Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos
Dai e Ser-vos-á Dado – 2 Coríntios 9
 
Os irmãos que são citados por Paulo no nono capítulo de 2 Corintios, cujo louvor era conhecido em todas as igrejas são citados por ele em Atos 20.4, pois eram os que lhe estavam acompanhando desde a Macedônia; como cooperadores e representantes das Igrejas da Galácia (Ásia), e da Macedônia, para serem tesoureiros e testemunhas em Jerusalém de que o valor coletado junto às Igrejas gentílicas era o que estava sendo fielmente entregue a eles, não que o apóstolo não fosse digno da inteira confiança deles, mas ele o fazia por prudência, para não dar ocasião ao Inimigo de levantar suspeitas, tal como Esdras havia feito em seus dias em relação aos bens que estava levando de Babilônia para Jerusalém.  
Assim, Paulo se fazia acompanhar naquela ocasião de Sópater, Aristarco, Segundo, Gaio, Timóteo, Tíquico e Trófimo (At 20.4), tendo Lucas se reunido posteriormente ao grupo que se dirigia com ele para Jerusalém.
Tito não é citado porque já se encontrava em Corinto, conforme vimos no capítulo anterior.
Era a Sopáter, de Bereia, e Aristarco e Segundo, de Tessalônica a quem Paulo se referiu como os irmãos da Macedônia que iriam descer com ele a Corinto (At 20.4).
Estes já haviam trazido ao apóstolo as ofertas levantadas pelos macedônios, de modo que Paulo alertou os coríntios neste nono capitulo da epístola, para que não fossem achados desapercebidos, isto é, despreparados, quando os da Macedônia fossem juntamente com ele a Corinto para juntarem às suas ofertas, às que haviam sido coletadas pelos coríntios.  
Paulo era de fato um campeão da psicologia bíblica, e sabia lidar como ninguém com a estrutura da personalidade humana, sem fazer adulações baratas, ou estratégias enganosas para conduzir a outros, mas usando da verdade, usava de toda a sabedoria que havia recebido do Espírito, para falar com rogos e súplicas  palavras que eram em sua própria essência palavras de ordem e chamadas de responsabilidade à consciência de outrem. 
Nós o vemos usando da mesma psicologia quando escreveu a Filemom pedindo que usasse de misericórdia e favor para com o seu escravo fujão, chamado Onésimo.
Seria muito vantajoso para o progresso do evangelho que os ministros de Cristo usassem da mesma sabedoria que havia em Paulo, no trato com as respectivas ovelhas.    
O apóstolo sabia usar os argumentos precisos para persuadir a consciência dos homens, sem ofendê-los ou agredi-los.
Ele sabia como extrair mel da rocha, pela instrução do Espírito em seu coração, que era inteiramente dedicado a Deus, e no qual havia também um genuíno amor pelos homens, porque onde existir de fato um verdadeiro amor a Deus, haverá também um genuíno amor pelos homens, e os trataremos tendo boas expectativas em relação a eles, pela confiança que temos do poder que há em Deus para trabalhar em seus espíritos.
Assim, ele elogiou a prontidão de ânimo dos coríntios quanto à coleta que estavam fazendo, e que o zelo deles estava estimulando a muitos, e que sequer tinha portanto,  necessidade de lhes escrever acerca do que deveria ser feito por eles (v. 1, 2).
O envio dos irmãos, e entre eles Tito, como vimos no capítulo anterior, não tinha o propósito de constrangê-los, mas para que lhes ajudassem nas coisas necessárias, de forma que não viesse a ser frustrada, de alguma forma, a esperança que depositava na fidelidade deles (v. 3).
O envio dos irmãos tinha também por propósito reafirmar as coisas que ele já lhes havia falado e que agora estava reforçando com a escrita desta epístola, que a oferta deveria ser preparada como bênção, e não como avareza; porque há uma lei espiritual determinada por Deus de que é dando que se recebe; e assim, portanto, o que os coríntios estavam fazendo era uma semeadura, e não um desperdício de bens, porque quando algo é ofertado para cumprir a vontade de Deus, nós estamos semeando bênçãos futuras que receberemos da Sua parte; tal como o agricultor que não poupa as sementes que enterra no chão, para que possa ter uma abundante colheita, de modo que quanto maior for a semeadura, maior será a colheita (v. 6).
Esta verdade deveria servir portanto de estímulo para toda a prova da generosidade deles.
Desta  forma, nenhuma oferta deve ser feita com tristeza no coração, ou por sentimento de obrigação, porque a oferta que é aceita e agradável a Deus é aquela que é feita com alegria, porque será aos tais que Ele demonstrará o Seu amor.
No entanto é o próprio Deus quem nos dispõe a tal generosidade. Não habita na nossa natureza terrena decaída no pecado nenhum verdadeiro altruísmo, uma vez que aquele que se vê no mundo, não é desinteressado, mas por motivo de orgulho, ainda quando se pretexta humildade, o motivo que os move é o orgulho de se sentirem humildes e generosos, mas não o amor que procede de Deus aos nossos corações e que nos leva primeiro a nos doarmos a Ele, e depois ao atendimento das necessidades do próximo.
Então é o próprio Senhor que nos faz ter abundância em toda a graça, de modo que sempre tendo tudo e toda suficiência pela sua graça, possamos também ser abundantes em toda a boa obra, que demandará de nós o uso em favor de outrem dos recursos que Deus nos esteja concedendo para tal propósito.
Ninguém é enriquecido para entesourar para si mesmo, senão para manifestar a glória do amor de Deus contribuindo desinteressadamente com aqueles  que ele mantém em algum tipo de necessidade, exatamente para que haja esta demonstração prática do amor de uns para com os outros.
E aquele que é despojado, liberal no dar, e que dá com alegria aos pobres, tem, conforme a promessa de Deus, um reconhecimento eterno deste ato de justiça, para a justa recompensa que Ele lhes dará no porvir, e mais do que isto, pelo reconhecimento eterno dEle pela bondade e amor que demonstraram para com seus irmãos necessitados; porque é próprio da natureza do amor cristão, que permanece e é eterno, esta atitude de se doar em favor dos outros.   
Assim é o Senhor mesmo que nos dá a semente que semeamos, e também nos dá o pão que nos sustenta, e que multiplica a nossa sementeira, de forma que possam ser aumentados os frutos da nossa prática da justiça (v. 10); de modo que em vez de sermos empobrecidos pelo gesto de dar a outros, nós somos enriquecidos pelo Senhor, exatamente para que usemos de toda a beneficência, para que por meio dela sejam dadas graças a Deus tanto por aqueles que são alvo dela, quanto pelos que doam pelo privilégio e honra de fazê-lo, que lhes é concedido pelo Senhor (v. 11, 12). 
Os que recebem glorificam a Deus pelo testemunho da submissão real à Sua vontade, por parte dos que dão, porque é uma forma de confissão prática e real quanto à obediência e participação do evangelho de Cristo (v. 13).
É pelo dom de Deus, do amor, que são possíveis todas estas graças, de forma que aqueles que recebem intercedem pelos que dão, tanto por gratidão, quanto para que Deus continue abençoando as suas vidas.
E isto aproxima os corações, quando se vê a excelência da graça de Deus operando nos Seus filhos.
Portanto é a Ele que se deve dar graças por tudo, porque tudo provém dEle, e sem o Seu amor impulsionando os nossos corações, e suprindo as necessidades tanto dos que dão, quanto dos que recebem, nada disto seria possível.
Assim, quão distante está o modo de Deus daquilo que o mundo chama de assistência social, porque ali está identificado o miserável e o rico, mas na Igreja, todos são carentes do favor de Deus e supridos por Ele, tanto os que dão, quanto os que recebem, de modo que somente Ele é digno de receber toda honra, glória e louvor; porque é por meio dEle que todos são beneficiados, quer com bens materiais, quer com intercessões e operações espirituais.
Lembramos de Elias que foi enviado à casa da viúva para ser assistido por ela, e no final das contas quem abençoou quem? Ambos foram abençoados pelo Senhor e se abençoaram mutuamente, por terem aberto seus corações para cumprirem a Sua vontade.                   
 
 
 
“1 Quanto à administração que se faz a favor dos santos, não necessito escrever-vos;
2 Porque bem sei a prontidão do vosso ânimo, da qual me glorio de vós para com os macedônios; que a Acaia está pronta desde o ano passado; e o vosso zelo tem estimulado muitos.
3 Mas enviei estes irmãos, para que a nossa glória, acerca de vós, não seja vã nesta parte; para que (como já disse) possais estar prontos,
4 A fim de, se acaso os macedônios vierem comigo, e vos acharem desapercebidos, não nos envergonharmos nós (para não dizermos vós) deste firme fundamento de glória.
5 Portanto, tive por coisa necessária exortar estes irmãos, para que primeiro fossem ter convosco, e preparassem de antemão a vossa bênção, já antes anunciada, para que esteja pronta como bênção, e não como avareza.
6 E digo isto: Que o que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia em abundância, em abundância ceifará.
7 Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria.
8 E Deus é poderoso para fazer abundar em vós toda a graça, a fim de que tendo sempre, em tudo, toda a suficiência, abundeis em toda a boa obra;
9 Conforme está escrito: Espalhou, deu aos pobres; A sua justiça permanece para sempre.
10 Ora, aquele que dá a semente ao que semeia, também vos dê pão para comer, e multiplique a vossa sementeira, e aumente os frutos da vossa justiça;
11 Para que em tudo enriqueçais para toda a beneficência, a qual faz que por nós se deem graças a Deus.
12 Porque a administração deste serviço, não só supre as necessidades dos santos, mas também é abundante em muitas graças, que se dão a Deus.
13 Visto como, na prova desta administração, glorificam a Deus pela submissão, que confessais quanto ao evangelho de Cristo, e pela liberalidade de vossos dons para com eles, e para com todos;
14 E pela sua oração por vós, tendo de vós saudades, por causa da excelente graça de Deus que em vós há.
15 Graças a Deus, pois, pelo seu dom inefável.”.
 
 
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 20/01/2013
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