Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
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Juízos de Deus Contra os Reis Idólatras e Jezabel – II Reis 9
 
Desde os dias de Elias que Deus havia decidido ungir Jeú como rei de Israel para trazer os Seus juízos sobre a casa de Acabe, e nós vemos neste nono capítulo de II Reis, que estaremos comentando, como esta unção foi realizada nos dias de Eliseu.
Os terríveis juízos de morte que Deus trouxe aos idólatras, necromantes, adivinhos, feiticeiros e enfim, a todos os que se encontravam servindo ou consultando os espíritos das trevas, consoante o que havia prescrito na Lei de Moisés, e que vemos sendo executados em muitas páginas do Velho Testamento, como os que foram trazidos por exemplo, à casa de Acabe, estão registrados na Bíblia, especialmente para que ninguém se iluda na dispensação da graça, pensando que o fato dEle estar agindo com toda a Sua longanimidade, suportando as obras das trevas na referida dispensação, e até mesmo perdoando e salvando a muitos que têm se convertido destas obras associadas a demônios e ao culto deles, para a Sua luz, signifique que já não se encontram mais debaixo da Sua ira e juízos todos aqueles que ainda permanecem na prática de tais obras, ira esta que se manifestará no dia do Juízo Final.
É duro ter que afirmar esta sentença de condenação, mas é nosso dever expor tudo o que se encontra revelado nas Escrituras, para nossa advertência, de modo que escapemos destes juízos pelo arrependimento e pela fé em Cristo. Apesar de ser duro, é então grande prova de amor e misericórdia para com as pessoas, pregar essa verdade, que será resultante da recusa da oferta da graça do evangelho.
Leia por exemplo II Tes 2.9-12 que é bastante elucidativo quanto ao que estamos afirmando.
Cabe destacar ainda que mesmo na dispensação da graça nós vemos o Senhor ameaçando com o mesmo juízo de morte física àqueles que fazem o Seu povo errar voltando-se para a adoração de falsos deuses, e a todos aqueles que se submetem a isto sem se arrependerem deste horrível pecado (Apo 2.18-23).
Assim, o mesmo juízo de morte que sobreviria à Jezabel do Velho Testamento, também sobreviria à do Novo Testamento, que é citada no texto de Apo 2.18-23.
Quando o Senhor começou a se mover para julgar a casa de Acabe e especialmente Jezabel, Ele mandou Eliseu enviar um dos jovens profetas a ungir Jeú, chefe do exército do rei Jorão, que havia permanecido em Ramote-Gileade, com o exército de Israel, depois que Jorão voltou à sua casa real em Jizreel, por ter sido ferido por Hazael, da Síria, contra quem ele estava lutando juntamente com o rei de Judá, Acazias.
A ocasião era portanto propícia para que Jeú conspirasse contra Jorão, e ao mesmo tempo pudesse pôr termo à vida do rei Acazias de Judá, que foi a visitar Jorão em Jizreel.  
Depois que o jovem profeta ungiu Jeú, saiu apressadamente seguindo as instruções que Eliseu lhe dera, e os oficiais do exército que se encontravam com Jeú vieram ter com ele querendo saber o que o profeta lhe dissera e zombaram dele chamando-o de louco (v. 11).
Eles o chamaram deste modo por causa da vida devotada que ele tinha ao Senhor, em tudo diferente da vida mundana deles.
E não é incomum que todos os servos consagrados do Senhor sejam assim chamados por aqueles que são do mundo.
Mas Jeú colocou uma repreensão nas palavras deles dizendo-lhes que eles bem sabiam quem era aquele que viera ter com ele, e o teor de tudo o que dissera em relação ao que o Senhor determinara que deveria ser feito por ele como o novo rei de Israel.
Não foi por zelo da santidade do Senhor e nem pelo desejo de pôr fim à idolatria de Jorão, pelo extermínio da casa de Acabe, que eles aclamaram Jeú como novo rei de Israel, ali mesmo, mas certamente pelo acesso que eles próprios teriam a posições mais elevadas no reino, por serem as pessoas mais achegadas àquele que seria o novo rei.
Mas para a determinação do juízo do Senhor contra a casa de Acabe, não fazia qualquer diferença que fosse levado a efeito por mãos santas ou por mãos ímpias.
O temperamento furioso de Jeú era bem apropriado àquela execução, ainda que o Senhor não tenha prazer no que é furioso, senão naqueles que são mansos e humildes de coração.
Mas, como dissemos, o temperamento de Jeú contribuiria para a realização do propósito determinado por Deus, contra a descendência de Acabe e sua esposa Jezabel.
Então Jeú partiu com todo o exército de Ramote-Gileade para Jizreel, e quando o sentinela da torre viu tropas à distância se aproximando da cidade, avisou o rei Jorão e este enviou um mensageiro para perguntar se a vinda deles era em paz, mas Jeú o deixou sem resposta, porque não permitiu que o mensageiro retornasse, e quando lhe foi enviado outro mensageiro com a mesma pergunta, este também foi impedido de retornar a Jorão.
Quando foi dito ao rei que a marcha da tropa era apressada, e que parecia ser Jeú que vinha furiosamente adiante deles, então o próprio Jorão saiu ao seu encontro fazendo-se acompanhar do rei de Judá, Acazias, e isto procedia do Senhor, para que ambos fossem mortos por Jeú, o que de fato ocorreu.
Pode parecer a um juízo mais apressado que Jeú era um verdadeiro servo de Deus, e que estava agindo por motivo de zelo da Sua santidade e Palavra, especialmente pelo modo como respondeu a Jorão quando este lhe perguntou se havia paz :
“Que paz, enquanto as prostituições da tua mãe Jezabel e as suas feitiçarias são tantas?” (v. 22).
Nos versos 30 a 37 nós encontramos os fatos relativos à morte de Jezabel, que sabendo que os dois reis haviam sido mortos por Jeú, sendo um deles o seu próprio filho, tentou impressionar Jeú, adornando-se com as vestes e a coroa real e quando este veio ter com ela, perguntou a ele se tivera paz Zinri (v. 31) que havia assassinado o rei Elá, filho do rei Baasa, e que havia exterminado toda a descendência deste, segundo a palavra do Senhor (I Rs 16.8-12), e que foi submetido por Deus a um igual juízo.
Entretanto a perversa Jezabel não poderia, em sua impiedade, pesar os motivos que levaram Zinri a executar o juízo de Deus contra Baasa, e pensava que com isto poderia intimidar Jeú, quanto ao perigo de ter também a sua descendência exterminada pelo Senhor, pelo fato de ter recebido dEle a comissão de exterminar a casa de Acabe.
O fato é que ele não se impressionou nem um pouco, antes foi quem intimidou os servos de Jezabel, que se encontravam com ela, perguntando quais deles se colocariam do seu lado, ficando implícito que caso a protegessem teriam que se ver com ele.
Assim, como percebeu que dois ou três daqueles eunucos olharam para ele esperando somente que lhes expedisse a sua ordem,  então ordenou que a lançassem janela abaixo, e eles o fizeram.
Em sinal de desprezo a Jezabel, Jeú não somente atropelou o corpo dela com o seu carro, como também o deixou estirado na rua e foi comer e beber.
Depois de certo tempo decidiu sepultá-la por ser filha do rei de Sidom (I Rs 16.31), mas quando foram buscá-la os cães haviam devorado a sua carne de tal maneira que lhe restou senão apenas a ossada e as palmas das mãos e os pés (v. 35) cumprindo-se assim a palavra que o Senhor havia falado contra ela através de Elias quanto ao modo como deveria morrer.   
 
 
 
“1 Depois o profeta Eliseu chamou um dos filhos dos profetas, e lhe disse: Cinge os teus lombos, toma na mão este vaso de azeite e vai a Ramote-Gileade;
2 quando lá chegares, procura a Jeú, filho de Josafá, filho de Ninsi; entra, faze que ele se levante do meio de seus irmãos, e leva-o para uma câmara interior.
3 Toma, então, o vaso de azeite, derrama-o sobre a sua cabeça, e dize: Assim diz o Senhor: Ungi-te rei sobre Israel. Então abre a porta, foge e não te detenhas.
4 Foi, pois, o jovem profeta, a Ramote-Gileade.
5 E quando chegou, eis que os chefes do exército estavam sentados ali; e ele disse: Chefe, tenho uma palavra para te dizer. E Jeú perguntou: A qual de todos nós? Respondeu ele: A ti, chefe!
6 Então Jeú se levantou, e entrou na casa; e o mancebo derramou-lhe o azeite sobre a cabeça, e lhe disse: Assim diz o Senhor Deus de Israel: Ungi-te rei sobre o povo do Senhor, sobre Israel.
7 Ferirás a casa de Acabe, teu senhor, para que eu vingue da mão de Jezabel o sangue de meus servos, os profetas, e o sangue de todos os servos do Senhor.
8 Pois toda a casa de Acabe perecerá; e destruirei de Acabe todo filho varão, tanto o escravo como o livre em Israel.
9 Porque hei de fazer a casa de Acabe como a casa de Jeroboão, filho de Nebate, e como a casa de Baasa, filho de Aías.
10 Os cães comerão a Jezabel no campo de Jizreel; não haverá quem a enterre. Então o mancebo abriu a porta e fugiu.
11 Saiu então Jeú aos servos de seu senhor; e um lhe perguntou: Vai tudo bem? Por que veio a ti esse louco? E ele lhes respondeu: Bem conheceis o homem e o seu falar.
12 Mas eles replicaram. É mentira; dize-no-lo, pedimos-te. Ao que disse Jeú: Assim e assim ele me falou, dizendo: Assim diz o Senhor: Ungi-te rei sobre Israel.
13 Então se apressaram, e cada um tomou a sua capa e a pôs debaixo dele, no mais alto degrau; e tocaram a buzina, e disseram: Jeú reina!
14 Assim Jeú, filho de Josafá, filho de Ninsi, conspirou contra Jorão. (Ora, tinha Jorão cercado a Ramote-Gileade, ele e todo o Israel, por causa de Hazael, rei da Síria;
15 porém o rei Jorão tinha voltado para se curar em Jizreel das feridas que os sírios lhe fizeram, quando pelejou contra Hazael, rei da Síria.) E disse Jeú: Se isto é o vosso parecer, ninguém escape nem saia da cidade para ir dar a nova em Jizreel.
16 Então Jeú subiu a um carro, e foi a Jizreel; porque Jorão estava acamado ali; e também Acazias, rei de Judá, descera para ver Jorão.
17 O atalaia que estava na torre de Jizreel viu a tropa de Jeú, que vinha e disse: Vejo uma tropa. Disse Jorão: Toma um cavaleiro, e envia-o ao seu encontro a perguntar: Há paz?
18 E o cavaleiro lhe foi ao encontro, e disse: Assim diz o rei: Há paz? Respondeu Jeú: Que tens tu que fazer com a paz? Passa para trás de mim. E o atalaia deu aviso, dizendo: Chegou a eles o mensageiro, porém não volta.
19 Então Jorão enviou outro cavaleiro; e, chegando este a eles, disse Assim diz o rei: Há paz? Respondeu Jeú: Que tens tu que fazer com a paz? Passa para trás de mim.
20 E o atalaia deu aviso, dizendo: Também este chegou a eles, porém não volta; e o andar se parece com o andar de Jeú, filho de Ninsi porque anda furiosamente.
21 Disse Jorão: Aparelha-me o carro! E lho aparelharam. Saiu Jorão, rei de Israel, com Acazias, rei de Judá, cada um em seu carro para irem ao encontro de Jeú, e o encontraram no campo de Nabote, o jizreelita.
22 E sucedeu que, vendo Jorão a Jeú, perguntou: Há paz, Jeú? Respondeu ele: Que paz, enquanto as prostituições da tua mãe Jezabel e as suas feitiçarias são tantas?
23 Então Jorão deu volta, e fugiu, dizendo a Acazias: Há traição, Acazias!
24 Mas Jeú, entesando o seu arco com toda a força, feriu Jorão entre as espáduas, e a flecha lhe saiu pelo coração; e ele caiu no seu carro.
25 Disse então Jeú a Bidcar, seu ajudante: Levanta-o, e lança-o no campo da herança de Nabote, o jizreelita; pois lembra-te de indo eu e tu juntos a cavalo após seu pai Acabe, o Senhor pôs sobre ele esta sentença, dizendo:
26 Certamente vi ontem o sangue de Nabote e o sangue de seus filhos, diz o Senhor; e neste mesmo campo te retribuirei, diz o Senhor. Agora, pois, levanta-o, e lança-o neste campo, conforme a palavra do Senhor.
27 Quando Acazias, rei de Judá, viu isto, fugiu pelo caminho da casa do jardim. E Jeú o perseguiu, dizendo: A este também! Matai-o! Então o feriram no carro, à subida de Gur, que está junto a Ibleão; mas ele fugiu para Megido, e ali morreu.
28 E seus servos o levaram num carro a Jerusalém, e o sepultaram na sua sepultura junto a seus pais, na cidade de Davi.
29 Ora, Acazias começara a reinar sobre Judá no ano undécimo de Jorão, filho de Acabe.
30 Depois Jeú veio a Jizreel; o que ouvindo Jezabel, pintou-se em volta dos olhos, e enfeitou a sua cabeça, e olhou pela janela.
31 Quando Jeú entrava pela porta, disse ela: Teve paz Zinri, que matou a seu senhor?
32 Ao que ele levantou o rosto para a janela e disse: Quem é comigo? quem? E dois ou três eunucos olharam para ele.
33 Então disse ele: Lançai-a daí abaixo. E lançaram-na abaixo; e foram salpicados com o sangue dela a parede e os cavalos; e ele a atropelou.
34 E tendo ele entrado, comeu e bebeu; depois disse: Olhai por aquela maldita, e sepultai-a, porque é filha de rei.
35 Foram, pois, para a sepultar; porém não acharam dela senão a caveira, os pés e as palmas das mãos.
36 Então voltaram, e lho disseram. Pelo que ele disse: Esta é a palavra do Senhor, que ele falou por intermédio de Elias, o tisbita, seu servo, dizendo: No campo de Jizreel os cães comerão a carne de Jezabel,
37 e o seu cadáver será como esterco sobre o campo, na herdade de Jizreel; de modo que não se poderá dizer: Esta é Jezabel.” (II Rs 9.1-37).
 
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 02/01/2013
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