação é atestada pelo testemunho do Espírito Santo, com o nosso espírito, de que tudo vai bem em nossa comunhão com Deus, de modo que tranquilizemos o nosso coração, não somente quanto à certeza da nossa salvação, que é segura para todo genuíno cristão, como também quanto à certeza do nosso arrebatamento por ocasião da volta do Senhor.
Que nenhum cristão autêntico se exponha ao risco de não subir para o encontro com Jesus entre nuvens, e venha por isso a estar neste mundo, debaixo das perseguições da Grande Tribulação, enquanto os cristãos fiéis que se santificaram se encontrarão na perfeita paz do céu com o Seu Senhor nas Bodas do Cordeiro.
Estes que ficarem não perderão a salvação, mas como no dizer do apóstolo, serão também salvos como que através do fogo, o qual poderiam ter evitado, por darem crédito às exortações da Palavra para que os filhos de Deus vivam em santidade de vida.
Deus arrebataria Elias e confirmaria posteriormente, que ele se encontra com Ele no céu, quando deu-lhe também a grande honra de estar juntamente com Moisés, na presença de Jesus no monte da Transfiguração.
Assim como o arrebatamento de Elias foi invisível aos olhos dos homens, exceto para Eliseu, a quem foi permitido vê-lo, por causa de um propósito específico de torná-lo sucessor de Elias, de igual modo, o arrebatamento da Igreja será também invisível aos olhos daqueles que não forem arrebatados.
Deus fez isto com Elias e fará o mesmo com os cristãos no tempo do fim porque é algo muito precioso para Ele e para aqueles que o experimentarem, de modo que se torna algo para ser alcançado somente por fé na Sua promessa.
Isto foi prometido a Elias, de maneira que até mesmo os discípulos de profetas de Betel e de Jericó o souberam, mas não pelo fato de ter sido alardeado o evento, mas por ter sido preanunciado pelo Senhor, antes que o fizesse.
Seria algo grandemente extraordinário, mas Elias creu na promessa, assim como Eliseu.
A fé dos demais profetas não foi tão grande quanto a deles, porque insistiram com Eliseu para procurarem pelo corpo de Elias, depois que este havia desaparecido das suas vistas.
Assim se dá com todos os mistérios e promessas do Reino de Deus, que são concedidos por Ele para serem experimentados e vistos somente por aqueles que se aproximam dEle com um coração fiel, sincero e cheio da verdadeira fé que é dada por Ele como um dom, aos que se aproximam de tal maneira, de modo a poderem se comunicar com Ele e se tornarem canais receptores da Sua infinita graça.
E este testemunho de piedade deve ser dado em meio a uma geração corrompida e má, tal como fizera Elias e os profetas, que se uniram a ele em seu ministério, pois ao que vemos, ele manteve uma de suas escolas de profetas exatamente na cidade em que havia um dos bezerros de ouro, com o culto que havia sido instituído por Jeroboão, isto é, em Betel.
Quando ele soube que estava para ser elevado ao céu, num redemoinho, o Senhor o enviou a Betel (v. 2); e também a Jericó (v. 4, 5), onde havia outra escola de profetas, provavelmente com o propósito de confirmar a fé dos profetas que se encontravam tanto em Betel, quanto em Jericó, e também para por à prova a determinação de Eliseu em ser o seu sucessor, porque não somente quando Elias deixou Gilgal rumo a Betel (v. 1), como também quando foi enviado pelo Senhor de Betel a Jericó (v. 4), e ainda quando partiu de Jericó em direção ao rio Jordão (v. 6), ele disse a Eliseu que ficasse tanto em Gilgal, quanto em Betel e Jericó, mas este não consentiu com o pedido de Elias e o seguiu com a firme determinação de quem espera por uma grande bênção.
Ele sabia que o arrebatamento do profeta ocorreria naquele mesmo dia em que estiveram em Betel, e que lhe cabia estar junto dele quando do arrebatamento, porque ainda que não lhe tivesse sido revelado diretamente pelo Senhor, com antecedência, sabia que algo ocorreria pouco antes daquele evento, de forma que tivesse a convicção de que havia sido escolhido para ser o sucessor de Elias, com o recebimento de uma medida do Espírito Santo ainda maior do que a que fora dada a Elias.
Quando Elias parou junto ao Jordão acompanhado de Eliseu, cinquenta profetas os seguiram e ficaram contemplando os dois de longe (v. 6,7).
Eles sabiam que Elias seria arrebatado, e foram lhes seguindo, certamente para satisfazerem à sua curiosidade, sem saberem que não lhes seria permitido por Deus verem o profeta sendo elevado aos céus.
Eles não testemunhariam o evento em si, mas seriam testemunhas de que o Senhor havia de fato feito com que o profeta desaparecesse debaixo das suas vistas.
Elias dobrou a sua capa, e com ela feriu as águas do rio Jordão, que se dividiram, de modo que tanto ele, quanto Eliseu, atravessaram para o outro lado a pé enxuto (v. 8).
Elias estava coberto com o manto da justiça de Cristo, e foi por meio desta justiça, representada na capa que trazia sobre si, que as águas do Jordão se dividiram, porque é a justiça de Deus o grande divisor de águas deste mundo, pois é por ela que se determina aqueles que são dignos de alcançarem a vida eterna, e de igual modo aqueles que não são, pois é somente com a cobertura da justiça de Jesus, que é recebida pela graça, por meio da fé nEle, que podemos ser aceitos por Deus e fazer as Suas obras.
Assim, a evidência deste primeiro grande milagre operado por Deus através de Elias, e que foi permitido ser visto e testemunhado não somente por Eliseu, quanto por aqueles cinquenta profetas, seria a atestação do segundo, que viria em sequência a este, a saber, o seu arrebatamento.
Assim também os cristãos têm a firme convicção de que serão arrebatados na volta de Jesus, pelas várias evidências da Sua presença abençoadora em suas vidas.
As promessas que Deus tem cumprido presentemente são a firme atestação de que Ele também cumprirá todas as que aguardam cumprimento no futuro.
Elias tinha retornado à terra onde ele nascera, isto é, à Transjordânia, e assim, seria tomado aos céus, a partir do mesmo lugar do qual havia partido no início do seu ministério para entrar em cena em Israel, do outro lado do Jordão, especialmente em Samaria, na tribo de Efraim, cidade em que se encontrava a capital do Reino do Norte.
E debaixo da instrução do Senhor, Elias disse a Eliseu que lhe pedisse o que queria que lhe fizesse, antes que fosse tomado aos céus.
Nós vemos nisto, mais uma vez, Deus provando o coração daqueles que desejam se aproximar dEle para servi-lO no ministério.
Ele faz com que eles próprios possam conhecer o quanto prezam os Seus dons, o quanto realmente desejam se consagrar ao Seu serviço.
Ele já conhece o que se encontra no nosso coração e qual é a condição do nosso espírito, mas Ele quer que nós mesmos possamos conhecer isto.
No caso de Eliseu, ele não pediu nada para si que não fosse relacionado ao desejo do próprio Deus.
Ele não queria fazer a sua própria vontade mas a do Deus de Elias, que era também o seu Deus.
Então ele ousa pedir uma medida maior, dobrada, do espírito de Elias.
Aquilo que Elias havia sido para o Senhor ele desejava ser duas vezes mais. E tudo o que Elias havia feito ele queria fazer duas vezes mais (v. 9).
Não admira portanto que a resposta de Elias para ele tenha sido: “Coisa difícil pediste”, entretanto, como não era impossível mas apenas difícil, foi respondido também: “Todavia, se me vires quando for tomado de ti, assim se te fará; porém, se não, não se fará.”.
Não estava na esfera de Elias assegurar um tal pedido, senão somente na do Senhor.
Ele devia estar esperando que Eliseu apenas lhe pedisse para ser o seu sucessor, conforme havia sido ungido anteriormente por ele próprio para que o fosse, mas, pela sua resposta, nós podemos supor que aquilo havia sido algo inesperado para ele, e assim, ele agiu debaixo da direção divina, de modo a que fosse dada uma evidência a Eliseu de que Deus havia atendido ou não o seu pedido de receber uma porção dobrada do Espírito Santo.
Se esta porção na vida de Elias era muito grande e incomum, quanto não seria uma porção dobrada da que ele havia recebido da parte de Deus?
Assim, não seria uma coisa difícil para Deus fazer, senão para ser concedida.
Era de fato um pedido muito ousado e somente estava na esfera do Senhor fazer isto ou não.
A sucessão não dependeria de nenhuma confirmação ou evidência, pois era uma questão que já havia sido fechada pelo Senhor, mas este pedido precisava de uma evidência, e como estava determinado que o arrebatamento não seria visível a nenhum outro olho humano, senão ao do próprio Elias, então, por inspiração divina, ele disse a Eliseu que caso o visse sendo tomado aos céus é porque Deus lhe concederia o que havia pedido, e em caso contrário, ele deveria se contentar com a medida que Deus tivesse planejado para ele.
E ali estavam os dois caminhando e conversando junto ao rio Jordão, o mestre e o seu discípulo, sob a expectativa da separação que ocorreria, quando um carro de fogo com cavalos de fogo os separou elevando Elias ao céu num redemoinho (v. 11).
É bem provável que este carro de fogo com cavalos de fogo eram anjos seráficos, que haviam tomado aquela forma, para dar ao profeta a honra de ser conduzido ao céu numa carruagem celestial. A
palavra Serafim, significa ardentes ou abrasadores porque é uma palavra plural para seraf, fogo.
É a mesma palavra que ocorre em Is 6.2, 6 para designar os serafins, e que também encontramos em Nm 21.6, 8; Dt 8.15 e Is 14.29, 30.6, que é traduzida por fogo ou abrasadores, e nada impede que tenham sido eles ou alguma outra ordem de anjos que conduziu Elias ao céu, pois não é incomum vermos no texto do Velho Testamento várias referências a anjos com aparência de chamas de fogo, e que subiam ao céu no fogo do altar em que foram oferecidos holocaustos a Deus, por exemplo pelos pais de Sansão (Jz 13.20).
“Ora, quanto aos anjos, diz: Quem de seus anjos faz ventos, e de seus ministros labaredas de fogo.” (Hb 1.7).
Quando Eliseu viu Elias subindo ao céu naquele carro de fogo com cavalos de fogo, num redemoinho, clamou: “Meu pai, meu pai! o carro de Israel, e seus cavaleiros!”. E em reverência a Deus e como sinal do impacto que sentiu com aquela separação abrupta ele rasgou as suas vestes ao meio (v. 12).
Elias foi como um pai para ele e se sentia agora como um filho que estava sendo desamparado daquele que havia sido durante toda a sua vida o carro e os cavaleiros do exército espiritual de Israel, pois era especialmente por ele que o Senhor trouxe os seus tremendos juízos contra aqueles que se opunham à Sua vontade.
Aquele único profeta valia para Deus muito mais do que mil exércitos.
A terra era agora deixada desamparada da sua presença porque o Senhor o havia tomado para Si, tal como tinha feito com Enoque.
Ele não saiu do mundo pela morte, mas ainda em vida e em pleno vigor.
O mundo não merecia de fato aquele homem santo, que havia se consagrado inteiramente ao serviço do Seu Deus, e que fizera dEle e da Sua vontade a sua única razão de viver.
Quando os nossos amados partem deste mundo, nós temos ainda o conforto da presença do Senhor, ao qual nós podemos nos dirigir, para estar em nossa companhia.
Eliseu havia visto Elias subir ao céu, então isto era sinal de que receberia a porção dobrada que havia pedido ao seu mestre.
Ele deve ter lembrado disto logo que se recuperou de sua estupefação, e pegando o manto de Elias que dele caíra, quando subia ao céu, dirigiu-se ao Jordão para atravessar para o outro lado, para Jericó, onde se encontravam os discípulos dos profetas, que estavam defronte dele.
O legado visível que Elias lhe deixara foi o seu manto, mas havia um outro legado, o do poder do Senhor que seria manifestado agora diante daqueles profetas, de modo que Eliseu fosse engrandecido diante deles como o escolhido do Senhor para ser o sucessor de Elias.
E isto foi marcado com a inspiração e grande fé que o Senhor deu a Eliseu para ferir as águas do Jordão com o manto de Elias, fazendo-o em Seu nome, a saber o Senhor (YHWH) Deus (Elohim) de Elias, isto é o mesmo Deus de Elias.
O resultado foi que tal como ocorrera com o gesto de Elias, também sucedeu com o de Eliseu, pois as águas do Jordão foram divididas, para que ele passasse a pé enxuto para o outro lado (v. 13, 14).
Mas o grande resultado esperado por Deus viria ainda a acontecer, que foi o reconhecimento por parte dos demais profetas que viram aquilo suceder, que o espírito de Elias repousava sobre Eliseu, isto é, o mesmo poder espiritual de Elias, que lhe fora dado por Deus havia sido dado agora a Eliseu, e por isso eles reverenciaram o profeta inclinando-se perante ele com o rosto em terra (v. 15).
A prova de que estes profetas não haviam visto nada relativo ao arrebatamento, senão apenas que Elias havia desaparecido sem que eles o notassem, está nos versos 6 a 8, porque insistiram muito com Eliseu para que fossem enviados cinquenta homens à procura de Elias, porque pensavam que o Espírito Santo havia arrebatado Elias e o havia lançado em algum monte ou vale.
Eliseu lhes disse que não o fizessem pois havia visto Elias subir ao céu, mas como continuaram insistindo ele o permitiu por causa do constrangimento, mas não por ter duvidado de que Elias havia sido elevado ao céu.
E eles efetuaram uma busca de três dias, e não tendo achado a Elias voltaram a ter com Eliseu em Jericó, onde ele havia permanecido, desde que haviam saído para aquela busca que ele sabia de antemão que seria frustrada.
É interessante observar que o segundo milagre efetuado por Deus através de Eliseu, desde que ele havia dividido as águas do rio Jordão, foi o de transformar o manancial, isto é, a fonte das águas que regavam a cidade de Jericó, que por serem péssimas eram não apenas impróprias para consumo, como eram também a causa da esterilidade daquela terra, que havia sido amaldiçoada por Deus desde os dias de Josué.
Deus fez isto ordenando a Eliseu que colocasse sal num jarro novo e jogasse daquele sal no manancial das águas (v. 19 a 22), e desde então aquela água se tornou potável.
O sal da Palavra de Deus com o qual o mundo deve ser salgado pelos cristãos, é o meio que o Senhor utiliza para remover a maldição que Ele trouxe ao mundo, por causa do pecado, de modo que todo coração que receber deste sal terá as suas fontes restauradas pela limpeza espiritual realizada pelo Espírito Santo.
Se é do coração que procedem as fontes da vida, então é nele que o trabalho do Espírito deve ser efetuado, porque sendo boa a fonte, também será bom aquilo que for produzido por ela.
O trabalho do Espírito é feito então naquilo que gera os atos dos homens, nas motivações internas, e não propriamente nos atos externos que são mera consequência destas atitudes internas.
“Guarda com toda a diligência o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida.” (Pv 4.23).
Façamos boa a árvore e o fruto será bom. Limpemos o coração e isso limpará as mãos.
E este coração renovado pelo espírito é o vaso novo no qual o sal da Palavra é colocado por Deus, porque Ele não dará da sua graça renovadora a quem não se tornar uma nova criatura em Cristo Jesus.
O sal preserva mas deve também ser preservado de modo que não venha a perder o seu sabor, e é por isto que se exige que seja colocado num vaso novo e limpo.
É por isso que todo aquele que não se santificar ficará desprovido desta propriedade de salgar porque o sal terá perdido o seu sabor, e nesta condição não pode ter qualquer utilidade para Deus, e seu destino é o de ser lançado fora para ser pisado pelos homens.
Nós vemos Elias e Eliseu brilhando em seus ministérios, sendo honrados pelo Senhor, e ainda que perseguidos e rejeitados, mesmo pelos poderosos, no entanto, não lhes foi permitido pisarem na honra de profetas e de homens de Deus que eles possuíam.
Isto permaneceu intocado em seus ministérios, porque não haviam sido colocados de lado pelo Senhor.
Ao contrário, foram de grande utilidade em Suas mãos, e por isso salgaram a sua geração com o seu testemunho de vida e com a Palavra de Deus, sendo verdadeiros pendões vivos, em todo o tempo hasteados pelo poder do Senhor, para protestarem contra o pecado de Israel.
Tendo estado com os profetas de Jericó, Eliseu, depois de abençoá-los com o poder que havia recebido de Deus tornando melhores as condições de vida do local onde viviam, dirigiu-se para Betel, onde se encontraria com o outro grupo de profetas que Elias havia visitado, antes do seu arrebatamento, e provavelmente compartilharia com eles tudo o que havia ocorrido desde que ele havia sido elevado ao céu.
Mas enquanto se encontrava ainda no caminho de Betel, uns meninos vieram ao seu encontro não para serem abençoados por ele, mas para caçoarem dele, de forma que aquele gesto de desprezo trouxesse descrédito ao ministério que ele havia recebido recentemente do Senhor.
O trabalho de Deus no sentido de engrandecer Eliseu aos olhos de Israel havia começado no Jordão quando dividiu as águas do rio, e aquele evento havia sido testemunhado pelos profetas, e depois em Jericó, quando tornou potável o manancial das águas da cidade, e agora ele seria engrandecido aos olhos das pessoas de Betel, não com uma maravilha como a do Jordão, e nem com uma bênção, como a de Jericó, mas com um juízo, porque 42 daqueles meninos que caçoavam do profeta foram despedaçados por duas ursas que saíram do bosque, no momento mesmo em que Eliseu os amaldiçoou em nome do Senhor.
É bem provável que os pais daqueles jovens não somente consentiam no seu procedimento como também os influenciaram a agirem daquele modo, porque não tinham em alta estima os verdadeiros servos de Deus, especialmente seus profetas, que protestavam contra o seu pecado, pois era exatamente em Betel que havia o culto de um dos bezerros de ouro, e cujo altar havia sido amaldiçoado por um profeta do Senhor, nos dias do rei Jeroboão.
Na dispensação da graça foi proibido pelo Senhor aos seus servos amaldiçoarem os que os amaldiçoam, diferentemente da Antiga Aliança, em que tal era permitido, mas a mensagem de que aqueles que amaldiçoam os verdadeiros filhos de Abraão serão amaldiçoados por Deus, conforme a promessa feita por Ele ao patriarca, ficou atestada neste e nos vários exemplos que nós encontramos nas páginas do Velho Testamento, e por isso os cristãos são chamados a não amaldiçoarem os que os amaldiçoam mas deixarem todo juízo nas mãos do Senhor, que é o reto juiz que amaldiçoará no tempo do fim todos aqueles que amaldiçoaram os seus filhos por causa das suas boas obras de justiça, e que não se arrependeram de suas más obras.
Cabe destacar que sucedeu àqueles jovens insolentes que zombavam de Eliseu o mesmo que ocorreu com os dois grupamentos de cinquenta homens, com seus respectivos capitães, que haviam sido destruídos pelo fogo, conforme a maldição de Elias contra eles, pelo fato de não terem tido a devida reverência para com o ofício sagrado no qual havia sido investido por Deus.
Assim como o temor sobreveio ao terceiro capitão de cinquenta, que foi enviado a Elias, depois do que havia sucedido aos dois que lhe haviam antecedido, de igual modo deve ter vindo grande temor sobre os habitantes de Betel, em razão do que Deus havia feito através de Eliseu, mas juntamente com o temor deve ter sido despertado neles uma grande fúria e um forte desejo de vingança, e talvez por isso Eliseu não se demorou em Betel e foi para o monte Carmelo, de onde partiu posteriormente para Samaria (v. 25).
“1 Quando o Senhor estava para tomar Elias ao céu num redemoinho, Elias partiu de Gilgal com Eliseu.
2 Disse Elias a Eliseu: Fica-te aqui, porque o Senhor me envia a Betel. Eliseu, porém disse: Vive o Senhor, e vive a tua alma, que não te deixarei. E assim desceram a Betel.
3 Então os filhos dos profetas que estavam em Betel saíram ao encontro de Eliseu, e lhe disseram: Sabes que o Senhor hoje tomará o teu senhor por sobre a tua cabeça? E ele disse: Sim, eu o sei; calai-vos.
4 E Elias lhe disse: Eliseu, fica-te aqui, porque o Senhor me envia a Jericó. Ele, porém, disse: Vive o Senhor, e vive a tua alma, que não te deixarei. E assim vieram a Jericó.
5 Então os filhos dos profetas que estavam em Jericó se chegaram a Eliseu, e lhe disseram: Sabes que o Senhor hoje tomará o teu senhor por sobre a tua cabeça? E ele disse: Sim, eu o sei; calai-vos.
6 E Elias lhe disse: Fica-te aqui, porque o Senhor me envia ao Jordão. Mas ele disse: Vive o Senhor, e vive a tua alma, que não te deixarei. E assim ambos foram juntos.
7 E foram cinquenta homens dentre os filhos dos profetas, e pararam defronte deles, de longe; e eles dois pararam junto ao Jordão.
8 Então Elias tomou a sua capa e, dobrando-a, feriu as águas, as quais se dividiram de uma à outra banda; e passaram ambos a pé enxuto.
9 Havendo eles passado, Elias disse a Eliseu: Pede-me o que queres que eu te faça, antes que seja tomado de ti. E disse Eliseu: Peço-te que haja sobre mim dobrada porção de teu espírito.
10 Respondeu Elias: Coisa difícil pediste. Todavia, se me vires quando for tomado de ti, assim se te fará; porém, se não, não se fará.
11 E, indo eles caminhando e conversando, eis que um carro de fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro; e Elias subiu ao céu num redemoinho.
12 O que vendo Eliseu, clamou: Meu pai, meu pai! o carro de Israel, e seus cavaleiros! E não o viu mais. Pegou então nas suas vestes e as rasgou em duas partes;
13 tomou a capa de Elias, que dele caíra, voltou e parou à beira do Jordão.
14 Então, pegando da capa de Elias, que dele caíra, feriu as águas e disse: Onde está o Senhor, o Deus de Elias? Quando feriu as águas, estas se dividiram de uma à outra banda, e Eliseu passou.
15 Vendo-o, pois, os filhos dos profetas que estavam defronte dele em Jericó, disseram: O espírito de Elias repousa sobre Eliseu. E vindo ao seu encontro, inclinaram-se em terra diante dele.
16 E disseram-lhe: Eis que entre os teus servos há cinquenta homens valentes. Deixa-os ir, pedimos-te, em busca do teu senhor; pode ser que o Espírito do Senhor o tenha arrebatado e lançado nalgum monte, ou nalgum vale. Ele, porém, disse: Não os envieis.
17 Mas insistiram com ele, até que se envergonhou; e disse-lhes: Enviai. E enviaram cinquenta homens, que o buscaram três dias, porém não o acharam.
18 Então voltaram para Eliseu, que ficara em Jericó; e ele lhes disse: Não vos disse eu que não fôsseis?
19 Os homens da cidade disseram a Eliseu: Eis que a situação desta cidade é agradável, como vê o meu senhor; porém as águas são péssimas, e a terra é estéril.
20 E ele disse: Trazei-me um jarro novo, e ponde nele sal. E lho trouxeram.
21 Então saiu ele ao manancial das águas e, deitando sal nele, disse: Assim diz o Senhor: Sarei estas águas; não mais sairá delas morte nem esterilidade.
22 E aquelas águas ficaram sãs, até o dia de hoje, conforme a palavra que Eliseu disse.
23 Então subiu dali a Betel; e, subindo ele pelo caminho, uns meninos saíram da cidade, e zombavam dele, dizendo: Sobe, calvo; sobe, calvo!
24 E, virando-se ele para trás, os viu, e os amaldiçoou em nome do Senhor. Então duas ursas saíram do bosque, e despedaçaram quarenta e dois daqueles meninos.
25 E dali foi para o monte Carmelo, de onde voltou para Samaria.” (II Rs 2.1-25).