Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos
Bons Líderes Têm o Temor de Deus – Neemias 5
 
No décimo quinto versículo deste 5º capítulo de Neemias, este apresenta um contraste entre ele e os governantes, que haviam governado os judeus antes dele.
Tudo o que nós vemos de práticas injustas neste capitulo foi decorrente principalmente do mau governo daqueles homens infiéis.
Um mau líder poderá levar todo um povo a se perder.
A estes maus líderes bem se aplica a condenação do apóstolo Tiago que lemos em Tg 2.1-9.    
Tal como Davi, que havia governado no temor de Deus (II Sm 23.3), Neemias declarou o motivo porque não havia governado como os demais governantes, que haviam procedido injustamente antes dele, no verso 15 deste capítulo:
“Porém eu assim não fiz, por causa do temor de Deus.” (v. 15).
Veja que é o mesmo motivo que havia sido declarado anteriormente por Davi.
Então o que podemos concluir disso quanto a um governo justo da parte dos pastores sobre suas respectivas Igrejas?
Que eles devem ter o verdadeiro temor de Deus para que possam presidir com justiça. 
 Quando qualquer pastor ou líder perde este temor, o que se pode esperar então deles?
A resposta não é mais do que óbvia, por melhores que sejam as suas intenções?
Afinal, não é com boas intenções que se vence as obras da carne, mas por um verdadeiro andar no Espírito, mediante o temor devido ao Senhor.
Quando colocamos Deus diante dos nossos pensamentos, dos nossos olhos, dos nossos julgamentos, então nós pesamos as nossas decisões e palavras.
Todavia, quando isto falta podemos agir por impulsos carnais, movidos por orgulho, cobiça, inveja, ciúme ou qualquer outra obra da carne.
Se deixarmos de andar humildemente com o Senhor, como poderemos ser achados agindo como um Moisés, um Noé, um Daniel, um Paulo, um Pedro, e outros líderes, que agiram segundo o coração de Deus?
 É digno de nota, neste capitulo de Neemias, que Deus trouxe um juízo de carência sobre a terra de Judá, que em vez de produzir arrependimento no povo, e principalmente, nos magistrados de Israel, quanto aos seus pecados, ensejou a exploração dos pobres pelos abastados, cujas terras tomaram para si, e de quem fizeram também escravos e a quem emprestaram dinheiro a juros, contrariando a proibição da Lei de Moisés relativa a tais práticas.
A Lei permitia a venda de propriedades (Lev. 25. 14-16), mas essa venda não podia ser permanente (v. 10, 13).
No entanto, os ricos tinham transgredido a Lei, porque tinham o dever de socorrer a seus irmãos mais pobres em tempos de dificuldades econômicas, mas não de oprimi-los (v. 14, 17).
Neemias, seus parentes próximos e seus seguidores tinham ajudado aos pobres até onde tinham podido (Ne 5.10, 15). Mas os ricos tinham enriquecido ainda mais às expensas de seus compatriotas.
Deus havia trazido os judeus do cativeiro em Babilônia para que fossem agora escravizados pelos seus próprios compatriotas, sendo trazidos novamente debaixo de escravidão? (Gál 5.1; I Cor 7.23).
E o que fez Neemias?
Ficou somente orando?
Fez vistas grossas para o problema esperando que eles se resolvessem entre si?
Não. Ele exigiu restituição e eliminação da prática da exploração sob a ameaça de pena de ser despojado de sua casa e de seus bens, todo aquele que se recusasse a se submeter à ordem que havia sido dada, em comum acordo com os sacerdotes e o povo (v. 12,13).     
Assim, as consequências danosas trazidas pela escassez de recursos, cooperou para o arrependimento do pecado e o retorno à prática da justiça em Judá, porque havia um governante temente a Deus sobre eles, na pessoa de Neemias. 
Mas quanto aos maus governantes, deve ser dito que nada expõe mais a religião ao escárnio dos seus inimigos do que o mundanismo e o endurecimento de coração dos seus líderes.
O mau exemplo dos líderes faz com que muitos descaiam de sua firmeza na fé, nem tanto pelo mau exemplo que conseguem observar neles, mas por não serem suas vidas e prática exemplares para o rebanho, de modo que possam aprender a maneira pela qual convém andar na casa de Deus.   
Nos versos 14 a 19 Neemias fala da sua generosidade para com o povo nos 12 anos do seu governo. Ele destaca que não cobrou impostos para a sua provisão e dos que governavam com ele.
Como ele possuía o temor de Deus, por isso não oprimiu o povo, e não lhes fez qualquer coisa cruel ou injusta. E não fizera isto para receber o louvor ou a aprovação dos homens, mas por dever de consciência, por causa do temor do Senhor.
 Ele havia se compadecido no exílio da assolação e aflição dos judeus na sua própria terra, e não seria agora como governador que deixaria de estar compadecido deles.
Ele era sensível o suficiente para perceber o grande sofrimento do povo e não ousaria aumentar o fardo deles. Ao contrário, tudo faria para minorar a sua ruína. 
 Neemias não procurou a recompensa dos homens, senão somente do Senhor, e isto ele expressou na curta oração que fez no verso 19: “Lembra-te de mim para meu bem, ó meu Deus, e de tudo quanto tenho feito em prol deste povo.”.  
Ele não se dirigiu deste modo a Deus em oração porque pensasse ter qualquer merecimento diante de Deus, como se o Senhor tivesse uma dívida para com ele, mas para mostrar que não estava buscando qualquer recompensa dos homens pela sua generosidade, ou para recompor o que ele havia gasto para honrá-lO, porque considerava o favor de Deus a maior e melhor recompensa que poderia ter. 
 
 
 
“1 Então se levantou um grande clamor do povo e de duas mulheres contra os judeus, seus irmãos.
2 Pois havia alguns que diziam: Nós, nossos filhos e nossas filhas somos muitos; que se nos dê trigo, para que comamos e vivamos.
3 Também havia os que diziam: Estamos empenhando nossos campos, as nossas vinhas e as nossas casas, para conseguirmos trigo durante esta fome.
4 Havia ainda outros que diziam: Temos tomado dinheiro emprestado até para o tributo do rei sobre os nossos campos e as nossas vinhas.
5 Ora, a nossa carne é como a carne de nossos irmãos, e nossos filhos como os filhos deles; e eis que estamos sujeitando nossos filhos e nossas filhas para serem servos, e algumas de nossas filhas já estão reduzidas à escravidão. Não está em nosso poder evitá-lo, pois outros têm os nossos campos e as nossas vinhas.
6 Ouvindo eu, pois, o seu clamor, e estas palavras, muito me indignei.
7 Então consultei comigo mesmo; depois contendi com os nobres e com os magistrados, e disse-lhes: Estais tomando juros, cada um de seu irmão. E ajuntei contra eles uma grande assembleia.
8 E disse-lhes: Nós, segundo as nossas posses, temos resgatado os judeus, nossos irmãos, que foram vendidos às nações; e vós venderíeis os vossos irmãos, ou seriam vendidos a nós? Então se calaram, e não acharam o que responder.
9 Disse mais: Não é bom o que fazeis; porventura não devíeis andar no temor do nosso Deus, por causa do opróbrio dos povos, os nosso inimigos?
10 Também eu, meus irmãos e meus moços lhes temos emprestado dinheiro e trigo. Deixemos, peço-vos este ganho.
11 Restituí-lhes hoje os seus campos, as suas vinhas, os seus olivais e as suas casas, como também a centésima parte do dinheiro, do trigo, do mosto e do azeite, que deles tendes exigido.
12 Então disseram: Nós lho restituiremos, e nada lhes pediremos; faremos assim como dizes. Então, chamando os sacerdotes, fi-los jurar que fariam conforme prometeram.
13 Também sacudi as minhas vestes, e disse: Assim sacuda Deus da sua casa e do seu trabalho todo homem que não cumprir esta promessa; assim mesmo seja ele sacudido e despojado. E toda a congregação disse: Amém! E louvaram ao Senhor; e o povo fez conforme a sua promessa.
14 Além disso, desde o dia em que fui nomeado seu governador na terra de Judá, desde o ano vinte até o ano trinta e dois do rei Artaxerxes, isto é, por doze anos, nem eu nem meus irmãos comemos o pão devido ao governador.
15 Mas os primeiros governadores, que foram antes de mim, oprimiram o povo, e tomaram-lhe pão e vinho e, além disso, quarenta siclos de prata; e até os seus moços dominavam sobre o povo. Porém eu assim não fiz, por causa do temor de Deus.
16 Também eu prossegui na obra deste muro, e terra nenhuma compramos; e todos os meus moços se ajuntaram ali para a obra.
17 Sentavam-se à minha mesa cento e cinquenta homens dentre os judeus e os magistrados, além dos que vinham ter conosco dentre as nações que estavam ao redor de nós.
18 Ora, o que se preparava para cada dia era um boi e seis ovelhas escolhidas; também se preparavam aves e, de dez em dez dias, provisão de toda qualidade de vinho. Todavia, nem por isso exigi o pão devido ao governador, porquanto a servidão deste povo era pesada.
19 Lembra-te de mim para meu bem, ó meu Deus, e de tudo quanto tenho feito em prol deste povo.” (Ne 5.1-19).
 
 
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 07/01/2013
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