Foi-se a Glória de Deus – I Samuel 4
O quarto capítulo de I Samuel descreve as circunstâncias em que teve cumprimento a profecia relativa à morte dos filhos de Eli.
E nele também aprendemos a nulidade de invocarmos a presença de Deus, enquanto não nos convertemos dos nossos maus caminhos.
Os nossos inimigos espirituais prevalecerão contra nós, ainda que invoquemos o nome do Senhor e sejamos parte do Seu povo, caso estejamos vivendo deliberadamente na prática do pecado.
Os israelitas trouxeram a arca da aliança para o campo de batalha, pensando que com isto poderiam prevalecer contra os filisteus, mas acabaram sendo derrotados e a arca foi apreendida pelos filisteus, ainda que para a sua ruína, conforme se descreve nos capítulos seguintes.
Eles decidiram trazer a arca de Siló para o campo de batalha, porque haviam sido mortos cerca de quatro mil homens do exército de Israel (v. 2).
Os filhos de Eli, Hofni e Fineias acompanharam a arca, na condição de sacerdotes, e foi com grande grita que os israelitas celebraram a sua chegada, confiantes de que ela traria temor aos filisteus, e Deus lhes daria vitória sobre eles.
Realmente os filisteus foram tomados de grande temor e lembraram do que o Deus de Israel (que eles pensavam serem muitos deuses) havia feito aos egípcios (v. 7, e 8).
Mas como o Senhor não era com Israel, Ele permitiu que os filisteus matassem a trinta mil homens do exército israelita (v. 10), e Hofni e Fineias foram mortos na batalha (v. 11).
O pecado de idolatria deles foi agravado pelo conselho dos anciãos, que permitiu a retirada da arca do Santo dos Santos.
Eles queriam fazer uma exposição pública do Deus deles.
Queriam fazer uma exibição de poder, e usar a arca como uma espécie de talismã.
Desde que haviam cessado as peregrinações no deserto, e que o tabernáculo foi instalado de maneira fixa em Siló, a arca não poderia de modo algum ser retirada do Santo dos Santos, e ninguém poderia vê-la, senão o sumo-sacerdote, senão uma única vez por ano, no Dia da Expiação Nacional.
Eles estavam demonstrando uma grande irreverência para com o Senhor, quando retiraram a arca do tabernáculo, pelas mãos de dois sacerdotes, aos quais era vedado o próprio ato de entrada no Santo dos Santos, pois isto era permitido somente ao sumo-sacerdote, no caso, Eli, o seu pai.
E para marcar a grande transgressão deles, o Senhor permitiu que trinta mil israelitas caíssem diante dos filisteus.
Eles haviam perdido quatro mil na primeira batalha e trouxeram a arca pensando que outros israelitas não morreriam, porque julgavam que Deus pelejaria por eles.
Mas acabou ocorrendo uma derrota muito maior e uma grande perda de vidas.
Quando nós tentamos adorar a Deus como os pagãos adoram os seus deuses.
Quando nós estabelecemos uma forma de adoração de Deus diferente do que Ele nos tem ordenado na Sua Palavra, em vez de sermos beneficiados por isto, nós traremos Seus justos juízos sobre nós.
Os coríntios se descuidaram da forma como deveriam celebrar a ceia do Senhor, e Deus visitou o pecado deles com muitas mortes e enfermidades.
Eli contava na ocasião com noventa e oito anos de idade, e já não mais enxergava (v. 15), e sentiu um grande temor pela retirada da arca do tabernáculo (v. 13), porque ele não foi capaz de impedi-lo.
Ele sabia que aquilo era uma grande transgressão da Lei de Moisés e Deus não deixaria aquela ação sem o devido castigo.
E foi com esta grande inquietação de alma que ele ficou aguardando notícias sobre as coisas que sucederiam.
Quando lhe trouxeram notícias sobre a morte de seus dois filhos, ele não se sentiu tão impactado quanto quando soube que a arca havia sido tomada pelos filisteus.
Isto significava que ele fracassara totalmente no seu dever de ser o guardião do santuário e que ficaria sujeito a um juízo ainda maior da parte do Senhor.
Tal foi o seu pavor que ele se desequilibrou da cadeira em que estava sentado, e tendo caído para trás quebrou o pescoço e morreu (v. 18).
Por mais de trezentos anos a arca estivera em Siló, na tribo de Efraim, mas a desonra trazida ao sacerdócio pela casa de Eli, determinaria a transferência do tabernáculo de Siló para Jerusalém, nos dias de Davi.
A glória do Senhor abandonou Siló, e por isso, com a tomada da arca pelos filisteus, a esposa de Fineias que se encontrava grávida, deu à luz prematuramente a seu filho, ao qual deu o nome de Icabôd, (v. 21), que no hebraico significa sem glória ou nenhuma glória, porque a glória do Senhor havia abandonado Siló.
“1 Ora, saiu Israel à batalha contra os filisteus, e acampou-se perto de Ebenézer; e os filisteus se acamparam junto a Afeque.
2 E os filisteus se dispuseram em ordem de batalha contra Israel; e, travada a peleja, Israel foi ferido diante dos filisteus, que mataram no campo cerca de quatro mil homens do exército.
3 Quando o povo voltou ao arraial, disseram os anciãos de Israel: Por que nos feriu o Senhor hoje diante dos filisteus? Tragamos para nós de Siló a arca do pacto do Senhor, para que ela venha para o meio de nós, e nos livre da mão de nossos inimigos.
4 Enviou, pois, o povo a Siló, e trouxeram de lá a arca do pacto do Senhor dos exércitos, que se assenta sobre os querubins; e os dois filhos de Eli, Hofni e Fineias, estavam ali com a arca do pacto de Deus.
5 Quando a arca do pacto do Senhor chegou ao arraial, prorrompeu todo o Israel em grandes gritos, de modo que a terra vibrou.
6 E os filisteus, ouvindo o som da gritaria, disseram: Que quer dizer esta grande vozearia no arraial dos hebreus? Quando souberam que a arca do Senhor havia chegado ao arraial,
7 os filisteus se atemorizaram; e diziam: Os deuses vieram ao arraial. Diziam mais: Ai de nós! porque nunca antes sucedeu tal coisa.
8 Ai de nós! quem nos livrará da mão destes deuses possantes? Estes são os deuses que feriram aos egípcios com toda sorte de pragas no deserto.
9 Esforçai-vos, e portai-vos varonilmente, ó filisteus, para que porventura não venhais a ser escravos dos hebreus, como eles o foram vossos; portai-vos varonilmente e pelejai.
10 Então pelejaram os filisteus, e Israel foi derrotado, fugindo cada um para a sua tenda; e houve mui grande matança, pois caíram de Israel trinta mil homens de infantaria.
11 Também foi tomada a arca de Deus, e os dois filhos de Eli, Hofni e Fineias, foram mortos.
12 Então um homem de Benjamim, correndo do campo de batalha chegou no mesmo dia a Siló, com as vestes rasgadas e terra sobre a cabeça.
13 Ao chegar ele, estava Eli sentado numa cadeira ao pé do caminho vigiando, porquanto o seu coração estava tremendo pela arca de Deus. E quando aquele homem chegou e anunciou isto na cidade, a cidade toda prorrompeu em lamentações.
14 E Eli, ouvindo a voz do lamento, perguntou: Que quer dizer este alvoroço? Então o homem, apressando-se, chegou e o anunciou a Eli.
15 Ora, Eli tinha noventa e oito anos; e os seus olhos haviam cegado, de modo que já não podia ver.
16 E disse aquele homem a Eli: Estou vindo do campo de batalha, donde fugi hoje mesmo. Perguntou Eli: Que foi que sucedeu, meu filho?
17 Então respondeu o que trazia as novas, e disse: Israel fugiu de diante dos filisteus, e houve grande matança entre o povo; além disto, também teus dois filhos, Hofni e Fineias, são mortos, e a arca de Deus é tomada.
18 Quando ele fez menção da arca de Deus, Eli caiu da cadeira para trás, junto à porta, e quebrou-se-lhe o pescoço, e morreu, porquanto era homem velho e pesado. Ele tinha julgado a Israel quarenta anos.
19 E estando sua nora, a mulher de Fineias, grávida e próxima ao parto, e ouvindo estas novas, de que a arca de Deus era tomada, e de que seu sogro e seu marido eram mortos, encurvou-se e deu à luz, porquanto as dores lhe sobrevieram.
20 E, na hora em que ia morrendo, disseram as mulheres que estavam com ela: Não temas, pois tiveste um filho. Ela, porém, não respondeu, nem deu atenção a isto.
21 E chamou ao menino de Icabô, dizendo: De Israel se foi a glória! Porque fora tomada a arca de Deus, e por causa de seu sogro e de seu marido.
22 E disse: De Israel se foi a glória, pois é tomada a arca de Deus.” (I Sm 4.1-22)