Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos
Não se Desviar da Grandeza do Resgate Disponível – Jó 36
 
Eliú cessou de repreender Jó neste capítulo 36º, para exaltar somente a Deus.
Ele ressalta que Deus é justo, de modo que não preservará a vida do ímpio, mas aos aflitos fará justiça, assim como certamente faria a Jó, porque apesar de estar em grande aflição, era justo, e por isso poderia contar com o livramento de Deus (v. 6).
E caso um justo fosse achado preso em grilhões, amarrado com as cordas de aflição, então seria por motivo de o Senhor pretender manifestar as transgressões deste justo que estivesse se portando com soberba. 
Mas o Senhor não manteria o justo soberbo apenas debaixo da aflição para lhe curar do seu orgulho, como também lhe abriria o ouvido para a instrução, ordenando-lhe que se converta da iniquidade.
Se houvesse arrependimento, e servissem ao Senhor, os seus dias seriam prósperos, e os seus anos terminariam em delícias.
Mas caso se endurecessem, então seriam apanhados pela espada do juízo do Senhor, e expirariam sem o conhecimento que Ele pretendia lhes dar, e eles deixaram de recebê-lo por causa do endurecimento deles.
Isto está muito de acordo com a disciplina que é exercida pelo Senhor na Igreja. Cristãos rebeldes que não se deixam admoestar e que não se arrependem de seus pecados são tratados como gentios e publicanos, e por fim podem até mesmo serem submetidos a um juízo de morte física, como foi o caso de Ananias e Safira, e muitos cristãos de Corinto, que se recusaram a se arrependerem e a receberem instrução do Senhor para andarem de modo digno na Sua presença.    
Muitos podem estar portanto equivocados quanto a serem verdadeiros cristãos, quando se gabam da prática permanente da iniquidade, sem que lhes venha qualquer correção da parte do Senhor. Estes deveriam desconfiar da sua conversão, porque os que são deixados sem correção é porque são bastardos, mas não verdadeiros filhos de Deus, porque a estes Ele sempre os corrige, porque os ama.   
O ímpio não clama por socorro a Deus quando está em aflição (v. 13). Mas os ouvidos do Senhor estão atentos para o clamor do aflito que se volta para Ele em busca de socorro (v. 15).
Por isso Eliú disse a Jó que Deus queria levá-lo da sua angústia para um lugar espaçoso, sem aperto, e no qual as iguarias da sua mesa seriam cheias de gordura (v. 16).
Mas como Jó poderia participar disto enquanto estivesse cheio do padrão de julgamento que é próprio dos ímpios, porque julgam que Deus não se importa com a aflição dos que sofrem, e com isso deixam de ser socorridos.
Eliú alerta então a Jó para que tomasse cuidado para que a ira de Deus que pesava sobre Ele não lhe induzisse a escarnecer como os ímpios, e nem a se desviar da grandeza do resgate que estava disponível para ele no Senhor.  
Jó deveria decidir sobre o que deveria prevalecer, se o seu clamor pedindo por socorro a Deus, ou o seu endurecimento produzido pela força do seu sofrimento.
Jó deveria se guardar para não declinar para o lado daqueles que se deixam vencer pela iniquidade.
Ele deveria se lembrar de engrandecer ao Senhor e às Suas obras. 
O Deus que manifesta a Sua grandeza e glória nas obras da criação. 
 
 
 
“ Prosseguiu ainda Eliú e disse:
2 Espera-me um pouco, e mostrar-te-ei que ainda há razões a favor de Deus.
3 De longe trarei o meu conhecimento, e ao meu criador atribuirei a justiça.
4 Pois, na verdade, as minhas palavras não serão falsas; contigo está um que tem perfeito conhecimento.
5 Eis que Deus é mui poderoso, contudo a ninguém despreza; grande é no poder de entendimento.
6 Ele não preserva a vida do ímpio, mas faz justiça aos aflitos.
7 Do justo não aparta os seus olhos; antes com os reis no trono os faz sentar para sempre, e assim são exaltados.
8 E se estão presos em grilhões, e amarrados com cordas de aflição,
9 então lhes faz saber a obra deles, e as suas transgressões, porquanto se têm portado com soberba.
10 E abre-lhes o ouvido para a instrução, e ordena que se convertam da iniquidade.
11 Se o ouvirem, e o servirem, acabarão seus dias em prosperidade, e os seus anos em delícias.
12 Mas se não o ouvirem, à espada serão passados, e expirarão sem conhecimento.
13 Assim os ímpios de coração amontoam, a sua ira; e quando Deus os põe em grilhões, não clamam por socorro.
14 Eles morrem na mocidade, e a sua vida perece entre as prostitutas.
15 Ao aflito livra por meio da sua aflição, e por meio da opressão lhe abre os ouvidos.
16 Assim também quer induzir-te da angústia para um lugar espaçoso, em que não há aperto; e as iguarias da tua mesa serão cheias de gordura.
17 Mas tu estás cheio do juízo do ímpio; o juízo e a justiça tomam conta de ti.
18 Cuida, pois, para que a ira não te induza a escarnecer, nem te desvie a grandeza do resgate.
19 Prevalecerá o teu clamor, ou todas as forças da tua fortaleza, para que não estejas em aperto?
20 Não suspires pela noite, em que os povos sejam tomados do seu lugar.
21 Guarda-te, e não declines para a iniquidade; porquanto isso escolheste antes que a aflição.
22 Eis que Deus é excelso em seu poder; quem é ensinador como ele?
23 Quem lhe prescreveu o seu caminho? Ou quem poderá dizer: Tu praticaste a injustiça?
24 Lembra-te de engrandecer a sua obra, de que têm cantado os homens.
25 Todos os homens a veem; de longe a contempla o homem.
26 Eis que Deus é grande, e nós não o conhecemos, e o número dos seus anos não se pode esquadrinhar.
27 Pois atrai a si as gotas de água, e do seu vapor as destila em chuva,
28 que as nuvens derramam e gotejam abundantemente sobre o homem.
29 Poderá alguém entender as dilatações das nuvens, e os trovões do seu pavilhão?
30 Eis que ao redor de si estende a sua luz, e cobre o fundo do mar.
31 Pois por estas coisas julga os povos e lhes dá mantimento em abundância.
32 Cobre as mãos com o relâmpago, e dá-lhe ordem para que fira o alvo.
33 O fragor da tempestade dá notícia dele; até o gado pressente a sua aproximação.” (Jó 36)
 
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 17/01/2013
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