As Emoções na Adoração
Muitos empreenderam analisar o assunto em título, mas poucos o abordaram com o equilíbrio com que Jonathan Edwards, o enfocou em sua obra intitulada “A Verdadeira Obra do Espírito – Sinais de Autenticidade”. Ele apresenta ali um testemunho imparcial, porque não tomou o partido nem dos chamados cristãos tradicionais, nem dos carismáticos.
O que dali se pode inferir é que não há qualquer problema em que manifestações emocionais, ainda que fortes, aconteçam sempre que se sentir a presença do Espírito Santo operando na vida ou no meio do povo de Deus, desde que estas não contrariem qualquer princípio revelado nas Escrituras ou o tom das Escrituras; ou ainda que não se faça da euforia e de qualquer tipo de manifestação emocional o fim mesmo da vida cristã, ou que se confunda as emoções com a santificação, e finalmente, que não sejam incentivadas manifestações emocionais, ou que se faça delas uma regra fixa para a adoração.
Isto é sumamente importante uma vez que, alguém sem estar devidamente orientado, pode pensar que Deus se agrade tão somente que se tenha êxtases, euforias e qualquer emoção forte que se possa sentir durante os cultos de adoração, sem que se tenha uma adoração centrada na prática da Sua Palavra na vida.
Ficaria Deus agradado somente com a nossa euforia, se saímos da Sua presença para viver deliberadamente na prática do pecado, ou vivendo de modo negligente?
Então as emoções não poderiam responder sozinhas pelo fato de se agradar a Deus. É necessário muito mais do que simplesmente isto. E não será pela falta disto (emoções) que Deus ficará desagradado, desde que a Sua vontade esteja sendo feita.
Mas as manifestações emocionais não são em si mesmas um fator impeditivo para se buscar uma vida santa e piedosa, segundo uma obediência verdadeira da Palavra de Deus, e de uma sincera busca de comunhão com Ele através da oração.
Todavia o que poderão fazer as emoções quando não se tem em vista uma aplicação no sentido de se buscar no Senhor, e numa vida disciplinada de obediência à Palavra, a transformação pessoal, pela renovação da mente? (metanóia no grego é a palavra para arrependimento, que significa exatamente esta mudança de mente).
Que nos alegremos no Senhor, que nos emocionemos com a Sua presença, que exibamos estas emoções de modo decente e aprovado por Deus, mas que não nos iludamos pensando que apenas isto é um sinal indicativo da nossa espiritualidade.
Nos Salmos 150.1-6 há uma ordem para que Deus seja louvado com instrumentos musicais, com vozes, e com danças.
As danças em Israel eram uma manifestação externa de alegria e não produziam escândalo à sociedade israelita.
Há algumas sociedades que não têm a mesma visão cultural dos israelitas, então deve ser respeitado o fato de os cristãos de determinadas denominações não dançarem, porque isto ofende a sua consciência, para que sigamos a ordenança bíblica de se abster de coisas lícitas que não convêm em determinadas situações e contextos.
Mas independentemente desta observação há que se considerar que o Salmo destaca a exteriorização das emoções como uma manifestação natural e válida na adoração.
Davi não se acanhou e botou para fora tudo o que estava sentindo quando trouxe a arca de volta para Jerusalém.
Isto está relatado tanto em II Sm 16.11-23, quanto em I Cr 15.1-29, e Deus se agradou do gesto de Davi em humilhação na Sua presença, alegrando-se de modo incontido.
reprimenda que Mical, sua esposa, lhe dirigiu, tendo-o desprezado em seu coração, por entender que ele havia exagerado na exteriorização da sua alegria, custou-lhe não ter a alegria de gerar filhos até o dia da sua morte.
O texto de II Samuel destaca que Davi “dançava com todas as suas forças diante do Senhor” (v 14), e que Mical viu “Davi saltando e dançando diante do Senhor” (v 16).
Tão cheio de júbilo estava o coração de Davi na presença de Deus que ele ofereceu holocaustos e ofertas pacíficas, e abençoou o povo e distribuiu a todos os homens e mulheres do povo de Israel que seguiram o cortejo, pães e carne, numa clara demonstração da generosidade e alegria que haviam invadido o seu coração.
Mas quando ele se dirigiu para sua casa para abençoar os seus, Mical censurou o comportamento do rei.
Vale ressaltar que Davi não dançou somente aquela vez perante o Senhor, pois isto se infere do que disse a Mical: “foi perante o Senhor que dancei; e perante ele ainda hei de dançar”.
Era comum portanto para ele, a exteriorização da suas emoções quando estava na presença do Senhor, e Deus se agradava disso.
Não podemos portanto afirmar que não se deve dançar na presença de Deus, ou melhor, que não se deve exteriorizar nossas emoções de alegria quando estamos na Sua presença, sob a alegação que o que ocorreu com Davi foi somente naquela ocasião, e que isto foi permitido pelo Senhor somente naquela situação específica, porque isto não condiz com a realidade do que está revelado na Palavra.
Ao contrário, o que parece estar bastante claro, é que Deus se agrada do fato de usarmos as emoções com que Ele próprio nos dotou, especialmente para demonstrarmos a alegria que temos nEle na adoração, ou quando sentimos a Sua presença.
E quando esta demonstração de alegria ocorre numa vida santificada como a de Davi; quando isto se dá com alguém que tem muito mais para apresentar diante do Senhor do que somente emoções, não há que duvidar que não há nada a se recriminar no fato de saltar e dançar de alegria na Sua presença, muito ao contrário.
O paralelo de I Cr 15.1-29, destaca, como tantas outras porções da Palavra de Deus, a consistência da vida espiritual de Davi. Do seu zelo e diligência na obra de Deus.
O texto citado de I Crônicas revela que ele fez vários preparativos para recepcionar a arca de Deus, e o seu cuidado de transportá-la seguindo as determinações da Lei de Moisés. E não somente ele se alegrou na presença de Deus, como liderou o povo de Israel no culto de adoração que acompanhou o retorno da arca: “Assim todo o Israel fez subir a arca do pacto do Senhor com vozes de júbilo, ao som de buzinas, trombetas e címbalos, juntamente com alaúdes e harpas.” (v. 28).
No contexto do Novo Testamento, o próprio Jesus falou da alegria que os cristãos devem ter como filhos de Deus. Ele ilustrou isto inclusive na parábola do filho pródigo, quando ao retornar para casa foi recepcionado pelo pai com músicas e danças.
São dignas de nota quanto a este assunto as suas palavras registradas em Mateus 11.16-19.
E o apóstolo Paulo determinou a alegria como uma das manifestações tanto interior quanto exterior da vida cristã, porque o fruto do Espírito Santo é também alegria.
“Alegrai-vos sempre no Senhor”, é ordenado por ele mais do que uma vez em sua epístola aos Filipenses.
Assim, Jonathan Edwards tem razão ao afirmar, em relação à obra do Espírito Santo, que:
“Nada pode ser concluído com certeza a partir do fato de que uma obra é realizada de maneira muito incomum e extraordinária, desde que a variedade ou diferença ainda esteja dentro dos limites das regras das Escrituras.
As coisas e os eventos com que a Igreja está acostumada não servem como regras para julgarmos as obras, pois é possível que haja novas e extraordinárias ações de Deus. É evidente que várias vezes no passado Ele já agiu de maneira extraordinária. Ele fez acontecerem coisas inéditas, obras singulares, operando de forma tal que surpreendia tanto homens quanto anjos. Já que Deus fez assim em tempos passados, não temos nenhuma razão para pensar que Ele não continue a agir dessa forma. As profecias das Escrituras dão-nos motivo para crermos que Deus tem coisas inéditas para realizar. Por maior que seja, se não estiver em desacordo com Suas regras estabelecidas, nenhum desvio daquilo que até agora tem sido a norma serve como argumento de que uma obra não provém do Espírito de Deus. Este é soberano em Suas ações. Sabemos que Ele usa uma grande variedade e não podemos definir a extensão da diversidade de Suas ações dentro dos limites das regras por Ele mesmo fixadas. Não devemos limitar Deus onde Ele mesmo não se limitou.
Mas, se o fato de tal obra ser muito incomum é um bom argumento de que não provém do Espírito de Deus, então vejamos como acontecia nos dias dos apóstolos. Naquela época, a ação do Espírito era realizada de forma totalmente nova em muitos aspectos, tal que nunca havia sido vista ou ouvida desde a fundação do mundo. Naqueles tempos, mais do que nunca a obra era levada a efeito com um poder visível e notável. Jamais haviam sido vistos efeitos do Espírito de Deus tão poderosos e admiráveis em mudanças tão súbitas: tão grande comprometimento e fervor em enormes multidões: tantas alterações repentinas em vilas, cidades e países: tão rápido progresso e tão vasta extensão do trabalho – e muitas outras cidades e países; e muitas outras circunstâncias extraordinárias poderiam ser mencionadas. A natureza muito incomum da obra surpreendeu os judeus: eles não sabiam como interpretá-la, mas não podiam acreditar que era uma obra de Deus. De fato, muitos consideravam que as pessoas afetadas pela obra estavam destituídas de juízo, como pode ser observado em Atos 2.13; e I Cor 4.10.
Uma obra não deve ser julgada por quaisquer efeitos causados no corpo das pessoas, tais como lágrimas, tremores, gemidos, altos clamores, contorções ou fraqueza física. A influência sob a qual estão as pessoas não pode ser ajuizada a favor nem contra por meio dessas manifestações, simplesmente porque não temos em lugar algum das Escrituras qualquer regra assim. Não podemos concluir que as pessoas estão sob a influência do Espírito verdadeiro porque vemos tais efeitos em seus corpos, pois isso não é dado como sinal do Espírito verdadeiro. Por outro lado, também não temos qualquer razão para concluir, a partir de aparências externas, que elas não estão sob a influência do Espírito de Deus; de fato não há nenhuma regra bíblica de discernimento de espíritos que, direta ou indiretamente, exclua tais efeitos no corpo, e nem a razão pode excluí-los.”.
É natural que estas manifestações gerem rumores como dirá Edwards mais adiante, mas segundo ele, nem mesmo a geração destes muitos rumores é um argumento válido para se afirmar que não há uma obra do Espírito em andamento em razão disso:
“O fato de uma obra gerar muitos rumores sobre a religião não serve como argumento de que ela não provém do Espírito de Deus. Na verdade, as coisas espirituais e eternas são tão grandiosas e possuem uma importância tão infinita que é um enorme absurdo os homens serem apenas moderadamente movidos e afetados por elas. Logo, se eles se emocionam com essas coisas no nível que elas merecem ou de uma forma proporcional à sua importância, isto não é um argumento de que não são movidos pelo Espírito de Deus. Além disso, houve alguma vez um fato assim desde a fundação do mundo, como um povo inteiro imensamente envolvido em algum acontecimento, sem que houvesse qualquer barulho ou alvoroço? Não, a natureza humana não permitirá isso. Sabemos que, quando o reino de Cristo veio, por meio daquele notável derramamento do Espírito nos dias dos apóstolos, houve uma grande comoção em todos os lugares. Que poderosa oposição viu-se em Jerusalém por ocasião daquela grande efusão do Espírito! Também em Samaria, Antioquia, Éfeso, Corinto e outros lugares! Esse acontecimento encheu o mundo de rumores e deu oportunidade para algumas pessoas dizerem que os apóstolos estavam transtornando o mundo (At 17.6).”.
E segundo Edwards mesmo o fato de às vezes vermos as pessoas misturarem a verdadeira operação de Deus com imaginações geradas em suas próprias mentes, não é um fator que possa depor contra a obra que o Espírito Santo possa estar fazendo:
“O fato de muitas pessoas serem objetos de uma ação e receberem grandes impressões em sua imaginação não constitui prova de que tal operação não provém do Espírito de Deus. Se elas têm muitas impressões em sua imaginação, isto não significa que não receberam mais nada. Nossa natureza é tal que não podemos pensar em coisas invisíveis sem certo grau de imaginação. Ouso desafiar qualquer hoje, dentre aqueles com maiores poderes mentais, a fixar seus pensamentos em Deus, Cristo, ou qualquer outra coisa do mundo por vir, sem que algumas fantasias invadam suas meditações. Visto que Deus nos deu uma faculdade como a imaginação e nos fez de tal maneira que não podemos pensar em coisas espirituais e invisíveis sem algum exercício dessa capacidade, parece-me que o estado e a natureza humanos são tais que ela é realmente subserviente e útil para as outras habilidades da mente, desde que usada de maneira apropriada. Não se pode argumentar que uma obra não é do Espírito de Deus pelo fato de algumas pessoas que são objetos dessa operação estarem em uma espécie de êxtase, um estado em que são levadas para além de si próprias, tendo suas mentes transportadas em uma sequência de fortes e agradáveis imaginações e uma espécie de visão, como se tivessem sido arrebatadas para o céu e lá vissem coisas gloriosas. Conheci pessoalmente alguns desses casos e não vejo nenhuma necessidade de introduzir a hipótese de ajuda do diabo na explicação que damos dessas coisas; nem precisamos ainda, supor que sejam da mesma natureza das visões dos profetas ou do arrebatamento de Paulo ao paraíso. A natureza humana, debaixo dessas intensas operações e emoções, esclarece tudo por si só.”.
Edwards não estava considerando as manifestações debaixo de uma ministração de falsos líderes, e de um falso ensino. Ele estava falando em defesa da sua própria experiência em avivamento pois estava sendo muito atacado de deixar as pessoas agirem de uma forma que parecia como fora de controle. Mas sabemos que a teologia de Edwards era profundamente bíblica. Ele era um sincero homem de Deus que dedicou sua vida exclusivamente ao evangelho. E aqui está um ponto que devemos enfatizar: a reconciliação da sã doutrina com o poder de Deus. Uma coisa não pode ser anulada em detrimento da outra. Edwards pode até ter tolerado excessos emocionais e manifestações falsas em meio das verdadeiras que estavam ocorrendo em seu ministério e produzindo muitas conversões, mas ele não pode ser acusado em tempo algum de estimular isto, ou de ensinar o erro, e mais uma vez afirmamos, este é o grande ponto a ser considerado nestes dias de muita agitação no reino espiritual, e quando movimentos se multiplicam ao redor sob a alegada afirmação de serem os autênticos representantes dos evangélicos por conta dos sinais e maravilhas que estão ocorrendo em seu meio, mas a grande pergunta que se levanta é a seguinte: eles são imitadores dos apóstolos, de Edwards, por estarem apegados à sã doutrina, enquanto sinais e maravilhas se realizam entre eles? Se é este o caso, então tudo bem! E como Edwards também destaca, não serão as imaginações da mente que natural e involuntariamente costumam acompanhar as manifestações do Espírito Santo, o motivo para se julgar o que está ocorrendo como não sendo procedente da parte de Deus. E até mesmo emoções que não tenham sua origem diretamente em se sentir a presença de Deus, mas que são disparadas pelo mecanismo psicológico da imitação, ao observá-las em outros, não depõem contra a obra do Espírito Santo, porque estas são coisas inerentes à própria natureza humana:
“O uso da exemplificação como recurso importante para promover uma obra não prova que esta não provém do Espírito de Deus. Certamente, não podemos dizer que um efeito não é de Deus se são usados alguns meios para produzí-lo; sabemos que é comum Deus fazer uso de instrumentos para realizar Sua obra no mundo e, assim, não se pode argumentar contra a origem divina de um efeito porque um determinado meio é usado em lugar de outro. Está de acordo com as Escrituras o fato de que as pessoas devem ser influenciadas pelos bons exemplos dos outros. A Bíblia nos ordena que ofereçamos bons exemplos visando tal fim (Mt 5.16; I Pe 3.1; I Tim 4.12; Tt 2.7) e também que nos deixemos influenciar pelos bons exemplos dos outros e os imitemos (II Cor 8.1-7; Hb 6.12; Fp 3.17; I Cor 4.16; 11.1; II Ts 3.9; I Ts 1.7). Portanto, fica claro que o exemplo é um dos recursos de Deus, e seguramente não se pode argumentar que uma ação não é de Deus, se Seus próprios meios são usados para efetivá-la. Portanto, se pode argumentar contra o mérito de um efeito se as pessoas ficam profundamente comovidas aos verem as emoções dos outros. Isto realmente acontece, muito embora a impressão seja gerada apenas pela observação dos indícios de uma grande e extraordinária comoção no comportamento dos outros, considerando-se aquilo que os emociona e sem ouvi-los proferir uma só palavra. Em tais casos, só no comportamento dessas pessoas há linguagem suficiente para que seu estado mental e sua percepção dos fatos sejam transmitidos aos outros, de forma mais eficaz do que seria possível apenas com o uso de palavras.”.
Edwards vê na própria exteriorização das emoções um papel educador e orientador ajudando a produzir convencimento nos corações quanto às verdades ouvidas, porque a forma com que se afirma algo é bastante importante, tanto quanto o conteúdo, para este propósito de convencer as pessoas quanto ao que estamos afirmando ou sentindo. A boa música realiza um excelente serviço quanto a isto. E daí a importância de se saber utilizá-la na adoração pública.
Agora, quando falamos de exageros, confusão, falsificações, como coisas que costumeiramente acompanham a obra do Espírito, não devemos pensar que se está admitindo ou se aprovando o erro como algo normal. Ao contrário, estas coisas são enfatizadas com o fim de serem evitadas ou combatidas. Pois não é incomum que os cristãos por vezes se esqueçam que o Espírito Santo é uma pessoa que se entristece profundamente com o pecado e todas as suas formas de manifestação. Eles pensam do Espírito como uma força impessoal, um poder místico, uma influência espiritual. Esquecem-se que a nossa ação como cristãos está fundada num relacionamento pessoal com o Pai, o Filho e o Espírito Santo. E como em qualquer outro relacionamento podemos ofender aqueles com os quais nos relacionamos com um comportamento inadequado.
O Espírito Santo sempre opera para santos e elevados propósitos. Ele contempla a necessidade das pessoas e as atende de modo gentil e amoroso. Ele se compadece, se alegra, tem sentimentos tal como nós os temos, só que de uma forma absolutamente perfeita e santa.
E como Ele toleraria então, a não ser pela sua muita longanimidade, paciência e misericórdia, as nossas ações em Seu nome que não passam de desvarios emocionais, de desejo de parecer espiritual aos outros; confundindo o trabalho do Espírito Santo com práticas místicas que tínhamos conhecido em nossa carnalidade e paganismo anterior à nossa conversão?
Como um Deus pessoal e santo se agradaria de uma adoração que o rebaixa pela nossa errônea consideração da Sua pessoa, como uma divindade mística que supostamente exigiria de nós uma postura mística e transcendente, por um estado alterado de consciência para que possamos experimentar o seu poder místico, como simplesmente uma força, um poder que está à nossa disposição, e que deve nos atender toda vez que o convocarmos. Isto tem a ver com chamanismo pagão, e não com verdadeira comunhão com o Deus Todo-Poderoso, santo e soberano.
É Ele quem nos convoca segundo a Sua vontade e não nós. Somos nós que estamos a serviço do Espírito Santo e não Ele que está a nosso serviço e disposição. É a vontade dEle que deve ser feita e não a nossa.
É a perversão do Éden, de querer ser igual a Deus pelo caminho da rebelião que produz este tipo de comportamento. Esta atitude está cheia de pecado e não de santidade ou de verdadeira espiritualidade. É algo para se abandonar, se arrepender, e não para se gloriar. É um engano que se apodera dos olhos espirituais que não enxergam a glória de Deus, que necessitam de colírio para que possam enxergar como convém.
O Senhor nunca será portanto o Deus da adoração daqueles que entram em transe para adorá-lo. Os cristãos não são chamados a adorarem a Deus segundo este caminho dos místicos pagãos, que procuram alterar o estado de consciência através de repetições de palavras e canções estimulantes e sensuais, mas aceitará a adoração que é em espírito e em verdade. E sabemos que a palavra de Deus é a verdade.
Há uma forte influência pairando sobre os cristãos nestes dias para que seja um adorador de mistérios, tal como os pagãos, seguindo o mesmo exemplo da igreja de Corinto, que ficou sujeitada a esta mesma influência e acabou por se desviar temporariamente dos caminhos do Senhor. Mas o mesmo apóstolo Paulo que lhes advertiu no passado continua nos advertindo no presente por meio da Palavra de Deus. O que está escrito, está escrito também para a nossa advertência. E ninguém está livre destes erros. É necessário vigiar contra eles, e tomar posição ao lado da Palavra.
Lembremos que o "êxtase espiritual” pode se transformar em delírio anormal, que caracteriza todos os místicos de todas as épocas. E com isto se perca o contato com a realidade. Deus não quer produzir estados de euforia, mas santidade de vida. O grande alvo da vida cristã não é produzir emoções, mas serviço consagrado e união amorosa com Deus e os irmãos na fé.
A indicação de uma verdadeira espiritualidade não é apontada portanto por simples êxtases, frenesis emocionais, quedas ao chão como se estivesse morto. Pois como já dissemos é possível fazer todas estas coisas e não se estar sequer em comunhão com Deus, e buscando viver em obediência à Sua Palavra.